Eu sempre sonhei em ter uma lareira. Acho que elas são românticas, bonitas, decorativas e úteis. Quando começamos a reformar a casa onde moramos, há doze anos, a lareira e a banheira foram as únicas coisas das quais eu não quis abrir mão; fui categórica: "Pode cortar todas as despesas necessárias, mas eu não abro mão da banheira e da lareira.
Infelizmente, alguns anos depois, o aquecedor da banheira quebrou. Consertamos o antigo, e depois o trocamos por um novo... que voltou a quebrar e ainda está quebrado. E com a escassez de água, nem nos incomodamos em mandar consertar de novo, e deixei de usar a banheira...
Quando a casa estava quase pronta, e a lareira, instalada, lembro-me da noite fria de junho em que viemos até a casa em obras para 'estrear' a lareira: a sala ainda não tinha piso, e colocamos alguns pedaços de papelão no chão, acendemos a lareira e nos sentamos para curtir. Foi quando percebi uma fumaça branca se espalhando pelos cômodos. Foi muito engraçado! Meu marido ia do lado de fora para ver se a fumaça estava saindo pela chaminé, mas não; ela estava se espalhando pela casa! Marinheiros de primeira viagem, tínhamos nos esquecido de girar o ferrinho que abria a saída da chaminé da lareira...
Tivemos que abrir todas as janelas da casa para deixar a fumaça sair, e estava muito frio naquela noite; mas acabamos dando boas gargalhadas.
O fogo parece que atrai os olhares; é raro quem não fique olhando para as chamas quando está perto delas. Ele convida as pessoas a se juntarem e contarem histórias, ver fotografias e lembrar do passado. O cheirinho da lenha queimando é delicioso. Por aqui, temos usado lenha ecológica, que dura mais no fogo e não vem de árvores cortadas ilegalmente.
E é claro: sempre antes de acendermos o fogo da lareira, verificamos se a saída da chaminé está aberta.