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sábado, 17 de setembro de 2022

METAVERSO

 



Estive assistindo a alguns vídeos sobre a grande novidade do momento, o Metaverso  (ou seria a Metaverso? Sei lá...). E se você pensa que isso vai demorar para chegar até aqui, é porque com certeza ainda não reparou que, todas as vezes em que você abre seu Instagram, Facebook  ou Whatsapp, ele está lá: um ícone em formato de lemniscata, um símbolo da geometria sagrada que representa o infinito.




Em um dos vídeos que assisti, a protagonista decidiu passar 24 horas utilizando os aplicativos do Metaverso. Ela foi a festas virtuais, participou de reuniões de negócios, seguiu um programa fitness, jogou video games... e até tomou o café da manhã no alto de uma montanha acompanhada por um lhama, que pastava calmamente ao seu lado. Bem, não se pode parar o progresso. E como não desejo ser uma daquelas velhas chatas que não sabem sequer lidar com um celular, vou me atualizando.

Adoro tecnologia, e acho que ela veio para melhorar a vida das pessoas em muitos aspectos, desde saúde e entretenimento até qualidade de trabalho. Porém, nós, os humanos, temos os dedos podres que transformam coisas maravilhosas em grandes porcarias com um simples estalar de dedos. E o grande perigo do Metaverso, na minha leiga opinião, é que as lhamas virtuais e as montanhas de bites substituirão as reais. Pessoas de brinquedo substituirão pessoas de carne e osso. Passaremos horas e horas com aqueles enormes e desconfortáveis headsets (que, acredito, logo serão tão pequenos quanto qualquer par de óculos) na cara, vivendo uma realidade que não existe. Mas... quem pode definir o real do irreal? Uma coisa não se torna real a partir do momento em que foi criada?

Ainda temos muito chão pela frente até que possamos definir as vantagens e desvantagens da vida virtual. Eu por enquanto prefiro o cheiro das montanhas reais, e o toque da grama real nas pontas dos dedos. Gosto de sentir o sol real na minha pele, e andar sob a chuva de água real. Amo conviver com pássaros reais, flores reais, lua e estrelas reais. Nada como sentar lá fora à noitinha e escutar grilos reais, e ver vagalumes reais.

Quem sabe, em breve alguns de nós estejamos protestando em ruas virtuais pela volta da vida real?






quinta-feira, 8 de setembro de 2022

7 de Setembro

 



 


Há muito tempo eu não via uma manifestação patriota nas dimensões da que eu vi ontem. Todos os que estavam presentes o fizeram de livre e espontânea vontade. Finalmente, parece que o povo está aprendendo a valorizar o Brasil. Somos um grande país, mas infelizmente, muitos falam mal de nós lá fora (triste que sejam os próprios brasileiros que façam isso) e dão a todos uma ideia errada sobre nossa grandeza, quando deveríamos nos orgulhar do país maravilhoso que temos. 

Ao visitar alguns países da Europa, voltei para cá achando que nós temos muito, mas muito mais do que eles jamais tiveram. A diferença, é que eles valorizam cada coisa que possuem, enquanto nós não o fazemos - ou não o fazíamos. Os europeus e americanos acreditam que são grandes, e assim, cresceram. Agora espero que seja a nossa vez de mudar nosso "mindset" e começarmos a acreditar no Brasil.

E justamente por acreditar em meu país, jamais darei meu voto a quem o parasitou e depredou por anos. Jamais votarei em um ladrão redimido por um oportuno buraco na lei. Talvez as demais escolhas não sejam aquilo que eu sonhei, mas qualquer uma delas será melhor do que "reeleger um ladrão para que ele volte à cena do crime," como alguém bem já disse. 

Os resultados das pesquisas eleitorais não são verdadeiros, e não refletem a vontade da maioria. O povo nas ruas é bem mais eloquente do que qualquer pesquisa. Se alguns reclamam que o presidente transformou o 7 de Setembro em comício eleitoral, eles têm  razão, pois isso foi justamente o que ele fez; mas as pessoas que lá estavam compareceram por livre e espontânea vontade (ou necessidade). Os críticos deveriam lembrar-se que é bem mais digno fazer campanha eleitoral no 7 de Setembro a transformar o funeral da própria esposa em palanque.


