sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Aquilo que Tocas
Pensas, com orgulho, que tu me decifras,
Como se eu fosse a frágil rosa em jardim sórdido,
Que achas - despetalas entre os dedos mórbidos...
Ah, como te enganas com tuas armadilhas,
Eu estou além da trama que dedilhas,
E que esticas sempre, tentando me reter!
Mas se te divertes, assim, eu o permito,
Melhor teu verso torto, que teu agudo grito
Qual o rito de quem nada tem de útil a dizer!
Queres que eu morra, mas Deus é quem decide,
Enquanto isso, eu vivo, e passo, e tu denigres
O que jamais, em vida, hás de compreender...
E aquilo que tu pensas transformar em podre,
E jorra da tua boca, e cai em torpe odre,
No fundo, é intocável, e gargalha de ti...
E é essa a tua raiva; a de não seres, enfim,
Nada que tu possas associar a mim,
Insignificância - és tu, a debater-se...
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Minha Árvore de Natal
Esta é a minha árvore de natal. Mais um ano em que eu a enfeito... e mesmo sem muita vontade, acho essencial que a gente tenha uma árvore de natal em casa, pois ela nos lembra coisas boas: solidariedade, amor, outros natais felizes que já tivemos. Para mim, a árvore de natal representa também a esperança.
Apesar de ter tido muitos acontecimentos tristes próximos à época do natal, eu não vou deixar de enfeitar minha casa nunca! Faço-o não somente por mim, mas em lembrança aos que já se foram e não estão mais presentes fisicamente. E cada enfeite que eu penduro na árvore, dedico a cada pessoa que amo, um pensamento de saúde, prosperidade e alegria. Porque é exatamente isto que eu desejo a todos, e apenas isto.
Agora, minha sala de estar está bem mais bonita e aconchegante.
A Rosa Amarela - Conto
A ROSA AMARELA
Era uma vez uma rosa amarela. Nada de especial, em ser uma rosa amarela, já que há muitas por aí... e existem vários tons de amarelo: claros, escuros, alaranjados... amarelos como o sol, iluminados, ou amarelos pálidos e sem vida. Mas no fundo, todos os amarelos são amarelos.
Mas voltemos à nossa rosa amarela: ela tinha sido plantada por um habilidoso jardineiro em um lindo jardim, onde havia várias outras espécies de rosas e de flores. Cada uma mais linda que a outra, em cores e perfumes tão variados, que ficaria muito difícil elaborar uma lista. Cada espécie ficava em um canteiro diferente, e os canteiros eram muitos, muitos... havia canteiros de margaridas brancas, monsenhores brancos e monsenhores amarelos, papoulas vermelhas, roxas e amrelas, lírios brancos e lírios amarelos, agapantos roxos, miosótis azuis, violetas lilases e violetas cor de rosa, enfim, cada flor com suas iguais. Mas a nossa rosa amarela – a especial, que dá título a esta história – tinha sido plantada pelo jardineiro bem no meio de um canteiro de rosas vermelhas. E eram lindas rosas vermelhas! Suas pétalas pareciam aveludadas.
A rosa amarela, que havia sido plantada mais tarde, nunca tinha se dado conta de que era diferente, e viveu feliz até que seus botões começaram a abrir-se. Imediatamente, as rosas vermelhas passaram a evitá-la; não viam que elas mesmas também tinham lindos botões vermelhos que se abriam ao mesmo sol e ao mesmo vento. Achavam que a rosa amarela era diferente, atrevida (como ousava espalhar sua luz amarela em um jardim onde só havia vermelho?), e assim, as rosas vermelhas passaram a comentar que a rosa amarela era muito esquisita, orgulhosa e estranha.
A rosa amarela bem que percebia que havia alguma coisa errada, pois quando ela florescia, as outras rosas não vinham correndo para dizer o quanto seus botões eram bonitos, como elas faziam entre elas. Mas quando as rosas vermelhas floresciam, a amarela estava sempre lá, dando uma força, elogiando a beleza e o perfume das rosas, e desejando que cada vez mais rosas vermelhas se abrissem.
