As pessoas fogem da melancolia de maneira compulsiva. Ninguém quer ficar sozinho. Ninguém quer escutar música clássica. Ninguém quer se lembrar de coisas tristes, pessoas que já se foram, momentos difíceis. Talvez seja por isso que esteja surgindo tanta música barulhenta e infernal nos dias de hoje: medo. As pessoas precisam de barulho para que não tenham que ouvir a si mesmas. E a música barulhenta de hoje é bem diferente da música barulhenta de anos atrás, pois o rock tinha um contexto, uma história, e letras significativas – na sua maioria. Algumas destas letras eram bem melancólicas, como “Love Hurts”, do Nazareth, “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin e “Bohemian Rapsody”, do Queen. Mas as letras de hoje, gritadas a plenos pulmões por pessoas que jamais poderiam ter se tornado cantores, só servem para acompanhar a mesma batida, que se faz presente em quase noventa por cento das canções. E elas não tem qualquer significado, e seu único objetivo é fazer barulho para matar qualquer possibilidade de silêncio. Eu as chamo de “Canções do Medo.”
Obrigada a tirar férias forçadas devido a uma conjuntivite que se agravou, eu passei uma semana inteirinha sozinha em casa, em dias chuvosos e atipicamente frios de verão. Quase não pude ir lá para fora. Nas poucas vezes em que pude curtir um pouco o meu jardim, o céu estava encoberto e havia chuva intermitente. Nada mais melancólico, e eu adoro.
Pude me sentar na minha cadeira de balanço, que fica na varanda, junto à porta de entrada da casa – local onde geralmente não tenho muito tempo de me sentar. E de lá, enquanto eu escutava chuva e passarinhos e observava meus cães brincando ali perto na grama, o pensamento começou a tornar-se autossuficiente, indo por caminhos que eu geralmente tento bloquear. E eu me lembrei de outras coisas, outras pessoas e outros tempos. Algumas dessas pessoas não estão mais aqui, o que me trouxe melancolia, mas notei que lembrar-me delas foi quase como tê-las aqui em minha casa, me visitando. Foi bom. E o medo da tristeza que me acomete quando eu penso nelas, cedeu espaço à memórias agradáveis, momentos tão felizes dos quais eu quase me esquecera devido ao meu esforço de não pensar mais em coisas tristes. Fatos e pessoas dos quais a gente tem mais saudades, são justamente os melhores, os que realmente valem a pena lembrar.
À noite, começou a chover forte; escolhi uma playlist de músicas clássicas no aplicativo, acendi um único abajur, fechei as cortinas e deitei-me no sofá da sala. A música estava tocando bem baixinho, e eu podia ouvir os relógios da casa funcionando. Há tanto tempo eu não sentia a casa tão minha! Eu costumo ter o hábito de falar com a minha casa, andar por ela – principalmente bem cedo pela manhã ou no final da tarde – e observar, sentir as energias, mudar coisas de lugar, acender incensos. Faço o que ela me pede. E ontem, ela me pediu para ficar quieta. Obedecê-la foi uma das melhores coisas que me aconteceram neste início de ano.
Porque tem coisas que a gente evita pensar. Atitudes que a gente ignora, porque não existem respostas para elas. As pessoas se transformam, e de repente, estamos diante de pessoas totalmente estranhas. Mas ontem eu percebi que eu também mudei, e que talvez estas pessoas estejam pensando o mesmo ao meu respeito! Não significa que deixamos de ser amados, ou de amar – mas que entramos em sintonias diferentes, e seguimos por caminhos diferentes que precisam ser seguidos. Nessas horas, é preciso soltar as amarras, deixar o barco ir e o mar nos levar para onde ele quiser.
Mas as canções do medo que tocamos fazem com que nós evitemos perceber tais sutilezas da vida. E assim, acabamos impondo a nossa presença em lugares que já não fazem mais sentido (e onde talvez nem sejamos mais bem-vindos), seja para nós ou para as pessoas que neles estão. Nós nos tornamos invasores da vida alheia. Ontem, o silêncio da casa e meus olhos fechados – com o auxílio luxuoso da música clássica – me fizeram chegar a conclusões essenciais para a minha vida. Aprendi que cada um acredita naquilo que quer, e interpreta a vida e os acontecimentos segundo a maneira como seus silêncios e ruídos lhes chegam – segundo aquilo em que eles estão prontos a perceber.
