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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Somos Cúmplices







O caso de João de Abadiânia, ou João de Deus, trouxe à tona muitas das nossas próprias falhas. O mundo vive produzindo mártires e Cristos que servem para expurgar as nossas próprias culpas. Até hoje as religiões pregam que Jesus Cristo sabia de tudo que teria que passar, e que voluntariamente submeteu-se aos sofrimentos a fim de nos redimir dos nossos  pecados e fazer com que nos arrependêssemos deles. Se esta era a missão, Ele infelizmente fracassou. Porque até hoje a raça humana continua não apenas preferindo, mas também exaltando Barrabás. 

De repente, um dos maiores médiuns de cura do Brasil, mundialmente conhecido e exaltado, se vê envolvido em um escândalo sexual e financeiro sem proporções. Ficamos sabendo que durante mais de quarenta anos, João de Deus abusava de mulheres, lavava dinheiro e praticava vários crimes "sem que ninguém desconfiasse." Todos os que passavam pelas mãos sujas dele e sofriam abusos, calavam-se. Algumas mulheres até mesmo submeteram-se voluntariamente aos abusos praticados por ele mais de vinte vezes. Porque quem é abusado, e por livre e espontânea vontade, volta aos braços do abusador, submete-se voluntariamente, e mais do que isso, na minha opinião, torna-se cúmplice, pois muitas outras mulheres foram abusadas, não apenas por João de Deus, mas também por todas aquelas que o sabiam, e mesmo sabendo-o, decidiram se calar. Se em algum momento elas tivesse se manifestado, poderiam ter evitado que tais atos se perpetuassem durante tantos anos.

Ao mesmo tempo, em toda a cidade de Abadiânia várias pessoas também sabiam de tudo o que acontecia por ali – e até mesmo auxiliavam o médium – mas nada diziam, pois o que dissessem iria contra seus interesses comerciais e econômicos. 

Há muitos cúmplices. Todos deveriam ser ouvidos, julgados e condenados, juntamente com João de Deus. Porque existe um limite entre ser vítima e tornar-se cúmplice. 

Ultimamente, talvez incentivadas pelo caso de Abadiânia, tem havido muitas reportagens sobre mulheres que sofrem abusos e agressões. Algumas foram filmadas por câmeras escondidas, e mesmo assim, as mulheres em questão muitas vezes defenderam seus companheiros agressivos, recusando-se a prestar queixas contra eles. 

Há também os inúmeros casos de pessoas que continuam a defender políticos corruptos, ladrões e assassinos, e partidos políticos cujos objetivos já se desvirtuaram dos objetivos originais há muito tempo. Continuam a exigir a liberdade destes políticos, e nada que seja apresentado como prova contra eles parece ser o suficiente. 

Tudo isso me faz buscar respostas, mas essas respostas que eu busco não são nada fáceis de serem encontradas. Por que as pessoas cismam em defenderem seus algozes? Por que elas se recusam a admitir erros, a assumir culpas? Por que as pessoas admitem que outras abusem de si e de seus direitos, e ainda defendem seus abusadores? Por que, para a maioria das pessoas, é tão difícil admitir que errou, e recomeçar?

Finalmente, encontrei parte da resposta que eu buscava – digo parte porque nada é tão simples assim – em um livro que adquiri recentemente, “O Sagrado”, do rabino, humanista, filósofo e escritor Nilton Bonder. Eis a passagem que me esclareceu:

