Para mim, existem apenas dois caminhos na vida, e todos nós nos revezamos entre eles várias vezes em uma vida; frequentemente, em um só dia percorremos ambos algumas vezes. São estes os caminhos: o caminho que segue para cima e o caminho que segue para baixo. E nessa jornada, cruzamos com outras pessoas que estão subindo ou descendo.
Quando seguimos o caminho que nos leva para cima, as coisas vão muito bem. Estamos bem de saúde, a vida amorosa está fluindo, os negócios estão progredindo e estamos em paz conosco e com todos – ou com a maioria das pessoas.
Quando seguimos para baixo, é porque alguma coisa vai mal: estamos doentes, ou sem trabalho, insatisfeitos no amor ou nos relacionamentos familiares. É muito difícil estar apenas subindo ou descendo em todos os aspectos, e por isso, quando estivermos indo mal em alguma coisa, temos que focar naquilo no qual estamos indo bem e que nos leva para cima, ou seja, para o melhor de nós. Assim não nos sentiremos tristes ou desesperados. E tem sempre alguma coisa que está indo bem, a gente é que não quer enxergar e tende a focar apenas no que vai mal. Devemos lembrar sempre de agradecer, pois a vida não tem piedade dos ingratos.
Mas eu penso que a coisa mais difícil a se fazer, é estar no caminho que segue para cima. Porque quando estamos nesta posição, tendemos a julgar os que estão no caminho contrário. É nestes momentos que passamos por alguém que está descendo e pensamos (ou pior, dizemos): “É a Lei do Retorno.” Quando fazemos tais observações, nos esquecemos de que também já estivemos ali naquela descida, e que voltaremos a estar.
Creio fortemente, tenho plena convicção de que Deus não é um Ser julgador que fica ali na beira desses caminhos, ajudando os que acertam e condenando ou zombando dos que erram. Sinto Deus como uma ENERGIA de amor que não interfere nos acontecimentos, como gostamos de acreditar, pois isso seria o mesmo que uma mãe ou pai que faz o dever de casa do filho. Deus não manda nada de ruim para ninguém e também não manda nada de bom de graça, pois essa Energia não tem preferidos. Ninguém aqui é queridinho de Deus. Ele deixa que aprendamos segundo a nossa dedicação e capacidade. Leva mais tempo para uns e menos tempo para outros.
Por isso eu também acredito que essa coisa de ajudar demais acaba atrapalhando. Quando eu me ofereço para carregar o fardo do outro, ajudá-lo em um momento de necessidade, isso não quer dizer que eu tenho que fazer o que ele mesmo deveria estar fazendo. Ele tem sua escolha. Quem trabalha mais, naturalmente terá mais bônus, e quem ficar só olhando enquanto os outros se dedicam não sairá do lugar e passará a vida só reclamando e se fazendo de vítima. Ajudar as pessoas desse segundo grupo é complicado. Mas isso não significa que eles mereçam que a gente fique apontando-os e criticando-os como se fôssemos os donos da verdade. Melhor deixar com que eles vivam suas vidas como quiserem – desde que não tentem interferir na nossa ou se dependurarem em nossos ombros, pois não temos obrigação nenhuma de sustentá-los.
Nas duas últimas semanas eu estive no caminho que desce durante algum tempo. Primeiro, eu comecei a ficar muito chateada por não poder trabalhar, dar minhas aulas, que para mim, são sagradas. Comecei a ficar emburrada porque além de estar me sentindo mal, não podia cuidar da casa como sempre. Mas então eu pensei: se não pode com eles, junte-se a eles! Daí peguei meu controle remoto, minha lista de filmes e meu Kindle. Se eu não podia trabalhar, ou sair, então eu ia me divertir! E foi isso que eu fiz: aproveitei. Li, vi meus filmes e dormi muito.
Hoje estou bem – graças a Dona Cortisona. Apelei para ela após um episódio de filme de terror com efeitos colaterais e nada especiais de antibióticos e anti-inflamatórios. Tive até coisa que nunca tivera antes: alucinações. Náusea fortíssima, ansiedade, fraqueza muscular, tontura, sensação de desmaio, ou seja: caramba. Nunca mais tomo essas porcarias.
E após tantos dias sem conseguir falar direito, estou falando pelos cotovelos – coitado de quem chega perto de mim ou dos meus blogs.
De volta ao caminho da subida, cito o personagem de Arnold Schwarzenegger no lendário filme Exterminador do Futuro: “I’m Back!”