witch lady

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

CONVITE





Quero que te sentes comigo,
E que me ajudes
A olhar o dia que passa...
Queixo nas mãos, 
Nós ficaremos à janela,
Inventando memórias
Do que poderia ter sido.

Quero que te sentes comigo,
Enquanto eu procuro
Aquele CD antigo...
Viajaremos no tempo
Na melodia envolvente
E depois, quem sabe,
Tomaremos aquela xícara de chá
Enquanto , lá fora, chove.

Quero que te sentes comigo
E que me olhes nos olhos
Aceitando-me como sou,
Sem muitas perguntas,
Sem ressentimentos,
Apenas unidos
Pelos grampos do tempo...

Assim,
Eu quero que permaneçamos,
Sentados,
lado a lado,
Frente a frente,
No início de tudo
No recomeço
Do que seremos,
E que contemplemos
À nossa frente,
Um novo futuro.

Mas para que isto se dê,
É preciso que tu me aceites,
E que antes de tudo, aceites
O meu convite.

Vem, senta-te comigo!



*

Claro Como o Dia







"Eu vinha desenvolvendo um novo apreço pelos processos da natureza. Quando morávamos na Califórnia, eu costumava passar muito mais tempo ao ar livre - jogando tênis, fazendo uma caminhada vez por outra. Alguns dos campos de golfe  que eu jogava eram quase tão rústicos quanto o mato. Mas durante os últimos vários anos, e com certeza, durante aqueles em que estive no topo, a natureza ficara em segundo plano.

Agora, a minha admiração por ela estava de volta. Fiquei mais sensível à brisa (talvez por manter, boa parte do tempo, os olhos semicerrados ou fechados, para me aquietar e evitar convulsões focais. O apelo visual não era mais o que foi um dia). Almoçando no clube, próximo ao último buraco no campo, eu ouvia as vozes e os sons das tacadas de golfe dos jogadores. Eu adorava o sussurro da brisa nos ramos dos pinheiros. Lembrava a água, o oceano. Eu sentia o aroma do cedro. Os pássaros, em incríveis matizes de azul e vermelho, voavam à nossa volta.  Sentado nesse mesmo lugar um ano antes, eu não teria apreciado tanto - talvez sequer percebesse - todas as coisas excitantes que se achavam tão próximas.

Para os que não entendem como os prazeres menores possam realmente superar os maiores, tenho um conselho: as tacadas brilhantes dão fama, as simples dão grana.

Mas não seria exato dizer que a transformação do meu ponto de vista a partir da doença fosse uma nova admiração pelas pequenas coisas. O que pode ser maior do que a natureza? O que pode ser maior do que a água?

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Trecho da contracapa:





Esta é uma história verdadeira. Quando foi ao consultório médico, no dia 24 de maio de 2005, o executivo Eugene O'Kelly tinha uma agenda cheia de planos e projetos, capazes de mantê-lo ocupado durante décadas. Menos de uma semana depois, teve que reformular radicalmente essa agenda para um período de cem dias: era o tempo que lhe restava de vida. O'Kelly tinha câncer cerebral - e morreu em setembro daquele ano.

"Claro Como o Dia" é o relato sincero e emocionado que O'Kelly decidiu fazer de sua agonia. Mas que não se espere uma narrativa amarga ou ressentida. Diante da morte anunciada, ele não se desesperou. Ao contrário, considerou-se abençoado por poder planejar em detalhes seus últimos meses, aplicando à sua vida a disciplina e a persistência que o levaram a uma bem-sucedida carreira nos negócios.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Pecados






Ah, eu bem que gostaria
De poder 
Ter cometido
A maioria dos pecados
Que me atribuías!

Gostaria de ter tido
Tanta coragem, assim,
Para dizer aquilo,
Tudo aquilo
Que eu deveria ter dito!

Ah, quem sabe até
Eu seria
Bem mais feliz,
Muito mais feliz
Do que jamais fui
Ou serei
Um dia?...

