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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Sapatos Olhando a Tarde





Sozinha em Casa - Uma reflexão






Sei de pessoas que tem muito medo de ficarem sozinhas em casa. Elas temem que algum ladrão possa entrar, ou que ocorra algum problema com o qual elas não consigam lidar. Mas a maioria das pessoas que temem ficar sozinhas em casa, na verdade tem medo de estarem em sua própria companhia.
Sozinhos em casa, principalmente quando não há tarefas a realizar, nós temos tempo demais. Podemos começar a pensar em coisas que normalmente não pensamos. Podemos analisar as nossas vidas, erros e acertos, arrependimentos e desejos não cumpridos, sonhos desfeitos, sonhos que ainda vivem em algum lugar da alma, adormecidos, mas que nos recusamos a despertar.

Os espelhos parecem multiplicar-se. De repente, podemos nos ver diante daquele grande espelho do quarto e prestar atenção à passagem do tempo. Você já ficou nua diante do espelho, diante dos próprios olhos, olhando cada curva, cada pelo, cada grama de gordura que a idade trouxe? Eu já. O corpo marca muito bem a nossa história de vida. Não sinto vergonha do meu corpo, embora ele já tenha tido dias bem melhores; Meu corpo torna possível que eu esteja aqui.

Sozinhos em casa, podemos abrir o armário de livros antigos e percorrer suas páginas devagar, recordando leituras e estados da alma dos tempos em que lemos tais livros. Às vezes nos lembramos do momento em que foram comprados - nosso contexto de vida então - e do porquê nós os compramos. Um livro pode ser um mergulho fundo na alma, no território das lembranças e vivências.

Sozinhos em casa, nós percorremos os cômodos e nos lembramos de que eles precisam de pintura, ou quem sabe, de uma arrumação mais elaborada; enquanto andamos pelos cômodos vazios de pessoas, nós nos lembramos daquelas pessoas que gostaríamos que estivessem por ali com a gente, naquele exato momento, e do porquê de elas não estarem - estão mortas? Afastaram-se por algum motivo, ou sem motivo algum?

Quando eu estou sozinha em casa, sem nada para fazer - como hoje - gosto de ler, escrever, ficar lá fora no jardim com meus cães, sentada na grama jogando bolinha para eles pegarem. Também dou uma percorrida nos canteiros e vejo como estão as minhas plantinhas. Se o tempo está ruim, pego o livro de receitas e vou para a cozinha. Ou então ligo a TV e escolho um bom filme ou programa. Quando não está quente demais, saio para dar uma volta à pé pelo bairro, visito o orquidário e escolho algumas orquídeas para enfeitar a casa. Meu tempo sozinha é sempre agradável. Gosto da minha própria companhia. Adoro relaxar, e fico muito bem quando eu estou sozinha em casa.

E você? Como se sente ao estar sozinha em sua própria casa?


PASSOS




...E eu tenho seguido na estrada
As marcas dos meus próprios passos.
Conheço bem minhas pegadas,
As curva do caminho, os traços,
As pedras...

E as pedradas.


Faço e desfaço
Trilhas e laços,
Sei eu do que falo - só eu sei,
E a quem tenta explicar-me,
Embaraço.


Não nego minhas quedas,
Nem tento provar
O que eu nunca faço.


De nada me importam
As esquisitices
E as mesmices
E as conclusões
Baseadas em especulações.


Só sei do meu caminho,
Só sei de mim mesma,
Não faço discursos
Sobre a lerdeza da lesma,


Pois ela só se arrasta pela cerca
Deixando o brilho viscoso do seu traço
Por onde eu sigo,
Por onde eu passo.



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

FALA




Por que te engasgas tanto
Com a minha fala
Se ela é tão seca, tão fria, tão rala?

Te arranhas toda,
Medindo com teus passos, a extensão da sala...
E te imolas, e te matas, e repetes
Mentalmente, sem descanso,
Aquilo que combates...

Por que te irritas tanto
Com meu riso, com meu pranto?
Prometo; não vale a pena
Essa tua comovida dedicação
Àquilo que tanto te depena!

Saio de cena; quem sabe
Esse gosto forte de vinagre
Que disfarças com colheradas generosas
De mel e açúcar cristal,
De bem que suplanta "O Mal"
Estanquem a tua fome diária
Por mais que esta se agrave
Quanto mais sorves
As minhas palavras?



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Palavras de Poder





Pensamentos do livro Palavras de Poder, compilados por Lauro Henriques Jr:




"Não podemos culpar ninguém quando nos decepcionamos; nossas expectativas é que são decepcionantes, não as pessoas." - Lauro Henriques Jr




"Todo universo é um templo 
O céu a cúpula imensa, 
os astros - lampas de ouro no espaço a cintilar, 
a ventania  é o órgão que enche a nave extensa, 
tu és o sacerdote da Terra - imenso altar." - Castro Alves




"O amor é muito mais do que gostar ou não gostar, que são coisas da personalidade. O amor é divino, é incondicional. Esse é um grande aprendizado que tem me servido muito na vida."  _Lauro Henriques Jr




"Feliz quem recebe um único estilhaço do otimismo (neutro) dos astros. De cima nunca veio um exemplo medíocre. E um poeta funciona como uma sentinela: pressente aquilo que é forte." - Gonçalo M. Tavares, escritor e poeta português.




