Carta à “Amiga”
Tentei responder seu email, que chegou-me em uma hora bastante difícil, mas infelizmente, quando apertei ‘enviar’ ele foi imediatamente devolvido. Como não posso respondê-lo no outro site, faço-o aqui em meu blog, onde posso expressar-me livremente, e posso apenas esperar que você o leia.
Você me falou da importância do perdão e de seguir em frente, fazendo meu trabalho como venho fazendo e ignorando ofensas indiretas. Não costumo ficar em um canto, reclamando e choramingando enquanto me apedrejam; mesmo assim, tenho procurado ser tolerante, pois a vida me ensinou que certas coisas não valem a pena, e quando eu me levanto para me defender, é porque a coisa foi longe demais. Comparando minhas reações de hoje às minhas reações do passado, sempre intempestivas, vejo que já andei um bom caminho na direção da qual você fala, mas ainda não consegui atingir o nível que você me propõe. Quem sabe, um dia? Enquanto isso, não sufocarei meus sentimentos e reagirei sempre de forma eficaz contra os que me caluniam.
Enquanto os tais textos estavam sendo mantidos em um nível indireto, fui tolerante e ignorei; logo em seguida, eles passaram a conter transcrições de palavras que eu postava, e mesmo não mencionando meu nome, a pessoa em questão referia-se a mim (hoje tenho certeza absoluta de que é a mim que ele se referia) usando palavras de baixo calão que não vou colocar aqui; Teve a ousadia de intitular uma de suas aberrações como “Senhora ‘A’”, mas mesmo assim, decidi acreditar que existem por aí muitas pessoas cujos nomes começam com a letra ‘A’, e eu ignorei. Ele comentava seus próprios textos, incitando a curiosidade dos que os liam, insinuando que, a qualquer momento, ia ‘dar uma lição’ em seu desafeto – eu. Referia-se a fatos de minha vida, como por exemplo, o de eu nunca ter sido mãe, escrevendo grosserias em relação à minha vida sexual – da qual ele nada sabe, e jamais saberá - oferecendo seu ‘brinquedinho’ para que eu o usasse, alegando que eu o desejava. Existe coisa mais torpe, mais nojenta? Mesmo assim, eu ignorei, durante meses, achando que eu poderia estar enganada.
Para mim, o menor argumento, o mais torpe, o mais nojento e repugnante que um homem pode usar para defender-se de uma mulher (uma que nem o está atacando), é o tamanho de seu pênis e seus ‘méritos’ sexuais. Isto, em minha opinião, denota uma insegurança latente quanto à própria sexualidade, além de ser uma enorme grosseria referir-se a qualquer mulher nestes termos. Tenho muita pena da esposa deste sujeitinho.
A época mencionada por ele, na qual eu teria começado meus ‘ataques’ e ‘plágios’ aos seus escritos, começou mais ou menos em dezembro – época na qual eu estava, a maior parte do tempo, acompanhando minha mãe em um hospital e uma outra pessoa de minha família em outro, e quase nem tinha tempo para pensar em amenidades. Minha mãe faleceu no dia 1 de janeiro de 2013, mas nem mesmo isto fez com que ele parasse com suas insinuações e ataques, que culminaram logo após a publicação de meus livros virtuais.
Ele passou a fazer ironias quanto ao fato de eu ser uma autora e referiu-se com desdém à minha profissão de professora, de maneira a por em dúvida se eu realmente a exerço.
Mas o que realmente culminou em uma reação de minha parte, aconteceu há dois dias, quando ele afirmou em uma de suas aberrações rebuscadas as quais ele chama de textos, que eu teria desejado a sua morte e a morte de seu bebê recém-nascido. Ah, eu não poderia engolir mais esta! Eu jamais fiz ou faria tal coisa, nem que ele fosse meu pior inimigo, pois eu sei que desejar o mal à outra pessoa é desejá-lo a si mesmo. Em minha compreensão, aquilo que desejamos ao outro volta para nós triplicado, mas não é apenas por isso que eu não desejo o mal às outras pessoas; é uma questão de princípios.