É o que eu penso.


 



 



segunda-feira, 5 de setembro de 2022

ELA




Ela era uma nuvem que passa e ninguém vê,

Um poema épico que ninguém jamais leu,

Escrito à sangue no coração de Deus.


Uma pena soprada por um vento em desatino,

Folha temporã caída da árvore do destino,

Fruta  tão doce que ninguém colheu.


Ela era uma passagem bem no meio do tempo,

Que levava do Nada à Plenitude,

Mas que muitos temiam como a finitude.


Ela tinha cores claras e sempre discretas

Que compunham suas vestes na dor e na festa,

No rosto,  o mesmo riso ante o sol e a tempestade.


Ela não compreendia o que era saudade,

Pois nuvem que passa se derrete e vira rio,

E o frio se transforma novamente em verão.


Ela era o ‘sim’ que se escondia no ‘não’,

O doce reencontro após um amargo adeus,

A canção das estrelas em lenta escansão.


E ela sempre passava, e passando, ninguém via,

Ela era a eternidade vivendo em um só dia,

Era o som da palavra que ninguém ouvia.


E até hoje ela passa, e passando, se vai

Entre passos, poemas, e letras, e estradas,

Deixando as pegadas que nós, distraídos,

Com os pés, apagamos, até não restar nada.








terça-feira, 23 de agosto de 2022

SabatiNADA




Finalmente, após um longo tempo perdendo credibilidade e espectadores, a moribunda Rede Globo de televisão alcançou um grande nível de audiência na noite passada ao sabatinar o atual Presidente da República e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro.

Até mesmo seus mais ferrenhos opositores estavam assistindo -  e nem adianta dizerem o contrário.

Bem, como espectadora da sabatina e eleitora de Bolsonaro, eu esperava bem mais. Achei que ele fosse colocar os dois jornalistas no bolso como ele fez na última vez em que esteve lá, mas o que eu vi foi um Bolsonaro inseguro, muito pálido, hesitante e educadinho demais. Com certeza, ele teve que pegar mais leve devido às coisas que ele disse no passado, e que ainda tiveram grande repercussão em sua sabatina, mas poderia ter previsto isso e preparado melhor as respostas.

Por outro lado, Bonner e Renata não se referiram a ele nenhuma vez como Presidente da República (ela chegou a referir-se a ele como “Presiden...” mas logo se corrigiu), mas apenas como candidato, o que eu achei de uma imaturidade gritante; queiram ou não, ele é o Presidente. As caras, bocas  e olhares de desprezo e escárnio de Bonner me deram náuseas. O tempo todo, os entrevistadores se colocaram em uma posição superior, o que na minha opinião pegou muito mal, já que quando se convida alguém para sua casa, deve-se se tratar tal pessoa com respeito, seja ela quem for. As perguntas em si foram quase todas infantis, baseadas em ranços do passado e alimentadas por afirmações impensadas do próprio Bolsonaro, ao invés de coisas mais concretas que o povo realmente gostaria de saber. No final dos 40 minutos de sabatina, deram ao Presidente apenas um minuto para as suas considerações finais.

Minha impressão: a sabatina foi podre em perguntas e fraca em respostas. Não acho que Bolsonaro tenha ganho ou perdido eleitores. Não acho que Bonner e Renata foram bem – na verdade, foram péssimos. Foi um triste e insoso espetáculo, totalmente tendencioso, onde jornalistas cegos por ideologia fizeram perguntas idiotas a um candidato amedrontado. Bonner e Renata se esqueceram de que o objetivo de uma sabatina como essa é o de esclarecer seus espectadores, e não de tentar humilhar o sabatinado. Já Bolsonaro perdeu a chance de fortalecer sua imagem junto aos eleitores que já possui e de angariar eleitores indecisos.

Porém, diante das possibilidades que se apresentam no horizonte, prefiro votar novamente em Bolsonaro a eleger um comunista ladrão e criminoso. Não quero ver meu país nas mãos de pessoas totalmente desqualificadas, e não desejo ver acontecer aqui o que tem acontecido em países como Guatemala, Bolívia, Chile, Argentina e Cuba.


