witch lady

Free background from VintageMadeForYou

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dona Franci





Eu, lendo um discurso no dia do aniversário de D. Franci - ao lado de sua filha vera, D. Franci e seu colar de botões




Quando eu e minha irmã éramos pequenas, nossos pais não podiam pagar uma escola particular. Mas nós estudamos durante cinco anos em uma das melhores escolas particulares de Petrópolis naquela época, o Colégio Progresso. Graças à diretora da escola, Dona Franci (Francisca Ferreira de Souza). Assim como nós, havia muitos bolsistas naquela escola. Tinha até uma família de indiozinhos amazonenses. Ela tinha também uma classe para alunos especiais, que em 1971, ainda sofriam todo tipo de preconceito... lembro-me de como a Dona Franci e as demais professoras sempre faziam a interação entre nós - as crianças "normais" e os alunos excepcionais...

Ela adorava seu trabalho. Na hora do recreio, ela ficava em um ponto mais alto do pátio, observando as crianças brincando, e quando acabava o recreio, de vez em quando ela anunciava: "Mais dez minutos extra!" E era a maior festa!
Ela tratava a todos igualmente, e com muita educação, fosse criança ou adulto, rico ou pobre. Se alguém dizia que ia sair da escola porque não podia mais pagar, ela logo vinha com um bom desconto. Lembro-me que conosco, foi assim: minha mãe não podia pagar mais as mensalidades, e ia tirar-nos da escola; ela foi dando descontos e mais descontos, e quando minha mãe finalmente anunciou, muito envergonhada, que não poderia pagar de jeito nenhum, ela não hesitou: pediu à secretária que trouxesse nossos carnês de pagamento e rasgou a ambos. Simples assim. E determinou: "A partir de hoje,  elas não pagam mais mensalidades."
Lembro-me de uma sala de aula enorme que tinha lá, a Sala do Turmão. Tinha um piano, e algumas vezes por semana, ela reunia todos os alunos de algumas classes para ensinar hinos: o Hino à Bandeira, o Hino Nacional, o Hino do Soldado, o Hino da escola... ela sentava-se ao piano, a professora escrevia a letra no quadro, nós copiávamos e cantávamos. Nunca me esqueço: "Companheiro, entoemos um hino/Que ressoe com grande sucesso/Que cantemos com força e entusiasmo: /Viva o Colégio Progresso!" E assim nós cantávamos, até o final...
Tenho várias fotos de mim mesma, lendo para ela homenagens em seu aniversário (eu era sempre escolhida para ler, pois era a que lia melhor entre os alunos). Ela sempre chorava durante essas homenagens!
Um dia, adoeceu. Nós, alunos, não sabíamos direito o que ela tinha. Quando ela morreu, foi um choque para todos, pois eu tinha ido visitá-la no hospital na semana anterior com minha mãe e minha irmã. Chegamos a escola um dia de manhã, e estava tudo fechado. Os alunos passavam a notícia: "Tia Franci morreu!" 
Infelizmente, após a sua morte, a escola foi decaindo... cortaram todos os alunos bolsistas - incluindo minha irmã e eu. Alguns anos depois, a escola fechou.
Parte do prédio ainda existe, e não existe uma única vez que eu passe por lá e não me lembre da Dona Franci. Graças a ela, eu me tornei Ana Bailune.

Rapidíssima Crônica










Porque está ameaçando chover forte, e ouço trovões ao longe. Não quero perder mais um computador por causa de uma descarga elétrica. 


É que me lembrei de quando eu era criança, e me escondia sob a mesa de madeira da cozinha quando dava trovoada. Ficava olhando os chicletes colados sob ela e procurando me acalmar, tampando os ouvidos. 


Lá fora, o céu está cimentado. Nenhuma folha se mexe nas árvores. Meus cães estão nervosos na varanda. Parece que a natureza está grávida, mas que o filho não quer nascer, e os trovões são as dores do parto, um parto muito difícil. 


Quero ter terminado esta crônica-relâmpago bem antes da parturição. Algumas gotas bem fininhas, destas esvoaçantes que parecem pedacinhos lascados de vidro, já começam a cair. 


Uma vez vi um filme, há séculos atrás, no qual a heroína, a fim de suicidar-se, ia para a sacada de seu quarto durante uma tempestade magnética e era atingida por um raio. Totalmente 'chocada' e eletrificada, morreu nos braços do amante (que deve ter tomado muitos choques)... 


