witch lady

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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Das Gavetas


Faturas de cartões de crédito antigas, pedaços de papel de presente, cabos USB de celulares e computadores que não temos mais, caixas de fósforos, botões sobressalentes cujas camisas já se foram há muito tempo, novelos de linhas apodrecidas, agulhas tortas e enferrujadas, manuais de instrução de produtos que já sabemos como usar, garantias de produtos cujas garantias já expiraram, notas fiscais de produtos antigos, bijuterias quebradas, enfim, trecos que não servem para nada. Enchi dois sacos de duzentos litros destas e de outras coisas.

Depois, três sacos de cem litros de roupas e sapatos para doação. É incrível constatar o quanto eu, que detesto guardar bagulhos, guardo bagulhos!

Mas mantive algumas coisas: cartas e cartões de meu marido. Alguns, dos tempos que namorávamos, outros mais recentes; cartões de minha mãe.

Aliás, a história dos cartões de minha mãe são engraçadas; ela não costumava escrever nos cartões que enviava, pois dizia que assim, poderíamos reaproveitá-los... quando escrevia, era apenas "Para Ana / de sua mãe Ruth" como se eu tivesse outra mãe... uma vez, ela encontrou com meu marido nas Lojas Americanas, onde comprava para ele um cartão de aniversário. Ao vê-lo, ela entregou-lhe o cartão, dizendo: 'É pra você mesmo! E assim, sem estar escrito, você pode aproveitá-lo para outra pessoa!" Dizendo isso, ela se despediu.


Só esqueceu-se de que não tinha pago pelo cartão, o que meu marido teve que fazer ao sair da loja... sogra é sogra!

Uma vez, em um momento muito difícil de minha vida, ela me escreveu uma carta bem longa... nela, dizia o que ela achava que eu deveria fazer para ser mais feliz; conselhos, observações (algumas me ajudaram bastante) e a certeza de que ela me amava. Acho que foi a única vez que ela disse isso. Tenho a carta até hoje. Recentemente, falei com ela sobre a carta, mas ela não conseguiu lembrar-se de tê-la escrito: "Você tem certeza de que fui eu mesma que escrevi esta carta?" Bem, ela tinha 85 anos...

Acabei desviando-me do tema desta crônica, que é sobre gavetas esvaziadas. Esvaziei muitas gavetas e armários. Coloquei roupas de cama, mesa e banho para doação. Ainda falta examinar livros, CDs e vinis. E tem a cozinha. Acho que tenho coisas demais por lá.

Depois, a principal gaveta: a do pensamento.




domingo, 25 de agosto de 2013

Mensagem




Meus Livros







Sempre Cada Vez Mais Longe é um e-book contendo 62 de meus melhores poemas. Disponível no amazon.com.br

Preço: 2,00








A Ilha dos Dragões contém 20 contos fantásticos, que flutuam entre a realidade e o mundo mágico das possibilidades. Preço: 7,15

Disponível no amazon.com.br

Querendo adquirir, basta acessar o link e digitar ana bailune. Os livros aparecerão em sua tela, e clicando no canto direito no botão laranja ("compre agora com um clique") você poderá  efetuar seu pagamento através de cartão de crédito e fazer o download rapidamente para o seu Kindle, Iphone, Ipad, computador ou Kobo.

Podem ser lidos em:


iOS (iPhone, iPod Touch e iPad)Android
Windows 7, XP, Vista
Windows 8 (PC ou tablet)
MacOS

Tenho certeza de que vocês vão gostar, pois o material foi selecionado com muito carinho e critério. 

Em breve: uma edição virtual de "Vai Ficar Tudo Bem," revista e ampliada.



Já disponível. Preço: 2,00




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Por Onde Andam os Anjos




Os anjos andam na lama,
Cobertos de trapos,
De pés descalços
E fingem-se loucos.

As asas cortadas
Insistem em crescer,
Mas os anjos
Não querem morrer.