Mas quando a rosa amarela preparava um novo botão, imediatamente as vermelhas começavam a dizer o quanto ele parecia pequeno e pálido, ou que havia alguma coisa errada com o perfume. Isto, quando elas sequer diziam alguma coisa.
Mas um dia, a rosa amarela sentiu vontade de abrir um botão bem bonito, grande, de cores e perfume bem fortes. Quem sabe, assim agradasse as rosas vermelhas? E ela passou bastante tempo tentando fazer exatamente aquilo: agradar as rosas vermelhas. Mas não obteve sucesso: era sempre censurada e deixada de lado pelas suas irmãs rosas. Por mais que fizesse, estava sempre errada, e era sempre inadequada.
Certo dia, a rosa amarela decidiu que ia tentar ser vermelha. Queria ser igual às outras, pois desejava ser aceita no grupo. Começou a observar os outros canteiros, e percebeu que as papoulas vermelhas recebiam um adubo diferente. Quem sabe, se ela se alimentasse dele, não ficasse vermelha também? Assim pensando, esticou suas raízes aos poucos (embora o esforço fosse dolorido e incômodo, pois não era natural) e conseguiu que uma das extremidades alcançasse o canteiro de papoulas vermelhas. Com o tempo, ela percebeu que seus novos botões iam ganhando um novo colorido, que primeiramente, apresentou-se em ranhuras vermelhas entre o amarelo de suas pétalas, e depois, as ranhuras foram ficando cada vez mais espessas até cobrirem seus botões de um vermelho doentio.
Vendo seu esforço para agradá-las, as rosas vermelhas tornaram-se mais condescendentes (mas no fundo, sabiam que a rosa amarela era uma rosa amarela, e não a aceitavam de verdade). E a rosa amarela passou a dar flores vermelhas, mesmo sentindo muita dor, apenas para agradar às outras. E sangue escorria de suas pétalas a cada novo botão. Seu caule, antes uma haste firme e reta que crescia em direção ao sol, envergou-se para o lado do canteiro de papoulas, tornando-se retorcido. Assim, ela diminuiu de tamanho, o que deixou as rosas vermelhas ainda mais satisfeitas.
Um dia, o jardineiro ia passando, quando a rosa amarela o abordou, dizendo:
-Você cometeu um erro! Me fez nascer amarela no meio de um canteiro de rosas vermelhas que jamais me aceitaram como sou! Veja só, olhe para mim! Tenho me sacrificado durante anos tentando ser vermelha como elas, e acabei ficando atrofiada.
O jardineiro ficou triste, e respondeu:
-Minha filha, plantei-a no meio do canteiro de rosas vermelhas porque eu queria que você se sentisse especial; ao mesmo tempo, eu quis dar a elas um presente. Quis colocar entre elas uma rosa diferente, através da qual elas pudessem aprender coisas novas, e ensinar a você o que elas mesmas já tinham aprendido. Mas vejo que elas não souberam desfrutar da sorte de possuírem uma flor diferente crescendo entre elas, e não ficaram agradecidas. E também percebo que você não é feliz, tentando ser o que não é... elas nada aprenderam, e nem você.
-Tudo o que eu queria, é ter nascido rosa vermelha, para ser igual às outras e sentir-me aceita por elas!
-Bem, agora é tarde para isso... mas veja, minha flor: você teve uma oportunidade única, de tornar-se uma rosa especial entre elas!
-E elas me odeiam por isso! Me desprezam, e não me incluem em suas atividades. Nem mesmo depois que consegui tornar-me vermelha.