Mais um trovão. Parece dizer-me: "Desligue este computador enquanto é tempo!!!!" 


Em 1981 tivemos uma época de muitas tempestades e mortes aqui em Petrópolis. Quase todo mundo conhecia alguém que tinha morrido em uma enchente ou desabamento. Foi perto do Carnaval, uma época de muita dor. Veio ajuda até da Europa, caixas e mais caixas de agasalhos, comida, sapatos... 


Mesmo assim, as tempestades me fascinam. repito: "Gosto delas, mãe, eu gosto!" Como fez Khalil Gibran. 


Uma vez, quando eu ainda era uma adolescente, estava armando uma tempestade. Minha mãe estava terminando de limpar a sala de estar, e o cheiro de cera perfumava a casa. Foi uma tempestade de vento, e muitas casas perderam seus telhados, inclusive a nossa. Era água de chuva entrando pelo forro de madeira, as telhas voando para longe, e o encerado de minha mãe virando mingau... 


No começo, assustei-me com a barulho das telhas sendo arrancadas, mas depois, comecei a gostar... apesar dos xingamentos da minha mãe. Era uma sensação de perigo, aventura, o mundo totalmente fora de controle, como se um Mago estivesse passando e lançando um feitiço. E nós, totalmente à sua mercê. 


Agora vou desligar. Ainda nem terminei de pagar as prestações deste computador!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

VOCÊ SE FOI!






Amarrei os teus pés
À minha memória,
Colei os teus olhos
Sobre esta paisagem
Que juntos, miramos
Tentando evitar, num sonho,
A inevitável viagem.

Gravei tua voz
Por sobre estas pedras
Com todos os ecos
Dos quais me lembrei...

Deixei os teus passos
Por este caminho,
Sangrei de espinhos
Aquela palavra
Para não haver despedidas...

Enfim, veio a vida
E te levou
Junto com ela,
Foi apagando e te afastando
Sem piedade,
Soltando os laços
E me deixando
Só a saudade!

Você se foi,
E isto é tão real!...
Se algo ficou?...
Passos sem pés,
No meio do quintal,
Vozes caladas
Por sobre as pedras,
Olhos fechados
Por sobre a paisagem.

Só permaneceram
Dentro de mim
As memórias presas no fio
Tão frágil
Que tu deixaste...
Fatalidade!

Canto de Rolinha







Há um canto de rolinha
No fundo desse dia azul
Crivado de passarinhos,
E ele me chega
Junto com o perfume
Das flores de laranjeira.

Dia ensolarado,
Belo, preguiçoso!
Há tanta beleza
No verde das árvores,
Mas junto com ela
Há toda a tristeza
Do canto da rolinha.

Ah, como eu queria
Que essa rolinha
Voasse para longe!

Ficarão Meus Poemas





Ficarão meus poemas
Espalhados na rede
Nas placas de memórias
Do meu computador...

Centenas de histórias
Algumas, risíveis,
E outras tão tristes,
Escritas na dor...

Ficarão meus poemas
Em muitos cadernos
E folhas esparsas
Datilografadas...

Escritos em livros
Como anotações
Ou capas de discos
E papel de pão...

Ficarão meus poemas
No meio da estrada...
Palavras rasgadas
Que o vento levou.

E um dia, esquecidos,
Amarelecidos
Serão deletados
Pra sempre varridos!

Haikais











Sino de vento
Corta a brisa e o momento
Tilinta de dor.

*
Três nuvens no céu
Levadas pelo vento
Sumindo no azul.

*

Triste sabiá
Que sem cauda e sem canto
Vem me visitar...
***

Lixando a Grade





Há quanto tempo escuto o ruído do rapaz que lixa a grade na casa vizinha? Mais de duas semanas, eu acho... e nem é uma grade muito grande... fica na porta da cozinha, e deve ter mais ou menos um metro de comprimento. Barrinhas de ferro paralelas e espaçadas. E ele lixa, lixa, lixa... arranca toda a tinta antiga, com paciência e eficiência, mas sem nenhuma ciência. Acho que ele medita. Não tem pressa de acabar.

