Foto recente de um acontecimento que se deu há alguns dias apenas, em local próximo à minha casa. O charreteiro alegou que o animal "escorregou." |
Na época das eleições presidenciais, foi votado um plebiscito em Petrópolis a fim de decidir a continuidade ou não das polêmicas charretes. Nos dias de hoje, sabe-se que quarenta e oito pessoas dependem do uso das mesmas a fim de ganharem o seu sustento. Porém, tais pessoas não parecem primar pelo bem estar dos animais, pois era frequente a visualização de cenas dantescas envolvendo os cavalos – éguas caídas na rua, totalmente exauridas, enquanto puxavam carroças estando grávidas; cavalos caindo mortos nas esquinas, magros e maltratados; animais expostos ao sol forte e à temperaturas de quarenta graus, sem qualquer proteção, ou à chuvas torrenciais e geladas – inclusive chuva de granizo, que ocasionou pânico e provocou a fuga desenfreada de dois cavalos, causando acidente de trânsito há alguns meses (eu estava na rua naquele dia e vi de perto a intensidade daquela chuva de granizo), tudo devidamente filmado, fotografado e documentado.
Eis o link:
Sem contar com o trajeto longo que os animais percorriam todos os dias, ida e volta, antes e depois de um dia extenuante de trabalho. Eles iam de Itaipava ao centro histórico da cidade, e depois, do centro histórico de volta à Itaipava, todos os dias, debaixo de chuva ou sol. São mais ou menos 14 quilômetros de distância. Vinte e oito quilômetros no total, em meio ao tráfego pesado em horário de rush. Eu mesma já cansei de presenciar isso, assim como já presenciei charretes circulando com mais pessoas do que o permitido, e dois cavalos magros puxando-as debaixo de chicotadas.
Após o plebiscito, ficou definido que a maioria da população é contra as charretes, e que deveriam ser criadas alternativas que possibilitassem às famílias sobreviverem de outra forma. Os cavalos seriam levados para santuários, onde passariam o resto de suas vidas descansando e sendo bem cuidados, para variar. Mesmo assim, os animais continuaram sendo utilizados durante meses. Agora, finalmente, o uso dos cavalos foi definitivamente proibido, o que eu considero um grande progresso para a imagem da cidade.
Quem defende ainda o uso desses animais, alega que:
-É uma tradição, e uma tradição de tão longa data não deveria ser quebrada. Bem, existem várias coisas que eram consideradas tradições e que foram quebradas após pequenos sinais de evolução da raça humana. A escravatura foi uma delas, e também as rinhas de cães e de galos, que foram proibidas, e os choques elétricos para tratamento psiquiátrico, para mencionar apenas algumas coisas.
-As famílias ficarão sem sustento. São quarenta e oito pessoas. Tenho certeza que, dentro da área de turismo, existem outras maneiras de se arranjar colocações para elas, e isso é de responsabilidade da Prefeitura Municipal. As carroças podem ser movidas à motor, ou substituídas por outros meios de transporte.
-Cavalos são utilizados em centros turísticos em outros países, como em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Verdadeiro. Estive lá recentemente, e apesar de ser totalmente contra o uso de charretes, tive que usar uma no Central Park porque uma pessoa do nosso grupo, que tem problemas de saúde, estava sentindo muita dor ao caminhar. Porém, os cavalos percorrem distâncias curtas, fora do trânsito, e há paradas em alguns pontos para que os animais possam beber água. Quando chegamos ao destino, o cavalo foi escovado e alimentado. Os animais são muito diferentes do que se via aqui em Petrópolis, pois estão em ótimas condições. Mesmo assim, ficaria muito feliz se soubesse que as charretes foram proibidas por lá também.
-Instituições e ONGS, financiadas por dinheiro enviado de outras instituições internacionais a fim de fiscalizar o uso das charretes, ficarão sem subsídios, agora que elas foram extintas.
Danem-se. Nada tenho a declarar sobre isso.
Animais não deveriam ser utilizados para trabalho ou recreação humana, sob qualquer hipótese. Pássaros em gaiolas, rinhas de galo, cachorrinhos pintados de cor-de-rosa desfilando em carrinhos de bebê, cavalos puxando carroças, etc, são fruto da vaidade e do egoísmo humano. Nem vou entrar em detalhes sobre o uso de animais para a alimentação humana, pois creio que estamos há anos luz de evoluirmos ao ponto de deixarmos de consumi-los, infelizmente. Mas creio que um dia conseguiremos olhar para um animal e enxergar nele uma vida, uma alma, um ser que têm consciência, que sofre, ama, tem medo, desejos, e quem sabe, sonhos de uma vida digna.
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