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sábado, 22 de fevereiro de 2014

ACROSS THE UNIVERSE - RESENHA



Imagem: Google




RESENHA
ACROSS THE UNIVERSE
MUSICAL – ANO: 2008 – Revolution Studios
DIREÇÃO: Julie Taylor
ELENCO: Jim Sturgess (Jude) , Evan Rachel Woods (Lucy), Joe Anderson (Max), Dana Fuchs (Sadie), Martin Luther MacCoy (Jojo), T.V. Carpio (Prudence); participações de Joe Cocker e Bono Vox.

Obs: não-recomendado para quem não for fã incondicional dos Beatles.


Anos sessenta; o mundo, um caldeirão onde cozinham mudanças e revoluções. No meio de todos aqueles acontecimentos que mudaram radicalmente toda uma geração, Jude e Lucy se apaixonam. Ele, de origem proletária, nascido em Liverpool e criado pela mãe, decide largar sua vida e ir até Nova Iorque em busca do pai que nunca conhecera. Lucy, uma estudante de classe média alta que vive a vida como em um conto de fadas, logo vê seu castelo ruir ao saber que seu namorado, enviado ao Vietnã, não mais voltará.

Across the Universe é muito mais que um musical produzido apenas com músicas dos Beatles; é o relato histórico de uma época em que os Estados Unidos entraram na guerra do Vietnã, causando passeatas de protesto que chegaram a reunir seiscentas mil pessoas, e vários outros acontecimentos que tomaram de assalto a antes patética, apática e hipócrita sociedade americana, como o assassinato de Martin Luther King, a Kul Klux Klan, os Panteras Negras, a revolução feminista, sexo, drogas e muito ‘rock and roll.’

Naquele contexto de intensas mudanças, um grupo de jovens se encontra e passa a dividir um velho apartamento na Big Apple, e assim suas vidas se entrecruzam para depois tomarem diferentes rumos. Lucy torna-se uma manifestante contra a guerra do Vietnã quando seu irmão Max é convocado. Passa a tomar parte ativa nas manifestações – o que começa a afastá-la de Jude – mas logo vem a desilusão ao chegar ao comitê de manifestantes e vê-los fabricando bombas. Ela para à porta decepcionada, e diz: “Eu pensei que fossem eles que jogassem as bombas.”

Impossível não associar esta cena do filme ao que hoje acontece durante as manifestações no Brasil: o idealismo sincero transformado em massa de manobra, incitando a violência e a corrupção que tanto primava por combater.

O visual dos personagens Sadie e Jojo são baseados em Janis Joplin e Jimmi Hendrix. Sadie é vocalista, e tem o mesmo tom de voz rouco de Joplin, enquanto Jojo é o guitarrista de sua banda – quase uma cópia fiel de Jimmy Hendrix. Os nomes dos personagens também são todos tirados de canções dos Beatles - Sadie, Jo-jo, Lucy, Prudence, Max e Jude.

Destaque para a participação de Bono Vox cantando “I Am the Walrus”. Momento psicodélico que retrata fielmente as ideologias dos anos sessenta.

Um filme lindo, inesquecível, importante, indispensável. As canções dos Beatles ficaram perfeitamente adaptadas ao contexto do filme, e as interpretações, memoráveis. Quando o filme termina, ficamos durante algum tempo ainda sentados no sofá, os pelos dos braços arrepiados, a emoção presa na garganta e uma saudade enorme de uma época na qual tudo aconteceu. Mesmo que não a tenhamos vivido pessoalmente.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Sobre a Felicidade






"A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez."
Friedrich Nietzsche


"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho."
Mahatma Gandhi


"Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria."
Khalil Gibran


"Um homem pode viver feliz com qualquer mulher desde que não a ame."
Oscar Wilde



"Meu conselho é que se case. Se você arrumar uma boa esposa, será feliz; se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo."
Sócrates




"Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflete o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste."
Fernando Pessoa




"A felicidade só cria recordações."
Honoré de Balzac




"A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz."
Sigmund Freud


SORRISO


Nada me disse o teu sorriso
Preciso,
Forjado,
Tão isento de mágoas,
Afogado nas águas
Dos teus nadas.