(...) “Há cultos que como primeira informação a suas vítimas previnem que haverá uma reação contrária aos ensinamentos que estão recebendo. Simulam então como os pais ou amigos tentarão provar que tudo o que aprendem é uma besteira. Ao antecipar eventuais reações, toda vez que a “vítima” em questão sofrer alguma forma de contestação poderá ouvir as palavras do seu instrutor que já a alertara sobre essa possibilidade. As falas contrárias se tornam assim profecias autorrealizadas e em vez de produzirem dúvida e reflexão sobre as informações recebidas, as reforçam; em vez de provocar pensamento, as  ideias provocam reação. Fica assim estabelecido o circuito circular onde um indivíduo perde sua capacidade de inteligência. Todo os sistemas de inteligência dependem de sua liberdade, de estarem abertos a possibilidades, livres de vícios e aprisionamentos. Esta é a função da pergunta ou da dúvida em qualquer sistema. Mesmo as máquinas são programadas para apresentar alternativas. É a alternativa ou a sua falta que faz de um sistema uma ferramenta inteligente ou um equívoco.”




quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Pluma








A pluma 
Na palma da mão.
A mão suspensa no ar.

Sabemos o final dessa história.

Somos a pluma,
Soltos ao beijo do primeiro vento.




Homenagem a

Ricardo Alves da Cruz





terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Eu












Me deito à sombra
Do teu dedo 
Indicador,
Sem direção, sem noção,
Sem o menor
Pudor.

Estico a alma
Para que caiba,
Para que a cambraia
Tão delicada
À luz do sol
Não resseque.

Rolo tranquila
Na indiferença
Das tuas pupilas.
Deito a cabeça
Entre teus cílios
Desço na lágrima
Distraída.

Eu sou vapor
Que o sol carrega
Transforma em nuvem
E faz cair
Sobre o teu rosto.

Mas sem pensar,
Tu me enxugas...
Algo de mim
Vai se ajeitando
Sem que tu saibas
Entre tuas rugas.





segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O Exercício do Desapego







No meio da tarde de domingo, olhando o canal de TV que meu marido assistia, um programa me chamou a atenção. Eu mesma, há tempos não assisto mais TV, mas a tela mostrava uma artista muito famosa nos anos setenta e oitenta, a cantora Perla. Sentei-me por curiosidade, e comecei a assistir. O apresentador estava na casa da cantora, agora uma mulher idosa. As fotografias nas paredes a mostravam no auge de sua carreira, uma moça linda e atraente, de longos cabelos, corpo escultural e muito brilho no olhar. Durante a reportagem, flashes de sua carreira de cantora e de sua bela voz.

Sobre a mobília de sua casa atual, vários troféus, medalhas e prêmios que ela havia conquistado devido ao seu talento. Tudo empoeirado, desorganizado e sujo.

Era uma bela casa, espaçosa e de pé direito alto. Mas totalmente decaída. A casa da cantora tornara-se um depósito no qual ela acumulava suas frustrações, e ao invés de ressaltar seu sucesso e a pessoa que ela fora, mostrava apenas sua decadência: havia roupas espalhadas em todos os cantos, objetos quebrados, sujeira e acúmulo de papéis e de coisas inúteis. O jardim, antes tão bonito, estava cheio de mato e plantas mortas. A piscina era um depósito de água suja e cheia de lodo. Perla tornara-se uma acumuladora compulsiva.

A proposta do programa era resgatar a imagem da cantora. Assim, a equipe contratou uma psicóloga e uma equipe de organizadoras profissionais, que limparam a casa, a piscina e o jardim de Perla, reorganizando o espaço, tornando possível a vivência saudável, enquanto a mesma era encaminhada a tratamentos de beleza e dentário. Ganhou até mesmo um alongamento de cabelos, já que cortara os seus bem curtos.

O tempo todo, ela parecia envergonhada e inventava mil desculpas para  justificar o estado em que a casa se encontrava: o braço que havia sido quebrado há alguns anos e que não permitia que ela fizesse a limpeza, as ‘muitas viagens’ que faziam com que ela, por questão de praticidade, mantivesse as roupas jogadas sobre sofás, camas e até no chão, o fato de ter sido roubada por pessoas que tinham ido ali para cuidar dela e várias outras desculpas.