A melancolia desses momentos jamais deveria ser evitada. As palavras que crescemos acreditando terem conotações negativas – como desilusão, solidão, despedida, tristeza e melancolia – são justamente as que mais nos trazem aprendizado. Através da aceitação e vivência daquilo que estas palavras representam, aprendemos que a pessoa mais difícil, aquela sobre quem mais deveríamos aprender e suportar a convivência, somos nós mesmos. E quando assimilamos estas coisas, descobrimos que estar na própria companhia pode ser a mais agradável das companhias.
Começou no sábado pela manhã, no olho esquerdo, com um pequeno inchaço e vermelhidão. Ainda pude dar as minhas aulas. Porém, à hora do almoço, meu olho estava muito vermelho, e purgando um líquido viscoso e amarelo – pus. À noite, o outro olho já tinha sido contaminado. Ambos os olhos ficaram muito vermelhos, inchados e purulentos.
Não fui ao médico ainda, pois quem consegue um oftalmologista no final de semana? Decidi procurar um médico na segunda de manhã, sabendo que se eu quiser ser atendida, terei que desembolsar o valor de uma consulta, apesar de ter plano de saúde, ou então aguardar por um mês até o dia da consulta marcada coberta pelo plano. Achamos – meu marido e eu – que a emergência do hospital não poderia fazer nada pela minha situação, a não ser me mandar fazer o que estava fazendo, ou seja, banhar os olhos com soro fisiológico.
A conjuntivite me deixou de molho o fim de semana todo. Quem já teve, sabe o incômodo que ela causa. Não são apenas os olhos vermelhos, doloridos, inchados e lacrimejantes, mas também o fato de que a visão fica embaçada, e o aspecto é repugnante, além de que conjuntivite é uma doença altamente contagiosa. Acho que eu a peguei na sexta-feira à noite, ao acompanharmos uma pessoa à uma unidade da UPA aqui em minha cidade.
Mas tive bastante tempo, deitada no meu posto no sofá junto aos meus apetrechos de tratamento, para pensar no quanto a vida é frágil. Temos a tola mania de nos acharmos resistentes, fortes e até invencíveis algumas vezes; alguns de nós chegam a pensar em eternidade, imaginando o que ficará de suas “mensagens” quando não estiverem mais aqui. Já deixei de me preocupar com isso há muito tempo. Quando eu não estiver mais aqui, acontecerá o mesmo que ocorre à maioria das pessoas: serei esquecida, e tudo o que escrevei ficará perdido, até desaparecer ou ser requisitado por outro “autor.”
Meus olhos
Tantos planos para o fim de semana – almoçar fora, ir às compras no mercado, dar uma volta à pé pela vizinhança ou ter uma tarde agradável em frente à TV com meu marido e meus cães... como se o fato de fazer planos nos deixasse em uma posição segura, pois quem planeja seus dias é organizado e tem mais chance de ver seus planos se tornarem realidade. Isso é uma mentira. Planejar ou não planejar, quando a vida quer interromper alguma coisa ela simplesmente o faz, sem se importar com nossos planos, pirraças ou frases de efeito assimiladas em livros de autoajuda.
Há alguns anos, em 2011, meu jovem sobrinho morreu de câncer após um ano de lutas contra a doença. Todo mundo que o conhecia tinha certeza de que ele escaparia, porque era jovem e bonito, estava cheio de otimismo, seguia o tratamento à risca e sempre tivera hábitos de vida saudáveis. Não fumava nem bebia e gostava de praticar esportes. Enfim, como todos diziam, ele tinha a vida toda pela frente. Mas de nada adianta ter a vida toda pela frente se ela decidir que acabou.
