witch lady

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A SOMBRA E O INIMIGO







Trecho do livro "Ao Encontro da Sombra" - Pensamentos de vários autores, organizados e discutidos por Connie Zweig e Jeremiah Abrahms


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O Filho de um rabino foi celebrar os ritos do Shabbat numa cidade vizinha. À sua volta, a família perguntou:
-Eles fizeram algo diferente do que fazemos aqui?
-Sim, é claro, -respondeu o filho.
-E qual foi a lição? - perguntaram.
-"Ama o teu inimigo como a ti mesmo."
-Mas isso é o que dizemos aqui. Por que disseste que era diferente?
-Eles me ensinaram a amar o inimigo dentro de mim mesmo.



Amar o inimigo dentro de nós mesmos não elimina o inimigo lá fora, mas pode mudar o nosso relacionamento com ele. Quando o mal deixa de ser demonizado, somos forçados a lidar com ele em termos humanos. Essa é, a um só tempo, uma tarefa espiritual potencialmente dolorosa e uma oportunidade para a paz espiritual. Esse é sempre o caminho da humildade.

O coração das trevas é o nosso próprio coração. Existe um certo consolo em demonizar as pessoas mais monstruosas e perniciosas dentre nós, como se o fato de elas serem um tipo diferente de criatura tornasse o seu exemplo irrelevante para nós. Por isso um alemão escreveu que todas as tentativas para entender o caráter do nazista Heirich Himmler estavam fadadas ao fracasso, "pois implicam compreendermos um louco, em termos da experiência humana." Mais sábio foi o jornalista alemão que lembrou aos seus compatriotas: "Sabíamos que Hitler era um de nós desde o começo. Não deveremos esquecer isso agora." Ele também era um de nós, um ser humano. Na dança do espelho, econtramos a falsa paz interior ao demonizar o inimigo. Mas reconhecer que até mesmo um inimigo realmente demoníaco é feito da mesma substância que nós faz parte do verdadeiro caminho em direção à paz.




Nossa cisão interior faz com que nos apeguemos à guerra do bem contra o mal. Mas se sustentarmos que o recurso da guerra é, em si, o mal, então somos desafiados a encontrar uma nova dinâmica moral que represente a paz pela qual lutamos . Na medida em que a moralidade toma a forma da  guerra, seremos compelidos a escolher um lado, a nos identificar com uma parte de nós mesmos e repudiar a outra. Esse caminho da guerra faz com que nos elevemos acima de nós mesmos, precariamente equilibrados sobre um abismo.

No nosso mundo, os "fazedores da paz" frequentemente compartilham com os "fazedores da guerra" esse paradigma fundamental da moralidade. Nossos movimentos pacifistas demonizam os guerreiros como amantes da bomba, enquanto "nós" somos as boas pessoas que querem a paz: como se os guerreiros também não estivessem nos protegendo contra  perigos muito reais, e como se nós, amantes da paz, não tivéssemos a nossa própria necessidade de afirmar  a nossa superioridade sobre os 'inimigos' que escolhemos. O recurso da guerra continua a dar as cartas, mesmo sob a bandeira da paz.




Em Gandhi's Truth (A Verdade Sobre Gandhi), Erik Erikson lança luz sobre alguns dos perigos do caminho em direção à paz. Gandhi é um herói do movimento ideológico do nosso século para transcender o sistema da violência - e, muito apropriadamente, merece toda a admiração que recebe; o livro de Erikson é, em si, um tributo: Gandhi, de tanga, representando a simplicidade do espírito; Gandhi ensinando-nos a não demonizar nossos adversários mas a apelar para o melhor lado deles; Gandhi mostrando como deter o ciclo de escalada da violência através de uma corajosa disposição para absorver o golpe sem devolvê-lo. 

Mas existe um lado problemático em Gandhi; Erikson a ele se refere numa carta aberta ao Mahatma. Essa dimensão escura é derivada do excesso de zelo de Gandhi na sua luta por perfeição moral. Erikson vê, no relacionamento de Gandhi consigo mesmo, uma espécie de violência. E também percebe que nessa dinâmica desse esforço para triunfar sobre si mesmo no recurso da guerra, cresceram relações tirânicas e exploradoras entre Gandhi e as pessoas que lhe eram mais próximas e mais vulneráveis a ele. Erikson identifica, na própria luta de Gandhi pela santidade, as dificuldades que nos ligam ao caminho da violência.




