witch lady

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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Eu Morro









Eu morro todos os dias.
Deito-me à noite, em meu túmulo
E fecho os olhos aflitos.

Sinto os vermes que se mexem
À vontade, em minhas partes,
Se alimentam dos meus gritos.

Mas de manhã, eu renasço,
Alevino num regaço,
As guelras brilhando ao sol.

Renovada, eu agradeço,
(Mas distraída, eu me esqueço)
E morro mais uma vez,
E mais uma vez, apodreço.





quarta-feira, 22 de agosto de 2018

VERBALIZAR








Às vezes só entendemos a verdade de alguma coisa dentro da gente, quando finalmente temos a coragem de verbalizá-la. Sabe quando algo está remoendo dentro de você, mas você soca aquela coisa lá para o fundo, sem querer ouvir?

Ela continua batendo à porta da sua mente consciente, procurando uma saída, até que um dia - que pode levar muitos e muitos anos para acontecer- ela finalmente derruba a porta e sai. E você a declara abertamente para o mundo e para si mesmo. Daí em diante, não tem como voltar atrás; não é possível engolir aquilo outra vez. É preciso arranjar um modo de conviver com aquela nova verdade, ou ela não vai deixar você em paz.

Acho que todo poeta entende o que eu estou tentando dizer, pois o poeta é alguém que verbaliza, revelando aquilo que está dentro dele. Mesmo que alguns poemas não expressem realmente alguma coisa que faça parte da vida real do poeta - contexto "lado de fora" - com certeza, foi dentro dele que se encontraram os motivos para colocar aquele sentimento em palavras. Talvez fosse aquilo que ele faria, caso a situação fosse real.

Ser poeta facilita as coisas. Ou não.




sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O Mesmo Céu



Participação no blog Filosofando na Vida, da Professora Lourdes:

O Mesmo Céu

Naquela noite em que nós nos deitamos
E juntos contemplamos esse mesmo céu,
Os nossos sonhos, tão entrelaçados,
Brilhavam para nós lá das estrelas.

Nossas cabeças se tocavam, ao vê-las
E os nossos corações, ao léu entre as galáxias
Batiam juntos, no mesmo compasso
Pois os mesmos sonhos nós sonhávamos.

Mas foi-se o tempo, e foram-se aquelas noites,
Você se foi, meu doce namorado...
E eu hoje olho um céu noturno nacarado
No qual meu sonho procura pelo que perdeu...

É uma pena que eu possa dizer que,
Apesar de o céu e as estrelas serem os mesmos,
O amor que um dia eu vi nascer
Infelizmente, não sobreviveu.









quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Em Tempos de Etiqueta Virtual







É preciso seguir algumas regras de etiqueta para podermos conviver bem, seja aqui fora ou no ambiente virtual. Acho que ser bem educado não depende apenas de seguir regras impostas, mas de ativar a sensibilidade. Porém, nos dias de hoje, o que mais vejo é uma etiqueta hipócrita, aplicada apenas "aos outros" e pessoalmente ignorada. Assim, tive a ideia de, através das minhas observações, escrever sobre as regras implícitas que todos pregam, mas que a maioria não segue, e que são cheias de controvérsia e mimimização. 

Numerei-as abaixo:

Regra número 1 - Jamais diga o que realmente pensa no que tange à política. -   Desde pequeninos, nos ensinam que dizer a verdade é importante, e que as pessoas gostarão de nós se sentirem que somos verdadeiros; não caia nessa! As pessoas que dizem a verdade geralmente são mal vistas e ganham, em questão de segundos, um séquito fiel de (per)seguidores e online haters! Melhor deixar a sua opinião ali quietinha, e passar batido pela postagem daquele 'amigo' que diz que todos que vão votar no candidato que você escolheu são imbecis e acéfalos... e aceitar o argumento deles de que "não é nada pessoal."

Regra número 2 - Aceite todo mundo que lhe pedir amizade / Não aceite todo mundo que lhe pedir amizade. - Não adianta: o que quer que você faça, será criticado. Se você é daqueles que aceitam todo mundo, será chamado de egocêntrico e vira-latas; se não aceita, será criticado como sendo exclusivista e preconceituoso. De qualquer maneira, você perde. 

Regra número 3 - Marcações no Facebook - Tem sempre aquele 'amigo' que marca você e mais 365 pessoas em uma postagem sem conteúdo, tipo "Bom dia!" - daquelas que fazem com que você receba notificações a cada 5 minutos. E às vezes de nada adianta silenciar o amigo ou excluir-se da marcação, pois o Face continua mandando as notificações! Eu tenho uma pessoa na minha lista de amigos que já foi silenciada mil vezes, mas nunca exerceu seu direito de ficar calada. Já pensei em bloqueá-la, mas ao mesmo tempo, quando a gente faz isso, acaba magoando alguém sem querer. Se apenas ignoramos, a pessoa nos classifica como grosseiros. Grosseria é encher a paciência alheia com esse tipo de coisa. 

