witch lady

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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

IMAGEM




A lua crescente ao crescer da noite... lá de cima, ela vê os picos da montanhas, as primeiras luzes que se acendem aqui em baixo e que, muitas vezes, nos impedem de olhar para o céu e enxergá-lo em sua plena beleza. 

Mas este foi um momento só meu.

Fingi que, naquele instante, eu era a única pessoa que olhava o céu. Fingi que a natureza preparara um espetáculo especial, somente para mim. E enquanto eu olhava aquela beleza, ouvia as pessoas em seus carros, que chegavam em casa, saudadas por seus cães e suas crianças. Ouvi os jacus e siriemas em sua costumeira gritaria antes de se recolherem. Ouvi os últimos acordes dos sabiás e bem-te-vis.

Percebi o quanto eu sou feliz.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CREME DE CONFEITEIRO





Ontem, quando acordei, eu não estava bem. Marasmo se instalando... o dia, apenas no começo. O que fazer para que ele não se estragasse?

Olhei para fora; a manhã estava fria e cinzenta, e até minha cadelinha parecia chateada. Nem mesmo os passarinhos tinham aparecido, talvez por causa da ventania forte que soprava.

Lembrei-me do meu livro de receitas, o "Dona Benta." Uma edição nova, que comprei há pouco tempo. Minha mãe já possuía um livro destes, o dela, tão antigo, que a capa estava desbotada, e quase já não se viam as figuras: uma velha senhora segurando um bolo todo confeitado, enquanto um menino a observa de olhos compridos.

Fui para a cozinha. Mas não sem antes chamar a Latifa, minha cadelinha, para acompanhar-me. Coloquei um velho tapete de lã para ela deitar-se junto a porta, e olhei em volta: tinha algumas maçãs e bananas. Trigo. Açúcar. Pensei em fazer uma torta.

A massa pronta, a cozinha aquecida pelo calor do forno, os aromas... as frutas picadas sobre a massa. Levei tudo ao forno, mas achei que faltava ainda alguma coisa. Folheei o livro, procurando por uma receita de um creme para cobrir a torta... achei uma muito fácil e rápida, de creme de confeiteiro. Fica exatamente igual aos recheios dos sonhos da padaria, e coberturas de cucas e pães doces:

-duas gemas
-três colheres de trigo
-meia xícara de açúcar
-essência de baunilha
-duas xícaras de leite.

Peneirar os sólidos, e juntando as gemas, a baunilha e o leite, levar ao fogo até ferver. Se der pelotas, passar na peneira novamente depois de pronto. A torta pronta, joguei o creme por cima.

Ficou tão bom, que eu e meu aluno, que chegou logo depois, consumimos metade da torta. Depois, meu marido consumiu quase todo o restante, e hoje de manhã, ainda tinha uma fatia que devorei com uma boa xícara de café.

Tédio? Para onde ele foi?...

O AR QUE TU RESPIRAS





Não desejo jamais ser
Esse ar que tu respiras,
Porque um dia, eu te falto,
Porque um dia, eu me vou,
E ficas a sufocar...

Não quero ser a razão
Dessa tua pobre vida...
Porque  um dia, eu morro,
E a tua dignidade
Fica num canto, caída!

Não desejo ser a fonte
Pra molhar tua garganta,
Porque um dia, eu seco,
E tu ficas à minha margem
Morrendo, aos poucos de sede...

Não quero ser o teu ar,
Tua razão, tua fonte,
Mas quero ser teus pulmões,
Tua vida, tua sede,
A paz que deita contigo
Ao teu lado, em tua rede..

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Canção do Arrebol







CANÇÃO do ARREBOL



Não  adianta sonhar com a canção arredia
Para tentar reviver a velha melodia
Que o vento trouxe um dia, mas levou embora
E que agora navega nos mares de outrora.



De nada adianta tocar as velhas cordas
De uma antiga guitarra desafinada...
Da música ansiada, não resta mais nada,
Rasgou-se a partitura , e não há  maestro.



Embora lamentemos o que se perdeu,
A música não volta; dos ecos, os restos...
Morreu para sempre o ritmo da canção...



Mas Deus é bom, e a manda num raio de sol
Que ao findar do dia, em ligeira escanção
Nos brinda com seu brilho, e morre ao arrebol.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

o que vejo





As gotas de chuva são como pó
Purpurinas molhadas
Nas asas das borboletas.
O musgo do tronco, veludo molhado
Por onde caminha a lagarta
Sonhando com o futuro.



Pios de pássaros, afoitos bicos
Despedaçam cantos inteiros
Em fragmentos musicais
Que cabem melhor nos ouvidos...



Nuvens cinzentas e tão pesadas
Pairam sobre o nosso mundo,
Chovendo as gotas brilhantes
Que fazem a grama crescer tanto!...



Há um canto em meu jardim,
De onde eu observo o mundo
Diminuto que me cerca,
Onde pousam borboletas,
Joaninhas displicentes
De presença tão fugaz...



Quero ficar por aqui, entre o silêncio
Destes muros cobertos de hera...
Quero estar entre estas criaturas,
Feitas de asas e de pó,
De magia e de renda de espírito...
Quero fitar-me nas poças,
E enxergar, por trás, o céu.

Isto é o que vejo...


O DIA EM QUE O SOL NÃO NASCER






Triste manhã;
Abro as janelas
Não vejo o sol
A despertar!

Horas a fio
Só a mirar
Um horizonte,
A esperar...

No mundo, o caos,
Na Terra, a dor,
O Bem e o Mal
Ódio e Amor...

A escuridão
Dos corações
De uma só vez
Em profusão!

A esperança
A morrer só,
Tudo o que sei
Virando pó...

Triste manhã
Será aquela
Na qual o sol
Não nascerá!

EXPLIQUE!







Explique a beleza que existe
Nas asas de uma borboleta...
Não te peço nem que contes
As estrelas do universo,
Não espero que tu entendas
Os grandes mistérios da vida...


Só te peço que percorras
Com teus olhos, os padrões
Coloridos que se espalham
Sobre as asas, fino pó...

Explique a beleza que existe
Numa pétala de flor,
Na gota d'água, que brilha,
Antes de cair no chão,
Ou o traçado que existe
Na palma da tua mão!

Explique o vento que sopra,
E que murmura segredos
Entre as folhas silenciosas,
Explique as cores das rosas!

Explique a vida, tão breve,
De um pequenino inseto,
Ou talvez, o azul do mar
Ou de onde vem o amor...

Explique os motivos da chuva
Para fazer nascer no céu
Um caminho de arco-íris
Que explode em luz e cor!

Não existe explicação
Que caiba no entendimento!
O que é a vida, a morte?
A resposta, está no vento!


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O TUCANO

O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...