"Há uma rachadura em todas as coisas, é assim que a luz penetra." - Leonard Cohen




"Como pode, a não ser por um coração partido, o Senhor Cristo entrar?" - Oscar Wilde



...E os Animais?





A todo momento, deparamos com cenas terríveis postadas em fotos e vídeos na internet sobre maus tratos aos animais. São pequenos cães sofrendo ataques de pessoas brutais e desumanas, cavalos puxando carroças cujo peso é bem maior do que eles normalmente suportariam, animais sendo maltratados a fim de gerar lucros em um circo quando deveriam estar correndo livres pelas selvas, pássaros presos em gaiolas minúsculas ou acorrentados a um poleiro longe de seu ambiente natural, ou então apertados dentro de malas e recipientes ao serem traficados ilegalmente. Vemos cenas de cães sendo caçados impiedosamente no Chile ou sendo massacrados e devorados em restaurantes na China. Vemos o gado tratado cruelmente, encurralados em espaços apertados para que não criem músculos e a carne permaneça 'macia.' 

Ninguém gosta de ver estas cenas. Eu não gosto. Preferiria viver em um mundo onde estas coisas não acontecessem.


Mas elas acontecem. Todos os dias. Neste exato momento, pode haver uma macaca sendo utilizada como escrava sexual em algum país distante. Talvez haja um cão sendo maltratado na casa vizinha à sua. Talvez você o escute chorar de medo, fome ou dor, mas ache melhor "não se meter em assuntos que não lhe dizem respeito." E ele continuará chorando, até que alguém o resgate ou ele morra; pior ainda, poderá viver anos e anos nestas condições - sendo surrado, humilhado, ficando na chuva e no sol, passando frio, fome ou sede porque você achou melhor não se meter nesses assuntos. 


E aí você se pergunta: "Mas o que eu posso fazer?" Talvez você não seja do tipo de pessoa que sai por aí fazendo passeatas a favor dos direitos dos animais, ou quem sabe, você não tenha condições de adotar todos os cães perdidos do mundo. Certamente, você aplaude pessoas como Luisa Mel, que é uma conhecida ativista, ou grupos como a a PETA - People for the Ethical Treatment of Animals - que combate as experiências em laboratório feitas através de animais. Se você for assim, então você é como eu. Também não tenho condições de recolher todos os animais abandonados do meu bairro, e não tenho tempo ou dinheiro disponíveis para dedicar-me a passeatas ou fundar ONGS. 

Mas há algumas coisas que eu e você podemos fazer: conscientizar as pessoas de que estas coisas existem. Muitas vezes, achamos que a nossa assinatura em uma petição simboliza muito pouco nessa caminhada em defesa aos direitos dos animais, mas não é verdade. Quando estas petições nos chegam, é porque as pessoas estão sendo informadas e convidadas a ajudar a mudar a cabeça das pessoas responsáveis por essas atrocidades, e ao mesmo tempo, obrigar os governos e instituições responsáveis a fazerem alguma coisa para ajudar esses animais.

Oferecer comida a um animal faminto, mesmo que você não possa ficar com ele, ou encaminhá-lo a uma associação protetora, poderá salvar-lhe a vida. Gestos que nada custam. Se você puder gastar um pouquinho, poderá comprar comida para cães e gatos e levar até estas instituições, ou pagar por uma ou duas consultas ou procedimentos cirúrgicos. Sempre há alguma coisa que possamos fazer. 

Escrever sobre os animais e suas necessidades também poderá ajudar, mesmo que apenas poucas pessoas leiam, pois quem sabe, elas poderão comentar com alguém ou partilhar o texto em uma rede social, chamando a atenção das pessoas certas para resolver o problema. Daí, um pequeno gesto pode ter alguma repercussão. 

Uma vez eu recebi um comentário mal-criado por ter colocado em um dos meus blogs uma foto onde um grupo de adolescentes maltratavam gatos. A pessoa comentou algo mais ou menos assim: "Prefiro partilhar coisas mais positivas com os meus leitores." Eu também prefiro. Mas enterrar a cabeça na areia e fingir que o mundo é uma festa não vai ajudar a fazer com que absurdos assim deixem de acontecer. É bem mais fácil fingir que o problema não existe. Eu mesma já apaguei de minha página no Facebook várias fotos e vários vídeos que mostram aberrações maltratando animais, simplesmente porque  achei que eles eram apenas sensacionalismo - muitos dos vídeos eram de anos atrás. Mostrar violência apenas para promover-se é o mesmo que colaborar com ela. Mas se ela estiver acontecendo agora, quem sabe possamos pará-la? 