O caminho da não-violência (Satyagraha), diz Erikson a Gandhi em sua carta aberta, "terá pouca chance de encontrar sua relevância universal, a menos que aprendamos a aplicá-lo também a qualquer coisa má que possamos sentir dentro de nós mesmos e que nos faça temer  a satisfação dos instintos, sem a qual o homem não só fenece enquanto ser sensual como também se transforma numa criatura duplamente perniciosa." Em lugar de destaque nesse argumento de Erikson, figura  a guerra de Gandhi contra a sua própria sexualidade, uma guerra na qual a projeção também teve um papel a desempenhar e que trouxe, como consequência parcial, o sofrimento de outras pessoas. Vale lembrar as restriçoes de George Orwell quanto ao exemplo de Gandhi: "Não há dúvida de que álcool, tabaco, etc., são coisas que um santo deve evitar, mas a santidade também é uma coisa que os seres humanos devem evitar." A santidade involve uma extrema identificação com a parte "boa" enquanto irreconciliavelmente oposta à parte "má." Ela se liga à via de guerra: "Grande parte desse excesso de violência que distingue os homens dos animais", continua Erikson, falando de Gandhi, "é criado nele por esses métodos de treinamento infantil que lançam uma parte dele contra a outra."




Talvez exista uma outra via. A bondade pode ser reconhecida como saúde. A raiz linguística inglesa de health (saúde) está ligada a whole (total, íntegro). Portanto, o mal é doença - queremos ser curados, totalizados e não destruídos no caminho do "fazedor de guerra". Ao nos totalizarmos, encontramos  o caminho para a bondade da paz, para a qualidade do shalom (paz, em hebraico). E no seu âmago, vem a paz com o nosso ser, criaturas imperfeitas e pecadoras que somos. Erich Neumann fala da "coragem moral de não desejarmos ser piores nem melhores do que realmente somos." Essa, diz Neumann, é a parte mais importante do objetivo terapêutico das psicologias de profundidade. E, de modo semelhante, Erikson escreveu ao Mahatma Gandhi sugerindo que se acrescentasse ao caminho do Satygraha o encontro terapêutico consigo emsmo, conforme é ensinado pelo método psicanalítico.  Os dosi caminhos estão relacuionados, diz Erikson, porque a psicanálise ensina a "confrontar o inimigo interior de uma maneira não violenta..." O recurso da guerra, que divide, é aqui suplantado pelo recurso da reconciliação, que totaliza.





A bondade reinará no mundo, não quando ela triunfar sobre o mal, mas quando o nosso amor por ela deixar de se expressar em termos de triunfo sobre o mal. A paz, se um dia vier, não será feita por pessoas que se fizeram santas, mas por pessoas que aceitaram humildemente sua condição de pecadores. Na verdade, foi uma santa - Santa Teresa de Lisieux - quem expressou o que é preciso para permitirmos que o espírito da paz resida em nossos corações:

 "SE ESTIVERES PREPARADO SERENAMENTE PARA SUPORTAR A PROVAÇÃO DE SERES FONTE DE DESGOSTO PARA TI MESMO, ENTÃO SERÁS UM AGRADÁVEL ABRIGO PARA JESUS."





Haverá diferença entre o sim e o não?
Haverá diferença entre o bem e o mal?
Deverei temer o que os outros temem? Contrasenso!
O ter e o não ter surgem juntos.
O fácil e o difícil se complementam.
O longo e o curto se contrsastam.
O alto e o baixo dependem um do outro.
Frente e costas, uma à outra se seguem.

Lao Tsé






ESPAÇO




Abrir os braços ao vento,
Tentar reter o espaço
Entre as fibras dos cabelos...

A pausa ficou no meio
Da viagem, do abraço,
Da tessitura dos medos.

E tudo era tão imenso,
Os voos, o azul profundo
Misturados no horizonte!

Muitas águas, muitas fontes,
Mas a porção permitida
Nas mãos em concha, contida.



Poema inspirado na figura abaixo - imagem retirada do Google






quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

OS SERES DE LUZ







Há muito tempo escutei falar dos seres de luz pela primeira vez. Eram pessoas místicas, aparentemente divididos entre este mundo e o outro, engajados nos movimentos da Nova Era e servindo de canalizadores para mensageiros espirituais que aconselhavam e iluminavam o mundo e suas trevas. Eram inofensivos. Reuniam-se em grupos e dançavam aos seus deuses e deusas, mantendo no rosto o ar piedoso e compreensivo de quem vive a dizer, “Eu sei de coisas que você não sabe,” e está disposto a esclarecer e elevar os demais.

