Existem mulheres que são favoráveis à legalização do aborto. Eu não sou, a não ser em casos de estupro, problemas graves de má formação do feto ou quando a mulher corre risco de morte. Não por eu ser moralista, muito menos, religiosa - coisas que nunca fui - mas tenho as minhas razões.
-Em primeiro lugar, eu acredito que a mulher tem sim, o direito de tomar as decisões que quiser no que concerne ao uso do seu próprio corpo. Ela pode engordar, emagrecer, fazer exercícios físicos, tornar-se sedentária, tatuar-se, encher o corpo de piercings, raspar os cabelos, e até amputar as próprias partes (ou acrescentar outras). Porém, quando se fala em aborto, não é o corpo da mulher que está em jogo, mas um um outro corpo e uma outra vida que está dentro dela, cuja opinião ninguém perguntou, e que é fruto (na maioria das vezes) da irresponsabilidade e do egoísmo alheios.
-Em segundo lugar, não acho que o aborto possa ser considerado um método contraceptivo, pois antes dele, há muitos outros que todos conhecem. Até mesmo a abstinência quando não existe uma maneira de se prevenir por perto. A mulher tem a capacidade de pensar e tomar decisões responsávelmente, e não estragar a sua vida e a de outro ser humano apenas porque não conseguiu manter o zíper fechado ou a saia abaixada.
-Li um post no Facebook no qual uma mulher afirmava que se o aborto for legalizado, será mais seguro para a mãe do bebê.
😨 Mãe? Bebê? - eu argumentei; "Mãe, para mim, é quem tem um filho, seja natural ou adotado. Quem aborta não é e nunca foi mãe." Ela me perguntou se eu estava transformando a questão em um problema meramente léxico. Respondi que uma mulher não pode ser considerada mãe de uma criatura que ela não considera viva, nem humana. Para ela, o feto é apenas algo que se joga fora, e não uma pessoa com um coração batendo. Ela não respondeu.
-Bem, quanto a oferecer mais segurança para a "mãe" da criança - digo, do feto abortado - imaginem só a situação: temos uma saúde falida neste país, assim como tudo o mais. Para se conseguir um simples exame de sangue ou uma radiografia, podemos ter que esperar meses. Cirurgias então, nem se fala! Muita gente morre antes de conseguir uma.
Há alguns anos, quando a saúde já era ruim, mas não era tão horrível, tivemos um amigo que quebrou um braço (fratura exposta) em um acidente de carro. Chegamos na unidade de atendimento na manhã seguinte para visitá-lo, e o encontramos aos prantos, chorando de dor, sentado do lado de fora aguardando atendimento. Ele tinha passado a noite toda com uma fratura exposta, sem nem um analgésico, sentado do lado de fora do Pronto-socorro, sujeito a pegar uma infecção hospitalar. Ele precisaria de uma cirurgia, o que demorou quase um mês para conseguir. Enquanto isso, mandaram-no de volta para casa com a sua fratura exposta.
Ok, voltando a falar do aborto, imaginem a situação: uma mulher que deseja abortar seu filho - digo, o feto - teria que esperar vários meses por uma vaga nesse sistema de saúde falido. De que tamanho estaria o feto, então? Ela não correria riscos, da mesma forma? E quem mereceria um atendimento de prontidão: o rapaz com a fratura exposta, uma pessoa gravemente enferma ou uma mulher saudável que deseja fazer um aborto?
E quem pagaria pelo procedimento? Todos nós, que pagamos impostos, mesmo sendo contra.
-Um outro problema, seria que a grande maioria de mulheres irresponsáveis alegaria que sofreu estupro para poder abortar de graça e em segurança. A coisa sairia de controle: como provar que ela não foi realmente estuprada? Qualquer uma poderia alegar que, passando por uma rua escura, foi agarrada e estuprada por um estranho, ficou com vergonha de ir à polícia e engravidou. E com certeza, o número de mulheres que fariam isso poderia ser muito grande. Vide o caso que bombou há pouco na internet sobre a garota que... bom, deixem pra lá...
-As camisinhas furam. As pílulas falham. Com certeza. Mas existem vários casais tentando adotar uma criança. Por que não ter o filho - digo, o feto - e dá-lo para alguém que cuidará bem dele? Mais humano do que matar - digo, abortar! E todo mundo ficaria feliz: os pais, a criança e a mulher que queria abortar.