 


 




terça-feira, 16 de agosto de 2022

AS PRINCESAS CANSADAS

  

 





Lá estão elas:

Entre pratos e panelas,

Vassouras de palha,

Canteiros de flores,

No pregão da feira,

Ônibus lotados,

Trânsito caótico,

Crianças chorosas,

Maridos sentados 

Com olhos pregados

Nas faces das telas

 

 

Cotovelos colados

Nos beirais das janelas,

Elas olham a vida

E esperam que a vida

Também olhe para elas...

 

As princesas cansadas

Anônimas fadas

Bruxas disfarçadas

Sentam-se, desoladas

Nos degraus das escadas...

 

Lá estão elas,

Cartazes em punho

Procuram motivos

Direitos, pedidos 

A reivindicar.

- Não por convicção,

Mas por necessidade

De alguma emoção...

 

Algumas  disfarçam 

As mãos calejadas 

De torcerem as roupas

(Pois são liberadas)

Mas lavam calçadas,

Apontam cadernos

Com dedos compridos,

Ensinam lições 

A todos os filhos

(Quem sabe, aos maridos).

 

As princesas cansadas

Ajeitam as mechas

Caídas na testa;

Esmaltam as unhas,

Afiam as garras,

Se cobrem de trajes

Modernos e belos,

E limpam as casas

E quaram as roupas

Na parte escondida

Dos velhos castelos.

 

Há Brancas de Neve

Que sempre adormecem

Em caixões de vidro

Sonhando que um dia

Serão despertadas

Por um cavaleiro

De berço tão raro,

E um dia, despertam

Um tanto assustadas

Sob as duras patas

De um grande cavalo.

 

Há belas donzelas,

Sapatinhos de vidro

Um tanto apertados,

Assistem às novelas

Essas Cinderelas

Sonhando sandálias

Ou até quem sabe,

Bem secretamente,

Terem pés descalços...

 

Princesas cansadas,

De de dentro das casas

Elas se observam 

Das suas janelas:

"Quem é a mais bela,

A mais liberada?

 - Aquela parece

Estar bem cansada!

A outra está velha,

A outra é demente,

E a da casa em frente

Jamais vi os dentes..."

 

Tem uma que chora,

E outra que apanha,

Mas não vai embora;

A outra trabalha,

E nunca tem tempo

De vir à janela,

De ver a novela,

De olhar-se no espelho

E se perguntar

Se a vida que leva

É o sonho dela.

 

Tem uma que prega

Que é muito feliz

Estando sozinha,

Alega ser dona

Do próprio nariz,

Alega ser livre,

Ser empoderada

E viver em paz.

Mas tudo é mentira,

Pois sente-se só,

Pois sente que a cama

É grande demais.

 

As princesas cansadas,

Solteiras, casadas,

Ou divorciadas,

Postam suas fotos

Sempre sorridentes,

Não importa se mentem,

Não importa se a vida

Que as está levando

Não está costurada

Nos pontos das plásticas,

Não está congelada

Na mágica editada

No tóxico botox,

Na forma perfeita

Siliconizada.

 

A vida que vai

Não fica parada,

Não se eternizada 

Como uma elegia

Nas fotografias

Por elas postadas.

 

Não sabem quem são,

Não sabem de nada,

Só levam a vida

Que pensam que a outra

Princesa cansada

Tem como perfeita;

Não tiram o pó

E queimam o jantar

A fim de postar

Só mais uma foto,

Só mais uma selfie,

Só mais uma,

Só mais,

Só...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



sábado, 13 de agosto de 2022

Gatinho

 



Ele está lá, todos os dias. Tem donos, mas eles trabalham o dia todo e ele fica sozinho em casa, e parece que ele não gosta de ficar sozinho. E ele sobe naquele muro altíssimo (só de olhar, dá uma angústia e um medo enorme de que ele possa cair) e vem aqui para a parte dos fundos do meu quintal, tentar ser adotado por mim e pelos meus cães. Porém, meus cães não gostam nada da ideia, e querem trucidá-lo em pedacinhos.