Bebem da vida
Pelo gargalo,
Tropeçam  tontos
Pelas ruelas,
Perdem as penas
Pela avenida...

E quem os vê, os teme,
Não sabem quem são,
Não sabem que os anjos
Não tem auréolas,
Mas caem de bêbados
Pelas vielas.

E quando morrem,
É como se jamais
Tivessem vivido
Ou sido gente...

Nas covas rasas
Dormem os anjos
Como indigentes.


Para Ser Escritor




Trechinhos do livro de Charles Kiefer, Para Ser Escritor




"Literatura é solidão, a mais profunda, a mais espessa e ampla solidão. Literatura é avareza, é retenção, é polução sem objeto."





"O mundo passaria muito bem sem escritores nem literatura. Não será por isso que os escritores são tão mesquinhos, autocentrados e vaidosos? Escritores não leem outros escritores. E quando leem, fazem de conta que não leem. Para não admitir  que gostaram, que ficaram admirados, que gostariam de ter escrito aquilo que leram...Os mais inteligentes, os que sabem que, se o vaidoso soubesse o quanto é ridículo, seria humilde por orgulho, admiram os mortos e especialmente os mortos estrangeiros... Alguns escritores, não suportando mais a insignificância do seu fazer, optam pelo silêncio, pela reclusão, pela aventura na África.
Outros que ainda acreditam que a palavra tem poder, que ainda são capazes de suportar o desprezo das legiões de não leitores, vão se transformando em seres amargos e irônicos. Falam mal de tudo e de todos, principalmente, do Paulo Coelho. E ainda escrevem crônicas depressivas como esta."





"Não é digno de ser chamado de escritor aquele que não dedicar à Fênix parte de  sua produção, especialmente aquela que já nasceu morta. E ensinará que é do fogo e das cinzas da obra desvitalizada que virá a energia necessária para outra obra possível, aquela com frescor de banho e riso de bebê, aquela que se agitará como uma serpente no gramado e que será capaz de mesmerizar até o leitor mais desatento."




"... escritor somente é escritor quando menos é escritor, no instante mesmo em que tenta ser escritor e escreve. Na absoluta solidão de seu ofício, enquanto a mente elabora as frases e a mão corre para acompanhar-lhe o raciocínio, é  escritor. Nesse espaço, entre o pensamento e a expressão, vibra no ar um ser sutil, fátuo e que, terminada a frase, concluído o texto, se evapora. Nesse átimo, o escritor é escritor. Aí e somente aí. Depois, já é o primeiro leitor, o primeiro crítico de si mesmo e não mais escritor."




"...O autor, ao contrário do escritor, corre rapidamente em direção a outra mutação - transforma-se no profissional de literatura, no cronista, no contista, no romancista. E este, esquecido de sua origem e de sua completa inutilidade, alienado e vencido, organiza sessões de autógrafos, faz palestras e contrata assessores de imprensa. Aos poucos, enfim, o autor, auxiliado por esses profissionais competentes, vai matando o  escritor, fazendo-o esquecer-se de que escrever e sonhar são uma coisa só e que se esgotam no próprio devir. Às vezes, num gesto desesperado, para livrar-se dessa morte anunciada, o escritor apanha uma espingarda de caça e explode a cabeça dos três."





quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Tecnologia - um pequeno comentário




A tecnologia veio para ficar. Resistir a ela é como parar no tempo. Mas assim como o cinema não acabou com o teatro, e a TV não acabou com o rádio, o livro virtual não vai acabar com o livro de papel. É apenas uma nova plataforma, uma experiência diferenciada. Acredito que daqui a pouco tempo, o livro virtual poderá estar vendendo mais que os livros de papel, justamente pela praticidade, tanto para o autor em publicá-lo quanto para o leitor em obtê-lo.

