Uma crônica baseada na postagem "TIME," do blog da Lia. Provocou-me esta lembrança.
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Quem não conhece a música "Time" do Pink Floyd? Bem, eu a conheci quando eu era bem pequena, acho que eu tinha uns seis ou sete anos. Minha irmã tinha um amigo, o Nelson, que colecionava muitos discos de rock e MPB, e vivia emprestando para ela. Dentre eles, havia uma muito legal, do Di Giorgio, que dizem, foi o pioneiro da onda da discoteca. Bem, mas essa é outra história...
Certa vez, minha irmã apareceu em casa com um disco do Pink Floyd, cuja capa era preta, e tinha a fotografia de um prisma - que só vim a saber o que significava muitos anos depois. Bem, prisma é um cristal que absorve a luz e a reparte nas cores do arco íris. Criança, fiquei muito curiosa a respeito do disco. Já tinha o rock na alma, e nem sabia.
Enquanto minha irmã estava fora, e minha mãe conversava com a vizinha, eu entrei em casa e pus o disco na vitrola. Estava tudo muito bem, até que, de repente, o som de um despertador - vários despertadores - soaram na casa vazia, semi-escurecida. Um tiquetaquear sinistro, seguido de sons melodiosos, vozes e gemidos guturais, profundos e amedrontantes... a música era o tema da série "O Sexto Sentido," famosa nos anos setenta.
Acho que nunca senti tanto medo na vida!
De repente, as cenas do filme começaram a passar em minha cabeça. A música tornava as sensações ainda mais terríveis, e o medo, mais brutal. Calafrios percorriam a minha espinha, e eu fiquei parada, de pé no meio da sala, sem atrever mover-me, de olhos fechados e suando muito frio. Parecia haver alguma coisa post-mortem naquela música, algum sinal macabro do além, sei lá!
Eu queria mover-me, sair correndo da casa e ir até aonde minha mãe estava, do lado de fora, mas o medo me paralisou completamente. As sombras começaram a se adensar dentro da sala, conforme a tarde escurecia. Só consegui mover-me (e saí correndo) depois que entrou a voz do cantor.
Apesar de ter durado apenas alguns minutos, aqueles foram minutos que pareceram horas! E confesso que, até hoje, se esta música me pega de surpresa, ainda sinto um arrepio na espinha...