No final do programa, o apresentador mostra a imagem da cantora recuperada, as longas madeixas e o sorriso restabelecidos, a casa limpa e arrumada. A filha da cantora dá um depoimento dizendo que sempre tentava fazer aquilo, mas que não tinha permissão da mãe, e que após a repercussão do programa, já tinha recebido vários telefonemas de pessoas querendo contratar shows de Perla.

O programa me deixou pensativa... quando chegamos aqui, temos a nossa juventude, vigor e beleza, e o mundo parece estar aos nossos pés. Sonhamos alto, lutamos pelas nossas conquistas e estamos cercados de pessoas ‘amigas’ que desejam desfrutar da nossa companhia e daquilo que ela pode lhes proporcionar. Pensei o quanto deve ser difícil, para alguém famoso, bonito e rico, desapegar-se da sua imagem ao começar a envelhecer e ver que os convites diminuíram e que as luzes da ribalta começam a se apagar aos poucos.

A vida após os quarenta deve ser um exercício de desapego. É claro que ainda podemos sonhar e realizar muitas coisas, mas precisamos admitir que já não somos os mesmos, e que se não deixarmos certas coisas irem embora, nos tornaremos escravos de lembranças e de falsas autoimagens. Aos quarenta anos de idade, nos damos conta de que os amigos começam a adoecer e morrer, ou os divórcios acontecem; estamos nos encaminhando para a decadência física, que chega tão aos pouquinhos, que nem notamos direito, mas de repente, nos vemos ofegantes ao subirmos uma escada ou ladeira, e torna-se muito mais difícil perder os quilos acumulados durante as férias. Os cabelos começam a embranquecer de verdade, e o colesterol sobe na mesma proporção que o metabolismo diminui. Já somos chamados de senhores e senhoras pelos mais jovens. Vestimos certas roupas e notamos que já não nos caem bem. Começamos a pensar seriamente em aposentadoria pela primeira vez.

Envelhecer com sabedoria significa deixar ir; precisamos deixar irem as pessoas mais importantes de nossas vidas – avós, pais, etc... e percebermos que não somos mais jovens, e que precisamos passar por uma transição interna de aceitação desta condição e também de amadurecimento. Que continuemos nos cuidando, mas sem desejar manter a juventude a qualquer custo, pois isso será frustrante, caro, cansativo e inútil.

Que ao envelhecer eu possa caminhar por um espaço livre de objetos desnecessários; um lugar limpo, confortável, prático e saudável. Que a minha casa esteja totalmente adaptada à minha nova condição. E que o mesmo ocorra com a minha mente. Não quero ter a tal “mente jovem!” Quero ter a mente velha, madura, cheia de experiências que eu possa partilhar com os mais jovens que estejam interessados. Acima de tudo, não quero ser a velhinha bonitinha, a coitadinha, a engraçadinha que todo mundo trata com forçada cortesia como se eu tivesse algum retardamento mental. Quero ser olhada com respeito. Quero que me enxerguem além da minha velhice.

Também não quero me apegar a coisas materiais, como roupas, bibelôs, caixas de fotografias amareladas e comidas por traças, objetos quebrados e excesso de mobília. Minha casa estará livre de tudo isso. Terei plantas, livros e quem sabe, alguns gatos. Se eu conseguir tal feito, estarei feliz.






quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O Caminho do Aprendiz





Para quem ainda não sabe, eu criei um novo blog: O Caminho do Aprendiz. Eis o link:

                                       ocaminhodoaprendiz2.blogspot.com


Neste blog, falo sobre meus estudos do tarôt. O tarôt é um oráculo, e podemos ter alguns insights sobre o que nos aguarda no futuro quando o usamos, já que ao refletirmos sobre nossas ações, acabamos prevendo as consequências destas. Porém, esta não é a principal função do tarôt. A reflexão sobre o nosso momento, a conversa íntima para a qual ele nos convida, pode ser de grande ajuda em momentos difíceis. O tarôt é um instrumento de autoconhecimento e reflexão. Não é um jogo vulgar de adivinhação, embora alguns o tratem como tal.