Aos poucos, os seres de luz foram passando por algumas transformações, e seus dons espirituais cheios de bondade e abnegação passaram a fundar seitas que sequestravam e escravizavam adolescentes. Todo mundo já ouviu histórias sobre suicídio coletivo, casos de estupro e outros absurdos que aconteciam nestas comunidades. Devido a tais fatos, os seres de luz perderam força em meados dos anos 80. 

Até o advento da internet, que os trouxe de volta, espalhados em blogs e sites, pretendendo iluminar, educar, encantar, e esclarecer aqueles internautas que ainda vivem no mundo da escuridão e da falta de amor. Já fui abordada (primeiro, gentilmente; depois, como não lhes desse ouvidos, de forma incisiva e deseducada) por alguns desses seres de luz. E o que eu tenho a dizer a respeito deles, é que sua luz brilha tanto, e é tão forte, que cega a todos em volta – a começar por eles mesmos. Eles me falaram da minha falta de caráter e da minha resistência em abrir meu coração para deixar a luz entrar. Eles me xingaram, me rebaixaram, escreveram coisas a meu respeito e depois me mandaram e-mails que, segundo eles, tentavam trazer à minha alma ‘um pouco de iluminação.’  E como eu me recusasse a ceder aos seus encantos luminosos, despediram-se com impropérios, pragas que deixariam as do Egito em posição desvantajosa e desejos de que eu e meus entes queridos morrêssemos. 

Bem, eu não morri. Pelo menos, ainda não. Sinal de que eles podem até ser iluminados, mas não tem tanta força assim. Mas já vi alguns deles se regozijando por aí às custas do sofrimento e da morte alheias, como se Deus existisse apenas para eles e agisse apenas a fim de castigar seus desafetos. E mesmo assim, eles se reafirmam como seres iluminados, dotados de dons especiais de amor e bondade, sabedores e propagadores da verdade. Chegam a colecionar as homenagens que lhes são feitas, numa tentativa de reafirmar sua superioridade sobre os seres escurecidos.

Hoje, toda vez que ouço alguém comentando: “Fulano é um ser de luz,” ou “Sicrano é iluminado,” eu sinto arrepios percorrendo a minha espinha e ânsias de vômito. Também sinto uma vontade muito grande de correr para bem longe desses seres de luz, e mergulho bem fundo no meu pequeno poço de escuridão, onde espero, eles não me encontrem.




My Love







My love for you
Is not insane,
Or mostly immense.
It doesn't break the limits
Of my good sense.

My love for you
Is something simple,
Without derision,
Unsympathetic 
But not demanding.

My love is real,
And has survived
Under the limits
Of limitations,
With little sparks
Of infatuation.

And if you ever
Doubt that it's real,
I'll close my eyes,
And I'll say nothing
To reassure you
Of how I feel.






AMARGA








Era a cena de um filme na TV – A Praia do Futuro, com o nosso Wagner Moura. Na cena em questão, um rapaz bem jovem – que no filme interpreta o irmão mais novo do personagem de Wagner Moura – pega uma motocicleta sem autorização do proprietário e sai pelas ruas da Alemanha. Vai parar em uma boate, onde , na cena seguinte, ele está dançando com uma estranha a quem ele beija na boca, enquanto bebe e fuma (e o local sugere o consumo de outras coisitas mais...). A cena me deixou triste, com um sentimento de vazio. Comentei: “Que coisa vazia!”


Pensei nas centenas de pessoas que se “divertem” daquela forma hoje em dia: dançando, em transe, ao som de música extremamente alta e repetitiva, as batidas compassadas funcionando como as batidas de um martelo sobre uma bigorna, os organismos regados a energéticos com bebidas alcoólicas e drogas. A música é o que menos importa. Ninguém está ali para ouvir música, mas para exorcizar seus demônios (ou para invocá-los). Impossível conversar e conhecer alguém em um ambiente assim. Me lembrei que quando eu tinha aquela idade, a gente dançava diferente. Pulávamos, fazíamos passos sincronizados, nos divertíamos... e se bebêssemos, seria apenas uns golinhos para ficarmos mais ‘alegres.’
Sem perder o senso. As músicas que escutávamos tinham letras.


