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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

DOAÇÕES - ou Para Quem Ficarão Suas Coisas, Quando Você se For?








Todos os dias, quando abro minha página no Facebook, eles me perguntam se gostaria de deixar meu tipo sanguíneo para fazer alguma futura doação de sangue. Bem que eu gostaria, e com certeza o faria regularmente, caso não tivesse sido vítima de hepatite antes dos dez anos de idade, o que me impossibilita de doar sangue ou órgãos. 


Mesmo assim, gostaria de ir embora deste mundo sabendo que fiz alguma coisa útil por alguém, e por isso, pretendo fazer um documento doando meu corpo à uma faculdade de medicina para que as pessoas possam aprender alguma coisa através dele.


Não tive filhos e não tenho herdeiros. Nem tenho nada de substancial para deixar, materialmente falando, a não ser metade de uma casa simples. E quanto a isso, eu já tomei minha decisão, e dentro em breve, tomarei também as medidas legais a respeito: a minha metade da casa, após a morte de meu marido, será doada a uma instituição – talvez o GRAAC, com quem simpatizo e a quem em 2012 doei toda a renda que arrecadei com a venda de um livro que lancei, através do pagamento de um boleto. Não foi muito, porém, mas foi tudo, absolutamente tudo o que eu consegui. 


Não sou uma pessoa apegada a bens materiais, embora eu tome muito cuidado com tudo o que tenho e ame as coisas que conquistamos ao longo da vida, pelas quais sou muito grata. Não pretendo ter mais, e nunca pretendi ser milionária, a não ser que o dinheiro me chegasse como uma dádiva. 

Trabalhar duro feito louca a fim de ficar rica nunca foi meu objetivo. Mesmo assim, sempre trabalhei e sempre cobri minhas despesas, pois nunca gostei de ‘ficar nas costas’ das pessoas. Acho que todo mundo deve trabalhar para viver, ao invés de contar com heranças e outras facilidades.


Amo demais a minha casa! Ela é o retrato daquilo que sou e de tudo o que amo, tanto material quanto espiritualmente falando, e realmente gostaria que ela cumprisse uma missão espiritual. Assim será feito. 





quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Desapegando dos Meus Paninhos de Prato







Há meses venho planejando arrumar minhas gavetas de panos de prato. Isso mesmo, no plural: gavetas! Tenho muitos, e recentemente estive um uma loja em Juiz de Fora – lindíssima, por sinal – onde comprei dois conjuntos novos, prometendo – a pedido do meu marido, que estava comigo quando os comprei – que faria uma limpeza geral nas gavetas. Ele disse: “Mais panos de prato? Mas você já tem tantos!” Ele tem razão. Mas eu sou uma mulher estranha, uma espécie em extinção, do tipo que ama paninhos de prato e coisinhas para a casa. Quer me dar um presente, mas não sabe o que comprar? Panos de prato! 

Adiei o quanto pude, até que hoje de manhã, eu disse a mim mesma: “É hoje; ou vai ou racha!” E abri minhas gavetas, retirando-as do lugar e colocando-as no chão da cozinha, em volta de mim. Sentada no chão, comecei a examinar as gavetas. Tinha alguns já bem amarelados, de tanto ficarem guardados, pois não dou conta de usar todos os que tenho; outros – meus favoritos – já velhinhos, meio puídos, são os que “enxugam bem.” Ah, esses eu não posso tirar! 

No meio do processo, meu marido aparece na cozinha para tomar café da manhã: “Finalmente!” E de soslaio, ele me observa, enquanto dobro e coloco de novo na gaveta os panos mais velhinhos. Ele arrisca: “Ana, isso não está velho demais não? Por que não joga fora?” Pensei: como jogar fora os meus melhores panos, os que enxugam? Mas novamente, ele tem razão. Mas só que não. Não dá para jogar fora. Ele parece ler meus pensamentos, e sugere: “Estou precisando de uns paninhos velhos na garagem, para limpar o carro. Você podia deixar alguns lá!” Essa possibilidade me anima: melhor do que jogar fora. Ele escolhe dois. Apenas dois. 

