witch lady

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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Olhos Secos







OLHOS SECOS

Um homem sentado ao alpendre
Com seu olhar de boi manso
Contempla um fio de nuvem
Que some no azul do céu.

Aos seus pés, a terra seca
Onde brincam os seus filhos
De pés descalços e secos,
De olhos baços e secos,
Cabelos de arame seco,
E risos secos de fome.

"Quando será?..." um pergunta,
Estendendo-lhe a cuia vazia.
E o homem, com olhos de boi,
Aperta o chapéu contra o peito
Diz só: "Quando Deus quiser..."

Aos poucos, morrem-lhe os filhos,
Um a um, ele os sepulta.
Mas os olhos de boi manso
Há muito não choram mais...

Quem sabe, se Deus quiser,
Eles voltam a nascer
Do chão seco do sertão
Quando Deus mandar chover?

Ao Abrir dos Olhos










Angústia
Abrir os olhos
Dia chegou
Mais uma vez.

Descer ao mundo
E ver
Sem saber
O que me espera.

Bem lentamente
Me aproximo
E vejo
Teu olhar

Angústia
Olhas em volta
Fechando os olhos
Anoitecendo.

****


Texto escrito na época em que Aleph, meu cão (foto) estava despedindo-se deste mundo. Todos os dias pela manhã, eu acordava e descia as escadas para vê-lo, sem saber se o encontraria. Amei demais este cão, e hoje, existe em meu jardim uma pedra onde escrevi o nome dele.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Introspecção




Dentro da noite
Onde as horas dormem
A espera do dia,
Na chama da vela
Que bruxuleia
Na incerteza
Da lua cheia,
No cansaço
Das pálpebras
Que pesam,
Querendo adormecer

Para poder te ver,
para poder te ver...

Repousa, serena,
A minha esperança,
Que aos poucos, despede-se
Da minha certeza.

A nuvem que passa
No céu da madrugada
Carrega consigo
Um breve pedido:
"Amanheça!"

Abismo

Foto: Praia da Pipa, Natal-RN




O mar é lindo,
E assustador!...

Matizes de azul,
De verde, de espuma,
Que forma uma bruma
Quando as ondas morrem...

Meus olhos percorrem
Navegam, naufragam,
Percorrem o sob
Das ondas do mar...

Um vento sinistro
Faz arrepiar...

O mar é lindo,
E assustador!

A vida é pequena
Diante do mar!

Que Bobagem!





Eu às vezes penso:
"Que bobagem!
Se tudo isso o que vivemos
Não passa de uma viagem
E logo, logo,
Onde estaremos?"

E a vida de repente
Passa a ter outros valores,
Vejo algumas outras cores
Sobre tudo o que fizemos...

E o que importa, na verdade,
Se, enfim, nada sabemos?

Caminhamos, um a um,
Em direção a um destino
Que se estende, caprichoso,
Entre as flores e os espinhos!

E a única certeza
Nesse vale dividido
Entre prazeres e dores,
É que nem sequer sabemos
Em que porto atracaremos...

Quebrar-se-hão os espinhos,
Murcharão todas as flores.



Mulher Sem Saudades





Não tenho saudades, tenho lembranças.



A saudade é a vontade 


(Tresloucado sentimento) 


de reviver as vivências 


Que se perderam no tempo. 



A lembrança é o lembrar-se 


Do que de bom se viveu 


Sem querer emaranhar-se 


A um passado que morreu. 



Não tenho saudades, tenho lembranças.



A saudade dói, 


A lembrança faz sorrir. 


A saudade escraviza, 


A lembrança deixa ir. 


A saudade adoece, 


A lembrança apenas cura. 


A saudade contagia, 


A lembrança é sempre pura. 



Não tenho saudades, só tenho lembranças.



Pois o que se foi, ido está. 


O que acabou, se perdeu. 


Quem disse adeus, já partiu. 


E a lembrança é o que ficou 


Depois que a saudade morreu.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Abissal







Abissal


Escolhi do mar
As lembranças
Que desejei ter...
Quase afogada,
Pés atados pelas algas
Que tentavam me reter.

Um cavalo marinho,
Para cavalgar em meus sonhos salgados,
Uma estrela do mar,
Para fazer um pedido,
Uma tartaruga
Para eu, distraída, vir a perder,
Três peixes,
Que me ensinem a nadar sem morrer
E que me levem aonde está você.


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O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...