O que acontece, é que ainda existe muita resistência às mudanças que chegam cada vez mais rapidamente. Teimamos em permanecer exatamente onde estamos. Ao anunciar a publicação de meus livros pela Amazon, recebi alguns comentários de pessoas que dizem preferir os livros de papel, pois não se sentem prontas para a literatura virtual (ou seria virtualidade literária?). Eu as compreendo muito bem, pois também já estive desse lado há bem pouco tempo.

Ainda quero desfrutar do prazer de entrar em uma livraria física e ficar horas entre as prateleiras escolhendo livros; mas não quero perder a praticidade de, a qualquer momento do dia ou da noite, escolher um título em uma livraria virtual e baixá-lo em questão de segundos por um preço bem mais em conta.

Publicar um livro pode levar tempo demais, pois envolve várias etapas, e sair bem caro... fiz alguns orçamentos para publicar por conta própria, e vi que a publicação de cem exemplares  fica em torno de 4 ou 5 mil reais! Infelizmente, não disponho de tanto dinheiro. Meu grande sonho continua sendo publicar livros impressos, mas enquanto não acontece (e pode não acontecer mesmo), por que desprezar a internet, se ela se mostra um canal cada vez mais adequado e conveniente? Acredito que pode ser um caminho!

Lembro-me de ter lido um comentário que dizia que em ocasião do lançamento do televisor, alguém comentou que o invento jamais decolaria. O mesmo foi dito a respeito dos computadores caseiros. Também ria-se dos inventores de máquinas voadoras, que eram ridicularizados diante de cada tentativa de voar.

Cheguei a receber alguns comentários bastante desanimadores - caso eu decidisse dar ouvidos a eles - dizendo, de forma sutil e irônica, que a publicação virtual é uma boa saída para os fracassados. Bem, eu acho que a saída para os fracassados é criticar aqueles que tentam inovar e fazer alguma coisa boa. Continuarei lançando livros virtuais, e mesmo que ninguém jamais chegue a lê-los, eu continuarei escrevendo, pois sou uma escritora, e não apenas uma autora que visa somente lucros e reconhecimento. Minha página na Amazon vai ficar lá. Se algum dia eu me encontrar entre aqueles raríssimos escritores que tiveram a sorte de receber um convite de uma editora para publicar um livro impresso, melhor; senão, pelo menos eu não terei ficado acuada no escuro, criticando aqueles que tiveram a coragem de tentar.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Rendendo-me ao Kindle e à Publicação Virtual




Há algum tempo, dei aos meus alunos de inglês um texto sobre e-readers - leitores de e-books - e debatemos sobre a possibilidade de, um dia, os livros impressos serem substituídos pelos livros virtuais. O texto no qual trabalhamos falava mais especificamente sobre o Kindle, o e-reader da Amazon. Naquela época (até parece que foi há muito tempo, mas na verdade, foi em 2010) o Kindle era uma plataforma muito básica de leitura, com poucos recursos. Eu pensava que jamais substituiria meus livros de papel pelos livros virtuais. Gosto de fazer minhas anotações, sentar-me ao sol com meus livros e ler na cama. Achava que um leitor de e-books não me proporcionaria este prazer, pois pensei que a tela não ficaria bem visualizada em ambientes muito escuros ou à luz do dia. Também achava que a bateria do dispositivo seria uma preocupação, já que apesar de tanta tecnologia que vemos nos dias de hoje, as baterias dos smartphones deixam muito a desejar, e pensei que seria a mesma coisa com os e-readers.

Mas recentemente, com a publicação de dois livros no Amazon, decidi comprar o Kindle. Uma escolha muito acertada, pois estou adorando; para quem gosta de ler, é uma ferramenta útil e confortável! Imaginem só, estar em casa sem ter muito o que fazer e poder acessar uma livraria com milhares de títulos e baixar os que desejar para o seu leitor em questão de segundos! Sem falar nos mais de mil títulos cujo download é gratuito. Estou me sentindo nas nuvens!

