witch lady

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sexta-feira, 5 de junho de 2020

DESILUSÃO


 
Raspamos, ávidos, o fundo do tacho
Daquilo que resta do mundo.
É um recomeço ou um final de festa?
Recuo; já nem sei mais o que acho.
Tudo aquilo que aprendi, aprendi mal?
Nada sei, nada tenho a partilhar
Daquilo que me ensinaram,
Daquilo que descobri no meu inferno
E do que bebi do meu graal?
Apontam dedos pontiagudos
Para o meu nariz curioso e inquieto,
Apontam sem dúvidas, ríspidos e retos,
Dizem-se da sabedoria oriundos.
Vejo desmancharem-se as vestes dos gurus,
Vejo, sob as máscaras, os olhos fundos
E as olheiras.
Os dentes que sorriem não se coadunam
Com o sangue nos olhos.
As bênçãos que proferem são rasteiras,
Rançosos os óleos.
A paz é uma prostituta de rua,
Oferecendo seus serviços a quem quiser comprar,
O troco, é a guerra – moeda crua
Que muitos estão a aceitar.
-Me diga: aonde vamos, nesses tempos loucos?
Porque se somos muitos, apenas poucos
Ainda entendem, ainda sentem
A força e a necessidade de amar!




quarta-feira, 3 de junho de 2020

FAKE NEWS




Hoje em dia,
As pedras atiradas
São mais pontiagudas:
Não querem só ferir,
E sim matar.
As cores das tintas
São fortes, absurdas,
As traves nos olhos
Mais evidentes,
Os sentimentos
Dormentes.
As línguas espalham sangue quente
Sobre corações de pedra pomes
Famintos e absorventes.



Aproveito para convidá-los a assistirem ao meu novo vídeo, que fala exatamen te sobre esse momento conturbado que vivemos na saúde, na política e nos relacionamentos. Eis o link:













quarta-feira, 27 de maio de 2020

SEGREDO








És qual um pequeno inseto
Que bate na vidraça
E eu quase nem percebo.

És uma vil palavra
Que surge, e que eu renego
Por orgulho ou por medo,
Mas ao cair, se arrasta
Por sobre minhas pernas
Me rasga e reproduz
Esse poema de arrego.

És uma lembrança triste
Da qual eu sempre me esqueço
Quando alguém está olhando,
Mas assim que eu fico só
Mergulho fundo no teu pó
Para ver se ainda existe
Meu rosto, em teu degrêdo.



quarta-feira, 20 de maio de 2020

MINHA CASA







Minha casa ficava bem aqui,
Entre o cipreste e o ipê amarelo,
Ao norte do Cruzeiro do Sul,
No caminho sob o céu azul.

Ali, naquele jardim,
Balancei na rede os meus sonhos,
Reguei flores da vida que eu plantei num canto,
Ri alguns risos, enxuguei algum pranto.

Naquela sala, agora vazia,
Sobre a estante, descansam os mesmos livros
Por onde meus olhos rolaram, atentos,
Aprendendo a criar doces momentos.

Vês essa escada de madeira?
Ela conduz ao meu dormitório
Onde eu colecionava minhas lembranças
Em noturnas andanças e sonhos aleatórios.

Não perca, da varanda, a linda vista
Que se estende por sobre os telhados das casas!
Montanhas e árvores - algumas não mais existem
Ali me sentei para ser alegre, e para ser triste.

Esta era a casa onde eu morava,
Que eu tanto cuidei, que eu tanto amava,
E hoje, por ela vaga, cansado,
Meu fantasma solitário, o meu miasma.





sábado, 9 de maio de 2020

A CASA DA QUARENTENA



A casa da quarentena é a mesma para cada um de nós. Só que agora as pessoas têm tempo de realmente reparar nelas. 

Eu sempre fico muito tempo em casa, pois além de morar, também trabalho aqui. Costumo sair apenas nos finais de semana ou em alguns outros dias, quando necessário. Aprendi a conhecer a minha casa e a me sentir à vontade dentro dela. Cerquei-me de tudo o que eu amo: livros, discos, lembranças de viagens - objetos que, se não têm qualquer valor comercial, significam muito para mim.

