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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Gabriel Chalita






Pensamentos e um texto de Gabriel Chalita


"Ter coragem é, sobretudo, ter certeza de que a fascinante aventura da vida não perderá os seus mais atrevidos e sedutores momentos".


"Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com a colheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes."


"O universo da procura é mais rico que o da descoberta."



"Razão sem emoção, alma sem corpo e dever sem prazer são maniqueísmos que prejudicam o equilíbrio das coisas."


"Ora a chuva poetiza a vida, ora o sol,
as vezes brincam de chegar juntos. As vezes 
trazem o arco-íris para completar o espetáculo.
e vão embora. E ficam em nós".


"Não há poesia sem dor. A vida nasce da dor. O amor mais amado surge depois de uma dor prolongada. Amor de mãe!"





CECÍLIA,SILÊNCIO,SOLIDÃO E PERENIDADE

Tu o disseste, Cecília. "Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Tu o disseste, Cecília: "Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade."
Tu o disseste, Cecília. "Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno."
Pariu poemas. E pariu uma constelação. As três Marias, suas filhas com o pintor português Fernando Correia Dias: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda. 
Tu o disseste, Paulo Rónai. "Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo... A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."
Tu o disseste, num improviso, Manuel Bandeira: "Cecília, és tão forte e tão frágil. Como a onda ao termo da luta. Mas a onda é água que afoga: tu, não, és enxuta."
Tu o disseste, Mário Faustino, voz dissidente. "D. Cecília publica demais. O melhor que se poderia fazer em prol de sua glória seria preservar o "Romanceiro" completo, fazer uma antologia de seus cinqüenta grandes poemas ("Mar absoluto" seria o maior contribuinte) e queimar o resto. Mas não nos esqueçamos de perguntar; quantos poetas em nossa língua já assinaram cinqüenta grandes poemas? A outra pergunta que nos ocorre: por que D. Cecília publica tanto?"
Mas a academia desmentiu a dissidência. Ainda que in memoriam. Entregou a ela o Prêmio Machado de Assis de 1965, pelo conjunto da obra. Foi a primeira mulher a receber essa láurea da Academia Brasileira de Letras. E foi assim que, depois da morte, deixou de ser sozinha.
Mas outro ramo da intelectualidade lhe prestou homenagem: a principal sala de concertos do Rio de Janeiro, no Largo da Lapa, recebeu a denominação de "Sala Cecília Meireles". E foi assim que, depois da morte, deixou de ser silêncio.


Cecília Meirelles é estrela de nossa poesia, perene como esta confissão: 

Aqui está minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento.
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.







Atualmente Chalita é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU e Membro de Conselho Editorial da Revista Profissão Mestre. É membro da União Brasileira de Escritores, da Academia Paulista de Letras e recentemente foi eleito por unanimidade na Academia Brasileira de Educação.

Apresenta, através do Sistema Canção Nova de Comunicação, o programa Papo Aberto, pelo rádio e pela televisão. (Wikipedia)








NO CHÃO DA COZINHA


Minha cozinha é o local mais fresco da casa durante o verão, pois há duas portas, uma diante da outra, que mantenho abertas (a não ser quando estou cozinhando, ou o fogão não fica aceso), causando uma contínua corrente de ar. Latifa adora deitar-se ali, nos azulejos frios, sentindo o vento, e só sai já ao finalzinho do dia, quando o calor arrefece.
Numa tarde muito quente, após chegar em casa cansada do calor da rua, deitei-me com ela. Imediatamente, ela virou-se de barriga para cima e encostando a cabeça na minha, dormiu. Fiquei desfrutando daquele momento, sabendo que daqui a alguns poucos anos, ela já não estará mais aqui.
Ao mesmo tempo, descobri minha casa de um ângulo que eu nunca tinha olhado: o teto branco, a parte inferior da mesa, as copas das árvores lá fora, o contato do azulejo gelado contra minhas costas. Senti o vento passando por cima de nós, e fiquei escutando as maritacas que passeavam pela tarde quente. Por um momento, esqueci-me de qualquer compromisso ou responsabilidade: não pensei nas aulas a preparar, no jantar a fazer ou nas teias de aranha que já recomeçavam a surgir no telhado da varanda. Deixei-me estar ali, naquele momento, na companhia daquele cão que confia totalmente em mim, a ponto de dormir em minha presença.