A cena continua, e os dois terminam encostados a um muro em uma parte deserta da cidade, onde transam. Minha sensação de vazio aumentou. Na cena, chega o dono da motocicleta e leva o menino com ele, deixando a menina sozinha, de madrugada, em uma parte deserta da cidade, a fim de encontrar o caminho de casa sozinha.

Ao meu comentário (Que coisa vazia!), responderam: “Você está amarga! Eles só estão se divertindo.”


É. Eu estou amarga. Porque quando eu olho para fora, pela minha janela, as coisas que eu vejo me deixam assim. Não é falso moralismo, nunca fui moralista na minha vida, mas há coisas demais acontecendo e eu sinto que não estou conseguindo acompanhar a lógica de todas elas. Atrasada demais para os novos tempos? Eu às vezes me pergunto se essa coisa que eu sinto se chama evolução ou involução; afinal, não estou acompanhando o que a maioria chama de evolução, e por isso, sou considerada amarga. Não consigo aceitar algumas coisas que tentam me empurrar garganta abaixo.


Que cada um seja feliz à sua maneira, mas eu me pergunto se essa gente é feliz mesmo. Afinal, o que é felicidade? É essa coisa psicodélica, drogada, superficial e barulhenta, essa mania de não pensar muito em nada, mas seguir o que a maioria está fazendo sem discernir se é bom ou verdadeiro? Ser feliz é não olhar jamais para dentro de si mesmo, a fim de não ver e nem escutar quando os corações sangram? Ser feliz é entrar na passeata para simplesmente conseguir boas fotografias para colocar na rede social? É encher a cara até vomitar? Porque se for, então eu não quero ser feliz; se for, eu então sou amarga, a mais amarga e retrógrada das pessoas.




terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Estar em Casa








Acordo cedo, com os primeiros raios de sol entrando pelas frestas das cortinas. Apesar do verão absurdamente quente que temos tido, as noites em Petrópolis são sempre frescas, e ainda sinto na pele o friozinho que me cobriu de madrugada.

Levanto da cama, desço as escadas e começo a abrir as portas e janelas da casa. Os primeiros passarinhos já estão pousados nos galhos do cedro, aguardando que eu abasteça seus comedouros. Meus cães saem correndo felizes jardim afora, assim que eu abro o portão do canil. De repente, Mootley - meu Cocker Spaniel - volta correndo, pega um brinquedinho com a boca e dá um pulo sobre mim, como se de repente se lembrasse de me dizer bom dia. E parte para brincar com a Leona, que o espera lá fora.

Estou em casa. Ajeito as almofadas no sofá da sala, preparo o café da amnhã e fico contente por poder desfrutar destes momentos sozinha, enquanto meu marido ainda dorme lá em cima. Acendo uma vareta de incenso, perfumo a casa, olho as plantinhas nos vasos para ver se precisam de rega. Abro a geladeira e começo a pensar em algo para o almoço. Lá fora, meus sinos de vento cantam, pendurados na varanda.

Para mim, estar em casa me passa aquela sensação de segurança - que mesmo sendo falsa, é agradável. Ninguém está seguro em lugar nenhum hoje em dia... ou talvez estejamos, quem sabe... mesmo quando caminhando pela beira do abismo ou enfrentando perigos, eu às vezes penso que não importa o que me aconteça: estarei bem.

Vai ficar tudo bem.

Certa vez, contei quantas vezes escutei esta frase durante uma semana, ao assistir à TV. Por coincidência, "Vai Ficar Tudo Bem" é o título de um de meus livros de poemas. Quando a personagem de um filme a disse pela primeira vez, achei normal, até que a frase começou a repetir-se, e repetir-se... ao final do dia, já a tinha ouvido quatro vezes. E continuei a ouví-la durante a semana, mas perdi a conta de quantas vezes.

E acho que vai sim, vai ficar tudo bem. Porque eu estou em casa. Estou aqui, entre as coisas que eu amo, das quais me cerquei, e que foram escolhidas a dedo por nós especialmente para ocupar este espaço. Aqui estão meus livros e discos, fotografias, objetos, cores, sabores e perfumes. Aqui está o homem que eu amo, e meus animais de estimação. Para onde quer que eu vá, eu levarei tudo comigo na memória do coração.





segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

B B B






Muitos criticam não apenas o Big Brother Brasil e a TV Globo, mas também a todos que assistem o programa ou à emissora. Hoje em dia, assistir ao BBB é sinônimo de burrice – ainda assim, é incrível que os críticos mais ferrenhos saibam de tudo o que acontece no programa, inclusive os nomes dos participantes.

