A felicidade está muito além do que nos acontece; ela mora diante do olhar, quando, por trás da mais imensa tristeza, conseguimos olhar para o mundo e achá-lo lindo, apreciando a beleza de uma paisagem, o som de um passarinho cantando, crianças brincando, a inocência de um animalzinho.
A felicidade está em achar sentido nas coisas mais corriqueiras; nosso trabalho, nossa casa, as pessoas que nos cercam, um pedaço de céu, a vivência dos nossos talentos.
A felicidade mora na compreensão daquilo que o outro é ou tenta ser, na tolerância com o direito de cada um de ser o que é, dizer o que pensa, escolher os próprios caminhos.
A felicidade está também nas nossas memórias; é mais sábio guardar o que foi bom, as lembranças agradáveis das pessoas que se foram, as cores e os cheiros dos nossos melhores dias, para que possamos, nas horas vagas, fechar os olhos e reviver tudo o que ficou do que já se foi.
A felicidade é um estado de espírito, como alguém já disse; ser feliz é uma vocação, embora, para alguns, a felicidade alheia seja constantemente vista como uma provocação.
Que ser feliz dependa da maneira como eu vejo as coisas, encaro as minhas perdas e vitórias, amo meu trabalho, cuido de minha casa e das pessoas que amo; que a minha felicidade dependa sempre mais de mim do que daquilo que me acontece. E acima de tudo, que eu jamais me transforme naquela pessoa vocacionalmente infeliz, que fica por trás da vida alheia, desejando que alguém caia para que ele possa sentir prazer através da tristeza do outro.