witch lady

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sábado, 19 de janeiro de 2013

A essência da Palavra





"Engolindo-se as palavras ruins que não se profere, jamais se estragou o estômago." - Winston Churchil




"Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples. Entre duas palavras simples, escolha sempre a mais curta." - Paulo Valéry




"Não - é a mais fácil e cômoda palavra que existe. Se alguém diz não, os problemas acabaram. Os problemas realmente começam quando você diz sim." - Victor Civita




"Quanto menos palavras tiver a oração, tanto mais rapidamente chegará a Deus." - Martinho Lutero




"As pessoas vãs e indolentes mostram desprezar as letras.; os simples admiram-nas sem lhes tocarem; e os sábios usam-nas e honram-nas." - Francis Bacon




"Sem conhecer a força da palavra é impossível conhecer os homens." - Confúcio




""A palavra é do tempo; o silêncio, da eternidade." - Maurice Maeterlinck




"O amor só possui uma palavra, e dizendo-a sempre, não a repete nunca."- Jacques Maritain




"A palavra foi dada ao ser humano a fim de que ele pudesse, com ela, encobrir seus pensamentos." - Talleyrand


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ilusões - As Aventuras de um Messias Indeciso




Manual do Messias:

"A sua consciência é a medida da honestidade de seu egoísmo. Escute-a com cuidado."


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-Somos todos livres para fazermos o que quisermos fazer- disse ele, naquela noite.- Isso não é simples, limpo e claro? Não é uma bela maneira de se dirigir o Universo?

-Quase. Você se esqueceu de uma parte importante-repliquei.

-Ah, é?

-Somos todos livres para fazermos o que quisermos, contanto que não prejudiquemos os outros-ralhei.- Sei que você quer dizer isso, mas deve dizer o que quer dizer.

Ouvimos um ruído de arrastar de pés no escuro, e olhei depressa para ele.

-Ouviu isso?
-Ouvi. Parece que é alguém...

Levantou-se e foi andando pelo escuro. De repente riu, e disse um nome que não entendi.

-Está certo - eu o ouvi dizer. -Não, teremos prazer em sua companhia... não precisa ficar aí de pé... venha, seja bem vindo, mesmo.

A voz tinha um sotaque forte, não era propriamente russo, nem tcheco, parecia mais da Transilvânia.

O homem que trouxe consigo para junto do fogo era... bem, uma figura invulgar para se encontrar no Meio-Oeste, de noite. Um sujeitinho pequeno, magro, com cara de lobo, de aspecto assustador, vestido a rigor, uma capa preta forrada de cetim vermelho, que estava incomodado com a luz.

-Estava passando - disse ele. - O campo é um atalho para minha casa.

-É mesmo?

Shimoda não estava acreditando no homem, sabia que ele estava mentindo, e ao mesmo tempo, se esforçava ao máximo para não dar uma gargalhada. Eu esperava poder compreender dentro em pouco.

-Esteja à vontade - disse eu. -  Poemos ajudá-lo em alguma coisa?

Não me sentia assim tão disposto a ajudá-lo, mas era tão tímido, que queria pô-lo à vontade, se conseguisse.

Olhou-me com um sorriso desesperador, que me fez gelar.

-Sim, pode me ajudar. Preciso muito disso, caso contrário, não pediria. Posso beber seu sangue? Só um pouco? É o meu alimento, preciso de sangue humano...

Talvez fosse o sotaque, mas não entendi suas palavras; pus-me de pé o mais rápido possível, o capim voando para dentro do fogo, com  a minha rapidez.
O homem recuou. Em geral, sou inofensivo, mas não sou pequeno, e posso parecer ameaçador. Ele virou a cabeça para o outro lado.

-Senhor, sinto muito, sinto muito! Desculpe. Por favor, esqueça o que eu disse sobre o sangue! mas sabe...

-O que está dizendo? -Eu estava ainda mais feroz por estar amedrontado. -Que diabo está dizendo, homem? Não sei o que você é, mas é alguma espécie de VAM...?

Shimoda me interrompeu antes que pudesse completar a palavra.

-Richard, o nosso convidado estava falando e você o interrompeu. Por favor, continue, senhor; o meu amigo é um pouco apressado.