Fiquei achando que ele poderia estar afirmando tal barbaridade ao meu respeito através de e-mails, e achei que era hora de eu tomar uma posição.
Minha primeira providência, foi a de fotografar todos os seus textos que se referiam a mim, inclusive o que tem o título de “Senhora A”, e posteriormente, o seu penúltimo, que foi retirado pela administração do site, no qual ele usava meu nome e sobrenome. Guardei-os em meus arquivos de blog e em meu computador. Sei que abrir um processo contra alguém é algo cansativo e dispendioso, mas caso ele continue a manifestar-se contra minha pessoa, não hesitarei um só segundo em acionar a delegacia de crimes virtuais e acabar com sua festa. Por isso, reunir provas e arquivá-las devidamente foi minha primeira providência.
Depois, acionei a administração do site e denunciei seu último texto, que foi retirado. Nem fiz questão de que ele retirasse os muitos outros que escreveu sobre mim. Podem ficar lá em seu mural, alertando as pessoas sobre quem ele realmente é. Igualmente, a administração solicitou que eu retirasse meu texto, “Será que é para mim,” no qual eu pedia explicações sobre se a pessoa a quem ele se referia em seus escritos era mesmo eu – ainda dei a ele uma chance de se retratar. A este texto, ele deixou um comentário (que também arquivei) afirmando minhas suspeitas.
Nestes momentos, a gente fica se perguntando por que estas coisas acontecem. E não acontecem apenas comigo, pois a todo momento, leio relatos de pessoas que estão passando por coisas parecidas na internet. Escrever é uma grande responsabilidade, e um grande perigo, pois jamais sabemos se o que escrevemos poderá atingir negativamente a alguém, mesmo que nosso trabalho não tenha esta intenção. Mas quando isto acontece, há uma grande chance de que tudo tenha sido apenas um mal-entendido, e comunicar-se com o escritor pode ser a única maneira de desfazê-lo. No meu caso, eu não pude, já que estava bloqueada na página em questão, e não tinha nenhum endereço de email do sujeito.
Mas a vaidade de quem lê, na maioria das vezes, é o motivo para estes desentendimentos; recentemente, fui quase trucidada por uma senhora apenas porque deixei um comentário na página de um de seus desafetos. E eu nem sabia que eles estavam brigados! Também causa desentendimentos a mania de achar que as pessoas estão copiando o que escrevemos, apenas porque opinamos diferentemente sobre um assunto que a pessoa abordou. E às vezes, nem lemos o texto que a pessoa escreveu!
Estou relendo “O Retrato de Dorian Gray.” Ontem à noite, uma frase do personagem Henry tocou-me profundamente: “Todo efeito que produzimos nos traz um inimigo. Para sermos populares, devemos ser medíocres.”
Bem, jamais serei deliberadamente medíocre a fim de contentar alguém. Continuarei fazendo meu trabalho, enquanto o mesmo for para mim uma diversão e uma necessidade, e seguirei sempre em frente, deixando para trás estas coisas abomináveis que acontecem e sempre acontecerão.
Sei que sou malquista por muitos, justamente porque não deixo barato as ofensas que me dirigem, mas não vou ‘fazer amigos’ através do silêncio ao bullying virtual. Acho que o bullying tem que ser revelado, o bully tem que ser exposto, porque às vezes ele pode estar escondido atrás de uma conduta aparentemente adorável, simpática e sábia. O bullying pode vir daqueles cuja verborragia impressiona aos incautos, encanta aos sonhadores e engana aos mais sagazes.
Não vou compactuar com esse tipo de coisa, e jamais protegerei canalhas atrás de minha própria reputação.
Obrigada pela sua mensagem, e é isto que eu tenho a dizer.