O Kindle é pequeno, bonito e leve; a iluminação da tela pode ser adaptada de forma que  tanto a  leitura ao ar livre (até mesmo sob sol forte) ou em ambiente escuro seja feita com todo conforto, sem cansar a vista; podemos escolher também a fonte que desejarmos e o tamanho das mesmas. Posso ler sem meus detestáveis óculos. E mais: posso selecionar trechos e fazer anotações pessoais! Melhor impossível! E a bateria é quase um milagre: se o wi-fi estiver desligado, ela dura até oito semanas! 

Começo a acreditar que muitas portas se abrirão para nós, autores mundialmente desconhecidos; e mesmo que permaneçamos mundialmente desconhecidos - afinal, todo mundo diz que somos maravilhosos e que deveríamos publicar livros, mas quando o fazemos, ninguém compra - teremos o prazer de ver os nossos trabalhos lá, guardados para a posteridade... quem sabe, sobrevivendo à hecatombe final e sendo redescobertos daqui a milhares de anos por uma civilização adiantada.

Publicar na Amazon  é relativamente fácil, e sem custos (Helena Frenzel: minha dificuldade deveu-se à minha característica de anta virtual, e o suporte deles é o melhor que já vi; deixei o número de telefone lá e em menos de dez segundos recebi uma ligação). Meu primeiro livro, "A Ilha dos Dragões," teve alguns problemas de formatação devido a uma figura que coloquei na primeira página, e que passou a ocupar as cinco primeiras páginas do livro; terei que reformatá-lo e reenviá-lo, o que ainda não deu tempo de fazer. Mas o texto está perfeito.

O segundo livro, de poemas, "Sempre Cada Vez Mais Longe," ficou direitinho. Está lindo, lindo, lindo!  E os preços são muito em conta. Quem estiver interessado em dar uma olhada, pode ir na loja da Amazon e procurar minha página de autora - Ana Bailune. Meus bebês estarão lá, e logo aumentarei a prole.

ps: Não recebi um tostão para escrever este texto. Juro. Mas o que é bom merece divulgação.

ps: o conteúdo dos livros da Amazon podem ser visualizados em outros aparelhos, como o iPad, iPhone e até mesmo em seu computador.





Depois do Almoço






Depois do Almoço


Sábado passado, fomos almoçar em casa de minha sogra; depois do almoço, nós nos sentamos na varanda dos fundos da casa, as pernas ao sol, olhando o céu que estava absurdamente azul, enquanto descansávamos do almoço.

Foi quando ouvi a corneta e o pregão do homem que vende picolés, e o garotinho da vizinha desceu as escadas de casa, acompanhado de uma senhora, para comprar picolés. Fiquei com inveja dele... me deu uma saudade enorme dos tempos de criança!

Tarde de verão escaldante; nós, brincando no quintal após chegarmos do colégio. De repente, a cornetinha do sorveteiro, anunciando: "Tem de milho-verde, creme-holandês, morango, coco e chocolate!" Eu e minha irmã corríamos para catar moedinhas de dentro das gavetas, enquanto Seu Orlando, o sorveteiro, nos aguardava na rua. Às vezes ele nos pedia um copo d'água, suado e cansado de subir a ladeira carregando a caixa de isopor cheia de picolés, debaixo daquele solão!

Não eram os maravilhosos picolés da Kibom, e sim, uns picolés meio-aguados, feitos em casa. Meu favorito era o de creme holandês, uma mistura de groselha com leite, que tinha um cremezinho que se acumulava na base. Era o mais doce de todos. Depois que Seu Orlando ia embora, soprando sua cornetinha, eu e minha irmã nos sentávamos nas escadas de casa, olhando a rua e tomando nossos picolés.

Acho que estou ficando velha mesmo!



Escrito em 11/10/2010

Tranças





Tranças



O tempo, em transe,
Vai trançando-se às estações,
Trazendo consigo as flores do inverno,
O frio da primavera,
O calor do outono,
Os frutos do verão.