A Lenda da Cotovia



Cantava
A cotovia,
Do alto do galho
De onde não via.
Falava
Da liberdade,
E nem enxergava
As barras
Da gaiola
Que a cercava.

Sorria,
A cotovia,
Do começo
Ao fim do dia,
Pulava
De galho em galho,
Voava baixo,
Mentia.

A pobre
Cotovia
Que não enxergava
Nem sentia,
Cantava
Uma canção
Que lhe ensinaram...
Repetia!

Só por ser ave,
Só por ter asas,
Achava-se livre,
Mas se esquecia
De que o voar
É arte aprendida
Que nem toda ave
Sabia...

Pulava entre os galhos,
Catava os insetos
Que a alimentavam,
Batia as asas...
Achava que assim
(Pobre cotovia!)
É que se voava
Mas não via

O mergulho solto
Dos bem-te-vis,
O canto elevado
Dos sabiás,
O salto no alto
Das andorinhas,
O voo zumbido
Dos colibris,
O mergulho no abismo
Dos gaviões
O pouso sereno
Dos urubus...

Achava-se deusa,
Achava que todos
Fossem cotovias
E que só pulassem
Pelos mesmos galhos
Onde ela vivia...


*



cotovia


Gibran - Fala-nos Sobre o Tempo...





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E um astrônomo disse: "Mestre, que dizeis do Tempo?"

E ele respondeu:

"Gostaríeis de medir o tempo, o ilimitado e o incomensurável.

Gostaríeis de ajustar vosso comportamento e mesmo reger o curso de vossa alma de acordo com as horas e as estações.

Do tempo, gostaríeis de fazer um rio, na margem do qual vos sentaríeis para observar correr as águas.





Contudo, o que em vós escapa ao tempo sabe que a vida também escapa ao tempo.

E sabe que ontem é apenas a recordação de hoje e amanhã, o sonho de hoje.

E aquilo que canta e medita em vós continua a morar dentro daquele primeiro momento em que as estrelas foram semeadas no espaço.

Quem, dentre vós, não sente que seu poder de amar é ilimitado?

E, porém, quem não sente esse amor, embora ilimitado, circunscrito dentro de seu próprio ser, e não se movendo de um pensamento amoroso a outro, e de uma ação amorosa a outra?





E não é o tempo, exatamente como o amor, indivisível e insondável?

Contudo, se em vossos pensamentos deveis dividir o tempo em estações, que cada estação envolva todas as outras estações,

E que vosso presente abrace o passado com nostalgia e o futuro com ânsia e carinho."



Haikai







Um passarinho
Assoviava feliz
A sua fuga




*





terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O Momento Certo






"Quero fazer isto agora, " ela disse. Imediatamente, a outra respondeu, cheia de boas intenções (mas na verdade, pensando que, se a amiga fizesse o que realmente desejava fazer, ela e seus problemas  deixariam de ser o foco total de sua atenção): "Se eu fosse você, esperaria pelo momento certo."

A primeira moça hesitou por alguns segundos, e pensou, antes de responder. E veio à sua boca uma resposta que ela sentiu como não sendo sua, pois ao mesmo tempo que a proferiu, era como se outra pessoa falasse através dela:

"Estou cansada de esperar pelo momento certo!"

E qual é o momento certo?

Quem sabe, o momento certo seja após a cura de alguém doente? Ou após a tempestade? Ou quando 'as coisas melhorarem?' 

Tenho aprendido, à duras penas, que enquanto aguardamos o momento certo, a vida vai se enchendo de momentos errados, e que intercalá-los com momentos certos - permitir-nos pequenas alegrias entre os momentos doloridos - teria feito com que tudo fosse bem mais leve!

O melhor momento para se fazer alguma coisa, é exatamente quando sentimos vontade de fazê-la - antes que a covardia, os conselhos 'bem intencionados', o comodismo e a preguiça se estabeleçam. O momento certo, é antes que o momento passe.

Fala-nos da alegria e da Tristeza... - Gibran



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Então, uma mulher disse: "Fala-nos da alegria e da tristeza."