Ele olha para os meus cães e dá seus doces miados, como a dizer: "Olhem sou um cara legal, deixem eu ficar e seremos amigos!" Mas sua estratégia não funciona. Ontem tirei-o de dentro da casa dos cães (por sorte, eles não o viram, não estavam lá). Temo pela vida dele. À noite, eu e meu marido pegamos ele no colo e descemos a rua para entregá-lo aos donos, mas ninguém estava em casa. Deixei-o no portão, do lado de fora da casa. Ele ficou lá sentadinho, olhando a gente ir embora, e meu coração soltou um fio que ficou preso entre suas patinhas.



O gatinho caminha sobre a altura do muro,

Tão branco o seu pelo

Ele mia, delicado, e em doce apelo,

Esfrega o corpinho branco entre as grades.


Os cães ladram, lá de baixo,

Mas ele não quer contenda.

O gatinho só quer alguém

Que o acolha e compreenda.


E ele anda o dia inteiro

Sem descanso, de lá pra cá

De cá pra lá , de canto em canto,

Por toda a extensão do imenso

Muro branco.


Seus miados angustiados

Encontram-se com a lua que surge

Na curva da rua, entre os montes.

Pobre gatinho branco,

Que chorou o dia todo

E entrou na noite sem sequer

Um acalanto!

Suas patinhas macias que cobriram todo o muro

De lá pra cá,  de cá pra lá

De canto em canto

De tanta solidão, perderam o encanto...


E eu o vi, mas fingi indiferença

Não por mal-querença, mas por proteção,

Para que ele não terminasse

Sua vidinha tão doce

Na boca de um cão.


Gatinho  branco, não posso te oferecer o que procuras,

Mas eu queria poder

Tê-lo em meus braços,

Para fazê-lo dormir sossegado,

Ronronando tranquilo, de olhos fechados,

Ao saber-se amado...




quinta-feira, 11 de agosto de 2022

PORTAS FECHADAS







Ela tem os nós dos dedos inflamados

De tanto bater às portas erradas.

As mãos inchadas

Já não suportam mais os anéis que não se encaixam,

Os pulsos enfaixados, quebrados,

Já não têm forças para suportar

Os dedos crispados.


 E ela se senta nos alpendres,

Clamando em desespero por alguém que a ouça,

Mas sempre bate às portas erradas,

Onde não há ninguém de verdade,

Onde a saudade já nem existe – e ela é tão triste!


 A solidão a deixa cega, desesperada,

E ela nem sequer percebe

A maldição que sai dos olhos enviesados,

E dos risos sarcásticos e frios,

Dos corações vazios onde ela tenta, por um momento,

Entrar e sentar-se

Desejando alento.


E ela só bate às portas erradas,

Às portas cerradas,

Tentando agradar sempre

A todo tipo de gente afetada,

E logo, seus olhos tristes se enchem de escárnio,

Seus lábios se curvam em sarcasmo,

E do seu coração, ela deixa vazar

Todo o amor que procurava

Na sarjeta mais próxima, na beira da estrada.

E ela procura por caminhos mais leves

Por dentro dos quintais cercados;


Por entre as ervas daninhas que ninguém plantou,

Ela pensa ver flores em seu delírio...

Nas luzes estroboscópicas que brilham,

Ela imagina ver o sol.


 E ela torce e retorce o corpo

Tentando caber em outros espaços,

Ela se cala para dar vez a outras vozes,


Alheias vozes que lhe dizem como ser,

Do que gostar, o que fazer,

Como vestir-se, como usar aquela maquiagem

Que a deixe com cara

De felicidade.







 




 


 




terça-feira, 19 de julho de 2022

O OUTRO NAO TE DEFINE

 






A excessiva preocupação em estabelecer uma imagem ou ideologia que vá ao encontro daquilo que as demais pessoas pensam ser correto é uma espécie de escravidão voluntária. Vejo pessoas que se consideram diferentes tentando desesperadamente serem aceitas e respeitadas por outras pessoas que nasceram em épocas diferentes, aprenderam conceitos diferentes e que não estão preparadas (ou dispostas) a compreender e aceitar certas mudanças dos tempos. E como elas vêm tentando provocar essa aceitação? Através da agressividade e da vitimização. Não percebem o quanto estão, elas mesmas, se desqualificando através dessa atitude. Tudo o que tenta opor-se forçadamente a uma ideia ou crença, apenas cria mais resistência. Somente através da compreensão, que é um processo que leva muito tempo e até mesmo, algumas gerações, existe a possibilidade de mudanças reais e duradouras.