As tranças do tempo confundem tudo,
Juntam e ajuntam,
Empilham lembranças,
Arrastam consigo muitas vidas,
Estas tranças...

Até que um dia, 
A fita negra amarra as pontas,
E nada mais adianta...
Vem a tesoura, e mata
Tudo o que tempo
Não arremata.



domingo, 18 de agosto de 2013

Falar a Língua de Um Cão






Quando a Latifa veio aqui para casa, era apenas um bebezinho, que mal chegando aos nossos pés, deitava-se em cima deles e adormecia profundamente. Aliás, para que ela adormecesse, bastava que a pegássemos no colo e a virássemos de barriga para cima, como se faz com os bebês, e ela imediatamente, dormia.

Diferentemente do que aconteceu com o Aleph, meu primeiro cão, custei muito a aprender a comunicar-me com a Latifa. Estávamos sintonizadas em canais totalmente diferentes. Enquanto Aleph era inteligente e obediente, e eu era capaz de entender o que ele queria através de um simples olhar, e vice-versa, não havia comunicação entre Latifa e eu. Às vezes, eu gritava com ela, e até dava-lhe umas palmadas, mas ela não entendia seus limites ou as coisas que eram proibidas a ela fazer, como por exemplo, arrancar as plantas do jardim e fazer buracos. Na mesma hora em que eu a repreendia, ela voltava a fazer o que estava fazendo, sem a menor cerimônia!

Aquilo deixava-me exasperada! Cheguei a pedir que meu marido a devolvesse ao ex-dono várias vezes, e queria presenteá-la a qualquer pessoa que vinha aqui em casa e achava bonitinha.

Ela era terrível! Além de desobediente, ela tornava a vida do Alpeh um inferno: mordia-lhe as patas traseiras quando ele andava, tomava-lhe a cama, agarrava-se com os dentes às bochechas dele, que ia arrastando-a e chorando enquanto andava, destruía seus brinquedos. Não sei como ele aguentou... e se eu ameaçava bater nela, ele literalmente se punha entre nós duas, com aquela cara de cachorro que quebrou a louça.



Hoje, Latifa está mais velha. Fez sete anos. Já passamos tantas coisas juntas, que aprendemos, há tempos, a falarmos a língua uma da outra. Ela só precisava de mais paciência e amor.

Tenho uma grande "cãopanheira" na Latifa. Ela deita-se no tapete e adormece, enquanto escrevo. Segue-me pela casa, e procura estar sempre o mais próxima possível de mim, chegando a ficar debaixo da janela da sala de aula se eu estiver trabalhando. Mas não foi fácil, no começo.

Se você quiser ter um cão pela primeira vez, precisa entender que a 'cãomunicação' raramente é imediata; pode levar algum tempo. É preciso que você dê ao seu cão uma chance. Bem, talvez duas ou três, quem sabe... mas no futuro, você perceberá que ele vale as plantas picadas, os buracos no jardim e os pés de mesa roídos.





Crônica escrita em 18/10/2011
Aleph, infelizmente, nos deixou naquele mesmo ano...

Lealdade & Fidelidade





Lealdade & Fidelidade



Ao passar por uma banca de jornal ontem à tarde, li na capa de uma revista a declaração de uma jovem e talentosa atriz Global da novela das nove, que dizia mais ou menos o seguinte: "Preocupo-me mais com lealdade do que com fidelidade." 

Passei, mas a frase ficou em minha cabeça, e fiquei pensando... no dicionário, temos: 

Lealdade: s.f. Consideração aos preceitos que dizem respeito à honra, à decência e à honestidade. 
Que honra com seus compromissos com retidão e responsabilidade; probidade. 
Característica daquilo ou de quem se pauta nessa probidade. 
(Etm. leal + dade)

Fidelidade:s.f. Exatidão em cumprir suas obrigações, em executar suas promessas: jurar fidelidade.
Afeição e lealdade constante: fidelidade de um amigo.
Obrigação recíproca dos esposos de não cometer adultério.
Exatidão, semelhança: fidelidade de uma narração.
Lealdade; probidade.