Então me animo, e separo alguns para deixar guardados na área de serviço, como panos de limpeza. Ainda sobram muitos depois disso! Decido coloca-los junto com as roupas que separei para doação. Meu marido ergue as sobrancelhas, e sei exatamente o que ele está pensando: ”Quem vai querer ficar com isso???” Respondo: “Podem ser úteis para alguma coisa! E se não quiserem, que joguem fora.” 

E recomeço a separar os panos. “Olha esse! Compramos na viagem para Natal, lembra?” Ele concorda, e me aponta um outro que trouxemos de Recife, todo bordado e amarelado. Mostro a ele um verde com um desenho de um pescador, que tenho desde que nos casamos (meu marido adora pescar, e alguém nos presenteou para brincar com ele). Passamos por um conjunto que tem os dias da semana, um em cada paninho. “Lembra desses? Ela me deu dois pacotes. Deve ter sido difícil para ela pagar por eles...” A pessoa que nos presenteou não tinha boas condições financeiras, e já faleceu. Não tenho todos, a maioria já gastou, mas sobraram a segunda, duas quintas e uma sexta. Separo dois para a área de serviço e guardo os outros na gaveta. 




Ele se despede para ir trabalhar, mas antes olha um todo bordado, feito pela mãe dele. “Esse aqui não foi a minha mãe que bordou?” Concordo, e ponho de volta na gaveta. E tem aquele outro, presente de aniversário da fulana. E outro que compramos naquela viagem à parte histórica de Minas. Um de Fortaleza. Um lindo, com um cordão de papais-noéis em croché na borda, daquela lojinha fofa de Itaipava que infelizmente, já fechou. 

Enfim: tive que fazer um esforço para me desapegar de alguns deles, mas acabei arejando bastante as gavetas. Antes, eu precisava de três gavetas, e agora ocupo apenas duas. Aproveitei a que ficou vazia para guardar alguns utensílios de cozinha. 

Os paninhos de prato são lembranças de lugares por onde viajamos, momentos felizes que vivemos, presentes de pessoas que já não estão mais aqui e de outras que ainda estão e que são tão queridas... tenho alguns presenteados por alunas e ex-alunas, pessoas de quem eu gosto muito. 

As pessoas que vão receber alguns deles, mesmo que amarelados, não fazem ideia do carinho que tenho por eles. Espero que eles sejam usados; espero que alguém enxugue sua louça com eles, ou limpe a sua cozinha, e que seja num dia de festa muito feliz, entre conversas na cozinha e música tocando na sala.




terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

UTOPIAS DESOBEDIENTES





Este texto surgiu de uma discussão online onde as pessoas argumentavam sobre Henry David Thoreau e sua utópica, porém não menos valiosa, obra. Li dois de seus trabalhos: Walden e A Desobediência Civil. Gostei de Walden, pois fala da vida entre as belezas da natureza e as importantes reflexões que momentos de solidão e contemplação podem nos trazer.


Porém, temos que levar em conta dois fatores:


-A propriedade rural na qual Thoreau construiu sua cabana minimalista para provar sua teoria, era emprestada do amigo Ralph Waldo Emerson. Finda a experiência, que durou dois anos, ele retornou para a cidade a pedido do proprietário da casa.


- Algum tempo depois de ir viver lá, ele foi preso por não pagamento de impostos ao Governo americano “opressor e capitalista”, mas teve sua fiança paga pela tia. Caso contrário, teria ficado na prisão durante bastante tempo, pois todos sabemos que sonegação de impostos nos Estados Unidos dá cadeia.