Existem muitas características em mim mesma que algumas pessoas não compreendem ou aceitam. Na escola, sofri muito bullying por ser considerada fora dos padrões; não era rica, bonita, audaciosa ou arrojada como as demais meninas. E após a escola, o processo continuou.

Enquanto eu dei importância a tais pessoas que não me davam a importância que eu merecia, minha vida esteve travada e limitada. Até tentei modificar-me a fim de agradar as pessoas que me cercavam, o que, após algum tempo, causou-me frustações (porque quanto mais você cede o espaço que deveria ser seu aos outros, mais espaço eles ocupam e menos  o valorizam) e eventualmente, ressentimento. Quando dei por mim, não sabia mais onde minha vontade começava e a vontade deles terminava. E naquele momento em que finalmente dei por mim, meus relacionamentos tinham sido praticamente arruinados pela falta de limites e de amor próprio da minha parte. Porque quando você muda, as pessoas não mudam junto; elas passam a enxergar você como uma ameaça, uma espécie de criatura ingrata, revoltada, esquisita.

Ter a coragem de dar um basta pode significar que você vai se tornar alguém bastante solitário, e que alguns relacionamentos não vão ser jamais recuperados. Mas viver a vida toda tentando ser aceito ou respeitado, seja através do servilismo ou da agressividade, é uma perda de energia e de vida imensurável. Hoje, penso que cada um deve ser como é, sem se importar se está agradando ou não aos outros. E ninguém vai agradar a todos.

Talvez, através de uma atitude agressiva, você consiga intimidar ou calar uma meia dúzia de pessoas, mas não se iluda ao pensar que elas mudaram, ou que de repente passaram a respeitá-lo, pois elas estão apenas guardando (e acumulando) seu ódio para mais tarde, para quando tiverem a oportunidade de expressá-lo com mais veemência. E quando essa hora chegar – e ela vai chegar – vai ser uma explosão muito mais violenta e perigosa, pois será inesperada. Melhor deixar que cada um seja como é, pois só assim não seremos pegos de surpresa.

Se nem mesmo Jesus Cristo foi aceito ou compreendido por todos, morrendo a morte mais violenta, injusta e dolorosa  de sua época, por que se iludir pensando que pode modificar o mundo e o coração das pessoas através de gritos e de agressividade? Melhor é viver a própria vida, e compreender que ninguém é uma coisa só, e que existem muitas formas de ser uma boa pessoa e ser feliz, mesmo sem agradar a todos.

Por outro lado, quem sabe essa importância que você acha que os outros estão dando ao que você é ou deixa de ser esteja mais em você mesmo do que neles? Quem sabe, essa visão de que os outros só enxergam em você aquilo que, bem lá dentro de si mesmo, você mais teme, não esteja causando a maior parte desse sentimento de inadequação que você carrega sobre os ombros?

Lembre-se: quando alguém se apresenta como sendo seu salvador ou seu libertador, existe uma grande chance de que ele esteja apenas tentando salvar a si mesmo, e não se sinta forte o bastante para isso. Ele precisa de alguém que o deixe seguro a respeito dele mesmo. Ele projeta nos outros a sua própria necessidade de salvar-se e aceitar-se, e de se sentir aceito. Na verdade, ele se sente tranquilo ao saber que existem pessoas que ele pode dominar e manipular, pois elas acham que precisam dele enquanto é ele quem precisa delas. Vemos isso o tempo todo no mundo, nos mais variados contextos - até mesmo nas guerras. Cria-se uma necessidade para que se venda uma solução.






 




segunda-feira, 18 de julho de 2022

AINDA FALTAM ALGUNS DETALHES



Ainda faltam alguns detalhes para terminar meu cantinho do banquinho e deixá-lo mais aconchegante, mas está ficando bacana. Coloquei dois vasos com lavandas para dar cheirinho e espantar as formigas, repintei minhas decorações de jardim antigas e pretendo ainda decorar mais em volta - as coisinhas que eu comprei só chegam daqui a alguns dias. 

Mas já pude "inaugurar" no domingo de manhã.


A foto aí em cima é da "vista" do banquinho. Sempre muito bem acompanhada pelos meus dois cãezinhos.