Regra número 4 - Messenger. - Praga dos quintos dos infernos esse tal de messenger. Detesto. Se eu soubesse como, arrancaria essa porcaria do meu Facebook. Eu já disse uma porção de vezes que só uso messenger para comunicar-me com meus alunos ou com amigos íntimos ou pessoas da família. Não respondo a correntes, nem a mensagens fofas. Mesmo assim, a minha caixa de mensagens está sempre abarrotada de gifs, links, áudios e filminhos que eu jamais acesso. E as pessoas ficam reclamando, na timeline delas, que somos "antipáticos e metidos." Metido, é quem manda todos os dias 10 mensagens que não são respondidas, e que ao invés de se mancarem sobre o fato de que não estão agradando, continuam mandando. 

Regra número 5 - Jamais diga que não gosta de alguma coisa. Esta é a melhor forma de angariar inimigos aonde quer que vá, principalmente se a pessoa em questão for famosa. Não diga jamais que não aprecia certo gênero musical, artista ou filme. Dirão que você não tem cultura, que não sabe respeitar a preferência alheia (enquanto eles mesmos usam palavras de baixo calão para desrespeitar você) e farão citações que supostamente os colocarão em um pedestal cultural anos-luz acima do seu. 

Existem outras regrinhas de etiqueta virtual das quais não me lembro no momento, e as deixarei para a imaginação de quem quiser comentar este texto (que já está bem longo). Mas a conclusão, é que etiqueta mesmo, são aquelas que os etiquetadores de plantão colam nas nossas testas, e nem percebem que as decolam dos próprios traseiros.








segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O que Fazer Com Tantos Planetas Retrógrados?










É Marte, é Mercúrio, é Saturno, é Vênus, é Urano, Netuno Plutão... parece que quase todos os planetas resolveram andar na contramão! O que fazer? Para quem não acredita em astrologia, não há nada a ser feito, a não ser continuar vivendo. E para quem acredita, não há nada a ser feito, a não ser continuar vivendo!

Acho que existem momentos nas nossas vidas que não dependem de nós: as coisas nos chegam, porque precisam chegar. Nesses momentos incluo nossas perdas e também a nossa boa sorte. Quando a gente passa por momentos assim, acredito que são cármicos e inevitáveis. Nos resta sabedoria e calma para enfrentá-los, se forem tristes, e gratidão e alegria para vivê-los, se forem alegres. 

Mas existem coisas que dependem de nós para  acontecerem, e eu tenho cuidado melhor delas, não importa em qual posição ou em que direção estejam os planetas. Porque nada acontece para quem não se mexe. Um pequeno movimento, e a roda, que estava parada, pode começar a girar. Talvez por medo, insegurança, conselhos cretinos ou até mesmo por preguiça, passemos tempo demais olhando para a roda, esperando pelo 'momento certo.' 

Por que não erguer a mão e dar um empurrãozinho, não é?

Boa sorte!






sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Coisas que Falam









Hoje
Me parece que as coisas 
Falam comigo: 

O passarinho na árvore, 
A própria árvore, que se recobre de folhas
Após perde-las todas para o inverno:
Reprimavera-se!

Passei pela sala da minha casa, 
E a canção que tocava
Falou comigo.
O cheiro do incenso queimando
Traz consigo uma mensagem na fumaça:
Ela me envolve, ela me fala.

Lavando a xícara na pia,
A água murmurava um segredo
Que me escorria pelos dedos,
Enquanto o café coava
E meu cãozinho me olhava,
Os olhos falando comigo.

E eu senti, de repente,
Uma vontade de escutar
O que tanto as coisas me dizem,
O que as coisas me falam, 
O que elas querem.





quarta-feira, 8 de agosto de 2018

RECEITA









Não quero ser a cobertura do bolo,
Prefiro ser a massa, o recheio,
Porque não sou de superfícies,
Beiradas, enfeites, confeitos,
Eu quero estar no meio.

Talvez você me veja, equivocadamente,
Como a última cereja,
A que te fez mal, após o lauto banquete.
Não era esta a minha intenção,
Não sou de joguetes,
Não pretendia estragar sua festa,
Estacionar na contramão.

Talvez o meu sabor te desagrade,
Talvez exista um traço de amargor
Na minha doçura
Que te faz perder a tua tão exaustivamente ensaiada
Compostura.

Não posso fazer nada;
Alguém que não conheço
Cozeu a minha massa,
Depois, quebrou a forma,
E não satisfeita,
Rasgou a receita.





terça-feira, 31 de julho de 2018

FELICIDADE








A felicidade é como uma criança tímida,
Do tipo que, nas festas,
Passa correndo pela floresta de pernas dos adultos,
E, encontrando um cantinho isolado,
Senta-se sozinha.
(Às vezes, alguém se senta ao seu lado).

Ela adora brincar de esconde-esconde, 
No rosto das flores, e espiar entre as frestas
Das janelas entreabertas; ela vê
Os cantinhos gramados, os campos verdes, os rostos amados,
E somente por eles ela procura.