Na verdade, não temos garantias de nada, de coisa alguma. Qualquer coisa, boa ou ruim, pode acontecer a qualquer pessoa a qualquer momento. E nem precisa ser alguma coisa muito grande – basta uma simples conjuntivite – para percebermos o quanto somos fracos, vulneráveis, e o quanto é ridícula essa mania de achar que coisas ruins estão reservadas a pessoas ruins. Coisas boas e ruins acontecem a todos. Nem mesmo os religiosos estão imunes aos desastres (se acham que estão, pensem no fim que muitos religiosos tiveram ao longo da história).
Acho que gostamos de acreditar que pensamentos positivos nos protegem; gostamos de nos enganar, afirmando que quem anda com Deus, está seguro. Isso nos deixa temporariamente mais corajosos, pelo menos, até que algo aconteça e prove o contrário. Não estamos seguros, e é preciso conviver com essa certeza todos os dias.
Mas insistimos em ter fé. A fé é a nossa garantia sem garantias. Sem ela, fica difícil ter coragem de tentar qualquer coisa. A fé é a nossa gasolina, o combustível que nos impulsiona para frente. Mesmo que o veículo possa quebrar a qualquer momento. A fé é como uma centelha dentro da gente que nos faz caminhar e acreditar que podemos realizar algumas coisas, apesar de tudo. Ela nos faz cruzar um tiroteio a fim de pegar o ônibus ou o trem que nos levará ao trabalho. Ela nos faz afirmar que um dia, haverá igualdade social - mesmo que nem todos estejam igualmente preocupados em trabalhar por ela, e que a maioria dos que por ela clamam, desejam obter tudo 'de graça' ou pegando de outros que trabalharam por condições de vida melhores.
A fé é boa, mas o excesso dela pode ser muito prejudicial. É justamente o excesso de fé que faz com que as pessoas sejam enganadas, colocando suas esperanças em quem se alimenta delas feito vampiros, mas disfarçados de salvadores. A fé exagerada deixa as pessoas cegas, promovendo o auto-engano.
Mas a verdadeira fé é o que faz com que as pessoas continuem acreditando que estão levando suas vidas, mesmo que a verdade seja que elas estão sendo levadas pela vida. A fé é o que nos faz acreditar que, mesmo sendo levados, chegaremos a algum lugar e a algum significado.
Daqui a alguns dias, estarei curada da minha conjuntivite; tenho esta fé. Mas não tenho a certeza. Esta, quem tem é a vida.
A escola de samba apelou: chamou de imbecis mais da metade da população do país. Falou de escravidão enquanto eles mesmos sequer assinam as carteiras das pessoas que trabalham em seus barracões durante o ano inteiro. Falou de justiça social enquanto eles mesmos jamais indenizaram as vítimas do acidente ocorrido durante os desfiles do ano de 2017, no qual um de seus carros feriu várias pessoas e levou uma ao óbito. Achei bizarro que, após tal acidente, a pista tivesse sido rapidamente liberada para que o povo pudesse continuar aplaudindo o restante do desfile. Me fez lembrar as arenas nas quais o povo antigamente se juntava para ver os leões devorando os cristãos.
E o Brasil aplaudiu. Ovacionou, elogiou, se emocionou com o verniz sobre a casca de podridão mais uma vez. Compartilhou nas redes, repetindo "Eu Sou Tuiuti" sem nem sequer parar para racionar sobre o que afirmavam. Ninguém mais se lembra do acidente. Ninguém mais se lembra de nada.
E a escola, que recebeu verbas da Lei Rounaet - ou seja, verbas governamentais - criticou o governo que a patrocinou. São ratos devorando ratos. O sujo criticando o sujo. O hipócrita falando de hipocrisia.
E vamos que vamos. Conseguiram ficar em segundo lugar, vencidos pela outra escola que falou dos dramas do país sem ofender mais da metade de sua população. Porém, mesmo esta escola, como todos sabem, é financiada por dinheiro sujo de jogo e do crime organizado. Mas o importante é aplaudir, é sambar, é colocar purpurina na frente dos olhos para não precisar enxergar. É negar o óbvio.
É disso que o povo gosta: purpurina. Palavras bonitas. Vitimização e mimimi. E o tiroteio corre solto nas ruas de quase todas as cidades do país. Mas tudo isso já virou rotina, e a indignação que uma bala perdida na cabeça de alguém nos causa, dura apenas cinco minutos - o tempo necessário para que o novo clipe da Anitta ocupe as redes sociais.