Eu mesma, já não consigo controlar a ansiedade de ver a grade pintadinha de novo. Mas o homem apenas lixa, lixa, lixa. 

Antes, era o ruído de uma faquinha que ele usava para arrancar a camada mais grossa da tinta envelhecida. Aliás, várias camadas, todas sobrepostas, por anos e anos de pintura inadequadamente feita. Porque os pintores anteriores não lixaram a tinta velha antes de passarem a nova. E a faquinha batia no ferro, compassadamente, quebrando o silêncio da manhã, entrecortada pelos passarinhos. 

Uma visita me perguntou que barulhinho era aquele, e eu mostrei a ela o homem que raspava (agora, o homem que lixa). 

Penso: "Por que ele não usa logo um maçarico e acaba com isso? Quem, afinal, se importará se uma gradinha de nada como aquela foi totalmente lixada, a tinta velha totalmente removida? E se fosse uma grade extensa, medindo quilômetros, como a do meu outro vizinho?" Mas ele, alheio às minhas especulações, concentra-se em seu trabalho de lixar.
O homem que lixa está se lixando para o mundo...

domingo, 26 de agosto de 2012

Matéria dos Sonhos








O capim não cresce à toa
Por onde os sonhos pastam.
Há que se cultivar bem
O solo, plantando as sementes
Cuidando para que não as levem
No bico, os pássaros.

Há que se cultivar com cuidado
O alimento do sonho
Para que não mingue,
Para que não morra  
De fome.

Alimentado e crescido,
O sonho, para ser real,
Às vezes  precisa aprender
A ignorar as profecias
Do Mal.

E, se sobreviver,
Antes de tornar-se real,
Deve o sonho ser aquecido
Bem junto ao coração que pulsa,
E que lhe dê coragem
De ganhar espaço.

Ás vezes, é preciso cortar laços.

Mas um sonho perdido em um campo vazio,
Sem que ninguém o alimente,
É apenas um sonho morto.
Reanimá-lo? Nem tente!

Viver é Sentir








Enquanto escrevo,
O sol me aquece as costas,
Raios entrando pela janela
Deitando sobre o teclado...

Sinto o seu calor,
Ouço os sons lá de fora:
Passarinhos, carros, pessoas,
Vejo uma borboletinha
Que voa.

Viver é sentir,
E eu sinto
Exatamente agora
O momento que vivo.

sábado, 25 de agosto de 2012

Muito Obrigada!








Muito Obrigada!
Meu blog atingiu 20 mil acessos em menos de cinco meses. Para alguns, este número pode não parecer nada, mas para mim, é o resultado do carinho e do reconhecimento das pessoas que me acessaram. A elas, meu mais sincero obrigada! 
Quando comecei meus blogs, não tinha nenhuma expectativa... confesso que até temia um pouco ser totalmente ignorada, como aconteceu em 2008, quando tive minha primeira experiência com um blog, que abandonei e restaurei há pouco tempo, o "Lado do Avesso," que não é meu blog favorito, e sim, meu lugarzinho de catarse.
O Liberdade de Expressão foi construído em ocasião de minha saída do Recanto das Letras - para onde acabei voltando, mas gostei tanto do formato dos blogs (que antes eu detestava) e da liberdade que eles nos proporcionam, que decidi ficar, e considero o blog meu principal espaço na internet - acima do Recanto e do Facebook. É aqui que eu me sinto mais à vontade. 
Adoro ler outros blogueiros, pois sinto que a mesma liberdade que eu tenho, eles também tem. Postamos nossas fotos, textos, pensamentos... indicamos as pessoas que mais gostamos, em  perfeita interação. 
Temos a opção de desligar-nos daqueles com quem não nos identificamos. Eles continuam seus caminhos, e nós, os nossos. 
Podemos postar nossos vídeos favoritos, links para outros sites, enfim, temos toda a liberdade de fazermos aquilo que bem entendermos! E o melhor: de graça. Não precisamos pagar assinatura ou mensalidade.
Ou seja: é bom demais!
Obrigada a vocês que me visitam, muito obrigada!



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cuidado com o que Você Pede...






Cuidado com o que você pede...


Tem gente que acha que não devemos pedir nada ao orarmos, pois Deus sabe de antemão e muito melhor do que nós mesmos, daquilo que precisamos. Tá bom; concordo até certo ponto. Mas não foi Cristo quem disse que tudo aquilo que fosse pedido em Seu nome, seria atendido?