-Donald, este camarada...
-Fique quieto!

Aquilo me surpreendeu tanto que fiquei quieto, e olhei com uma espécie de indagação apavorada para o homem, que agora se parecia bastante, de fato, com um vampiro humano, atraído do escuro pelo nosso fogo. 

-Por favor, compreendam. Não fui eu que escolhi nascer vampiro. Não tenho muitos amigos. Mas preciso de certa quantidade de sangue fresco toda noite, senão me contorço com dores terríveis. Se passar mais tempo sem ele, morro! Por favor, ficarei muito mal, morrerei, se não me permitir sugar o seu sangue... uma pequena quantidade, preciso apenas de meio litro.

Deu um passo em minha direção, lambendo os lábios, achando que de algum modo Shimoda me controlava e faria com que eu me submetesse.

-Mais um passo e haverá sangue, sim. Moço, se me tocar, morrerá!

Não teria matado, mas queria pelo menos detê-lo até termos conversado mais.
Deve ter acreditado em mim, pois parou e suspirou. Virou-se para Shimoda.

-Já conseguiu o que queria?
-Acho que sim. Obrigado.




O lobisomem me olhou e sorriu, completamente à vontade, divertindo-se imensamente, como um ator em um palco após a peça.

-Não beberei o seu sangue, Richard - disse então, num inglês perfeito e com simpatia, sem qualquer sotaque. Enquanto olhava para ele, foi sumindo, como se estivesse apagando sua própria luz... em cinco segundos, desapareceu.

Shimoda tornou a sentar-se junto ao fogo.

-Como estou contente que você não fale a sério!

Ainda estava tremendo, da adrenalina, pronto para a minha luta contra o monstro.

-Don, não sei bem se fui feito para isso. Talvez seja bom você me contar o que está acontecendo. Como, por exemplo, o que... era aquilo?

-Dot era um vampiro da Transilvânia - disse ele, em tom mais estranho do que o do lobisomem. - Ou, para ser mais preciso, Dot era a forma de pensamento de um vampiro da Transilvânia. Se algum dia você quiser explicar alguma coisa, e achar que a pessoa não está escutando, arranje uma formazinha de pensamento para demonstrar o que quer dizer. Acha que exagerei, com a capa, os dentes e aquele sotaque? Estava muito apavorante para você?

-A capa foi de primeira, Don. Mas foi o mais estereotipado, bárbaro... não fiquei nada apavorado.

Ele suspirou.

-Ah, bem. Pelo menos, você entendeu o que eu queria dizer, e é isso que interessa.
-O que era?
-Richard, ao demonstrar-se tão feroz contra o meu vampiro, você estava fazendo o que queria fazer, mesmo sabendo que iria prejudicar outra pessoa. Ele chegou a lhe dizer que passaria mal se...
-Queria sugar o meu sangue!
-É isso que fazemos com qualquer pessoa quando dizemos que passaremos mal se não viverem do nosso jeito!

Fiquei calado muito tempo, pensando. Sempre achara que somos livres para fazer o que quisermos, desde que não nos façamos mal mutuamente, e isso não condizia com o que acontecera. Faltava alguma coisa.

-O que me intriga - disse ele - é uma frase feita que, na verdade, é impraticável. A questão é fazer mal aos outros. Nós mesmos escolhemos se vamos ser feridos ou não, aconteça o que acontecer. Somos nos que resolvemos, e mais ninguém. O meu vampiro lhe disse que passaria mal se você não aceitasse? Isso foi a decisão dele de ser ferido, foi a sua escolha. O que você faz a respeito é a sua decisão, a sua escolha: dá-lhe o sangue; amarra-o; enfia-lhe um galho de azevinho no coração. Se ele não quiser o galho de azevinho, tem liberdade de resistir, do jeito que desejar. E isso continua indefinidamente, escolhas e mais escolhas.

-Pensando assim...
-Escute - disse ele - é importante. Somos todos livres, para fazer. O que quisermos. Para fazer.





