É comum a todo ser humano, após passar por alguma experiência traumática, dizer coisas como: “Nunca mais faço isso!” ou “Nunca mais eu me apaixonarei de novo!” e “Nunca mais terei outro cachorro!” Não queremos repetir as experiências negativas que o fim sempre traz. No momento em que estamos sofrendo, só pensamos no que está sendo ruim e tendemos a esquecer o que foi bom, os momentos felizes que aquela convivência nos trouxe. Talvez, se pudessem lembrar-se do que foi bom, as pessoas não odiassem tanto os seus ex. Quem sabe...
Nem percebemos que, se a separação ou o fim de alguma situação nos dói tanto, é porque foi bom! E quando nos recusamos a tentar novamente, a começar de novo, nos protegemos não apenas das dores, mas também das alegrias que as coisas trazem. E estas últimas são geralmente bem maiores – nós é que temos sempre a estranha mania de focar no que é ruim.
Depois que choramos pela despedida, depois que nos acostumamos à ausência de algo ou de alguém que se foi, as feridas começam a cicatrizar, e a vida (ou o instinto de sobrevivência) nos força a começar a pensar em procurar a felicidade novamente; se isto não acontecer, é porque nossas almas adoeceram, e precisamos de ajuda para superar. E muitas vezes, o melhor remédio para superarmos uma perda, é dar-nos a chance de começar tudo de novo, com pessoas ou coisas novas, e em outros lugares, talvez.
Por isso, estamos trazendo para casa um novo cão. Mootley (como naquele desenho animado onde Dick Vigarista sempre grita, ao meter-se em alguma enrascada: “Mootley! Faça alguma coisa!” E o cachorrinho, cobrindo a boca, começa a dar risadas). E eu sinceramente acredito que Mootley fará mais que apenas alguma coisa por nós: ele trará de volta à casa a velha alegria de uma presença que é mágica e confortadora. Ele trará de volta a inocência, a espontaneidade, a simplicidade e o deslumbramento que significa a presença de um cão para aqueles que, como nós, amam os animais.
Ninguém jamais substituirá nossos antigos cães; eles tem presença cativa em nossos corações, e seus nomes estão escritos nas pedras do jardim, no buraco da cerca viva por onde eles passavam (que nunca mais voltou a crescer), nas imagens que registramos dos muitos momentos felizes que vivemos ao lado deles, nos brinquedinhos que guardamos de lembrança, enfim, nas nossas memórias. Jamais os esqueceremos ou deixaremos de amá-los e de nos lembrarmos deles com todo carinho e saudade. Mootley não os substituirá, e nem pretendemos tal coisa. Ele virá para ocupar o seu próprio lugar e escrever sua própria história na história de nossas vidas.