Acredito que todo ano, durante três meses, as orelhas de Pedro Bial fiquem vermelhas e ardidas, devido ao grande número de críticas e ofensas que ele recebe. Mas só se estabelece quem tem competência para lidar com esse tipo de coisa, e eu não tenho dúvida alguma quanto à competência e a inteligência deste renomado jornalista e apresentador.

Eu não tenho o menor problema em dizer que assisto ao BBB, e declaro que não me tornei ignorante ou inteligente por causa disso. Também não me envergonho, pois o que eu assisto ou deixo de assistir na TV, ou o que eu faço em minhas horas vagas só diz respeito a mim.

Acredito que um simples programa de TV, cujo formato é interessante, mas precisa adaptar-se aos gostos do povo para dar audiência (e o povo gosta de bandalheira), não tem tanta influência assim sobre o intelecto de ninguém. Pelo contrário; quem se deixa influenciar pelo que assiste na TV, lê na internet ou escuta no rádio, sem parar para pensar e analisar um pouquinho, não tem intelecto para ser corrompido.

Mas há muitas falhas no programa, e em sua décima sexta edição, os organizadores tentaram reparar uma delas, colocando pessoas de idades variadas, não apenas jovens e bonitas, mas também idosas, comuns ou feias, algumas delas com doutorado e curso de terceiro grau. Mas o que será que acontece quando as pessoas cruzam os portais do BBB? Logo após a primeira semana e o primeiro paredão, elas tornam-se embotadas; não falam de mais nada, a não ser de eliminação, voto, estratégia de jogo e fofocas sobre os outros participantes.

Dizem que cabeça vazia é oficina do diabo, e este programa está aí para provar este velho ditado. Acho que seria bem mais interessante se a direção criasse temas ou tópicos a serem desenvolvidos e debatidos pelos participantes; explico melhor a minha ideia: a cada dia, um dos participantes ou uma dupla receberia como tarefa organizar um debate sobre determinado tópico – que poderia ser sugerido pela direção do programa ou pelos expectadores. Assim, todos saberiam melhor o que vai na cabeça de cada um, e a capacidade de liderança de cada participante ficaria mais óbvia. O mediador – ou mediadores do dia teriam que bolar perguntas sobre, por exemplo, a educação no país, relacionamento, a escolha de uma profissão, sexo, drogas ou rock and roll, quem sabe; à noite e ao vivo, ele/eles liderariam uma espécie de programa de entrevista, convidando os outros participantes a darem suas opiniões sobre os assuntos propostos. Acho que assim ficaria bem mais interessante, e os telespectadores poderiam ter uma participação mais ativa ao sugerirem os tópicos, e não apenas votando nas eliminações. 

O programa não é de todo ruim. É interessante observar o comportamento das pessoas quando sob pressão, e descobrir que ninguém é tão bom ou tão ruim quanto parece.





WILLIAM BLAKE - Erros Sagrados







Todas as Bíblias ou cânones sagrados deram causa aos seguintes erros:

1-Que o homem tem dois princípios existentes reais: Um corpo e uma alma.
2- Que a energia, chamada mal, nasce apenas do corpo; e que a razão, chamada bem, nasce apenas da alma.
3- Que Deus castigará o homem na eternidade por seguir suas energias.

Mas os seguintes, contrários àqueles, são verdadeiros:

1- O homem não tem um corpo distinto de sua alma; pois o chamdo corpo é a porção da alma que é discernida pelos cinco sentidos, os principais canais da alma nesta vida.
2- A energia é a única vida, e nasce do corpo; e a razão é o limite ou a linha exterior da energia.
3- A energia é eterno deleite.




William Blake (Wikepedia)



Blake nasceu na "28ª Broad Street", no Soho, Londres, numa família de classe média. Seu pai era um fabricante de roupas e sua mãe cuidava da educação de Blake e seus três irmãos. Logo cedo a bíblia teve uma profunda influência sobre Blake, tornando-se uma de suas maiores fontes de inspiração. 

Desde muito jovem Blake dizia ter visões. A primeira delas ocorreu quando ele tinha cerca de nove anos, ao declarar ter visto anjos pendurando lantejoulas nos galhos de uma árvore. Mais tarde, num dia em que observava preparadores de feno trabalhando, Blake teve a visão de figuras angelicais caminhando entre eles.

Com pouco mais de dez anos de idade, Blake começou a estampar cópias de desenhos de antiguidades Gregas comprados por seu pai, além de escrever e ilustrar suas próprias poesias.