Ou seja: teorias bonitas e utópicas funcionam muito bem quando temos amigos e parentes ricos que as sustentem. Viver na natureza, em total desobediência civil, pode ser uma experiência enriquecedora que irá funcionar muito bem por algum tempo, mas não durante uma vida inteira, e jamais em larga escala. E mais enriquecedora ainda será tal experiência quando aquele que a desfrutou puder escrever livros e garantir sua sobrevivência através deles – Thoreau ganhava a vida como professor de Liceu, segundo consta em sua biografia.


As pessoas parecem pisar em nuvens de éter nos dias de hoje. Talvez devido ao mundo violento em que vivemos, aos problemas econômicos, políticos e sociais que enfrentamos, exista em todos nós um desejo de encontrar soluções rápidas e mágicas para nossos problemas. Daí surgem os gurus, as novas religiões e as novas práticas. Porém, tenho observado que todos os gurus têm vidas curtas – basta ver o que aconteceu recentemente em Abadiânia.


A teoria bonita e vazia de que o pensamento positivo tudo pode, tudo cura e tudo cria, morre no exato momento em que os gurus e líderes religiosos que as pregam precisam de tratamentos médicos em hospitais regulares, usando a medicina alopática. Ou então quando seu lado humano e imperfeito vem à tona – e ele quase sempre vem; quando não vem, é porque eles o souberam esconder muito bem, o que está ficando cada vez mais difícil em tempos de internet, celulares com câmeras e filmadoras que gravam tudo e postam em redes sociais.


Acredito piamente que o pensamento positivo e os tratamentos alternativos sejam essenciais para todo aquele que quer ter uma vida feliz e saudável, mas eles não resolvem problemas econômicos nem salvam ninguém de uma doença grave, embora possam ajudar-nos a enfrenta-la com coragem e até mesmo ajudar na cura.


Sejamos realistas: viver em meio à natureza pode ser bonito e mágico durante alguns dias, quem sabe, alguns meses, mas logo sentiremos falta de tudo o que o progresso pode nos fornecer: água corrente, eletricidade, conexão de internet, ar condicionado, aquecedores, etc... porque nós nascemos para progredir, e não para ficarmos estacionados no tempo.


Nossos espíritos querem fluir, mas ao mesmo tempo, para que isso aconteça, precisamos ter condições de bancarmos os nossos corpos. Ninguém será feliz dormindo em um buraco no meio de uma floresta.


A Bed Peace de John Lennon e sua histórica canção “Imagine” são lindas utopias que nos fazem lembrar de coisas essenciais ao espírito; mas não nos esqueçamos de que ele passou seus últimos dias em um país capitalista, desfrutando dos confortos de um apartamento luxuoso com vista para o Central Park.


Tudo é muito bom quando temos a cabeça nas nuvens e os dois pés bem plantados no chão.





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Recomeço









E tudo começou de novo,
O fim do mundo, 
Os ponteiros do relógio que marcam
Dois minutos apenas
Para a meia-noite.

Tragédias, assaltos, doenças,
Partilhas funestas e tristes,
-Quero sair deste corredor,
Onde tudo o que existe é a dor!

Preciso de um pouco de ar,
Preciso de letras amenas,
Preciso, quem sabe, de alguns poemas...

Abro as janelas do lado leste,
E deixo que entre a luz do sol,
Nascendo, em raios que se espalham em leque
Cobrindo de arco-íris o chão da sala!

Quero saber de pássaros, de árvores, de verde,
Pelo amor de Deus, que me mandem
Boas notícias
-Mas que sejam verdadeiras!

Porque o mundo, meu amigo, o mundo,
Ainda vale a pena, em algum lugar,
Ainda existe alguma coisa que preste,
E esse lugar, é quando eu fecho as janelas ao sul
E abro as janelas ao leste.

Não, eu não quero tudo de novo!
Eu quero tudo novo!