Do livro "Ilusões - As Aventuras de um Messias Indeciso!", por Richard Bach


Richard Bach - 23/06/1936 -  é um escritor de nacionalidade estadunidense. A principal ocupação de Bach foi como piloto reserva da Força Aérea e praticamente todos os seus livros envolvem o voo de certa maneira.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Tempo Demais!






Lembro-me de que quando eu precisava sair todos os dias bem cedo para ir trabalhar fora, meu tempo era todo 'contadinho:'  Tinha hora para tudo. Sabia que se eu não fizesse tudo na hora certa, depois, não haveria tempo para fazer, e as coisas iam acumular-se de tal maneira, que ficaria muito difícil colocá-las em dia novamente.

Naquela época, minha casa era bem mais arrumada. As roupas para passar não acumulavam, as faxinas tinham dias certos, o preparo de aulas era feito todos os dias no mesmo horário.

Hoje, que estou trabalhando em casa e tenho bastante tempo livre, tenho me deparado com um problema que muitos chamam de 'falta de tempo'- e que eu acho que se chama excesso de tempo livre! Não tenho feito as coisas com tanta disciplina... a casa não anda tão imaculadamente limpa como antes, e as roupas para passar acumulam-se na área de serviço, e quando passo por lá, tento não olhar para elas. Porque? exatamente porque sei que terei tempo para fazer meu trabalho... mais tarde.

DEPOIS!

Quando eu trabalhava fora, saía do trabalho às oito da noite e ia para a academia malhar. Ah, como eu reclamava, desejando ter um tempo livre durante o dia para poder fazê-lo... e ainda caminhava, todos os dias, durante uma hora. Hoje, bem... tenho tempo demais, e passo este tempo lendo, escrevendo, balançando na rede, observando os passarinhos... e nada de me exercitar!

Preciso urgentemente criar vergonha na cara e começar a colocar mais disciplina em minha vida. Talvez eu precise começar a agendar minhas tarefas. E cumprir a agenda com disciplina.

Estranha Melodia





Foges,
E na tua fuga
Os monstros que tu temes,
Durante a noite,
Tomam formas mais terríveis,
E tu nem percebes
O quanto eles
Crescem.

Na tua partitura,
Escreves
Estranhas melodias,
Sonatas de medos,
Valsas falsas,
Minuetos de segredos,
Noturnos
Sempre taciturnos.

A tua orquestra
Não presta!
Não animarás a festa,
Não convencerás a platéia...

E as tuas ideias
Presas nas teias dos sentidos
Agonizam em colcheias,
Morrem em bruscos sustenidos,
E bemóis sofridos.

Não há sol na tua clave!

E antes
Que tudo se acabe,
Examina a partitura,
E encara a sinfonia dura
Que tu mesma compuseste,
Não deixes para depois
Esse enfrentamento,
Pois tua pauta
É tua vida,
E tua música,
É teu sustento.


CONVITE





Quero que te sentes comigo,
E que me ajudes
A olhar o dia que passa...
Queixo nas mãos, 
Nós ficaremos à janela,
Inventando memórias
Do que poderia ter sido.

Quero que te sentes comigo,
Enquanto eu procuro
Aquele CD antigo...
Viajaremos no tempo
Na melodia envolvente
E depois, quem sabe,
Tomaremos aquela xícara de chá
Enquanto , lá fora, chove.

Quero que te sentes comigo
E que me olhes nos olhos
Aceitando-me como sou,
Sem muitas perguntas,
Sem ressentimentos,
Apenas unidos
Pelos grampos do tempo...

Assim,
Eu quero que permaneçamos,
Sentados,
lado a lado,
Frente a frente,
No início de tudo
No recomeço
Do que seremos,
E que contemplemos
À nossa frente,
Um novo futuro.

Mas para que isto se dê,
É preciso que tu me aceites,
E que antes de tudo, aceites
O meu convite.

Vem, senta-te comigo!



*

Claro Como o Dia







"Eu vinha desenvolvendo um novo apreço pelos processos da natureza. Quando morávamos na Califórnia, eu costumava passar muito mais tempo ao ar livre - jogando tênis, fazendo uma caminhada vez por outra. Alguns dos campos de golfe  que eu jogava eram quase tão rústicos quanto o mato. Mas durante os últimos vários anos, e com certeza, durante aqueles em que estive no topo, a natureza ficara em segundo plano.