Bem, eu acho que Ele falou sério. Por isso, sempre peço, tanto por mim quanto pela saúde de meus entes queridos (e nem-tão queridos assim...). E acreditem ou não, quando peço por mim mesma, quase sempre sou atendida. Talvez isso nem sempre aconteça quando peço por alguém, porque a pessoa pode não querer para si a mesma coisa que eu. Eu costumava pedir coisas para os outros, e os resultados eram quase sempre desastrosos, pois eu pedia coisas sem levar em consideração a vontade alheia; então, parei com isso. Hoje, peço apenas saúde e paz e prosperidade para todo mundo. 

Mas como eu ia dizendo, eu quase sempre tenho sido atendida em minhas orações. Ou melhor, até hoje. Nem sempre no momento em que desejo, ou da maneira que desejo, mas quando olho para trás, seja o resultado bom ou desastroso, sempre chego à conclusão de que obtive exatamente aquilo que pedi. 

Isso seria muito bom, se eu fosse esperta o suficiente para, algumas vezes, não pedir coisas estúpidas. 

Por exemplo: um dia, cansada de fazer minha faxina, comentei com meu marido: "Há quanto tempo ninguém faz nada para mim... gostaria que alguém servisse meu jantar, lavasse minhas roupas..." Meses depois, caí doente, e tive que contar com a ajuda de outras pessoas para servir-me o jantar, lavar minhas roupas... 

Numa outra ocasião, eu queria tanto uma determinada coisa, que esqueci de pensar se aquilo seria bom para mim. Lutei, bati o pé, e apesar de tudo estar me conduzindo a um outro caminho, não sosseguei enquanto não consegui o que queria. Foi o maior desastre de minha vida! Perdi tempo, dinheiro, paz de espírito e não obtive nada em troca, a não ser uma grande dose de frustração e aborrecimentos! 

Mas sempre é diferente quando eu peço com fervor e deixo que a vida me guie até aonde eu quero. Nessas ocasiões, pode levar tempo, anos até, e nem sempre acontece exatamente da forma que eu queria, mas quase sempre acontece, e de forma bem melhor... 

Acredito que o pensamento tem força, e mexe com as energias à nossa volta. Quando desejamos algo ardentemente, e fazemos um movimento para obter o que queremos (desde que isso não vá ferir ou prejudicar outra pessoa), o universo se mobiliza para nos trazer aquilo que queremos. Não é muito fácil alinhar nossos desejos de acordo com aquilo que merecemos, mas quando conseguimos fazer isso, parece que os caminhos se abrem. De nada adianta pedir para ser alguma coisa que não tem nada a ver com meu caminho aqui nesta terra. Isso seria estúpido e pretensioso. Tenho que conhecer bem a mim mesma, alinhando meus desejos com o que o universo espera de mim. Não é como ter talento para música e querer ser artesão. Posso até conseguir, mas serei um artesão medíocre. 

As pessoas gostam de usar a palavra "luta" para definir a vida. Tenho até calafrios quando escuto uma coisa dessas, pois se eu acredito que vim aqui para lutar e sofrer, minha vida será exatamente assim. Prefiro associar à vida a palavra "fluir". A vida é um fluxo, quando não entupimos o caminho com nossas idéias absurdas. 

Também de nada adianta pedir as coisas em oração e achar, ao mesmo tempo, que não as merecemos, ou que o Reino dos Céus só pertence aos pobres. Dessa maneira, estarei fazendo dois pedidos controversos, e as forças opostas da minha oração anularão a si mesmas. Por exemplo; conversando com uma pessoa que sofre dores horríveis devido a uma doença crônica, mas que é portadora de grande fé em Deus, perguntei-lhe se ela pedia, em suas orações, para livrar-se da dor. Ela imediatamente respondeu-me que não, pois achando-se merecedora de suas dores, apenas era digna de pedir a Deus que a ajudasse a suportá-las. Ou seja, ela obtém exatamente aquilo que vem pedindo. 

Precisamos, sempre, prestar atenção, tanto às nossas palavras quanto aos nossos pensamentos. Um anjo mensageiro pode estar passando bem ali, naquela hora em que estamos pensando... 




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...