Acordo mais tarde, por volta das oito da manhã. O marido ainda dorme.
Olho lá para fora, abrindo uma greta entre as cortinas, e vejo o gramado cheio de folhas secas esperando para serem varridas. Silêncio, pois quase todo mundo dorme até mais tarde aos domingos.
Desço; na sala, a baguncinha deixada pelo sábado: almofadas espalhadas, coisas em desordem sobre a mesa de centro. Pelos de cachorro no assoalho. Na cozinha, algumas louças que não foram lavadas. Abrir janelas, arrumar tudo?... Espreguiçar-me. Hoje, não vou sair para caminhar... preguiça. Tempo nublado, friozinho leve...
A casa no domingo de manhã é sempre tão serena! Não há a preocupação de correr para arrumar tudo antes dos alunos começarem a chegar. Posso andar pela casa de pijamas e chinelos, espreguiçando-me calmamente, ou sentar-me na varanda com um livro por uma boa meia-hora... quem sabe, uma ou duas? Depois eu arrumo; depois eu faço tudo. Depois...
Há que se aproveitar a vida, e para mim, aproveitar a vida significa desfrutar desses momentos pequenininhos, em silêncio, só os passarinhos e raios ainda úmidos do sol... andar pela minha casa, a casa que eu conheço e aprendi a amar. Olhar nos olhos do meu cão ainda cheios de soninho, acariciar a sua barriga, ver se aquela rosa já abriu.
Depois, fazer café e sentar-me ao computador, ainda com a xícara, para escrever um pouquinho.
Pressa? Pra quê?