Da próxima vez que surgir na sua frente uma petição pelos animais, assine-a. Leva só alguns minutos. Se ouvir um cão chorando muito na vizinhança, vá ver o que é. Se passar por um animal faminto, dê-lhe um pouco de comida. Se passar por alguém que esteja abusando de um animal, denuncie. Bote a boca no mundo! Um pequeno gesto pode ser o gatilho para que grandes mudanças ocorram no mundo. O importante, é fazermos a nossa parte, mesmo que ela pareça representar uma pequena gota d'água sendo carregada no bico de um pássaro para apagar um grande incêndio na floresta.

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Este texto faz parte do meu novo blog, o Projeto Araras. Ele é uma iniciativa de Maurício Azevedo, da OPB (Organização dos Poetas do Brasil) para conscientizarmos as pessoas sobre problemas ambientais. Visitem, e tornem-se nossos seguidores. 




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

NUNCA







"Nunca" é uma palavra truncada,
Algemada fortemente a um não 
Arranha, sem dó, um coração 
E deixa todas as bocas caladas...


"Nunca" é palavra definitiva,
E é para sempre, se proferida,
Limite, cerca, porta fechada,
Nada mais promete, e não quer nada...

Nunca digo nunca; tenho medo
Desse sombrio degredo que ele guarda,
"Talvez" pode ser melhor palavra,
Ou quem sabe o silêncio e o segredo...



FLAGRANTES DO MUSEU IMPERIAL DE PETRÓPOLIS







terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Pétalas




Pétalas caem no chão frio...
São levadas pelo vento,
Vão pousar na correnteza
De um impiedoso rio.


Vou com elas; nada sou,
Meu perfume feneceu...
 A flor amarela secou
No jardim onde cresceu.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A CASA DE SOLANO




Quem acompanha as minhas postagens pela internet, sabe que eu absolutamente adoro a revista Bons Fluidos, e que sou fã do colunista Carlos Solano, que é arquiteto e escritor. Na revista, ele sempre traz dicas úteis sobre a casa e sobre as energias que ela contém - e que podem ser ativadas e melhoradas.

Mas ao adquirir a Bons Fluidos de fevereiro, tive uma linda surpresa: a casa de Carlos Solano estava lá! Adorei saber que sua casa - simples e linda, localizada em Minas Gerais - é exatamente como eu imaginava que ela fosse! E após ver com meus próprios olhos o local de onde ele escreve seus textos para a revista, entendi o motivo de sua inspiração: uma linda vista para as montanhas.

As outras matérias da revista também estão excelentes, mas saber um pouquinho mais sobre o escritor Carlos Solano realmente deixou-me contente. Para ele, menos é mais, e este é um dos meus lemas quando se trata de casa. Também não gosto de coisas acumuladas atravancando o espaço.

Enfim: este post é apenas uma homenagem a uma revista que é diferente das outras, original, agradável, fala de coisas boas em um mundo onde a maioria das revistas só fala de dietas, violência, corrupção e traição. Não que estes assuntos não necessitem ser abordados, mas é que a gente também precisa de um momento de relaxamento, um oásis no meio desse deserto...

Obrigada a todos da equipe desta maravilhosa publicação.



Solitária Alma





Cansei de bater, cansei...



-Não, eu não fechei as portas,
Eu apenas as tranquei...
E aquela luz já mortiça, 
Com um leve sopro, apaguei!


Não foi preciso varrer
Tentando, assim apagar
As pegadas do caminho:
Elas já estavam ausentes.


Nem foi preciso morrer...
-Eu já estava mesmo morta,
Esquecida para sempre
Nos corações que eu amei,
Apenas me sepultei...


Cobri de terra o restante
Daquilo que eu achava ter sido,
E nem uma prece eu ouvi
Dos seus lábios ressequidos!


Acho até que nem notaram,
Que não fizeram questão...
Nem sequer sentiram a falta
De quem nunca precisaram!


Suas vidas continuam,
Continua a minha morte...
O cordão era tão fraco,
Que nem sentiram-lhe o corte!


Talvez alguma lembrança
De quem fui, tenha ficado
Ou meu fantasma 'inda assombre
O espaço inabitado...



E naquela fotografia,
Daqui a anos e anos,
Quando alguém me apontar
Indagando quem eu fui,


Uma sobrancelha erguida
De repente, lembrará
De quem fui quando era viva
E então responderá:



"Esta passou por aqui,
Mas nunca teve importância,
Confesso que não percebi
Sua ausência, sua distância...



Nenhuma falta nos fez,
Não deixou nada de bom...
Sei que tinha um estranho dom
Que ninguém compreendia,



Só sei que não se encaixava;
As linhas da sua vida
Estranhavam nossas palmas,
Eu não sei por onde anda
Essa solitária alma..."



A distância é muito longa,
Os caminhos se ornaram
De espinhos e silêncios...
E hoje, nem mesmo o vento
Poderá atravessá-los.




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