Meu blog não fala apenas sobre o significado das cartas do tarôt - qualquer pessoa pode adquirir livros sobre isso que as descreverão bem melhor do que eu o faço. Há centenas deles no mercado.  

Além de dar algumas dicas para leitura das cartas conforme venho aprendendo, eu também mostro a minha visão pessoal, e escrevo sobre aquilo que a observação do arcano me inspira. Além disso, há textos para reflexão que eu escrevi (simbolicamente) com meu próprio sangue.

Muitas pessoas ainda têm preconceitos sobre oráculos, pois acreditam que eles podem trazer 'azar', prever coisas funestas das quais não gostaríamos de saber ou atrair 'maus espíritos.' Bem, isso realmente acontece... em filmes de terror! Tudo é energia e intenção. Quando se age respaldado por boas intenções, obtemos bons resultados. Mas quem procura ajuda espiritual a fim de prejudicar pessoas, saber de coisas que não deveria ou obter vantagens que não obteria de forma natural, estará atraindo para si péssimas energias. Não é o caso do meu blog!

Convido-os a visitar e seguir O Caminho do Aprendiz. Garanto que vão gostar. 

Desde já, agradeço.




terça-feira, 8 de janeiro de 2019

CAMINHOS QUE SE CRUZAM








Acredito na importância dos caminhos que se cruzam e dos aprendizados que são trocados nessas paradas. Agradeço profundamente a Deus por todas as pessoas que passaram, passam e passarão na minha vida, mesmo aquelas que me causam dores, pois através delas eu aprendi muito mais sobre mim mesma e sobre a vida do que aprendi nos relacionamentos felizes.

Há muitas coisas que ainda preciso aprender, mas dentre as que já aprendi e que acho muito importantes para mim, são:

-Não mentir. Ser o mais verdadeira possível em minhas escolhas, no meu falar e no meu proceder. Assim, mesmo que eu cometa erros, não serão erros propositais.

-Ser consistente naquilo que prego aos outros e naquilo que eu faço.

-Não insistir nos erros. Acho que o que causa mais sofrimento, é não admitir erros e continuar a insistir em situações complicadas demais, pois as pessoas são como são, e nossos 'santos' batem com os delas ou não. Caso não batam, agradecer a Deus pela convivência e ir em paz, desejando-lhes sinceramente o bem. 
Para mim, respeitar o espaço e a casa alheios, sem forçar minha presença onde eu sinto não ser bem-vinda, é essencial.

-Não agir diferentemente do meu discurso. Certa vez, uma mulher procurou por Gandhi; ela queria que ele a ajudasse a fazer seu filho deixar de comer açúcar. Ele pediu a ela que voltasse algum tempo depois, e durante esse tempo, ele aprendeu a deixar de comer açúcar, pois não queria ser controverso naquilo que precisava ensinar.

Sentir-me bem é fundamental, pois a vida é muito curta. Quero que todo mundo se sinta bem também. Desejo que todo mundo seja feliz.







quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Lindas Imagens



Esta imagem é de uma montanha que vejo da minha janela e do meu jardim. Ela é chamada de Pedra do Retiro, e é belíssima! Meu marido fez esta foto no último entardecer de 2108. Ao olhar para ela, tenho a impressão de que alguma coisa me dizia que tivemos um ano produtivo, apesar de tudo; restou-nos um lindo entardecer em forma de despedida.

Já as imagens abaixo foram obtidas por mim no dia primeiro de 2019, ao voltar da casa de meus familiares após o almoço de ano novo. Para mim, elas sugerem, além de muita beleza, esperança. Para mim, os arco-íris são sinais de vida nova, renovação, encontro com algo superior.






Espero que eu esteja certa. Feliz 2019 a todos!







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O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...