O jardineiro deu um profundo suspiro, e olhou o jardim de rosas. Pensou no quanto as rosas vermelhas tinham sido cegas, egoístas e injustas com a rosa amarela. Sentiu que elas, na verdade, eram rosas preconceituosas e cheias de inveja e ressentimentos. Não sabiam desfrutar uma beleza diferente delas mesmas, e nada tinham aprendido ou ensinado através daquela convivência. A rosa amarela, por sua vez, envergonhara-se de sua beleza diferente e especial, e ao invés de crescer em sua plenitude, aceitando a si mesma e valorizando as próprias qualidades, tornara-se retorcida e pequena tentando ser o que não era apenas para agradar as outras rosas. Sendo assim, o jardineiro tomou uma decisão:
-Querida rosa amarela, vejo que vocês ainda não estão prontas para florescer com plenitude nos jardins do céu. Mas seu tempo nesta terra ainda não terminou, e assim, resta-lhe uma alternativa: posso transplantá-la para um novo canteiro.
-Seria bom...
-Mas todos os outros canteiros estão completos, e então, você teria que aceitar a solidão. Você viverá em um canteiro onde será a única rosa, sozinha para o resto de sua vida. O que você prefere: continuar vivendo neste canteiro, tentando ser rosa vermelha ou aceitando ser rosa amarela, mas na companhia das outras rosas que nunca aprenderam a amá-la e aceitá-la, ou ser replantada em um novo canteiro solitário?
A rosa pensou, e pensou... olhou para suas companheiras, que continuavam a ignorá-la. Ponderou bastante antes de tomar uma decisão: não conseguiria mais tentar ser como não era, pois a dor de tal esforço já a estava sufocando. Se voltasse a crescer e retomasse sua cor, ali onde estava, as outras rosas passariam a novamente perturbá-la e recriminá-la como antes. Muito triste, ela precisou comunicar ao jardineiro a decisão mais difícil de sua vida: ser transplantada para o jardim solitário.
Quando o grande dia chegou, as rosas vermelhas acharam estranho aquele movimento todo, de pás, carrinhos com adubo e transplantes, e mais uma vez, reclamaram da decisão tomada pela rosa amarela, que passou a ser o assunto de todas as conversas; elas diziam o quanto ela era mal-agradecida e orgulhosa, e que ela se achava melhor que as vermelhas, e que elas estiveram sempre certas: a rosa amarela era mesmo estranha, orgulhosa e anormal, pois preferia a solidão a conviver com rosas tão maravilhosas quanto elas.
A rosa amarela ouvia tudo aquilo, e entristecia... Do seu jardim solitário, ela observava as atividades das rosas vermelhas – que faziam questão de serem bem ruidosas em suas risadas, a fim de que a rosa amarela as ouvisse e se sentisse triste e humilhada. Mas aos poucos, as rosas vermelhas percebiam que o espaço antes ocupado pela rosa amarela deixava um feio buraco escuro bem no meio do canteiro. E nada jamais cresceria ali, pois era o espaço que deveria estar sendo ocupado pela rosa amarela. Mesmo assim, elas fingiam nada perceber.
Enquanto isso, a rosa amarela, aos poucos, passou a contentar-se em viver só; logo, seu caule tornou-se novamente ereto, forte e alto, e suas flores, amarelas como o sol. Sozinha no meio de um canteiro, ela passou a ser mais feliz, pois podia, finalmente, ser o que havia nascido para ser: uma rosa amarela.
O jardineiro a tudo observava, e lamentava profundamente, pois nada daquilo tinha feito parte dos seus planos. Mesmo assim, compreendia a decisão da rosa amarela. E já preparava, para o futuro, um novo jardim onde todas as rosas voltariam a viver juntas novamente; quem sabe, numa outra vida, elas pudessem evoluir?
Paraíso
O que é um paraíso
Sempiterno,
Quando os anjos perdem as asas
E queimam juntos
Nas brasas do inferno?
De que me valem
Esta paisagem,
Esta miragem,
Se me faltam as nuvens,
Se me falta a aragem?
Amanheço tarde,
Tarde demais,
Na hora exata
Em que tudo escurece...