Agora, a minha admiração por ela estava de volta. Fiquei mais sensível à brisa (talvez por manter, boa parte do tempo, os olhos semicerrados ou fechados, para me aquietar e evitar convulsões focais. O apelo visual não era mais o que foi um dia). Almoçando no clube, próximo ao último buraco no campo, eu ouvia as vozes e os sons das tacadas de golfe dos jogadores. Eu adorava o sussurro da brisa nos ramos dos pinheiros. Lembrava a água, o oceano. Eu sentia o aroma do cedro. Os pássaros, em incríveis matizes de azul e vermelho, voavam à nossa volta.  Sentado nesse mesmo lugar um ano antes, eu não teria apreciado tanto - talvez sequer percebesse - todas as coisas excitantes que se achavam tão próximas.

Para os que não entendem como os prazeres menores possam realmente superar os maiores, tenho um conselho: as tacadas brilhantes dão fama, as simples dão grana.

Mas não seria exato dizer que a transformação do meu ponto de vista a partir da doença fosse uma nova admiração pelas pequenas coisas. O que pode ser maior do que a natureza? O que pode ser maior do que a água?

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Trecho da contracapa:





Esta é uma história verdadeira. Quando foi ao consultório médico, no dia 24 de maio de 2005, o executivo Eugene O'Kelly tinha uma agenda cheia de planos e projetos, capazes de mantê-lo ocupado durante décadas. Menos de uma semana depois, teve que reformular radicalmente essa agenda para um período de cem dias: era o tempo que lhe restava de vida. O'Kelly tinha câncer cerebral - e morreu em setembro daquele ano.

"Claro Como o Dia" é o relato sincero e emocionado que O'Kelly decidiu fazer de sua agonia. Mas que não se espere uma narrativa amarga ou ressentida. Diante da morte anunciada, ele não se desesperou. Ao contrário, considerou-se abençoado por poder planejar em detalhes seus últimos meses, aplicando à sua vida a disciplina e a persistência que o levaram a uma bem-sucedida carreira nos negócios.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Pecados






Ah, eu bem que gostaria
De poder 
Ter cometido
A maioria dos pecados
Que me atribuías!

Gostaria de ter tido
Tanta coragem, assim,
Para dizer aquilo,
Tudo aquilo
Que eu deveria ter dito!

Ah, quem sabe até
Eu seria
Bem mais feliz,
Muito mais feliz
Do que jamais fui
Ou serei
Um dia?...

A Lenda da Cotovia



Cantava
A cotovia,
Do alto do galho
De onde não via.
Falava
Da liberdade,
E nem enxergava
As barras
Da gaiola
Que a cercava.

Sorria,
A cotovia,
Do começo
Ao fim do dia,
Pulava
De galho em galho,
Voava baixo,
Mentia.

A pobre
Cotovia
Que não enxergava
Nem sentia,
Cantava
Uma canção
Que lhe ensinaram...
Repetia!

Só por ser ave,
Só por ter asas,
Achava-se livre,
Mas se esquecia
De que o voar
É arte aprendida
Que nem toda ave
Sabia...

Pulava entre os galhos,
Catava os insetos
Que a alimentavam,
Batia as asas...
Achava que assim
(Pobre cotovia!)
É que se voava
Mas não via

O mergulho solto
Dos bem-te-vis,
O canto elevado
Dos sabiás,
O salto no alto
Das andorinhas,
O voo zumbido
Dos colibris,
O mergulho no abismo
Dos gaviões
O pouso sereno
Dos urubus...

Achava-se deusa,
Achava que todos
Fossem cotovias
E que só pulassem
Pelos mesmos galhos
Onde ela vivia...


*



cotovia


Gibran - Fala-nos Sobre o Tempo...





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E um astrônomo disse: "Mestre, que dizeis do Tempo?"

E ele respondeu:

"Gostaríeis de medir o tempo, o ilimitado e o incomensurável.

Gostaríeis de ajustar vosso comportamento e mesmo reger o curso de vossa alma de acordo com as horas e as estações.