E ele respondeu:

"Vossa alegria é vossa tristeza desmascarada.
E o mesmo poço que dá nascimento a vosso riso foi muitas vezes preenchido por vossas lágrimas.
E como poderia não ser assim?
Quanto mais profundamente a tristeza cravar a sua garra em vosso ser, tanto mais alegria podereis conter.
Não é a taça que contém o vosso vinho a mesma que foi queimada no forno do oleiro?
E não é  a lira que acaricia vossa alma a própria madeira que foi entalhada à faca?


Quando estiverdes alegre,s olhai no fundo de vosso coração e achareis que o que vos deu tristeza é aquilo mesmo que vos está dando alegria.
E quando estiverdes tristes, olhai novamente no vosso coração e vereis que, na verdade, estais chorando por aquilo mesmo que constitui vosso deleite.




Alguns dentre vós dizeis: "A alegria é  maior que a tristeza," e outros dizem: "Não, a tristeza é maior."
Porém, eu vos digo que elas são inseparáveis.
Vem sempre juntas; e quando uma está sentada à vossa mesa, lembrai-vos de que a outra dorme em vossa cama.




Em verdade, vós estais suspensos como os pratos de uma balança entre vossa tristeza e vossa alegria.
É somente quando estais vazios que estais equilibrados.
Quando o guarda do tesouro vos suspende para pesar seu ouro e sua prata, então deve a vossa alegria ou a vossa tristeza subir ou descer."






Gibran Khalil Gibran, em "O Profeta."

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Se...





Se a minha dor te incomoda,
Não inventa moda,
Sai daqui,
E se ela te diverte,
Verte esse veneno
Bem longe de mim,
E se ela te escandaliza,
Desliza até o inferno,
E se ela te entedia,
Volta outro dia.

Se a minha dor causa espanto,
Fica no teu canto,
Vira a cara,
Mostra os dentes,
Se a minha dor te perturba,
Junta-te à turba
Que me vaia,
Mas saia,
Recolha teus apetrechos
De tortura,
Deixa-me em paz, 
Com minha loucura,
Pois a minha dor
É a minha cura.

Sigo Por Dentro





Caminho por dentro de mim,
E nas vielas, te procuro,
Não há mais luz,
Sigo cega, no escuro
E é quando eu te sinto,
Mais do que nunca,
No arrepio dos fios
Da minha nuca.

Caminho por dentro de mim, 
E nas alamedas
Escuto tudo o que me segredas,
Agora, que estou surda e cega,
Agora, em que não mais me movo, presa
Pelos  tentáculos de um obscuro polvo
Que permanecem enrodilhados, para sempre
Na minha alma;
Por isso, eu morro.

Caminho por dentro de mim,
E não mais me encontro,
É como se alguém contasse um conto
Cujos personagens se foram...
Um livro vazio de vida,
Onde as ilustrações são manchas,
Neste enorme aglomerado
De páginas carcomidas.

Caminho por dentro de mim,
Num frio planeta
Onde não há mais vida,
Pois um meteoro gigante levou tudo,
Um impacto atômico, repentino,
E os pássaros fugiram, em desatino,
Indo pousar nalguma árvore distante...

Passou a vida, passou o instante,
Sigo por dentro de mim,
Caminhante,
Errada,
Errante.

Centro





Do centro do meu centro
Observo as coisas do mundo,
Penso nas coisas da vida.
Eu às vezes fico triste,
Às vezes, eu fico alegre
E noutras, me surpreendo
(Mas raramente).

Em volta de mim, o dia
Espalha-se em cores frias
Que, aos poucos, se aquecem
Nos ventos da calmaria.
O sol brilha, e ao meio-dia
Encima o topo do meu centro
E logo depois, fenece
Entre o onde e o quando.

A vida tem sido rascante,
Tanto na dor quanto no belo,
E por isso, eu aguardo
Que surja um instante mais brando...
Espero que ela se aquiete
-A vida sempre arremete
Sem avisos, sem licença
Causando muitos abalos...

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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...