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
SOBRE OS PEDANTES
Trechos do livro "Como Viver 24 Horas Por Dia", de Arnold Bennet
"O pedante é um sujeito arrogante que faz questão de se envolver em ares de sabedoria superior. O pedante é um tolo pomposo que saiu para uma caminhada cerimonial sem saber que perdeu uma importante peça de roupa, ou seja, seu senso de humor. O pedante é um indivíduo enfadonho que, ao ter feito uma descoberta, fica tão impressionado com a revelação que é capaz de ficar seriamente desgostoso quando percebe que o mundo inteiro não se impressiona com o fato. É fácil e fatal transformar-se em um pedante sem perceber."
"Recuso-me a concordar que, quaisquer que sejam as circunstâncias, um fracasso glorioso é melhor que um sucesso insignificante. Sou decididamente a favor do sucesso insignificante."
Enoch Arnold Bennett foi um novelista britânico.
Nascimento: 27 de maio de 1867, Hanley, Staffordshire, Reino Unido
Falecimento: 27 de março de 1931, Londres, Reino Unido.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
HOUVE UM DIA
Houve um dia
Em que nossos olhares se cruzavam
Com inocência e alegria.
Estar presente era vital,
Essencial
E não estar, inconcebível...
Houve um tempo
Em que não existiam
Essa distância,
Essa falta de esperança,
Essa impaciência
Nada santa...
Hoje, esse riso sofrível,
Esse olhar atravessado,
Essa boca sussurrante
A gritar
Que nada, jamais,
Será como antes,
Pois quando o brilho é ofuscado,
Morre tudo aquilo
Que tinha valor
E que deveria ter sido guardado!
Morrem os dias, as manhãs,
Morrem o respeito, as lembranças,
Quebram-se as alianças,
E tudo é recoberto
(Sem o menor apelo)
Por uma densa camada intransponível
De puro gelo,
Para o qual não há verão...
E nem veremos mais a mesma velha união,
Desde que a distância se criou
(Ou foi criada?)
Causando uma bifurcação na estrada
Que leva a caminhos divergentes,
Cada vez mais distantes...
E a cada dia,
Estamos mais descontentes,
Somos menos gente,
Mas mantemos o sorriso e a indiferença,
Para que o outro não perceba
Que no fundo, nós ligamos.
-Afinal,
É preciso ser forte,
Ser frio, ser indiferente,
Até que mais alguém morra,
Pois só mesmo a morte
Para nos lembrar de tudo
Que realmente é importante...
Casa de Chá
Quem não aprecia um bom chá indiano, inglês ou de outras nacionalidades, acompanhado de um delicioso pudim de pão e vinho, ou de biscoitinhos de canela e gengibre, ou de uma deliciosa fatia de bolo? E tudo isso durante uma tarde chuvosa, em um dos recantos mais deliciosos de Petrópolis - Itaipava?
E mais: tudo servido com o maior carinho e atenção aos detalhes!
Estou falando do Benedicto Chá, uma casa de chá especial. Desde o momento em que se entra, já se percebe que ali é como se fosse a casa do proprietário, e que a maior preocupação dele, é fazer você sentir-se bem vindo.
Se você não gosta muito de chá (se bem que eu duvido que, ao ler a variada carta que o Benedicto apresenta, você não fique curioso para experimentar alguns), pode tomar seu café tradicional, expresso ou capuccino. E eles sabem explicar direitinho a origem, história e característica de cada chá que servem por lá. Tudo ao som de boa música antiga, como sucessos de Frank Sinatra. Uma tarde para lembrar.
Um lugar para sentir-se em casa. Fica no primeiro piso do Shopping Vilarejo.
domingo, 17 de novembro de 2013
Carlos Solano - colunista da revista Bons Fluidos
Arvorecer,
Árvore-ser
Pois me contava Seu Antônio, no meio daquele quintalzão, no meio de latas e latinhas plantadas, cheias de cheiros e segredos, no meio de um bom caneco de café passadinho na hora: "Pois de tudo, deve-se é de arvorecer". Pausa. Arvorecer? O que será isso, meu Deus? Encabulado, e sem querer ofender, me propus discretamente a investigar. E levei a conversa para o lado mais evidente: o das árvores e das madeiras.