Se é pra ficar na chuva, vamos tentar ver o que ela traz de bom. Fechar os olhos para o lado ruim, mas abrir os braços para recebê-la, aguardando pacientemente pelo arco-íris que surgirá.
Há alguns anos, meu marido foi presenteado com um bonsai – para quem não sabe o que é, trata-se de uma técnica japonesa que faz brotar árvores em pequenos vasos. Deixei-a sobre uma mesa na sala de estar, mas ela começou a ficar amarelada – não sei como cuidar de bonsais, e naquela época, sequer teria tempo para pesquisar sobre isso. Decidi colocá-la na varanda, onde achei que, estando exposta à luz natural, ela ficaria mais feliz, o que provou ser verdade.
Dias mais tarde, um jardineiro que trabalhava para nós naquela época plantou-a em um canteiro atrás da casa. Só vi o que ele tinha feito quando ele já estava de saída, e me chamou, todo orgulhoso do canteiro que acabara de fazer. Ao ver o meu bonsai plantado no chão, tentei esconder minha decepção; afinal, não queria magoá-lo.
Um dia, ele foi embora, e outro jardineiro começou a trabalhar aqui. Àquela altura, o bonsai já tinha crescido alguns centímetros, e pedi a ele que o transferisse para um vaso maior, pois o canteiro em questão não tinha espaço para uma jabuticabeira – acho que me esqueci de mencionar que o bonsai era uma jabuticabeira, árvore frutífera que pode crescer muito. E lá ele permaneceu até o último sábado.
O vaso estava próximo à porta de entrada da casa, e todos os dias, ao passar por ele, eu via aquela árvore querendo ‘ser’, querendo crescer e transformar-se no que ela verdadeiramente nasceu para tornar-se: uma jabuticabeira alta e frondosa, os frutos colados aos galhos e tronco, alimentando centenas de passarinhos. Aquilo estava começando a me deixar angustiada, não sei bem porquê. Ela parecia querer jogar-se para fora do vaso. Várias vezes tentei convencer meu marido a plantá-la no chão, mas o nosso terreno não é grande, e já temos nove árvores plantadas nele. Meu marido dizia: “Não, já temos árvores demais! Daqui a pouco não conseguimos chegar à porta da casa, e isso aqui vai virar uma floresta!”
Mas finalmente, na última sexta-feira, nosso amigo e atual jardineiro conseguiu convencer meu marido, e o ex-bonsai foi plantado no chão. Tive a impressão de que ele se libertou; os galhos se abriram mais, e a pequena árvore parecia sorrir. Desde então, uma cambaxirra tem pousado nos galhos todos os dias, talvez sonhando com o dia em que eles estejam cheios de frutinhas. Olhando para ela agora – apenas três dias após ser plantado – já percebi brotinhos rosados de novas folhas que estão nascendo. Acho que ela vai crescer rápido!
Observando o meu ex-bonsai, concluí que todo mundo precisa de espaço para ser o que é. Às vezes, somos colocados em vasos apertados, talvez até por pessoas bem-intencionadas que acham que sabem o que é melhor para nós. Nem percebemos o quanto nos tornamos atrofiados, meros objetos de decoração nas vidas de tais pessoas, que nos exibem com orgulho enquanto nos impedem de sermos quem somos. É preciso que nos plantemos no chão; não teremos mais o conforto de sermos regados e adubados; precisaremos aprofundar nossas raízes e colhermos, nós mesmos, o nosso alimento das profundezas da terra. Porém, tal esforço fará que cresçamos tudo o que temos para crescer, e nos tornemos seres férteis, livres e completos.
P.S: Este bonsai já foi citado em uma outra crônica, "Adeus, Bonsai."
Nascido em Dublin, Irlanda, em 16 de outubro de 1864 – falecido em Paris, França, em 30 de novembro de 1900.