A Felicidade não gosta muito
De altos volumes, aplausos, fortes luzeiros,
Prefere o conforto de uma sala silenciosa
E poucas pessoas verdadeiramente amorosas,
Pois ela se encontra somente
Entre os relacionamentos verdadeiros.

A Felicidade adora o descanso
De uma cama quentinha, e o café com pão
Tomado entre família, servido humildemente
Sobre a mesa da cozinha.
Ela trocaria qualquer TV por assinatura
Pelo conforto de um filme antigo na Sessão da Tarde,
Sem qualquer pompa, circunstância ou alarde.

A Felicidade está naquele cãozinho que nos segue o dia todo,
Nos chamando para brincar com ele lá fora, matreiro,
Mas dizemos que não temos tempo,
Enquanto nos ocupamos em limpar a casa, lavar o banheiro,
Fazer o jantar e ganhar dinheiro.
Alguns a confundem com sua irmã, a Alegria,

Mas embora ambas tenham nascido do mesmo ventre,
São bem diferentes.
A alegria adora os shopping centers, o sol forte, muita gente,
As fotos sorridentes, nas quais busca
Desesperadamente, 
Sua irmã, há muito perdida.

Às vezes, quando envelhecemos,
Nós a encontramos sentada à soleira da nossa casa:
-Uma criança, morta, há tanto tempo abandonada!
E entendemos que enquanto a procurávamos mundo afora,
Ela estava ali, o tempo todo nos esperando,
Cada vez mais 
Desencantada.







Porque eu me Levanto










Na queda livre,
Enquanto te lamentas e medras,
Eu deixo os olhos à altura
Das flores e das pedras;
Vislumbro cores, sinuosidades,
E aspiro a relva.


Mergulho os dedos na lama da vida,
E me levanto aos poucos, ilesa,
Enquanto tu permaneces presa
Contando escaras doloridas.


Eu me levanto sempre, se tropeço
Ou se me empurram, quando distraída.
Se estou no chão, eu ergo o meu olhar
E admiro as aves a passar
Acima de mim; esqueço a dor.


Eu vejo o céu, as nuvens, as estrelas,
Enquanto tuas lágrimas te impedem de vê-las,
Porque teus olhos 
Não têm amor.


Eu me concentro sempre na beleza,
E tu, na tristeza.





A Águia









Voava a imensa águia,
Acima dos pensamentos,
Colecionando momentos...
Asas abertas,
Olhos atentos...

Voava acima do que paira
Sobre esse mundo de cimento,
Ia nas asas do vento,
Penas ao sol...

Voava a imensa águia,
Pássaro nobre,
Pousava sobre o gelo azul,
E a paisagem...

Vivia sua liberdade,
Depois pousava,
Sobre o braço forte
Que alguém lhe esticava!

Sempre voltava!






quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vitimização






Não gosto de quem se vitimiza. Geralmente, é como dizem: "Antes de sentir pena de quem perdeu um olho na batalha, tente saber como ficou o adversário." 

É tanta vitimização nos dias de hoje, tantas lamentações a respeito de tudo! E se formos olhar de perto, aqueles que lambem suas feridas em público, com certeza jamais mencionam os e-mails mal-educados que foram enviados, as críticas cruéis e sem razão de ser que foram feitas, as palavras duras e invejosas que foram usadas. Sem falar na fofoca, essa velha feia, alcoviteira, covarde e maldosa que muitos carregam nas costas o dia todo. Porque muito do que se passa, fica debaixo dos panos da covardia, e quem se vitimiza, quem expõe as chagas purulentas em público, não mostra o machado com o qual atacou seu inimigo.

Não perco mais tempo com pessoas assim, seja na vida real ou na vida virtual: eu me afasto. Bloqueio. Se não for possível bloquear a convivência por qualquer motivo prático, eu bloqueio a energia daquela pessoa. Deixo de procurar. Deixo de prestar atenção a ela, e respondo monossilabicamente quando estritamente necessário. Se for possível bloquear nas redes sociais, eu o faço sem a menor culpa ou receio. Felizmente, temos esta ferramenta. 

E quando tais pessoas, que me feriram no passado, voltam e começam a me tratar com uma doçura não habitual, eu rezo e peço a Deus que me proteja da falsidade. Porque eu não acredito que alguém que tenha me maltratado, de repente passe a gostar de mim e a me tratar bem, assim, do nada.

Eu acredito que quem visita outra pessoa, seja física ou virtualmente, deve a ela respeito; é uma questão até mesmo de boa educação; se discorda de suas opiniões, e se for realmente importante expressar-se, que o faça com educação e sem esquecer que está em território alheio. Achar-se íntimo de alguém que nem sequer conhece, é uma forma de arrogância. Quem o faz corre o risco de ser colocado porta afora e ter seu acesso negado.

Se isso significa ter personalidade forte, eu não sei; mas certamente, significa ter amor próprio, e não perder tempo com quem nada acrescenta. 





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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...