...


Pintura de William Blake


Blake escreveu e ilustrou mais de vinte livros, incluindo "O livro de Jó" da Bíblia, "A Divina Comédia" de Dante Alighieri - trabalho interrompido pela sua morte - além de títulos de grandes artistas britânicos de sua época. Muitos de seus trabalhos foram marcados pelos seus fortes ideais libertários, principalmente nos poemas do livro Songs of Innocence and of Experience ("Canções da Inocência e da Experiência"), onde ele apontava a igreja e a alta sociedade como exploradores dos fracos.

No primeiro volume de poemas, Canções da inocência (1789), aparecem traços de misticismo. Cinco anos depois, Blake retoma o tema com Canções da experiência estabelecendo uma relação dialética com o volume anterior, acentuando a malignidade da sociedade. Inicialmente publicados em separado, os dois volumes são depois impressos em Canções da inocência e da experiência - Revelando os dois estados opostos da alma humana. 

William Blake expressa sua recusa ao autoritarismo em Não há religião natural e Todas as religiões são uma só, textos em prosa publicados em 1788. Em 1790, publicou sua prosa mais conhecida, O matrimônio do céu e do inferno, em que formula uma posição religiosa e política revolucionária na época: "a negação da realidade da matéria, da punição eterna e da autoridade".

(...) Ver o mundo em grão de areia

e o céu em uma flor silvestre,

sustentar o infinito na palma da mão

e a eternidade em uma hora.(...)

"Augúrios de Inocência"

Apesar de seu talento, o trabalho de gravador era muito concorrido em sua época, e os livros de Blake eram considerados estranhos pela maioria. Devido a isto, Blake nunca alcançou fama significativa, vivendo muito próximo à pobreza.



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

DESERT








DESERT


Silence. All around.
Until she started paying attention,
And heard the wind haul
The grains of sand in the air.

The desert was alive,
After all.








quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Monja Cohen







"A palavra felicidade, em português, tem sua origem nas palavras “fertil” e “frutífero”.  O que frutifica nos faz bem. Plantas, árvores, ideias, filosofias, trabalho, propostas, casamento e assim por diante – todos esses elementos podem deixar alguém feliz. Tanto no Oriente como no Ocidente, seres humanos – se não despertarem para a mente suprema – podem ser manipulados ou podem acabar manipulando outras pessoas em propósitos egoicos, que só atendem a si mesmas. Eu sinto que sair do eu auto-centrado e se dedicar ao Eu maior é a própria felicidade – e isso tanto no Ocidente quanto no Oriente. Talvez os métodos educacionais sejam diversos: o Ocidente sempre foi mais centrado no eu individual do que o Oriente, que costuma considerar a coletividade em primeiro lugar. Mas isso não quer dizer que um é melhor do que o outro. Não se iluda, tanto no Oriente quanto no Ocidente, a maioria das pessoas atualmente se desgasta em preocupações relacionadas a bens materiais apenas e, quase nunca, encontram a plenitude do Eu Maior.​"






"Poesia é como manto de monge, feita da pureza, daquilo que as pessoas jogam fora, pois acham que não serve para nada. O poeta e o monge vão pegando esses retalhos e juntando de forma que fiquem como um campo semeado. Por isso, São Paulo tem tantas possibilidades. Há tanto lixo, tanta coisa jogada fora. Coisas que servem, na sua pureza de não serem desejadas, para que poetas e monges construam suas moradas."







"Preocupar-se nunca é válido. Ocupar-se sim. Ocupar-se em fazer o seu melhor a cada instante e despertar para a mente de sabedoria perfeita é o caminho do Nirvana, é a felicidade verdadeira. Então, pratico os ensinamentos de Buda, sem me preocupar, mas me ocupando com a verdade e esse caminho.​"







P1100356



Cláudia Dias Baptista de Sousa, conhecida como Monja Coen Roshi, é uma monja zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu com sede no Japão. Wikipédia
Nascimento: 30 de junho de 1947 (68 anos), São Paulo, São Paulo





segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

DIMENSÃO




E de repente,
Senti-me pequena,
Mais curta que a palavra
E menor que a pena.

As margens caíram sobre mim
Ao tentar salvar-me,
As terras dissolveram-se sob meus dedos,
-Viraram arames farpados
Todos os meus enredos!

Senti-me pequena,
E me afogava, enquanto olhava
Passando no céu,
As nuvens de açucena...




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...