Mas fico pensando nas pessoas que estão literalmente surtando dentro de suas casas. Não conseguem se sentir à vontade dentre as quatro paredes que construíram para si mesmas e suas famílias. Pessoas que estavam acostumadas a deixar para lá muitas coisas: problemas de relacionamento, reformas necessárias, uma decoração fria e impessoal. De repente, elas se vêem obrigadas a permanecer nesses espaços e lidar com tudo o que as rodeia. 



Eu creio que a angústia delas tem menos a ver com o confinamento do que com o tempo em que passaram confinadas de si mesmas. 

As pessoas precisam construir paisagens.

Não falo de vistas deslumbrantes, jardins elaborados ou casas ricamente decoradas. Eu falo daquelas paisagens que a gente não consegue obter de nenhum decorador, mas que estão dentro da gente, e que poderiam nos dar alguma coisa mais bonita aqui fora.



É preciso que estejamos cercados de coisas e pessoas que realmente amamos. Nunca o amor esteve tão em evidência! 

Esse desamor repentino pela casa não começou agora: ele apenas tem sido negado há muito tempo. O desconforto, o sentir-se preso, é a resposta do desespero que foi, quem sabe por anos, socado lá para dentro, para os lugares que não ousamos acessar dentro da gente.



E eu vejo as pessoas sonhando com o final da quarentena, falando em mudanças. Só não consigo ver essas mudanças realmente acontecendo, porque todo mundo sabe que elas só ocorrem quando vêm de dentro para fora. Quando a gente decide varrer a calçada da  casa da alma. 

Eu realmente espero que tudo mude. Porém, a única coisa que conseguimos provar para nós mesmos, é que o planeta realmente não necessita de nós, e que vive muito melhor sem a nossa presença.




Vemos notícias de animais selvagens caminhando livremente pelas ruas, mares sendo recuperados,  rios poluídos tornando-se cristalinos, a camada de ozônio recuperando-se de enormes buracos. O mundo não precisa de nós: nós é que precisamos dele e deveríamos nos conscientizar disso! 

Mas as nossas casas precisam de nós. Sem nós, elas não vivem, e sem elas, nós não viveremos felizes. 






PS: Eu costumava ter um blog chamado A Casa & a Alma. Fechei-o, juntamente com outros blogs, por falta de tempo para postar e trabalhar interações. Hoje eu me arrependo, pois ele era um espaço que eu adorava, mas ele continua aqui, sob as etiquetas A CASA e A ALMA. Todas as postagens daquele blog continuam aqui, no Expressão. 

Mudei o nome de meu blog HISTÓRIAS por Ana BAilune para CAMINHOS DA IMAGINAÇÃO. Achei mais bacana. Lá publico meus contos, muitos deles em capítulos. Estão todos lá. 

Também escrevo um blog sobre Tarô, o O CAMINHO DO APRENDIZ, e um outro blog sobre dicas de inglês , o YOUR TICKET TO ENGLISH. Todos eles podem ser acessados através de links no Google ou então através dos links abaixo:


CAMINHOS DA IMAGINAÇÃO



O CAMINHO DO APRENDIZ



YOUR TICKET TO ENGLISH

















sexta-feira, 8 de maio de 2020

AMARGURA












AMARGURA

O tema hoje é a amargura; escolhi dois poemas com esse tema, já publicados aqui, e deixo também um link para um vídeo que postei em meu canal, o Espiritualidade na Lata, onde converso sobre esse sentimento tão humano e tão negativo...

Vamos aos poemas:



Amargura - publicado em 2012

Sentada no rochedo, o olhar, perdido,
A barra do vestido esvoaçava ao vento
Ao chorar, ela deitava suas salgadas águas
Nas águas já salgadas do imenso mar.

No fundo, ela sabia: ele não iria voltar!
Na fraca luz do dia, ela quis o luar...

Mas só a maresia cobriu-a, por fim,
E assim enferrujou-se sua fantasia.









AMARGURA - Publicado em 2013


A amargura
Amarga a brandura,
Estraga a vida,
Macula a brancura
Da alma mais pura,

É triste,
A amargura!...