Quedas nas Visitas





Registrei uma queda brusca nas visitas aos meus demais blogs. Nem é uma queda, mas um despencamento total. Um evento repentino, que, acredito, deve ser devido ao fim do Google+, onde eu tinha mais de dois mil seguidores. Sem poder  partilhar as postagens por lá, acredito que após o encerramento final, que se dará em abril, o mesmo acontecerá com outros blogs por aqui...

Acredito mesmo que poderá significar o fim da era dos blogs. 

Alguém mais aí notou queda nas visitas?







segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

De manhã, no Meu Cantinho


Esta foto foi obtida na sexta-feira de manhã bem cedinho. É do meu pedacinho de jardim, que é pequeno, mas é o lugar do mundo onde eu me sinto mais à vontade. Quem chega logo percebe que ele não é um daqueles jardins milimetricamente arrumados, as plantas separadas em canteiros. Tudo cresce meio que sem direção, aonde bem entender, e a gente carpe o mato e corta a grama. 




É um jardim meio-bagunçado, onde os cães correm e arrancam pedaços de gramado. Existem alguns buracos aqui e ali, mas deixar os cães presos para não estragar as plantas é algo totalmente fora de cogitação.

Algumas das plantas que eu tenho foram presenteadas ou pegas na rua, sobras de outros jardins. Algumas pessoas adotam crianças, outras adotam cães. Eu adoto flores e plantas que os outros jogam fora. Das plantas que nós compramos, poucas sobrevivem, pois não sou muito habilidosa para plantá-las. 




Parece que as mudas de plantas que compramos em lojas são super adubadas para que cresçam rápido, e depois que as plantamos, elas simplesmente desanimam, sentindo falta da dose cavalar de adubo com a qual eram alimentadas.

Também não gostam muito de xixi de cachorro.




Meu cantinho me cabe muito bem. Não é perfeito, pois eu não gosto da perfeição pela artificialidade que ela me passa. Não me sinto confortável em ambientes onde tudo é milimétrico, as paredes são todas de uma cor só, as plantas são alinhadas em fileiras e os cães não podem brincar.




Eu gosto do verde que cresce livremente. Adoro árvores, muita sombra e cantinhos escondidos onde se pode sentar e ler um bom livro. 

Este é o meu cantinho especial.








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O Vento







O vento passou pelos sinos,
Sacudindo-os em nervosos tilintares.
Trouxe cheiros de flores, de florestas e de mares,
Levou pensamentos cinzentos.

Assoviou entre as folhas das árvores,
Derrubando algumas que estavam distraídas,
E que não se agarraram suficientemente 
À vida.

O vento, quando passa, modifica tudo:
As plantas, as nuvens, as borboletas, 
Que giram no ar como em pobres roletas
Que a vida assopra e dissipa pelo mundo.

Pelo corredor da minha casa, flores de outros quintais
Jazem à sua sorte e esperam por uma morte
Que há poucos minutos, sequer lhes ocorria.

Assim somos nós, quando o vento nos beija:
Cerejas derrubadas dos ramos,
Panos secando nos varais da vida,
Borboletas girando sem direção,
Folhas arrancadas de árvores sofridas...





O FIM DO GOOGLE+





Recebi a seguinte notificação do Google por e-mail, e creio que a maioria de vocês também a tenha recebido:


"Você recebeu este e-mail porque tem uma conta pessoal do Google+ ou gerencia uma página do Google+.

Em dezembro de 2018, anunciamos a desativação das contas pessoais do Google+ marcada para abril de 2019, devido ao pouco uso e aos desafios envolvidos na manutenção de um produto de qualidade que atendesse às expectativas dos consumidores. Agradecemos a você por fazer parte do Google+ e gostaríamos de informar as próximas etapas do processo, incluindo como fazer o download das suas fotos e de outros conteúdos.

Em 2 de abril de 2019, sua conta e qualquer página do Google+ que você tiver criado serão desativadas, e o conteúdo excluído. As fotos e os vídeos do Google+ no Arquivo dos álbuns e suas páginas do Google+ também serão excluídas. Você pode fazer o download e salvar seu conteúdo. Basta fazer isso antes de abril. Fotos e vídeos armazenados em backup no Google Fotos não serão excluídos.