Consolação que eu não pedi,
Solidariedade forçada,
Sorriso fúnebre,
Daqueles que passam nos velórios,
Sob as ceras das velas
Apagadas.








quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Luz Acabou!




Nem houve uma tempestade; eu esperava pelo último aluno do dia, quando mais ou menos às seis e trinta da tarde de repente a luz acabou. Meu marido já tinha avisado que chegaria um pouco mais tarde, e percebi que teria que ficar esperando por meu aluno sozinha no escuro - isto é, com a Latifa, que por incrível que pareça, também não gosta da escuridão.

Ainda havia a luz do crepúsculo, o que me deixou tempo suficiente para procurar velas e fósforos. Acendi as velas da varanda, três castiçais que pendem das vigas do telhado. Depois, acendi as velas que tenho sempre em volta da lareira e as seis velas dos castiçais da sala de jantar; ainda acendi uma outra sobre a pia da cozinha e mais uma na mesinha de centro da sala de estar; pronto!

Fui lá para fora aguardar a chegada do aluno, já que a campainha não estava funcionando por falta de eletricidade. Esperei, esperei... e ele estava bem atrasado; consegui trocar mensagens e decidimos cancelar a aula, já que a luz não voltava. 

Suspirei fundo: já estava bem escuro por volta das sete horas. Da garagem, olhei para a casa iluminada pelas velas, no meio da escuridão total e absoluta do jardim. Aqui, quando a luz acaba, fica tudo negro. O céu estava nublado e não dava para ver as estrelas ou o luar. Senti um certo pânico, pois não gosto de escuridão. Mas de repente, passou um vaga-lume, e depois outro. Fiquei encantada, olhando-os... esqueci do meu medo de escuro.

Desci as escadas e entrei na casa. A luz de velas dava a tudo um ar solene e mágico. Sentei-me no sofá, olhando em volta sem sentir qualquer desconforto. Lá fora, a escuridão parecia ser uma barreira que transformava minha casa em algum lugar separado do mundo real, isolado na atmosfera alternativa de alguma terra distante.

Adormeci, e quando despertei, a luz havia voltado. E eu estava de volta ao mundo real. Levantei-me e fui apagar as velas.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Brincar de Poesia



Poesia é coisa livre,
Nos chama para brincar
Seja de riso ou de dor,
Poesia é o que é amar...

Poesia é brincadeira,
Fogueira de São João
Sobre a qual, à meia-noite,
Pula sempre um coração.

Poesia não tem dono,
A não ser o sentimento;
Nasce livre, e sempre cabe
Dentro de qualquer momento.

Poesia é navegar
Nas águas de um mar que é doce...
Levar a concha aos ouvidos
Escrever - fosse o que fosse!

Momento de pura graça
Sem barreiras ou grilhões;
Poesia só agrada
Se brotar nos corações.

Poesia é sempre livre,
Não tem dono nem senhor...
Nasce do que traz a vida,
Seja riso ou seja dor.

Ela é sempre democrática,
Seja qual for a temática...
Poesia é fantasia,
Sem grilhões, jamais estática!

Pode ter métrica ou rima,
Mas o arremate final
Tem que vir sempre das linhas
De um sentimento abissal!

Poesia é a expressão
Mais profunda, mais bonita
Nasce em todo coração
Que queira cantar a vida!




É TÃO FÁCIL ODIAR!




Hoje em dia, principalmente porque vivemos em uma era tecnológica na qual ideias e pensamentos transitam livremente, chegando aos lugares mais distantes, odiar tornou-se muito fácil; por exemplo, basta que alguém diga ou escreva: "Não concordo com você." Esta curta frase é suficiente para causar desentendimentos, transtornos e discussões sem o menor sentido! 