Do tempo, gostaríeis de fazer um rio, na margem do qual vos sentaríeis para observar correr as águas.





Contudo, o que em vós escapa ao tempo sabe que a vida também escapa ao tempo.

E sabe que ontem é apenas a recordação de hoje e amanhã, o sonho de hoje.

E aquilo que canta e medita em vós continua a morar dentro daquele primeiro momento em que as estrelas foram semeadas no espaço.

Quem, dentre vós, não sente que seu poder de amar é ilimitado?

E, porém, quem não sente esse amor, embora ilimitado, circunscrito dentro de seu próprio ser, e não se movendo de um pensamento amoroso a outro, e de uma ação amorosa a outra?





E não é o tempo, exatamente como o amor, indivisível e insondável?

Contudo, se em vossos pensamentos deveis dividir o tempo em estações, que cada estação envolva todas as outras estações,

E que vosso presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho."



Haikai







Um passarinho
Assoviava feliz
A sua fuga




*





terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Momento Certo






"Quero fazer isto agora, " ela disse. Imediatamente, a outra respondeu, cheia de boas intenções (mas na verdade, pensando que, se a amiga fizesse o que realmente desejava fazer, ela e seus problemas  deixariam de ser o foco total de sua atenção): "Se eu fosse você, esperaria pelo momento certo."

A primeira moça hesitou por alguns segundos, e pensou, antes de responder. E veio à sua boca uma resposta que ela sentiu como não sendo sua, pois ao mesmo tempo que a proferiu, era como se outra pessoa falasse através dela:

"Estou cansada de esperar pelo momento certo!"

E qual é o momento certo?

Quem sabe, o momento certo seja após a cura de alguém doente? Ou após a tempestade? Ou quando 'as coisas melhorarem?' 

Tenho aprendido, à duras penas, que enquanto aguardamos o momento certo, a vida vai se enchendo de momentos errados, e que intercalá-los com momentos certos - permitir-nos pequenas alegrias entre os momentos doloridos - teria feito com que tudo fosse bem mais leve!

O melhor momento para se fazer alguma coisa, é exatamente quando sentimos vontade de fazê-la - antes que a covardia, os conselhos 'bem intencionados', o comodismo e a preguiça se estabeleçam. O momento certo, é antes que o momento passe.

Fala-nos da alegria e da Tristeza... - Gibran



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Então, uma mulher disse: "Fala-nos da alegria e da tristeza."

E ele respondeu:

"Vossa alegria é vossa tristeza desmascarada.
E o mesmo poço que dá nascimento a vosso riso foi muitas vezes preenchido por vossas lágrimas.
E como poderia não ser assim?
Quanto mais profundamente a tristeza cravar a sua garra em vosso ser, tanto mais alegria podereis conter.
Não é a taça que contém o vosso vinho a mesma que foi queimada no forno do oleiro?
E não é  a lira que acaricia vossa alma a própria madeira que foi entalhada à faca?


Quando estiverdes alegre,s olhai no fundo de vosso coração e achareis que o que vos deu tristeza é aquilo mesmo que vos está dando alegria.
E quando estiverdes tristes, olhai novamente no vosso coração e vereis que, na verdade, estais chorando por aquilo mesmo que constitui vosso deleite.




Alguns dentre vós dizeis: "A alegria é  maior que a tristeza," e outros dizem: "Não, a tristeza é maior."
Porém, eu vos digo que elas são inseparáveis.
Vem sempre juntas; e quando uma está sentada à vossa mesa, lembrai-vos de que a outra dorme em vossa cama.




Em verdade, vós estais suspensos como os pratos de uma balança entre vossa tristeza e vossa alegria.
É somente quando estais vazios que estais equilibrados.
Quando o guarda do tesouro vos suspende para pesar seu ouro e sua prata, então deve a vossa alegria ou a vossa tristeza subir ou descer."






Gibran Khalil Gibran, em "O Profeta."

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Se...





Se a minha dor te incomoda,
Não inventa moda,
Sai daqui,
E se ela te diverte,
Verte esse veneno
Bem longe de mim,
E se ela te escandaliza,
Desliza até o inferno,
E se ela te entedia,
Volta outro dia.