O processo de exclusão de conteúdo das contas pessoais do Google+, das páginas do Google+ e do Arquivo dos álbuns levará alguns meses, e o conteúdo será mantido durante esse período. Por exemplo, é possível que os usuários ainda vejam partes da conta do Google+ pelos registros de atividades, e alguns conteúdos pessoais do Google+ poderão ficar disponíveis para os usuários do G Suite até que a conta pessoal do Google+ seja excluída.

A partir de 4 de fevereiro, não será mais possível criar novos perfis, páginas, Comunidades ou eventos no Google+."

Após 52 milhões de dados vazados no Google+, talvez seja mesmo necessário encerrar as atividades, já que a segurança dos usuários não foi respeitada, mas para nós, blogueiros, o que mudará? Pelo que compreendi, não mais teremos um perfil no Google onde compartilhar nossas postagens e postagens de amigos, e fico pensando se isso não seria um prenúncio do fim do blogger. Ao reparar na quantidade de blogs desativados ou simplesmente abandonados na minha lista de leituras, e também na diminuição de visitas e comentários ao longo do ano passado até hoje, acho que nós estamos nos encaminhando também para o fim desta plataforma. 

Cada vez mais, surgem os tais 'Vloggers' no Youtube. São tantas pessoas abrindo canais, que acho que ficará cada vez mais difícil acompanhar a evolução! Bem, eu simplesmente sou péssima fazendo vídeos ou postando vídeos, já que as conexões de internet oferecidas na minha área variam de ruins a péssimas. Seria este o fim das publicações escritas online?

Ninguém mais tem paciência para ler o que os outros postam. Vlogs são bem mais fáceis, porque exigem menos esforço; é só clicar no 'play' e as pessoas começam a falar, nos poupando do trabalho de ler. E podemos assistir aos vídeos ou simplesmente escutá-los enquanto fazemos outras coisas aqui fora, exatamente como eu mesma muitas vezes faço. 

Temo que dentro em breve receberemos uma notificação nos convidando a fazer backups e downloads de nossas publicações no blogger, pois estarão sendo desativados. Mas tudo nos dias de hoje tem começo, meio ... e fim. O falecido Orkut que o diga. Hoje em dia tudo é tão volátil... nada parece ser sólido o suficiente para durar, inclusive os relacionamentos entre as pessoas (viajei aqui e saí do assunto).

Bem, tudo o que me resta é dizer adeus aos meus mais de dois mil seguidores do Google+! E saber que a partir de hoje, as leituras que eu recebia (e que já estão escassas) tendem a desaparecer cada vez mais. O que vocês acham de tudo isso?

Adoraria trocar figurinhas a respeito.




terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A Culpa é do Capitalismo?





Diante das coisas terríveis que aconteceram em Brumadinho, Minas Gerais, em decorrência do rompimento da barragem de rejeitos, existem vários posts, fotos e comentários circulando pela internet que nos fazem indagar sobre a saúde mental e a capacidade de empatia dos que os puseram online. Mais triste do que tudo isso, foram os comentários daqueles que, usando a tragédia a fim de combater o Presidente da República e sua equipe, afirmaram que as pessoas que sofreram a tragédia mereceram exatamente o que estão passando, já que sessenta por cento das pessoas votaram em Bolsonaro naquele local.

Acho que isso denota falta de empatia, de bom senso e de caridade, sem falar na falta de educação de quem postou tais coisas. Um verdadeiro absurdo!

Após tantas abobrinhas que li, deparei com um post dizendo que os culpados pelo que aconteceu em Brumadinho "somos todos nós", porque não nos manifestamos contra quando a tragédia ocorreu pela primeira vez em Mariana. Um outro post culpava o sistema capitalista pelo ocorrido.

