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terça-feira, 1 de junho de 2021

DRA YAMAGUCHI

 



O que eu assisti hoje na CPI (Circo Patético e Irrelevante) da Covid, me chocou mais do que qualquer coisa que eu já vi nas abordagens agressivas da esquerda. Um senador machista, arrogante, agressivo e lacrador tentando destruir e humilhar uma pessoa com um currículo invejável e mais de quarenta anos de experiência na área médica. Tudo isso através de perguntas irrelevantes que, ele deixou bem claro, pesquisou no Google a fim de atingir seu propósito. Ele próprio sugeriu a ela: "Não sabe a resposta? Pesquise no Google." Porque com certeza, foi exatamente o que ele fez.


Muitas daquelas perguntas não poderiam ter sido respondidas por noventa por cento dos médicos que atuam no país. Não se lembrar de datas e  nomes não quer dizer que você é incompetente, mas que apenas não se lembra de datas e nomes que não tem importância. 


Eu sinceramente espero que ela o processe. 


Nessa CPI indigente, quando os inquiridos não respondem exatamente aquilo que esperavam ouvir deles, são humilhados e ridicularizados, e ninguém mais escuta uma palavra sequer que eles disserem. Fazem perguntas que eles mesmos respondem, repetem incansavelmente perguntas que já foram respondidas várias vezes (não sei se o problema é cognitivo ou se é surdez pura e simples) e zombam das pessoas de forma absurdamente desrespeitosa.


Jamais pensei que fosse viver para ver uma palhaçada dessas acontecendo no meu país. Enquanto isso, ignoram completamente o verdadeiro motivo pelo qual essa CPI deveria ter sido criada: averiguar para onde foram os BILHÕES liberados pelo Governo Federal e entregues a prefeitos e governadores para o combate à COVID. As perguntas relevantes continuam sendo ignoradas: cadê o dinheiro? Cadê os hospitais de campanha? Quem escondeu respiradores enquanto pessoas sufocavam até à morte, e por que?


Acho que não vou mais assistir a essa droga. Tira minha saúde, acaba com meu bom humor, me deixa com raiva. Isso não me faz bem, é podridão demais.

A RUA DESERTA

 







Dos lábios de Deus, partiu um sopro

E as ruas ficaram desertas.

De repente, nada havia 

Que explicasse a dor silenciosa

Que se espalhava pelas ruas

E das casas, que se esvaziavam.

Nas sacadas, as pessoas cantavam.


E após o toque de recolher,

As mãos juntaram-se em preces,

Clamava pela vida

Quem não soubera viver.

Mesmo assim, das sacadas

As luzes dos celulares piscavam.


A rua deserta se estendia

Sobre as dores das almas, que temiam

Porque não sabiam como ascender,

Porque, durante toda a vida,

Só tinham mesmo aprendido

A ter medo de morrer.


E toda fé, que já era pouca,

Passou a ser testada,

E todo o amor, que já era raro,

Tornou-se quase nada,

Pois as pessoas só pensavam

Naquilo em que elas mesmas

Eram afetadas.

E das sacadas, as pessoas oravam.


Clamavam a Deus: “O que será de nossa raça,

Como será o futuro,

Quando tudo isso acabará?”

E Deus, estendendo as mãos,

Lançou um sorriso triste

Perguntando: “Querem mesmo a verdade?

Quem tem coragem?”

E das sacadas, as pessoas se calaram.










terça-feira, 25 de maio de 2021

TÂMARAS

 




 

Sementes espalhadas pelo chão,

Caídas da árvore da vida...

Um apelo de irmão para irmão,

A dor na mão aflita.

Bendita paixão que acolhe,

Enquanto a morte recolhe

Aquilo que se perdeu...

Maldita ferida aberta,

A lágrima caindo certa

Pelo que já não é meu...

 

Quando eu não mais estiver,

Ou quando, por fim, vier

A luz, sem eira nem beira?...

Quem sabe, quando nascerem

Crianças, ou germinarem

Sementes das tamareiras?

 

 




quarta-feira, 12 de maio de 2021

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE UM RESTAURANTE QUE NUNCA EXISTIU


Oobah Butler e seu restaurante fake






Neste vídeo, convido você a fazer uma reflexão a respeito da distância entre aquilo que você escuta, lê a respeito ou assiste na TV e a realidade. Uma história real contada por um repórter que escrevia reviews fake sobre restaurantes para que estes o publicassem no TripAdvisor.

As opiniões são manipuladas diariamente, e nem sequer percebemos isso - e ainda achamos que estamos "ligados!"

Eis o link para o vídeo:


https://youtu.be/BOGEbMBBhdw





sexta-feira, 7 de maio de 2021

ENQUANTO ELES

 




Te levo comigo

Enquanto eles te pisarem,

Caluniarem, combaterem, queimarem,

Sujarem, contestarem, 

Esfaquearem, calarem, 

Atando-lhe as mãos 

E pondo nos teus pés, grilhões.