Se a minha dor causa espanto,
Fica no teu canto,
Vira a cara,
Mostra os dentes,
Se a minha dor te perturba,
Junta-te à turba
Que me vaia,
Mas saia,
Recolha teus apetrechos
De tortura,
Deixa-me em paz, 
Com minha loucura,
Pois a minha dor
É a minha cura.

Sigo Por Dentro





Caminho por dentro de mim,
E nas vielas, te procuro,
Não há mais luz,
Sigo cega, no escuro
E é quando eu te sinto,
Mais do que nunca,
No arrepio dos fios
Da minha nuca.

Caminho por dentro de mim, 
E nas alamedas
Escuto tudo o que me segredas,
Agora, que estou surda e cega,
Agora, em que não mais me movo, presa
Pelos  tentáculos de um obscuro polvo
Que permanecem enrodilhados, para sempre
Na minha alma;
Por isso, eu morro.

Caminho por dentro de mim,
E não mais me encontro,
É como se alguém contasse um conto
Cujos personagens se foram...
Um livro vazio de vida,
Onde as ilustrações são manchas,
Neste enorme aglomerado
De páginas carcomidas.

Caminho por dentro de mim,
Num frio planeta
Onde não há mais vida,
Pois um meteoro gigante levou tudo,
Um impacto atômico, repentino,
E os pássaros fugiram, em desatino,
Indo pousar nalguma árvore distante...

Passou a vida, passou o instante,
Sigo por dentro de mim,
Caminhante,
Errada,
Errante.

Centro





Do centro do meu centro
Observo as coisas do mundo,
Penso nas coisas da vida.
Eu às vezes fico triste,
Às vezes, eu fico alegre
E noutras, me surpreendo
(Mas raramente).

Em volta de mim, o dia
Espalha-se em cores frias
Que, aos poucos, se aquecem
Nos ventos da calmaria.
O sol brilha, e ao meio-dia
Encima o topo do meu centro
E logo depois, fenece
Entre o onde e o quando.

A vida tem sido rascante,
Tanto na dor quanto no belo,
E por isso, eu aguardo
Que surja um instante mais brando...
Espero que ela se aquiete
-A vida sempre arremete
Sem avisos, sem licença
Causando muitos abalos...

Bahá'lláh & Abdu'l Bahá







"É incumbência de cada homem, neste dia, firmar-se naquilo que possa promover os interesses e exaltar a condição de todas as nações e governos justos."


"Este é o dia em que se deve falar. É este o dia com o qual épocas e séculos passados não podem rivalizar."


"Uma nova vida nesta era, agita-se dentro de todos os povos da Terra; e no entanto ninguém lhe descobriu a causa nem percebeu o motivo. Ó vós, filhos dos homens, o propósito fundamental que anima a Causa de Deus e Sua Religião é o de salvaguardar os interesses e promover a unidade da raça humana!"


"Pondera um pouco.: já ouviste dizer que o amigo e inimigo devessem morar em um só coração? Expulsa, pois, o estranho, para que o Amigo possa entrar em teu lar."





"A  essência da fé está na escassez de palavras e na abundância de ações. A morte daquele cujas palavras excedem os atos é melhor que sua vida."


"Tenho feito da morte a mensageira de teu júbilo. Por que te lamentas? a luz, Eu a fiz para derramar sobre seu esplendor. Por que te ocultas na sombra?"


"Deve-se olhar para aquilo que seja louvável em cada ser humano. Quando se faz isso, pode-se ser um amigo de todo o gênero humano. Se, porém, olharmos para as pessoas do ponto de vista de seus defeitos, então será uma tarefa muito árdua ser amigo de quem quer que seja."

"...Quando encontrares aqueles cujas opiniões não sejam as vossas, não lhes vireis vossas faces. Todos estão procurando a verdade e há muitos caminhos que a ela conduzem. A verdade tem muitos aspectos, mas permanece sempre e perpetuamente única."