Oscar Wilde é um de meus autores favoritos, não apenas devido ao teor imaginativo de suas histórias, mas também pelo seu espírito livre e avançado demais para sua época, sua franqueza, seu humor sardônico e senso crítico. Apesar de ter se casado e tido dois filhos, Wilde era homossexual não-assumido (assumir a homossexualidade na Inglaterra naqueles tempos significava prisão, pois a homossexualidade era considerada um crime). Ao ser denunciado pelo pai de seu jovem amante, porém, ele não viu outra saída senão assumir sua condição, sendo preso e banido da sociedade britânica.
Seus filhos e esposa deixaram a cidade, assumindo um novo sobrenome a fim de escapar à desonra.
Todos conhecem seu livro mais famoso, “O Retrato de Dorian Gray,” no qual ele fala de um personagem belíssimo, que a todos atraía na sociedade, mas que por dentro, era vil, mesquinho, egoísta, insensível e ambicioso. Porém, toda a sua feiura verdadeira expressava-se em um quadro que ele mantinha escondido em seu quarto, cujo retrato envelhecia e tornava-se cada vez mais feio, enquanto Dorian Gray conservava sua beleza e juventude. Creio que Dorian Gray expressa muito da alma humana, que vive de aparências enquanto esconde seus verdadeiros sentimentos, interesses e pensamentos.
Li também a sua comovente fábula, “O Príncipe Feliz,” uma história para crianças com um fundo de moral, que fala da amizade entre um pássaro e a estátua de um príncipe, que postada no alto de uma cidade, começa a doar suas pedras preciosas e sua cobertura de ouro para ajudar os moradores da cidade.
Em sua obra “A alma do Homem Sob o Socialismo,” Oscar Wilde afirmou que "A maioria das pessoas estraga suas vidas com um altruísmo insalubre e exagerado - são forçadas a isso, de fato, e assim são estragadas": ao invés de perceber seus verdadeiros talentos, gastam seus tempo resolvendo problemas sociais causados pelo capitalismo, sem eliminar a causa comum deles. Assim, pessoas preocupadas "séria e muito sentimentalmente dão a si mesmas a tarefa de remediar os diabos que vêem na pobreza, mas seus remédios não curam a doença: eles meramente a prolongam".
Declarava ser necessária a criação de uma sociedade que banisse a pobreza. Porém, ele mesmo jamais contribuiu para alguma causa social, e passou a vida preocupando-se mais consigo mesmo e satisfazendo os próprios desejos do que o contrário.
Mas minha leitura favorita, é “De Profundis,” que são cartas ressentidas que Oscar Wilde escreveu a seu amante, Lorde Alfred Douglas, durante os dois anos que passou fazendo trabalhos forçados na prisão de Reading por ser homossexual.
Durante seu julgamento, após ser pressionado, Oscar Wilde admitiu sua homossexualidade e proferiu um discurso tocante:
“Esse amor é a grande afeição de um homem mais velho por um homem mais jovem, como aquela que houve entre Davi e Jônatas, o amor que Platão tornou a base de sua filosofia, o amor que se pode achar nos sonetos de Miguel Ângelo e Shakespeare. Tal amor é tão mal compreendido neste século que se admite descrevê-lo como o ‘amor que não ousa dizer seu nome’. Ele é bonito, é bom, é a mais nobre forma de afeição. Não há nada nele que seja antinatural. Ele é intelectual, e repetidamente tem existido entre um homem mais velho e um homem mais novo, quando o mais velho tem o intelecto e o mais jovem tem toda a alegria, a esperança e o encanto da vida à sua frente. O mundo não compreende que seja assim. Zomba dele e às vezes, por causa dele, coloca alguém no pelourinho.”
Enquanto esteve preso, Oscar Wilde experimentou a solidão e o abandono daqueles que diziam-se seus amigos. Não foi visitado sequer por seu ex-amante, que, segundo Oscar Wilde, levou-o à ruína financeira. Ao deixar a prisão, apenas seu amigo íntimo, Robert Ross, foi encontra-lo. Dali em diante, vivendo em ruína financeira, passou a viver em hotéis baratos, sofrendo de sífilis, meningite e alcoolismo, e finalmente recebendo o perdão da Igreja Católica em seu leito de morte.
Fontes: Wikipedia
Revista Cult
ALGUMAS FRASES CÉLEBRES:
“Frequentemente tenho longas conversas comigo mesmo, e sou tão inteligente que algumas vezes não entendo uma palavra do que estou dizendo.”
