Eu não minto a minha idade,
No entanto, pinto o cabelo.
Digo quase sempre a verdade,
E às vezes, me calo - por zelo.
Acho que a rima do poema
Pode ser pobre, porém
Que o poema seja rico
Pois só assim me convém.
Não finjo espiritualidade,
Nem sei no que acredito...
Mas sinto que existe um quesito
Que dá ordem ao universo;
Tento captá-lo em um verso,
Mas ele sempre me escapa!
Acredito, é a própria vida,
Mas a vida também mata.
Lá fora, sou muito calada,
Mas assaz espetaculosa
Se dentro da minha casa.
Aqui, eu rodo a baiana,
Lá fora, eu saio de cena
Se eu sinto que não vale a pena;
Economizo energias
Para gastar com alegria.
Não gosto de perfeição,
Abomino as linhas retas...
Talvez, por essa razão,
Eu tenha nascido poeta.
Minha casa é meio-Frida,
Calo as bocas, e derramo
As cores que eu mesma escolho
Por achar serem bonitas.
Eu sou fã de shopping center,
Adoro o conforto e a beleza.
Amo gastar o que eu ganho
E andar pela cidade...
Mas aqui, perto do mato,
De encontro à natureza
É que me bate a certeza
Que a paz é simplicidade.
Às vezes, penso demais
Não sou muito de falar...
Mas eu adoro escrever
Aquilo que a vida me dita.
Minha letra se transforma
Em tudo que eu quero dizer.
Nem todo mundo aprecia,
Mas não paro de escrever.
Não tenho medo da morte,
Mas não amo envelhecer...
Viver muito não é o mesmo
Que aprender a viver.
Se a minha hora chegar,
Quero ir sem qualquer culpa,
Sabendo que lutei minha luta,
Tentei sempre melhorar.