"A madeira é viva", me respondeu. "Só por isto, já merece um afeto". Uma misturinha caseira de cera de abelha, de carnaúba e parafina, em partes iguais, protege e evita o ressecamento que favorece as pragas. Para conservar os móveis, a cera pura de abelha ainda perfuma e imuniza, por causa da própolis. A fumaça do fogo à lenha também imuniza a madeira. Por isso, Seu Antônio jura que "em casa de mulher não entra cupim". Contra a umidade, sebo animal (ou o azeite - de dendê, de mamona...). Para a madeira que toma sol e chuva, o óleo de linhaça é um verniz natural, e ainda estimula a cor. "Mas o mais importante é colher a madeira madurinha, porque assim não será ofendida pelas pragas. E usar bem seca, para nunca empenar".
Mas podemos usar madeira em casa, sem culpa? Cortar árvore não ofende as matas? Levei a conversa adiante, tateando pelos caminhos do "arvorecer". "Depende", disse ele. "Árvore se planta, árvore cresce".
Claro, a madeira é o único material renovável... Uma montanha de areia, uma mina de calcáreo (cimento) ou de minério de ferro - elementos tecidos pela natureza ao longo de milênios - não se recuperam jamais. Mas a madeira deve ser certificada com um selo ambiental, que garante o manejo ecológico e a salvação das matas. Confirmam as barbas brancas do Seu Antônio que se replantarmos, "quando o neto estiver morando na casa que foi da avó, o mato já está refeito".
Uma luz! Quem sabe "arvorecer" não tem haver com "deixar florescer", "defender", ou "fazer permanecer" as matas? Afinal, faz sentido. A árvore é um dos três componentes fundamentais do entorno humano. Os outros são a pessoa e a casa. A árvore foi altar sagrado na Índia, oráculo na Grécia, morada de anjos para os árabes, evidência de um bom Chi, a nutritiva força natural, para os chineses. Para os índios Ticuna, no maravilhoso Livro das Árvores (OGPTB),"a floresta é a maior riqueza que podemos deixar para nossos filhos".
Sim, deve ser isso! Mesmo porque, hoje, as árvores são os protetores da Terra: impedem a erosão (a destruição do solo e dos mananciais), perfumam e purificam o ar (retendo as partículas poluentes), doam frutos, podem ser curativas, servem de habitat para animais e pássaros, equilibram o processo de aquecimento global (absorvem dióxido de carbono e devolvem à atmosfera vapor d'água e oxigênio). As árvores ainda nos favorecem criando lugares de estar (sob uma copa frondosa), de passear (uma alameda), de passar (um portal), de proteção (uma cerca), de beleza (o que é fundamental, pois o feio destrói a sensibilidade). Criando lugares de viver, as árvores também cativam os homens que, por sua vez, voltam a amá-las.
Então, num fôlego de coragem, concluí em alto e bom tom: Acho muito importante arvorecer as árvores!
"Como assim?", foi a resposta. "Arvorecer é arvorejar". Diante da minha cara de interrogação, ele se compadeceu:
"Al-vo-re-cer ou al-vo-re-jar. Alvejar, tornar alvo, amaciar, abrandar, embrandecer o coração empedernido. Isso vale mais do que tudo".
Vale mesmo. Mas cá para mim, arvorecer ainda tem - e sempre terá - tudo haver com árvore. Arvorecer é "árvore-ser". Pois não precisamos "árvore-ser" o coração e parar com esta mania de dominar a natureza? Não precisamos plantar mais árvores - seja em vasos, no jardim, na calçada ou no sítio - como um ato a favor da vida? "Árvore-ser" é saber que vivemos em uma árvore, ou no único país do mundo que tem nome de árvore: Pau Brasil. "Árvore-ser" é vestir o verde da nossa bandeira.
Pois não é que arvorecer é mesmo tudo o que precisamos? Estão aí os cabelos e as barbas brancas do Seu Antônio para comprovar.
Arquiteto Carlos Solano |
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