Talha no leite,
Véu de loucura
Diante de tudo
Que acha e procura,
Só vê a maldade
Em tudo o que enxerga,
E a iniquidade
Em tudo que toca...

A amargura:
Prenúncio de vento
Que afasta as  pessoas,
Incita o tormento,
Se torna alicerce
De inveja e usura,
A vida escurece,
E cresce a penúria
Torna tudo triste,
Torna a vida dura!

Deus me livre e guarde
Dos dedos nodosos
Dos olhos jocosos
Da boca gosmenta
Do peito fechado
Do vil egoísmo
Da voz taciturna
E acusadora
Que tem a amargura...








Amargura - Também publicado em 2013


Guardei minhas mágoas dentro de um lenço
E sobre estas páginas, o sacudi.
As duras palavras, moí no silêncio.
Já dei por perdido o que há muito perdi.

Não levo comigo senão uma dor,
Que já nem me lembro se eu mesma escolhi.
A dor, já dormente, perdeu o amargor
Caída no tempo, penso que morri.

Mas há uma criança querendo viver,
Que dentro do peito, reclama e se agita...
Se a deixo dormir, a vida a desperta.

E esta criança quer ser, ressurgir,
Pois teima em sorrir, mostrar que está viva,
No fundo, eu entendo que ela está certa.







sexta-feira, 1 de maio de 2020

Sete Anos









Sete anos - e o tempo arrasta suas saias
Sobre um chão liso, de despedidas.
Alguém se foi - quebraram-se vidas,
Mas continuam os aniversários.

E tais datas, cheias de lembranças,
Amarram memórias com laços de fita,
Que adornam o dia de quem ficou
Segurando nas mãos as mesmas perguntas 
Que jamais foram ou serão respondidas.

Sete anos que poderiam ter se estendido
Sabe-se, Deus, até quando,
Ou como eles teriam sido
Tivéssemos tido mais tempo...
Uma voz se calou do lado de fora,
E agora, ainda fala do lado de dentro.







quarta-feira, 29 de abril de 2020

RESIGNIFICÂNCIA







A flor que nasce merece toda a minha atenção,
A flor que murcha, meu reconhecimento e gratidão.
Melhor varrer as folhas que caíram sobre o chão,
Apreciar os brotos que se  estendem sobre os galhos,
Resignificar a vida, tratando os cortes e talhos,
Lembrar do que foi bom, esquecer os atos falhos.

Viajo para dentro de olhos bem abertos,
E ao voltar à tona, trago o amor descoberto,
Eu dispo as armaduras que usava em meu deserto
Para deixar que o sol seque todas as feridas,
Curando as navalhadas que acumulei na vida
Sendo, para mim mesma, mais cara, mais querida.







sábado, 25 de abril de 2020

Bolsonaro X Moro X Nossas Esperanças






Estamos vivendo um triste momento da nossa história em meio e uma crise mundial sem precedentes. Tudo o que não precisávamos, é de uma crise dentro da crise. Diante dos últimos acontecimentos dentro do nosso Governo – a renúncia de Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública,  logo após a demissão de Mandetta, ex-ministro da saúde, é de consequências devastadoras para o país, e em consequência, para todos nós. Disso todo mundo já sabe, embora alguns estejam comemorando. 

Eu apoiei a candidatura de Bolsonaro à Presidência da República, fiz campanha para ele de graça nas minhas redes sociais e até entrei em algumas discussões acirradas por causa da minha posição. Não me arrependo, pois eu estava lutando por algo que eu acreditei ser o melhor para o meu País. Muitos achavam que eu era uma fanática que tinha Bolsonaro como ídolo inquebrável, mas realmente, esse nunca foi o caso. Eu lutava por um ideal, por dias melhores para mim e para todos, e por isso, estou muito triste.

Acreditava e ainda acredito que Bolsonaro prestou um grande serviço ao Brasil enxotando Lula, Haddad e seus comparsas, e por isso, não me arrependo nem um minuto por ter votado nele.