Bahá'ulláh e Abdu'l Bahá (23/05/1844 - 28/11/1921) nasceu na Pérsia, hoje, Irã. Não frequentou escola ou universidade. Aceitou seu pai como mensageiro de Deus. Era conhecido como O Mestre, e ajudava as pessoas de todas as maneiras que podia. Pessoas proeminentes ou humildes amavam-no e respeitavam-no por sua bondade. Foi confinado nos muros da cidade-prisão de Akka, e logo após, viajou para a Europa e America a fim de propagar a mensagem de Bahá'u llá - seu pai. Costumava ser chamado de "Mistério de Deus." - fonte: Wikipedia

domingo, 13 de janeiro de 2013

Norma de Conduta






Todas as pessoas tem coisas estúpidas e inteligentes a dizer. Mas quando, pelas coisas estúpidas que alguém disse, nós mandamos que ele se cale, estaremos tapando nossos ouvidos para as coisas inteligentes que esta pessoa tenha a dizer.

Ninguém é dono da verdade universal. Deveríamos ser, pelo menos, donos da nossa própria verdade! Pois, da Verdade, o que realmente sabemos

Existem pessoas que acham que a vida é um mar de rosas, ou que pelo menos, deveríamos viver como se assim fosse, pois elas acham que acreditando, realmente, nesta mentira, ela se tornará verdade. A vida é apenas a vida, com suas rosas e suas pedras, seu sol e sua chuva, suas alegrias e suas tristezas. E nenhum de nós é santo. Nenhum de nós é bom o tempo todo. Bem, isto não nos isenta da obrigação que temos para conosco mesmos e os que nos cercam, de tentar melhorar!

Nem por um momento, almejarei a perfeição. Sei que estou muito distante dela... aliás... pensando bem, todos estamos, pois a perfeição é uma quimera que alguém criou para fazer de nós pessoas constantemente frustradas, e também para podermos julgar os outros de maneira mais eficaz. É muito perigoso achar-se separado dos outros pela imaginária linha que divide o santo do pecador... e na maioria das vezes, aquilo que condenamos tão veementemente na conduta alheia, nós mesmos o fazemos. 

Que droga!

Hoje assisti ao filme "Sonhos," de Akira Kurosawa. A parte final é a mais maravilhosa, pois mostra um ideal de vida - do qual nos distanciamos cada vez mais, infelizmente. Imaginei-me vivendo naquele paraíso, naquela Terra de Sonhos... na linda aldeia dos moinhos de água... mas como já diz o título do filme, é tudo um sonho. Não existe um mundo perfeito. Não existem pessoas perfeitas. A perfeição faz com que nos sintamos frustrados e culpados, pois jamais nenhum de nós conseguirá alcançá-la. Nossos 'pecados' não são apagados do Livro da Vida; tudo é parte da nossa história. Mesmo que nos redimamos deles, nos arrependamos e nos corrijamos, eles estarão lá, dizendo-nos e a todos que nos cercam, de onde viemos. Farão parte do nosso caminho, dos nossos álbuns de fotografias,e por isso mesmo, devemos nos orgulhar deles! Eles nos ajudaram a chegar aonde estamos.

Jamais hei de envergonhar-me de quem eu sou.










OSHO na Manhã de Domingo




"Se apenas te sentares, silenciosamente, fechando os olhos, tudo estará bem. Tua esposa ou teu marido dirá que te tornaste uma pessoa muito boa. Todos desejam que estejas morto. Mesmo as mães desejam que os filhos estejam mortos, obedientes, silenciosos. Toda a sociedade deseja que estejas morto. Os chamados homens bons não passam de, realmente, de homens mortos; portanto, não te preocupes com o que os outros pensam, não te preocupes com a imagem que os outros possam ter de ti."



"As portas do teu hospício precisam ser abertas!"




sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Momento-Agora




Se queres ser feliz vive o momento,
jamais cultives sombras do passado.
A sorte passará indiferente
Se amargura tiveres ao teu lado.

Tornarás teu viver triste, arrastado,
Nem os teus sonhos te farão cativo,
pois que carregas tão imenso fardo
Fazendo teu momento pensativo.

Não sejas, assim, do ontem prisioneiro,
Desfruta teu presente por inteiro,
Vive da chama, não da fumaça.

