witch lady

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Medo de Morrer






Minha mãe, de 85 anos de idade, precisa operar a vesícula com urgência. Conversando com ela hoje de manhã ao telefone, deu-se o seguinte diálogo:

-Eu estou com medo de morrer...
-Mas por que, mãe? Você só vai operar a vesícula, é algo simples...
-É... mas eu tenho medo. Será que dói?
- Não sei, mãe. Acho que depende.
-E eu já estou muito velha mesmo... acho que vou morrer.
-Mãe, essa coisa de ser velha não quer dizer nada. O Ricardo (meu sobrinho, neto dela) só tinha 24 anos, e morreu.
-Pois é... tadinho...
-E vesícula é uma cirurgia simples, você já vai para casa no dia seguinte.
-E pensando bem, se eu morrer eu nem vou sentir! Vou estar anestesiada.
-É. Se você morrer, vai ser assim: você vai acordar e dizer: "Ih! Morri!"

Ela dá uma gargalhada.

Mas eu espero que ela viva.

domingo, 2 de dezembro de 2012

DISTRAÇÃO







É incrível a maneira como passamos por coisas maravilhosas sem nem sequer perceber ! Acho que muitas vezes, as pessoas só tem olhos para o que elas consideram 'grande'... dar uma volta a pé é um bom exercício para exercitarmos a nossa percepção das pequenas coisas. Especialmente se levarmos conosco uma câmera fotográfica. 

Quando abri o portão de casa, no sábado passado, dei com uma porção dessas flores selvagens que crescem à solta no mato, sem que ninguém as tenha plantado. Eram apenas pequenas coisinhas cor-de-laranja espalhadas por cima do mato. Mas assim mque cheguei mais perto, elas transformaram-se em criaturas únicas e perfeitas, e decidi fotografar uma delas.

 Um pouco de cor não faz mal... todas as fotos que ilustram os meus textos , foram tiradas por mim. Finalmente, tenho o que fazer com elas!

Confesso que estou me divertindo muito. O único problema é que isto tem feito com que eu ande negligenciando algumas tarefas caseiras... por exemplo, eu tenho uma pilha de roupas para passar e ainda não encostei nela... mas hoje eu prometo que vou pegar no batente!

Acho que estou ficando um pouco maníaca com esse negócio de fotografia... não posso ver uma florzinha, ou uma borboletinha, que eu quero fotografar. Será que tem cura?

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Poema Seco









Prefiro molhar-me de lágrimas
A viver uma vida seca,
Onde os sonhos se esfarelam
Sob o toque do martelo.

Prefiro essa rua vazia, essa casa,
Prefiro dormir sobre as pedras
E sonhar com as asas
A vertigem do voo que medra,
E perpetra a queda.

Prefiro guardar as palavras,
Usar as palavras, 
Brincar com as palavras,
Prefiro drenar meu rio de mágoas
E achar, lá no fundo, 
A paz procurada.

Prefiro uma alma lavada,
Prefiro a alegria silenciosa
E domesticada...
Não gosto, não quero jamais
A ostentação patética
Daquilo que não sou...

Meu poema é seco,
Mas sei de onde eu vim,
Escolho aonde vou.

Não Duvides!...





Sou capaz - e tu também
De dar a volta ao mundo
De olhos fechados
Sem sair do lugar.

Posso chorar de rir,
Rir de chorar,
Pegar a estrela
E soprá-la
Para que caia brilho
Sobre a Terra.

Sou capaz,
E não duvides,
De desafiar aquilo
No qual acreditas,
De curar tua alma
Com mordidas,
Apagar teu fogo
Com o isqueiro...

Sei que não soa lisonjeiro,
Mas dou-te nova forma
Com a ponta do dedo,
Abro a ferida,
Toco a ferida,
Curo a ferida,

Ah, vida bandida!...

Sou capaz,
(Mas tu também és)
De ser eterna, e desejar
Possuir o Nada,
E ser tudo, tudo,
Que jamais sonhara!

Eu posso criar
Um novo mistério,
Onde o maior refrigério,
Seja a palavra,
Ah,  e o inferno
Seja a palavra!
Eu posso tudo,
Tu podes tudo,
Podemos nada!

Marés





Centenas de barcos,
Milhares,
Estendem as velas
Ao vento...