Te levo comigo,

Apesar de toda a tua imperfeição,

Da tua mania estranha de dizer o que pensa

Sem tentar agradar aos falsamente sensíveis,

Aos politicamente corretos,

Aos supostamente suspeitos.


Te levo comigo

Porque eles não te aceitam, 

Se deleitam em cavar a tua tumba,

Cravar facas e mais facas

Diariamente, naquilo que representas.


Porém, 

A partir do infame momento

Em que eles te acolherem, 

Te elogiarem, te apoiarem, te amarem, 

Assinando sob tudo o que disseres, 

Contrariando tudo aquilo que deles eu sei,

Nesse exato momento,

Eu te cuspirei.






sexta-feira, 30 de abril de 2021

O SANTO


Detrás de todo santo

Existe um pau oco

Onde ele esconde seu verdadeiro rosto,

E os seus arrotos. 

As barras de suas saias rotas

Tocam as sandálias gastas

Que cruzaram esgotos

E pisotearam seus próprios sonhos mortos.

O santo do pau oco

Não tem olhos para as nuvens,

Ou para o céu;

Ele vislumbra o inferno, 

E por isso o enxerga aonde quer que vá.

Sua auréola puída

Quase nada sabe daquilo que ele chama vida.

Sedento das orações e adorações que lhe dirigem os desesperados,

Tal santo sobrevive do sangue

Dos corações magoados.






terça-feira, 13 de abril de 2021

PELO SIM, PELO NÃO

 





Eu não sei se eu acredito

Em tudo aquilo que eu ouço,

Em tudo aquilo que é dito.

Caminho nas vias do mundo

Com passos bem cautelosos

E pensamentos caudalosos.


Pelo sim, pelo não

Eu faço o sinal da cruz

E tento focar melhor

Menos nas trevas, mais na luz.


Meu coração, sempre órfão,

Sozinho e desabrigado,

Não reside no futuro

Nem reside no passado.


Pelo sim, pelo não,

Eu sigo com a mesma fé

Que se transformou em grão

De mostarda, no caminho.

Eu ando olhando as estrelas

(Contente de ainda vê-las)

E aguardo, apreensiva

Só pelo sim, pelo não

Aquilo que me contaram:

-Três dias de escuridão.




segunda-feira, 29 de março de 2021

POEMA SEM NOME

 


 



Às vezes,
Eu sinto que o mundo
É grande demais para mim...
Noutras, eu me vejo
Pequena demais para ele.
Mas existem momentos
Que no mundo inteiro
Não há espaço suficiente
Para eu transbordar
O que vai por dentro.
 
Às vezes eu penso
Que meu tempo aqui 
É perda de tempo.
Noutras, eu sinto
Que nem todo tempo do mundo
É suficiente para caber
O que me vai na alma.
 
Todas as certezas são esmagadas
Entre os dedos da vida,
Que espalha as migalhas
No meu rosto perplexo.
Mas logo depois, ela pinta
Outros cenários surreais
Escrevendo por cima: “Decifra-me!”
 
Às vezes eu penso que não vale a pena
Ler tanto, escrever tanto,
Desejar saber tanto
E saber tão pouco.
Às vezes eu sinto, bem dentro de mim,
Alguma coisa que quer brotar,
Mas eu não sei quem plantou a semente
Nem no quê ela há de se transformar.
 
Nessas horas, eu tenho medo 
Da terra, do sol, da água,
Pois não sei o que crescerá
Se eu decidir lança-la
No solo imperfeito da minha vida, 
Então eu me renego, silencio,
Digo a mim mesma que não vale a pena
Rasgar-me assim, diante do mundo,
Nas letras de um poema.





quinta-feira, 25 de março de 2021

PARA BOM ENTENDEDOR





 Um dia me disseram que só se conhece verdadeiramente o que é amor depois que se tem filhos. Não vou comentar o absurdo desta afirmação, pois não é esse meu objetivo. Também já me disseram que pais verdadeiramente amorosos farão qualquer coisa por seus filhos, o que para mim soa como uma afirmação igualmente absurda.

Porém, eu acredito que o amor que um pai ou mãe têm por seus filhos é um sentimento muito forte, e através desse sentimento, um pai ou uma mãe podem pretender justificar comportamentos inadequados de seus filhos, até mesmo condutas criminosas. 

Da mesma forma, sempre ficamos sabendo de histórias sobre filhos manipuladores, que se utilizam do amor dos seus pais a fim de conseguirem o que desejam deles. Para mim, isso não é apenas falta de respeito: pode ser um sinal de psicopatia latente.