Não vejo culpa no sistema capitalista, e sim no regime socialista que antecedeu o presente governo, e que concedeu status de 'desastre ecológico' ao penúltimo caso ocorrido. Através de conluios e maracutaias, e provavelmente, gordas propinas, foi permitido que tais companhias operassem sem qualquer fiscalização, sob risco eminente, e sem as licenças necessárias e exigidas por lei. 

Há muitos culpados, pelo que posso ver, mas com certeza, eu e você não o somos - a não ser que você trabalhe ou tenha trabalhado para o governo, ou  na companhia que causou o desastre, e tivesse preferido omitir-se diante dos riscos eminentes, mesmo sabendo que sua família e amigos estavam morando nas áreas próximas, e que eles poderiam sofrer as consequências a qualquer momento. 

O que vai ficar disso tudo? Terá sido apenas mais um motivo de escândalo temporário, ou medidas serão tomadas e punições serão aplicadas a fim de evitar que tais fatos se repitam? O tempo dirá. Pelo menos, enquanto Neymar não optar por um novo corte de cabelo, ou uma certa rede de TV não caçar algum outro escândalo faccioso, estaremos falando de Brumadinho. 

Até a próximo selfie!



sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

ROMA








Resolvi não escrever uma resenha sobre o filme, mas falar da maneira como ele interagiu comigo. Quando vi a chamada para o filme na Netflix, cliquei e então percebi que seria em preto e branco. Na primeira cena, intermináveis minutos de uma vassoura varrendo e lavando um piso, bolhas de sabão e ruídos de água. Achei: "Este filme deve ser chatíssimo!" imediatamente, sem dar uma chance sequer, saí do filme e procurei por outro.

Fiquei sabendo, dias depois, que ele tinha sido indicado ao Oscar, e decidi dar-lhe outra chance. Uma decisão inteligente! ROMA é um filme bonito e comovente, e logo que começamos a fazer parte da história, nos esquecemos de que ele foi feito em preto e branco. Quando ele termina, nos damos conta de que não ser colorido tornou-o um filme perfeito, já que a história se passa nos anos 70. 

A todo momento, eu me vi criança em várias daquelas cenas. A interação entre adultos, crianças e cães me fez lembrar da minha própria infância. As férias na casa dos tios me levaram de volta a um sítio que frequentávamos, e que pertencia a conhecidos. Todos juntos. Um grande número de pessoas, amigos e familiares juntos, desfrutando da vida. A gente olha para os objetos - um simples copo na janela com colheres dentro, um vaso de plantas meio-quebrado, aparelhos de rádio e TV - e pensa: "Tinha um parecido lá em casa!" O filme é isso.

Não existem cenas exageradamente dramáticas. Todo o drama da história parece real, não encenado. Não há exageros ou arrebatamentos. A vida, na medida certa e verdadeira. 

ROMA me fez pensar nas minhas perdas, e no quanto a gente precisa se readaptar, se redefinir para continuar a vida, deixando para trás o que foi embora e olhando para os lados, para o que ficou, o que ainda temos (e que não é pouco). É um filme que nos fala sobre continuar.

Se vale a pena? Vou assistir novamente no final de semana.










quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Vou te Contar um Segredo...










Chegue mais perto de mim,
Incline a cabeça
De modo que seu ouvido
Fique junto à minha boca.

Vou te contar um segredo:
Nunca cresci.
Esse rosto envelhecido que te fita,
É como a pedreira transformada
Em pedra brita,
Pedacinhos da histórias de uma vida
Contada em lindas mentiras.

Apesar dessa aparência
Sisuda, de decência,
Ainda acredito em fadas e fantasmas,
E morro de medo de lobisomem.

Quando vejo uma boneca,
Converso com ela através do pensamento
(Para que ninguém perceba).

Agora você já sabe
De algo que eu nunca disse
A mais ninguém!
Saberá guardar segredo?
Poderá me confessar
Que nunca cresceu também?




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...