Em conversa com meu marido, ele tentou me explicar o que a atriz quiz dizer: "Por exemplo: Sou súdito de um rei, e leal a ele. Mesmo assim, de vez em quando, eu 'durmo' com a rainha. Sou leal, mas não fiel."

Mais uma vez, fiquei pensando, e concluí que lealdade e fidelidade são sinônimos, e uma não pode existir sem a outra! Como posso dizer-me leal a alguém, se eu o trair com outras pessoas? E como posso ser infiel, continuando a ser leal? Achei o cúmulo da hipocrisia a declaração da moça. É como tentar tapar o sol com uma peneira cheia de buracos enormes.

Para mim, leal e fiel são a mesma coisa.  Porque se lealdade consiste em respeitar, honrar e ser honesto, ao mesmo tempo que ser fiel significa afeição e lealdade constantes, como posso ser leal sem ser fiel, e vice-versa?

E os conceitos vão sendo readaptados à realidade atual, para que as pessoas se sintam melhor a respeito do que elas fazem de errado, e se justifiquem pelas promessas que elas não cumprem. Melhor não prometer nada, e assim, ser leal e fiel.



quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Garganta de Flor




Garganta de flor
Corredor de cor
Um pólen de voz
Perfume de amor.

Lá vem beija-flor,
O sumo da foz
Despeja-lhe  a flor,
Não pensa na dor.




Conversa em Família à Mesa da Cozinha





Três gerações de mulheres sentam-se em volta da mesa da cozinha para conversar. Num círculo, como bruxas em um coven. A avó (minha mãe), suas filhas (eu e minhas irmãs) e netas (minhas sobrinhas). O motivo: a comemoração do aniversário de duas de nós. Nascidas no mesmo dia, ambas em casa, através de parteira, mas com uma diferença de onze anos uma da outra. Librianas por coincidência.
Os homens da casa, como sempre, estão no sofá assistindo TV, discutindo política, futebol e o futuro da humanidade. Piedosas, nós às vezes colocamos uns copos de refrigerantes, sanduíches e salgadinhos e levamos para eles.
A avó idosa às vezes perde o prumo da conversa, e de repente faz perguntas que já foram respondidas, criando situações muito engraçadas. Nós rimos, respondemos novamente, e ela às vezes comenta nossas respostas usando os comentários mesmos que alguém acabou de usar.
A conversa prossegue. Discute-se quem era a preferida do pai, quem estudou nas melhores escolas, quem era a mais rebelde, a mais calma, a mais namoradeira... quem engordou mais...contamos e recontamos nossas estórias, de vez em quando, deixando entrever um traço de ressentimento, logo encoberto por uma sonora gargalhada. As netas ouvem mais do que falam, e tenho certeza de que em alguns anos, elas hão de se lembrar destas tardes à volta da mesa da cozinha.



Fico sabendo que meu parto foi o mais complicado. Descubro que meu padrinho de batismo foi escolhido como meu padrinho porque foi ele quem correu para chamar Dona Maria Carioca, a parteira, quando minha mãe começou a sentir as dores. E que depois do demorado parto, tiveram que chamar um médico, pois as dores não paravam.
Lembramos do bebê que um dia fomos. As mais velhas conhecem algumas das estórias, e reforçam as estórias da avó com seus comentários.
A avó diz: "Só falta o irmão..." mas comentamos que ele nunca esteve presente em reuniões de família.
Conversas se cruzam, um "X" entre o presente e o passado. Assuntos variados surgem ao mesmo tempo, e as netas falam de seus mestrados, doutorados e carreiras, enquanto as irmãs e a mãe discutem dietas, menopausas, receitas, estórias da infância e pessoas que se foram.
Mas logo um assunto em comum volta a ser o foco. "O que você pôs nessa torta salgada?" 
De vez em quando, um dos homens vem até a cozinha para ver o que está acontecendo. Alguém diz: "Não está na hora de partir o bolo?" E uma de nós concorda: "É melhor... tenho que acordar cedo amanhã..." e todas suspiramos, lembrando da segunda feira que se aproxima.
Velas, parabéns, mais refrigerantes, eu corto as fatias de bolo, minha irmã as distribui. Repetimos. Sobre a mesa, na toalha branquinha da minha irmã, farelos de bolo de chocolate e nozes.
Em seguida, as despedidas e promessas de "Até uma próxima vez!"