“Sou contra os noivados muito prolongados. Dão tempo às pessoas para se conhecerem melhor, o que não me parece aconselhável antes do casamento.”
“Por detrás da alegria e do riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas por detrás do sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do prazer, a dor não usa máscara.”
“Posso resistir a tudo, menos às tentações.”
“Tenho gostos simples. Me satisfaço com o melhor.”
“Nenhum grande artista vê as coisas como realmente são. Caso contrário, deixaria de ser um artista.”
“A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.”
“Um cínico é um homem que sabe o preço de tudo, mas o valor de nada.”
“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”
“É o que você lê quando não tem que fazê-lo que determinará o que você será quando não puder evitar.”
“A experiência não tem valor ético algum, é simplesmente o nome que damos a nossos erros.”
“O mundo é um palco, mas o elenco é mal escolhido”
Vamos ler sem preconceitos - afinal, é um livro que pode ser classificado sob o temido selo de auto-ajuda. Do livro "Deixe as Preocupações de Lado e Viva em Harmonia," por Anselm Grün, da abadia de Münsterschwarzach, Alemanha:
"As pessoas que esperam demais da vida encontram dificuldades em aceitar a própria vida. George Bernard Shaw encontrou um caminho para entrar em sintonia com a sua vida: 'Aprendi a não esperar demais da vida. Este é o segredo da verdadeira serenidade e o motivo pelo qual tenho surpresas agradáveis em vez de decepções tristes.' Como não cria ilusões e não deixa o êxito de sua vida depender de determinadas expectativas, ele permanece em sintonia consigo mesmo. Consegue ser sereno e relaxado interiormente, e grato pelas agradáveis surpresas que a vida sempre lhe prepara."
Zeca pagodinho disse algo parecido: "Deixa a vida me levar, vida, leva eu!"
Acho que sob a perspectiva de um olhar apressado, estes dois autores - Grün e Pagodinho - podem ser considerados conformistas ou conformados. Mas não é assim. É claro que devemos tentar sempre obter aquilo que desejamos da vida, e geralmente, estas coisas são bem comuns para todos nós: todos queremos ter uma casa própria, saúde, um bom trabalho, alegrias dentro da família, amigos verdadeiros, enfim, somos bem parecidos. Acho que o erro, que nos causa ansiedades desnecessárias, é quando colocamos nossos objetivos como CONDIÇÕES para sermos felizes.
É certo que algumas coisas alcançaremos, e outras, não. Acho equivocada essa filosofia pseudo-holística moderninha que afirma: "Você pode tudo!" Não, não podemos tudo! Certas coisas estão e sempre estarão fora do nosso alcance. Alguns nascem para serem ricos, outros não; alguns desejam ser famosos, mas não têm o talento ou a sorte necessários para tal; Uns desejam ardentemente que determinada pessoa se apaixone por eles, quando isso nunca vai acontecer. Aprendi que existem mais coisas impossíveis do que possíveis nesta vida, mas quando realizamos algo através do nosso esforço, temos a sensação equivocada de que realizamos o impossível. Não; realizamos apenas o que é possível.
Em "A Última Cantiga," um de seus mais belos poemas, Cecília Meireles escreveu:
'Ainda que sendo tarde e em vão,
perguntarei por que motivo
tudo quanto eu quis de mais vivo
tinha por cima escrito "Não".'
E ela estava absolutamente certa: a maioria das coisas que desejamos, têm um "não" escrito por cima. Eu penso que devemos ter sabedoria e serenidade para desejar as coisas que trazem um "sim" ou um "talvez" em suas essências. E elas são aquelas que nos enriquecem, e que utilizam os músculos da nossa vontade sem que os arrebentem. São as que nos trazem uma alegria simples e verdadeira, e não noites de angústia e sensações de impotência; as coisas possíveis têm sempre um sabor que desce macio pela garganta, elas não causam inveja ou frustração. Não perco o pouco tempo que me resta de vida correndo atrás de quimeras: tento aproveitá-lo com o que ele me traz e com o que posso obter.