Mas hoje temos uma questão ética sendo colocada ao sol. Esse sol não deixa nenhuma sombra de dúvidas, pois ilumina muito bem cada curva do caminho, e nos mostra que Bolsonaro agiu arbitrariamente, pois foi movido por questões pessoais ao causar a demissão de Moro. Em seu discurso de despedida, Moro deixou bem claro em que pé estavam as coisas, falando sobre as pressões que sofria para cometer um ato que seria não apenas antiético mas também ilegal. E o Presidente da República, em sua explicação pelo ocorrido, não fez nada mais a não ser usar um recurso que eu absolutamente abomino: a vitimização. 

Não acho que alguém como Sérgio Moro faria declarações levianamente, arriscando a própria reputação.  Ele com certeza conseguirá provar a veracidade do que disse. Bolsonaro, no entanto, meteu os pés pelas mãos ao acusar Moro de tentar chantageá-lo para conseguir um lugar no STF.

Por que Bolsonaro queria colocar gente sua na PF? Essa resposta todos já sabem: um dos motivos, é que ele quer uma solução quanto a tentativa de assassinato que sofreu, e nisso, ele está absolutamente certo. Também concordo que o caso foi negligenciado e abafado quando Valeixo concluiu que Adélio agiu sozinho e que sofre das faculdades mentais. Ora, trata-se da tentativa de assassinato do Presidente da República!  É óbvio que havia gente importante por trás! Assim que foi preso, Adélio contou com a ajuda de vários advogados que não disseram quem os estava pagando. Encontraram em seu quarto, que foi pago não se sabe por quem, telefones celulares e computadores que com certeza tinham informações importantes. O que fizeram com tudo isso? A quem estarão protegendo, e por que?

Mesmo assim, o Presidente poderia ter esperado um pouco mais a fim de demitir Valeixo. Foi irresponsável e precipitado, agindo por motivos pessoais, e não para fazer o que seria melhor para o país – e este deveria ter sido seu maior objetivo. 

Mas existe ainda um outro motivo: com certeza, Bolsonaro quer proteger os filhos. Todos já vimos casos de pais que protegem e apoiam filhos sem caráter, sendo explorados por eles, e até mesmo acobertam crimes graves perpetrados por eles, simplesmente porque, segundo eles mesmos justificam, “Ele é meu filho.” Nisso, Bolsonaro também errou. Ele mesmo vivia dizendo que, se seus filhos tivessem cometido crimes, teriam que pagar.

Mas essa história que Moro contou de que ninguém chega perto da PF, que político nenhum tem o poder de interferir em investigações, é conversa mole para boi dormir. 

Deve ter muito mais caroço nesse angu. Ainda acredito que Bolsonaro é uma boa pessoa, embora não seja perfeito. Mas ele demonstrou que não sabe separar vida pessoal de vida profissional, e a ética foi para o brejo. Não entendo nada de política, mas o óbvio é inegável: por questões irrelevantes para o país, ele colocou a si mesmo na guilhotina. Deveria ter tido mais equilíbrio. Deveria ter sabido esperar mais um pouco, e depois, mandar embora quem ele quisesse pois um Presidente da República tem autonomia para isso. Mas não durante a crise do Coronavírus e jamais para proteger seus filhos. 

Quanto ao Moro, acho que ele vem fazendo um trabalho irretocável em tudo o que põe as mãos. Mas dessa vez, ele jogou algo que não deveria no ventilador, agindo também movido pelo ego e deixando sua missão em segundo lugar. Ninguém é obrigado a continuar trabalhando em algo que está matando a sua alma, mas ele poderia ter sido mais sensato ao invés de fazer da sua saída um verdadeiro carnaval para a mídia e a esquerda. Na minha opinião, nisso ele errou. Caso Bolsonaro fosse à mídia para falar mal dele, teria todo o direito de se defender, mas jogar a primeira pedra demonstrou desequilíbrio.

Mesmo assim, imagino que para ter feito isso, ele deve ter sofrido muita pressão por parte do Bolsonaro - ninguém estava lá para ver o que estava acontecendo de verdade. 

Enfim, eu acredito que ambos erraram.