Assim como muitos relacionamentos de amor ou amizade se tornam tóxicos, relacionamentos entre pais e filhos também podem se tornar tóxicos, por exemplo, quando há abusos de um dos lados, manipulações, maus-tratos... ou condescendência. Se os pais tentam justificar o comportamento criminoso de um filho, ou se negam a assumi-lo, eles estão concordando com ele e contribuindo para que ele continue a ter o mesmo comportamento. Por mais honestos e bem-intencionados que os pais sejam, esse tipo de conduta não é certo. 

E é grande o número de pais que acabam prejudicando a si mesmos e aos seus relacionamentos de amizade ou familiares a fim de passar panos quentes em filhos mimados e voluntariosos. Muitas pessoas admiráveis perdem a confiança dos outros devido a esse comportamento condescendente. 

Se o seu filho vem à minha casa e, por mau comportamento ou desobediência, quebra um objeto valioso que me pertence; e se eu reclamo com você sobre o acontecido, e ao invés de repreender seu filho oferecendo-se para ressarcir meu prejuízo, você o justifica dizendo, “Isso é coisa de criança”, eu não vou convidá-lo para minha casa novamente. Talvez nossa amizade fique abalada. E com toda certeza, seu filho vai continuar agindo da mesma forma em todas as casas para as quais for convidado. Logo, os convites vão se tornar cada vez mais raros.

Por mais honesto, admirável, corajoso e arrojado que alguém possa ser, todo mundo tem um calcanhar de Aquiles. Para alguns, os filhos são seu ponto fraco. Mas isso não ajuda a ninguém – nem aos filhos, nem aos pais. O amor paterno não deveria jamais servir de justificativa para que se faça vista grossa aos erros dos filhos, mas deveria ser uma afirmação de autoridade e dedicação verdadeira de um pai ao punir seus filhos quando isso se tornar necessário. Porque o que é errado para um, deve ser errado para todos.






quinta-feira, 18 de março de 2021

THE MEXICAN

 





Hoje eu acordei com a voz de minha mãe e uma música antiga na cabeça. Durante um sonho, ela estava falando comigo sobre algumas coisas dais quais ela tinha saudades. Lembro-me de estar sentada no chão da sala da casa dela, onde morávamos, conversando sobre várias coisas. De repente, me veio à cabeça uma música antiga, dos anos 70, chamada “The Mexican.” Eu era apenas uma criança quando uma de minhas irmãs comprou aquele disco, que reunia sucessos da Rádio Mundial. Ainda posso ver a espiral verde, símbolo da gravadora Som Livre, rodando na vitrola enquanto o disco tocava.

Bem, ao acordar pensando na música, fui procurá-la no Spotify, sem a menor esperança de encontrá-la; afinal, quem se lembraria de uma música que nem fez tanto sucesso assim? Bem, mas bastou digitar o nome da música e eu acabei achando-a! Foi muito estranha a sensação de ouvi-la novamente após mais de quarenta anos!

De repente, eu olho para o nome da banda que estava interpretando essa nova versão, gravada em 2007, e qual não foi a minha surpresa ao lê-lo: Babe Ruth. Ruth era o nome de minha mãe. Antes de hoje, eu nunca tinha ouvido falar nessa banda.

De manhã, à janela da casa, enquanto eu contava ao meu marido sobre o sonho e a coincidência dos nomes (especulávamos sobre o quanto as coincidências são ou não são nada mais que simples acaso), meus olhos pousaram entre uma pequena abertura entre os muros de duas casas vizinhas, e o que vejo? Uma planta que minha mãe adorava – um arbusto com flores vermelhas chamado Hibisco Colibri. Tínhamos um grande arbusto desta planta no quintal dos fundos da casa. Quando pequena, eu costumava retirar as flores para sugar o líquido doce que elas produziam, e minha mãe vivia ralhando comigo por isso.

Se eu tinha qualquer dúvida sobre ter sido coincidência ouvir a música no sonho e depois descobrir que o nome da banda era o mesmo de minha mãe, a certeza veio quando vi as flores: coincidências não existem, e há coisas na vida que estão bem além da nossa pequena compreensão.


QUEM ESTIVER CURIOSO SOBRE A MÚSICA, EIS O LINK: 

THE MEXICAN




quarta-feira, 10 de março de 2021

Algumas Rosas

 




Algumas rosas, no quintal dos fundos,

Querem saber o que vai lá no mundo:

Elas rastejam até  o alto muro

E sem ligar a todo o meu cuidado,

Vão espiar o vizinho do lado.


No meu quintal, exibem os espinhos,

Mas as corolas coloridas pendem

Sobre o telhado da vizinha casa;

Valeram a pena, tantos cuidados?


Da mesma forma, existe gente assim,

Que nós regamos, que nós ajudamos,

Mas ao florir da sua ingratidão,

Vão se mostrar só no terreno alheio,

Usam o esteio que lhes conferimos

E nos regalam com os seus espinhos.





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