Ninguém está preparado para enfrentar a perda de alguém que ama.
Dia desses, eu conversava com minha irmã, e ela me dizia que sentia muita falta de nossa mãe - eram muito ligadas - mas que sentia-se consolada, pois ela já estava bastante idosa quando morreu; mas que jamais se consolava pela perda de seu filho - meu sobrinho - tão jovem, e cheio de planos.
Também conversei com meu marido sobre o assunto, e falamos em ocasiões nas quais ficamos sabendo de mortes repentinas na família ou de amigos, de pessoas jovens ou não, e de mortes pré-anunciadas, de pessoas jovens ou não. Em nenhuma das ocasiões, pudemos comparar os fatos e chegar a uma conclusão sobre qual maneira de se perder alguém é menos dolorosa: se de repente ou aos poucos.
O fato, é que perder alguém, dói. E sempre doerá. É uma dor imensurável, que ninguém pode consolar, a não ser o Senhor Tempo. A vida urge ser vivida, os dias urgem voltar a ser contados (quando alguém morre, perde-se toda a noção, inclusive, a do tempo).
Mas um dia (isso sempre acontece), acordamos nos sentindo melhor. Já não dói tanto. Aos poucos, já conseguimos falar sobre aquela pessoa e rir muito de certos acontecimentos que vivemos juntos. Conseguimos lembrar dela com uma saudade boa, não mais tão dolorida. E esse tempo é diferente para cada um que passa por uma perda. Pode durar meses ou anos até que se chegue a esse estágio. Talvez, seja preciso procurar ajuda profissional, e isso, é cada um que determina. Para alguns, a religião e / ou a fé podem ajudar.
Às vezes, vem à cabeça daquele que perdeu alguém o seguinte pensamento: "Fiz tudo o que eu poderia ter feito? E se eu tivesse feito diferente? E se eu tivesse procurado um outro médico? E se eu tivesse passado mais tempo com ele (a)? E se... e se... e se..."). Mas acho importante saber que esses questionamentos são normais, e que jamais devemos nos sentir culpados; no fundo, a gente sempre faz o melhor que pode, sempre, e mesmo que tenhamos cometido algum erro em relação à pessoa que se foi em algum momento, não foi de propósito. Nessas horas, acho importante fazer as pazes consigo mesmo e com a pessoa. Bem, eu rezo, converso, e isso me faz sentir melhor.
Exercitar o desprendimento e a aceitação dos fatos pode ser a parte mais difícil; não queremos aceitar. Nos perguntamos: "Como isso pode ter acontecido comigo / com ele(a)?" De nada adianta revoltar-se diante do inevitável, e quanto mais cedo compreendermos este fato, melhor. E a coisa mais certa de todas as coisas na vida, é a morte. Um dia, chegará a nossa vez, e enquanto isto não acontece, se eu estou aqui ainda, é porque ainda há bons motivos para isso. E eu quero viver, eu quero ser feliz e aproveitar tudo o que eu puder, e aprender, e me machucar se necessário, e apostar, e vencer, e perder.
É isso aí.