As pessoas acham-se donas das ideias, e inflamadas por um ego que desconhece limites, acham-se no direito de impô-las; motivadas pelo anonimato, tecem comentários equivocados sobre a vida de pessoas que não conhecem, e desenham sobre seus rostos as piores feições, tracejadas de desejos de vingança. Chegam a proferir ameaças de agressões físicas e surras, desencadeando uma trilha de desamor e maledicências contra seus desafetos, angariando súditos que passam, através de sua influência, a também odiar aquela pessoa - que nem sequer conhecem.

Acredito que pessoas que agem desta maneira talvez estejam mal consigo mesmas. Desejam encontrar alguém que lhes sirva de bode expiatório para tudo o que há de errado em suas vidas. Qualquer observação ou comentário alheio servem de rastilho de pólvora para que possam explodir e aliviar suas tensões.

É tão fácil odiar! Novamente, estes pensamentos me fazem lembrar de uma conversa que tive com uma senhora espírita, que me advertiu: "Hoje em dia, o mal paira sobre nossas cabeças, procurando por uma brecha para que chegue até nós e cause danos irreparáveis. Antigamente, quando alguém desejava influenciar a outros espiritualmente, recorria a trabalhos de magia negra; hoje, basta desejar o mal, e ele prontamente faz seu trabalho; mas atinge também aquele que buscou lançá-lo contra alguém. É preciso tomarmos muito cuidado com o que pensamos e falamos." O que ela disse ficou gravado em minha cabeça.

É admirável (no mau sentido) a capacidade que as pessoas tem de odiar alguém, com todas as forças, apenas porque suspeitam de algo que só está dentro de suas cabeças, mesmo sem qualquer embasamento. Elas não desejam esclarecer mal-entendidos; não é este o seu propósito. Querem apenas dirigir todo o ódio e frustração que carregam dentro de si contra algum alvo. Escolhem-no e atiram. Depois, fazem-se de vítimas. Tentam fazer com que o maior número possível de pessoas se voltem contra seu desafeto, e quem se recusar a fazê-lo, passa a ser ignorado ou igualmente atacado.


Passam também a tentar  ofender os outros pelo que expõe sobre sua idade, aparência física ou outra característica que pode até nem ser real, incentivando outros a praticar o mesmo bullying que praticam. Não percebem que agindo desta forma, estão ofendendo também todas as pessoas que se encontram na mesma situação que seu alvo - que são mais velhas, ou que estão acima do peso, que são mulheres ou que não são mestres em literatura (sendo que o pretenso ofensor também não é, embora se veja como tal). Se esquece que ele mesmo está se encaminhando para a velhice, e que daqui a poucos anos, será velho, podendo ele mesmo estar acima do peso ou perder a saúde.


É... odiar é muito fácil. Às vezes, basta que alguém tenha alguma coisa que ele - o que odeia - não possui, seja um talento, um estilo de vida, ou pessoas que o admiram. 


Se amar fosse tão fácil quanto odiar, o mundo de hoje não estaria na situação em que se encontra.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

COISAS QUE O VENTO TRAZ





TRISTE FLOR




Triste, triste, triste flor
A debruçar, sobre o muro
Pétalas brancas de dor!

Vem a chuva, e as recolhe
Tolhe sua florescência...

Triste, triste, triste flor!
No meio-fio da calçada,
Murchas manchas de amor...

Vem o vento, e as assopra,
Espalham no ar sua essência...

Triste, triste, triste flor!
Tua vida derramada,
Buquê transido de adeuses,
Murchas ausências sem cor...




FLORBELA

Florbela Espanca | Docilda



Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...


Aos olhos dele

Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.

Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!

Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:

Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!