Se não tens boas lembranças, esquece.
Seja cada dia elevado em prece
Lembra que tudo vem, que tudo passa.


Edith Marlene de Barros - Coletânea Mosaico - ano: 2004


Edith Marlene de Barros, Petropolitana,  foi presidente da Academia Petropolitana de Letras. Membro honorário das Academias Petropolitana de Letras e da Academia de Educação. Participou de várias antologias e diversas premiações.



Pagando Uma Promessa

Foto: as montanhas do Bairro Santa Isabel, onde está localizada a igreja onde paguei a promessa.




Lá no hospital, antes da cirurgia, ela me pediu:

-Aninha, se por um acaso eu for desta para outra, você me faz um favor?

Pensei em rebater sua fala, dizendo que ela ainda ia viver muitos anos, mas algo dentro de mim mandou que eu me calasse. Apenas perguntei:

-Faço, sim. O que?
-Pague uma promessa para mim! Preciso que você acenda dois maços de velas na Igreja de Santa Isabel.
-Dois maços?! Deve ter sido uma promessa e tanto!

Ela riu, e continuou:

-É porque eu tinha perdido a minha medalhinha, e fiz uma promessa dizendo que se eu a achasse, acenderia um maço de velas na Igreja de Santa Isabel.

-Bem, mas... e o outro maço? Não são dois?
-Sabe aquele livro que você me deu?
-Qual?

Ela pensou, pensou e não conseguiu lembrar-se do título. Enfim, também tinha perdido o livro, e ao procurá-lo, fez uma outra promessa, de acender outro maço de velas na mesma igreja, caso o encontrasse. Não sou uma frequentadora assídua de igrejas ou templos; aliás, não gosto de missas e cerimônias religiosas, mas promessa é promessa.

Na terça feira, fomos - eu e minha irmã - à igreja de Santa Isabel pagar a promessa. Também seria sua missa de sétimo dia, em outra igreja próxima.

Chegamos lá, e achamos a igreja fechada, mas a zeladora - uma senhora muito doce, prestativa e simpática, que mora em um anexo atrás da igreja - abriu-a para nós, e ainda emprestou-nos um tabuleiro de alumínio para colocarmos as velas acesas. Encontramos a igreja vazia, é claro, muito silenciosa, e lá cumprimos a promessa de nossa mãe.

Quando saímos, deixando as velas acesas junto ao altar, a senhora conversou conosco, e falou-nos que ela também perdera alguém recentemente. Contou-nos sua história, e partilhamos as nossas. Sentadas nas escadarias da igreja, olhávamos a tarde que se recolhia, entre cores suaves e uma brisa deliciosamente fresca. Tudo ao redor era tão lindo! As montanhas ao longe, as centenas de árvores, o céu encoberto, o vento. Tudo transbordava vida. Senti uma paz incrível, seguida de uma enorme vontade de viver, e a dor passou. Mais tarde, o marido daquela senhora - um senhor muito simpático - chegou em casa, e após cumprimentá-lo, nós fomos embora, a fim de assistir a missa de sétimo dia, na outra igreja próxima.

Durante a cerimônia, vi novamente o marido daquela senhora, alguns bancos à frente do nosso. Tinha tomado banho e colocado sua melhor roupa. Fiquei observando as pessoas, e percebi que, apesar de todas elas morarem ali perto, também vestiam seu melhor. Olhei para ele; percebi a enorme fé que ele tinha, a maneira humilde e espontânea como ele estendeu as mãos, palmas viradas em direção ao teto, e rezou. Achei linda a fé daquele homem! Seu olhar, simples, desarmado, de pura aceitação, é coisa muito rara de se ver hoje em dia.

Compreendi que, naquela linda e pequena comunidade de agricultores, as pessoas ainda são genuinamente felizes.

Após a cerimônia, fomos até a cantina da igreja comer pastéis de vento... nossa!... Simplesmente deliciosos... logo depois, fomos embora, e eu, com vontade de ficar.

Promessa paga. Coração leve.

casa no Bairro Santa Isabel

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      Desaprenda E se desprenda Da rede invisível que sufoca.   Questione, e nunca, jamais, Se abandone!   Não deixe que ninguém te ensine, ...