VESTIDOS



Eu nunca tive tantos vestidos!...
E eles me olham, em fileiras,
Querendo ser os escolhidos.

Há  brancos, verdes e vermelhos...
-Existe um bem transparente,
E outro, sagaz como um espelho!

Vestidos longos, curtos, midi,
Outros de barras tão compridas
Que se arrastam pelo chão...

Há os estampados bem alegres,
E outros, em ton sur ton,
São debruados de ilusão.

Existe um, que eu bem sei,
É como a roupa nova do rei
Que deixa à mostra o escondido...

Há um no fundo do armário
(Não o escolho; ele me escolhe)
E dele, eu tenho muito medo:

Me aperta como um espartilho,
Esmaga o peito, esse vestido!
-E ele é negro, negro, negro...




sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Simbólico








Bem simbólico o teu ato,
De escolher o mais barato.

Mas aquilo que é de graça,
Só refastela as traças.

Jamais chega ao coração
Algo morto e ressecado,
Mesmo com boa intenção

E delas, são cheia as distâncias.





Dança Comigo?...







...E se por acaso a nossa música tocar,
Eu te chamarei para dançar.

Assim, nós giraremos pelo salão do tempo,
Pó de estrelas e memórias
Caindo sobre nossos cabelos,
Enquanto abraçados,
Reviveremos a nossa história.

São tantas coisas, tantas, que vivemos!...
E o que foi bom, ressurgirá
Ao rítimo da dança,
Enquanto as dores, como longas tranças,
Prenderão os nossos passos...

Mas mesmo assim, eu te convido: dança comigo,
E olha de novo, dentro dos meus olhos:
Enxerga neles a mulher que tanto amas,
Cujos segredos desvendaste, um a um...

Ah, se a nossa música tocar,
Haverá luas e estrelas, que juntos contemplamos,
Mais uma vez, no nosso céu a brilhar!
Pois temos tanto a lembrar, tanto a viver,

Tanto a calar...




VINÍCIUS DE MORAIS




Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...






Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.




O VELHO E A FLOR

Por céus e mares eu andei,
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber
O que é o amor.

Ninguém sabia me dizer,
Eu já queria até morrer
Quando um velhinho
Com uma flor assim falou:

O amor é o carinho,
É o espinho que não se vê em cada flor.
É a vida quando
Chega sangrando aberta 
em pétalas de amor.




POEMA DOS OLHOS DA AMADA

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas era
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.





SAUDADES DO ALEPH























Bichos em Casa



Às vezes eu digo ao meu marido: "Quando nossa Latifa se for, eu não quero mais bichos." Adoro animais, mas é bem verdade que eles nos prendem bastante, pois sou do tipo de pessoa que não viaja para longe por dias e dias e deixa latinhas de comida e água espalhadas pela casa. Não teria coragem para tal. Também já visitei alguns hotéis para cães por aqui, e não gostei de nenhum.  Meus sobrinhos, que olhavam meus cães quando eu viajava, cresceram, arranjaram empregos e namoradas, e por isso, não tem mais tempo de olhar a Latifa. Ela fica triste se eu sair para uma caminhada; chego em casa e a encontro chorando.

Se me afasto dela e fecho a porta da casa quando estou limpando tudo, ela fica o mais próximo de mim que puder, por exemplo, escolhe no quintal o local onde fica a janela  do cômodo onde estou (mesmo que esteja sol quente ou chovendo) e fica lá, deitada esperando. Nos finais de semana, saio para passear com o coração pesado e um imenso sentimento de culpa - mesmo deixando a Latifa solta dentro de casa, com ventilador, água, comida e a porta dos fundos aberta para ela sair e entrar. Bem, quanto a segurança da casa, confio nela! Acho mais fácil para alguém mal-intencionado arrombar uma porta do que passar por um Rottweiler. 