Simplesmente amo decorar jardim com pedras de rio. Essa é parte do meu caminho que leva ao banco. O jardineiro meu ajudou a colocar a ideia (Pinterest) em prática.

Eis porque ando tão ausente das redes...


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segunda-feira, 11 de julho de 2022

DEBAIXO DE UMA ÁRVORE

 

 

À direita, o cedro, onde vai ficar o meu banquinho.


Sempre sonhei em ter um banquinho debaixo do cedro do meu jardim. Acabamos colocando, há alguns anos, um banquinho na entrada da casa, e outro feito de pedra nos fundos, e mais tarde, outro em uma curva do jardim, mas nunca um sob a árvore. Por que? Não sei, já que sempre foi minha ideia original ter um banquinho debaixo daquela árvore. Mas desta vez, cismei: escolhi o banquinho (que ia chegar no sábado, mas a entrega foi adiada para a terça-feira - amanhã - o que muito me frustrou; pedi ao jardineiro que construísse um caminho que leva ao local do banco com as pedras do rio, que pegamos na rua após uma tempestade muito forte que as fez transbordar para fora das margens, há vários anos. Ficou bem bonito o caminhozinho. 




Agora, aguardo o banquinho chegar. Pretendo passar muito tempo debaixo dele, lendo e escrevendo. E quando eu me cansar, descansarei as vistas na copa da árvore, entre ramos e passarinhos.

Esse banquinho me fez pensar nas coisas fáceis, nos tantos sonhos perfeitamente acessíveis que ficamos adiando sem saber sequer o motivo. Meu Deus, o quanto poderíamos ser felizes, se ao menos tivéssemos o trabalho de realizar pequenos sonhos! Será por preguiça que não o fazemos? Será por medo de provocar a crítica, o julgamento (ou a inveja) alheia? Ou será simplesmente por estupidez?




Eu vou sim, ter o meu banquinho debaixo da árvore, e vou enfeitar aquele cantinho com uma porção de coisas que eu gosto: luzes de fada, pequenas estatuetas, vasos de plantas. E sentada lá, eu vou ver os raios de sol entre as folhas do cedro, escutar o canto dos sabiás, ler centenas de livros e continuar, quem sabe, planejando outros cantinhos possíveis.

Dentro e fora.






 

quarta-feira, 6 de julho de 2022

DE REPENTE

 



 

De repente você acha que não vale mais a pena fazer planos para o futuro. Você envelheceu ou está envelhecendo, e acha que só restam alguns anos de vida, e então a melhor coisa a se fazer é curtir o que já conquistou e desistir de qualquer tipo de ambição.

De repente, você percebe que os livros que acumulou na estante são muitos, e que ainda não leu a maioria deles. Teme que o tempo de vida que ainda lhe resta não seja o suficiente para ler todos eles, e se sente frustrado, como se uma ampulheta estivesse enfeitando a estante.

De repente você está em casa, olhando pela janela, e se dá conta de que quase vinte anos se passaram desde que você olhou por aquela janela pela primeira vez, e que a paisagem não mudou - as árvores e montanhas são as mesmas, o céu é o mesmo, mas você... e então vem aquela sensação (ou certeza?) de que quando você não estiver mais por aqui, não fará falta nenhuma ao mundo. Você não existe para o mundo, e nem é importante para ele. É ele que existe para você. Você vai passar - está passando - e ele vai ficar.

De repente, você olha em volta e percebe que a casa poderia se beneficiar com uma pintura, alguns móveis novos, plantas, uma redecoração. Mas daí você se lembra de que está velho, e pensa: "Para quê isso, se vai ficar tudo aí? Melhor só guardar dinheiro para deixar de herança para quem ficar."

De repente, você percebe que ainda não fez muitas coisas, e que não vai ter tempo de fazer tudo, mas que ainda há tempo para se fazer muitas coisas. 

Conheci alguém que, aos sessenta e poucos anos, se sentia assim. Porém, ele não sabia que ainda viveria muito tempo. Morreu aos 96 anos, e perdeu um tempo enorme só esperando a hora chegar, ou seja, passou seus últimos 24 anos só esperando a morte. 

De repente, a vida é hoje. Só hoje. Mas de repente, não.




 


 






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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...