Navegam bem juntos,
Destinos? - diversos!...
Pretendem chegar
A tempo.

Às vezes, alguém
Mergulha no mar
Com a cara e a coragem,
Estranha viagem!

Marés são volúveis,
Marés movimentam-se
Assentam-se
Revoltam-se...

O barco sozinho
Se perde no mar,
O barco é levado...

E quem mergulhou
Bem sabe que pode
Morrer afogado...


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cigarras






Na mata próxima
À minha casa,
Todos os dias, 
À mesma hora,
Cantam as cigarras.

É um coral
De ensurdecer!...
Cantam com força
Como se quisessem
Despejar a vida toda
De uma só vez
Sobre o viver!

Cantam com garra
E com urgência...
Mas pouco a pouco
Vão se calando
E o dia, vai
Escurecendo...

(Dizem que cantam
Até morrer...)


*

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sentir




Deixe
Que a vida te toque,
Te construa,
Destrua,
Reconstrua!

Vai ser bom,
E vai doer,
Fazer rir,
Fazer morrer...

Deixe
Que te chegue
A emoção,
Seja qual for,

Sinta
O toque da vida
De prazer
Ou de dor!

Exponha a pele,
Fale do medo,
Viva o amor,
Desmistifique
A vergonha de sentir!

Deixe
Que a vida te toque,
E sinta
O toque da vida,
Ou serás pedra,
E não flor!

*


VERDADE







A verdade pode ser soprada como uma brisa, ou como um vendaval. Pode ser rio ou tormenta, flor ou espinho, aprendizado ou dor. Tudo depende de como a verdade é proferida, da intenção de quem a diz, da matéria do qual é feito o coração de onde ela brota.

A verdade tem hora certa, e é preciso sensibilidade antes de dizê-la, pois o momento errado transforma a verdade em pura maldade.

Há de ser sincero e cuidadoso em suas intenções aquele que a diz! Pois se não for, ela volta à sua fonte em forma de dor e castigo.

Acima de tudo, antes de se dizer a verdade, é preciso saber se ela é, realmente, a verdade.


Meu Lugar



Meu lugar e sempre
Onde eu esteja inteira,
Pode ser em casa,
Debaixo da tua asa,
Pode ser na beira
Da rua.

Depende
De como a alma sente...

Meu lugar será
Entre o sim e o não,
À beira da certeza,
Ou do meu fogão,
Atrás de uma porta,
De frente para o sol,
Assim,

Depende
Do que vai em mim.

Meu lugar é sempre
Entre a cruz e a espada,
O certo, o errado,
O tudo, o nada,
Passo sempre rente,
Ou quem sabe, ao largo...

Depende
Do tamanho do estrago...

Meu lugar é sempre
Onde quero estar...
Sei lá...
Só não fico onde
Você me puser...
Acredite...

Ou depende
De eu querer ficar.




Fotografar o Vento?...



Uma tarde fresca e agradável. De repente, a brisa suave, que foi crescendo em intensidade e transformando-se em vento. Eu já disse que adoro o vento. Ocorreu-me fotografá-lo, não em sua forma destrutiva, mas na sua forma mais bonita, ou seja, passando pelas flores e folhas. Acima, a foto de uma flor onde uma das pétalas foi levemente dobrada quando o vento passou. Demorei para conseguir!



Nesta outra, as asas da borboletinha que pousou na grama estão desfocadas, pois consegui bater a foto no exato momento em que o vento as balançou.

E foi isso...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Se Você Não Muda...





Se você não muda,
Nada muda,
A paisagem à janela,
O sabor das coisas,
As lutas...

O amanhecer será
Sempre o mesmo abrir de olhos,
E o dia será só
Mero suceder de fatos...

Se você não muda,
Não se transforma,
Não aprende,
A dor passará sempre rente,
E tudo será sempre cinza!

Se você não muda,
A palavra 'rotina'
Será o sinônimo
De 'triste sina,'
Ao invés de conter, em si,
A grande beleza da vida...

Se você não muda,
Tudo será sempre o mesmo,
Suas querelas, seus medos,
Limitações e doenças...

Não há segredo,
É tudo sempre tão simples,
Na vida não há disputas
Se você sabe e entende
Que se você não muda,
Nada muda!

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Wyna, Daqui a Três Estrelas

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