Às vezes, precisamos caminhar no meio das cobras porque não existe outro caminho que possamos seguir. Mas precisamos ter habilidade ao caminharmos, usar botas de canos altos, pisar com cuidado. Bolsonaro tira as botas, arregaça as calças e é picado. Isso não ajuda a ninguém. Ele não percebe que se ele for picado, o país todo sofrerá as consequências. 

Mas isso não significa que eu vou torcer pelo impeachment de Bolsonaro, embora eu saiba que as coisas se encaminham nessa direção. Eu torço pelo país, e não para ver o circo pegar fogo. Se isso acontecer, só tenho a lamentar, pois investi todas as minhas esperanças de um país melhor nesse governo. Se as coisas não se ajeitarem, não sou do tipo que tentará tapar o sol com a peneira para continuar defendendo o indefensável, pois não tenho político de estimação. Mas de uma coisa estou convencida: nunca mais votarei em ninguém e nunca mais assistirei a nenhum noticiário sobre política. Cansei. É desgastante e inútil. 


PS - Hoje, dia 09 de Abril, vejo que me enganei em meus posicionamentos. Moro mostrou-se desleal e fez acusações que não conseguiu provar. Não compreendo o jogo político, mas, mais uma vez, devo me retratar: Bolsonaro não estava errado! Não houve nenhuma piora na situação do país devido à saída de Moro; outro ministro tomou posse e a vida continua. 

Bolsonaro teve suas razões, e Moro mostrou-se desleal ao entregar áudios de conversas privadas à Rede Globo, a pior inimiga do Governo Bolsonaro. Que saísse, já que estava insatisfeito, mas que o fizesse com honra - algo que lhe faltou.



sexta-feira, 17 de abril de 2020

ESTOU TRANQUILA...









Estou Tranquila...


Hoje eu me lembrei muito daquela velha música dos Commodores, "Easy." No refrão, ele diz: "É por isso que estou tranquilo, tranquilo como uma manhã de domingo!"

É exatamente como eu me sinto. É tão bom a gente largar mão de se preocupar com coisas que não dependem de nós! De nada adianta pensar demasiadamente ou perder noites de sono devido a fantasmas do futuro - que podem ser bem mais aterrorizantes que fantasmas do passado. Quando a gente simplesmente desiste, não com uma atitude de revolta ou derrota, mas de sabedoria, parece que tudo fica bem mais leve de repente.

Então eu vou lá para fora. Hoje mexi no meu jardim - recolhi folhas secas, arranquei um pouco de erva daninha, apreciei minhas flores. Porque isso, eu posso fazer. Está ao meu alcance. É possível. Do resto, Deus cuida.

Sim, do resto, Deus há de cuidar.








segunda-feira, 13 de abril de 2020

HOJE EU TIVE TEMPO










Hoje eu Tive Tempo.

O dia hoje foi translúcido,
As urgências foram deixadas sob o banco do jardim
Onde eu me sentei
Para olhar as flores.

Sobre as pedras, joaninhas passeavam,
Uma borboleta azul, enorme
Passou por mim
E eu tive tempo
Para olhar para ela,
Fechar os olhos e sentir
O beijo suave do vento!

Eu hoje varri as folhas secas
Bem devagar,
Juntei-as todas em um saco plástico
E sepultando-as solenemente,
Vi que nos galhos nus da cerejeira
Formam-se botões de promessas
Rosadas e primaveris.

Eu hoje tive tempo
Para contemplar os vasos de plantas
Cobertos de musgo verde,
Os brotos vermelhos das roseiras
Que parecem bebês espinhosos,
Pude sentir devagarinho
O aroma arroxeado
Das lavandas.

Tantas texturas, cores e perfumes,
Ruídos de vento e de passarinhos,
Zumbidos de insetos se misturando ao canto das cigarras,
Um sol pálido e modorrento
Que se espalhou pelos fios de grama molhada
Criando um tapete de diamantes...

Porque hoje eu tive tempo
Para ver, ouvir, cheirar e sentir
As coisas que são realmente importantes,
O lugar de onde viemos.









Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...