Fofoca - a Rede Informal de Ódio
A 'fofoca', ou a transmissão mal-intencionada de informações, é uma das redes mais importantes de preservação e transporte de rancor. Sua disseminação é tão corriqueira e rotineira que novamente faz-se necessário desmontar sua estrutura e visualizá-la à luz dos diferentes mundos.
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O caluniador está na categoria de nada. Sua mentira é a saída e o recurso que reabilitarão aquele que é caluniado. Isto, porque à medida que for desmascarada a sua mentira, a reputação do caluniado é restaurada imediatamente.
Tomando Como Pessoal
A boca (de alguém magoado) só atinge a gravidade do ouvido quando se cala. Nestas ocasiões, sim, a boca assume em poder de destrutividade em uma posição semelhante à do ouvido. Veremos que uma boca que se cala e guarda para si rancor, é, para efeitos da inveja e do ódio, como um ouvido.
Para a tradição judaica, aquele que fala é como um arqueiro. Joga suas flechas e uma vez que estas já estejam no ar, não pode mais arrepender-se. Criou, dá-se conta posteriormente, emissários ou extensões de si mesmo com procurações poderosíssimas de agir em seu nome. Todas as atitudes e consequências geradas por estes agentes serão de nossa responsabilidade. Quem percebe isto conhece a arte de falar pouco.
No entanto, aquele que 'toma como pessoal' anda pela floresta, e onde quer que veja uma flecha cravada numa árvore, desenha ao seu redor um alvo. Sua percepção de realidade o faz acreditar que aquela agressão era obviamente intencional e premeditada. Seu alvo com uma flecha cravada bem na mosca é a prova derradeira de sua ilusão.
Bancando Sua Ingenuidade
Que a ingenuidade é perigosa à sobrevivência, é óbvio-como qualquer ousadia é. Ser ingênuo neste mundo é ousado, e quem escolhe esta forma de resistência, de luta pela melhoria de seu e de nosso mundo é extremamente corajoso. Para tal missão, terá de enfrentar a malícia, que busca a toda prova desafiar a ingenuidade e, em última análise, deverá suportar ser tolo aos olhos dos humanos, para não ser malévolo os olhos de D'us.
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enfartados de de alma, fazemos pouco do ingênuo, cujas conquistas de vida parecem-nos irrisórias. No entanto, são os ingênuos que nos assistem, enquanto, fossilizados numa cama de hospital, recapitulamos um passado de "perspicácia e sagacidade." São eles os justos que preservam o mundo.
Homenageie seus atos de verdadeira ingenuidade. Saiba distingui-los da tolice e valorize o ato de ser você mesmo, antes de abarcar o pacote da "experiência humana". Saiba arriscar e perder em nome da ingenuidade. A falta de ingenuidade é um dos grandes fatores de risco que propiciam o ódio e a rixa.
Do Livro A cabala da Inveja, por Nilton Bonder