publicado no Recanto das Letras em 29/09/2009

Yo-Yo Ma: Um Músico Grandioso!



Yo-Yo Ma - Quem ainda não conhece, precisa conhecer!


Yo-Yo Ma nasceu na França numa família de origem chinesa com forte influência musical. Sua mãe, Marina Lu, era cantora, e seu pai, Hiao-Tsiun Ma, era maestro e compositor. Ma começou estudando violino e depois viola, antes de se interessar pelo violoncelo, instrumento que começou a manipular aos quatro anos de idade, com seu pai. Depois de um primeiro concerto em Paris, aos seis anos de idade, a família de Ma se muda para Nova Iorque.

Ma era uma criança prodígio, tendo aparecido na televisão norte-americanda com oito anos de idade, em um concerto conduzido por Leonard Bernstein. Ele entrou para a Julliard School (na qual tinha aulas com Leonard Rose), e passou um semestre estudando na Universidade de Columbia antes de se matricular na Universidade de Harward, mas se questionava sobre se valeria a pena continuar a estudar até que, nos anos 70, o estilo de Pablo Casalso inspirou.



Retorna à França para tocar com a Orquestra Nacional da França e com a Orquestra de Paris, sob a direção de Myung-Whun Chung.

Já desde sua infância e adolescência, Ma possuia uma fama bastante estável e havia tocado com algumas das melhores orquestras do mundo. Suas gravações e interpretações das Suites para violoncelo solo de Johann Sebastian bach são particularmente aclamadas.
Vida adulta e carreira.

Em 1978, Ma se casou com a violinista Jill Hornor. Eles têm dois filhos, Nicholas e Emily. Sua irmã mais velha, Yeou-Cheng Ma, também nascida em Paris, é violinista e junto com Yo-Yo coordena um projeto chamado Children's Orchestra Society (COS) em Long Island, nos EUA.


Atualmente, Ma toca com o Silk Road Project, que visa juntar músicos de vários lugares do mundo de países pelos quais passava a histórica Rota da Seda

Conforme anúncio do secretário geral das Nações Unidas, Kofi Anan c em janeiro de 2006 Ma se uniu à lista dos embaixadores da paz da OU, a exemplo de vários outros músicos, como o tenor Luciano Pavarotti e o jazzista Wynton Marsalis.


O principal instrumento de performance de Yo-Yao Ma é o Petúnia, feito por Domenico Montagnana em Veneza em 1733. Esse instrumento já foi esquecido no banco traseiro de um táxi em Nova York, mas mais tarde reencontrado ileso.


Outro violoncelo usado por Ma é o stradivarius Davidov, tocado anteriormente por Jacqueline du Pré e arrematado por Ma pelo valor de um milhão de dólares, após a morte de sua antiga dona. Du Pré já havia expressado sua frustração com a imprevisibilidade daquele violoncelo, enquanto Ma associa isto ao estilo passional de du Pré ao tocar e diz que esse cello necessita ser domado por seu intrumentista. Até pouco tempo atrás, esse cello era utilizado apenas para a execução de música barroca . Ma também possui um violoncelo de fibra de carbono, criado por Luis & Clark.




Yo-Yo Ma é habitualmente citado pela crítica como o "o mais omnívoro de todos os cellistas" e de fato possui um repertorio muito mais eclético do que é esperado para um instrumentista erudito.

Fonte: WIKIPEDIKA


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