... Fel: Ficção e performance no Diário íntimo de Florbela Espanca


Eu ...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!


domingo, 16 de fevereiro de 2014

DOAR






Existe um momento em que o espaço nos armários fica pequeno demais; difícil encontrar as peças de roupa, os sapatos, as bijuterias e jóias. Tudo passa a exalar aquele característico aroma de mofo e de coisa guardada.  Às vezes, caminhar pela casa passa a ser uma aventura que consiste em desviar de móveis e objetos de decoração que atravancam o caminho, e fazer uma limpeza pode levar dias a dias devido ao grande número de adornos e mobília.

É hora de doar.

Penso que sempre que algo novo entra pela porta da casa, algo usado da mesma categoria deve sair. Isto ajuda a manter o espaço harmonizado e limpo, além de fazer um bem tremendo a alma da gente - doar coisas que não usamos mais, quando em bom estado, significa preencher uma falta na vida de alguém que necessita daquele objeto.

Doar é bem mais do que simplesmente livrar-se de algo que atrapalha: deve ser um gesto que venha  do coração. Não significa caridade alguma, pois a caridade verdadeira está em doar aquilo que mais precisamos. Mas pode significar um pequeno gesto de solidariedade. Faz bem à casa e à alma.

Achei sensacional a ideia de um site de compra e venda, cuja 'tagline' é: "Desapega, desapega!" Doar é desapegar-se. 



Uma Mulher à Moda Antiga





Acredito que eu seja uma mulher à moda antiga. Gosto muito quando um homem me cede o lugar em um espaço público, ou permite que eu adentre um ônibus ou sala diante dele. Gosto quando meu marido faz questão de pagar a conta do restaurante sozinho e me ajuda em pequenas tarefas caseiras. Acima de tudo, adoro quando vejo cavalheirismo genuíno, sem segundas intenções, aquele que vem do berço, da boa educação e de um sentimento de solidariedade ao próximo - seja o próximo homem ou mulher.

Infelizmente, homens assim fazem parte de uma rara categoria hoje em dia... o que mais vemos, são jovens que dirigem-se a garotas chamando-as de 'popozudas', 'cachorras' e outros codinomes menos honrosos. Pior de tudo: elas sentem orgulho ao serem desvalorizadas desta maneira. Há homens que furam filas, empurram mulheres e dizem palavrões diante de senhoras e crianças, desrespeitando o espaço comum e a sociedade onde vivem.

Hoje em dia, o apelo sexual parece ser a 'qualidade' mais valiosa de uma mulher ou de um homem. A todo momento, vemos homens que se referem ao tamanho do seus penduricalhos ou à sua performance sexual (geralmente impecável, embora não endossada por mulher alguma) ou até à sua capacidade de gerar bebês como prova de sua masculinidade... eu penso que os que assim agem, não tem mais nenhum valor moral ou sentimental, ou qualquer capacidade de argumentação que lhes reste; além disso, apenas demonstram seu machismo e sua tremenda falta de educação e sensibilidade. Não percebem que, ao ofenderem uma mulher referindo-se ao tamanho do seu corpo, ofendem também a todas as outras mulheres que se enquadram na mesma categoria. E ao oferecerem seu penduricalho como prova de masculinidade, degradando a moral de uma mulher, degradam a moral de todas as outras mulheres - inclusive a de sua própria esposa.

Alguns homens ainda tentam criar a imagem machista de donos da verdade e superioridade intelectual às mulheres através do pênis apenas porque não tem mais nenhum argumento que os suporte. Agem como maricas, difamando e insultando a imagem de pessoas que nada lhe fizeram apenas porque sua baixa autoestima determina que pisem e esmaguem antes de serem pisados e esmagados. São covardes.

Infelizmente, o cavalheirismo está agonizando na UTI da vida. Talvez a causa mortis sejam a arrogância e a falta de educação.


PS: este é um texto de desabafo. Se você, homem, não se encaixa nesta triste categoria a qual me refiro, não se sinta ofendido.



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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...