Há anos, desde que nosso cão Aleph morreu, eu e meu marido não fazemos uma viagem mais longa. Não queremos deixar a Latifa sozinha.

Bichos em casa dão trabalho; é preciso estar disposto a varrer e aspirar pelos do tapete todos os dias; é preciso estar em dia com vacinas e veterinário. É preciso gastar com uma boa ração, remédios quando necessário, dar banhos, escovar o pelo. É preciso ter um coração receptivo e sensível para compreender as necessidades emocionais do cão de ter a gente por perto. Eu não teria coragem de isolá-la em algum canto afastado do jardim.

Mas apesar de todo esse trabalho, ah, como vale a pena! Acordar de manhã e deparar com uma cara animada e sorridente, cheia de desejos de "Bom dia." 

Animais conversam com a gente; não da nossa forma, é claro, mas quem tem um cão, gato ou outro animal de estimação há algum tempo e presta atenção a ele, logo compreenderá que ele tem uma forma toda especial de se expressar. Saberá distinguir seus olhares e resmungos de fome, tédio, medo, tristeza, "Hey, me leva para dar uma volta", "Me dá um pedaço disso aí que você está comendo..." Animais são tudo de bom. E mesmo a dor que sentimos quando chega a hora de nos separarmos dele, terá valido a pena. 

Mas mesmo assim, acredito que Latifa será nosso último cão. Já estamos chegando aos cinquenta, e há muitas coisas que queremos ver e sentir por aí.



quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

CAI






Cai a estrela
Roubada do céu.

Desce num raio
De cores e luzes,
Tão rapidamente...

Deixa no espaço
Um rastro comprido
Que é logo apagado
 Assim que surgido.

E dela, o que fica?
Relâmpago visto,
Relance de encanto,
Mas nem mesmo um pranto
Do rosto da vida...

Amargo destino
De estrela caída!...




terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Sinto Muito...




Tenho tentado acessar alguns blogs, mas a mensagem "oops" do Google quase sempre aparece. Achava que era por causa de minha conexão de internet, mas já mandei olhar tudo, troquei as senhas e o problema continua. Tentei reclamar - algumas reclamações consegui reportar, e outras, não; mas de qualquer forma, até agora não recebi qualquer assistência do Google.

Até os meus próprios blogs estão uma dificuldade só... saem do ar enquanto estou tentando postar, ou não consigo salvar... às vezes eu salvo, e quando vou ver, aparecem mais de vinte cópias do mesmo texto nos rascunhos. Enfim: quase impossível ficar por aqui. Na minha lista de leitura, não recebo postagens de todos os blogs que sigo - só de alguns poucos.

 Também não consigo acessar minhas fotos, algumas vezes. Não sei como resolver estes problemas, e vou esperar para ver se melhoram sozinhos Enquanto isso, é isso mesmo...

Abraços a todos, e quando der, eu vou aí.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Quando





QUANDO

...E quando se cansa, 
Sonha com a noite,
Mergulha as cores em crepúsculos
Debruados de negro,
Dedilha as cordas das estrelas,
Toca uma sinfonia noturna 
De olhos fechados.

Quando tudo brilha muito,
Luz forte e cegante,
Sonha com lugares obscuros
Sombrios e silenciosos
Que só existem nos pesadelos.

Tateia no escuro
Pelas beiradas dos muros,
Sentindo nas palmas as asperezas
Do cimento dos rostos.

Quando tudo torna-se muito,
Demasiadamente soturno,
Só resta o velho mergulho
No escuro,
Lá, onde ninguém verá
Seus olhos inexpressivos
Vazios
De tanto e tanto chorar.

Parceiros

ESFORÇO

 A vida demanda esforços. Nem tudo vem fácil, mas tudo vai fácil. Começar nem sempre significa ter tudo prontinho, preparado, com todas as c...