O riso permanece,
Um selo sobre a face
De uma língua que mingua
Tal qual lua abandonada
Num céu escarlate
(E vê-se sempre cheia.)
Em volta, as estrelas.
E quando a língua arde,
A lua se parte,
Derrama-se em lavas frias
A recitar
Sobre o que não sabe.
Tão sem brilho,
Tão sem arte!...
Trem sem trilhos,
Canção
Sem estribilho...
A língua da lua
Passa nua,
Lambendo todo o mel
Que encontra no céu,
Sôfrega
E desesperada,
Desiludida...
E as coisas que ela cita,
Embebidas na sua cicuta,
Caem como lavas
Esfriadas
Sobre um solo batido
Onde não brota nada.
-Ah, coitada da lua,
Coitada!...
Perdia-se nas rimas
De uma poesia
Sempre inacabada!