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domingo, 21 de outubro de 2018

Fragilidade











Eu quero ser como a frágil flor,
Que olha o mundo, pendendo
De uma haste fina e quebrável,
Que enverga à passagem do menor vento,
Da mais branda chuva,
Mas que guarda, dentro de si,
A Semente do Inominável.

Ela olha o mundo com os olhos
Rentes ao gramado,
Acolhe as borboletas e joaninhas,
Enverga-se ao peso de uma gota gris
Amanhecida sobre a pétala
Mas, na sua fragilidade,
Faz parar o voo dos colibris.

Ao sol do meio-dia, ela exala
O seu melhor perfume: o último, 
E sem qualquer plateia, susto ou púlpito,
Ela cai, misturando-se ao solo
Indo no colo de quem a trouxe.

Leva consigo as respostas
Que ninguém jamais escutou
De uma vida que foi encantada,
Alegre, curta, triste, eterna, amada,
Ignorada 
E doce.





quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Recolhimento




Eu recolho entre meus braços
Todos os meus passarinhos,
Meus poemas, meus abraços,
Meus silêncios e cansaços.

Cubro-os de branco linho
Bem suave, de mansinho,
Para que eles adormeçam
No calor desse meu ninho.

Recolho minhas palavras,
Minhas facas e navalhas,
Do presente e do passado
Guardando-os em uma gaveta
Bem fechada, à cadeado.

Recolho o que me foi dado,
E também, o retirado...
Sob a egrégora do tempo,
Fica o que ficou perdido
E o que nunca foi amado.









segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Preocupações...





Completei 53 anos de idade recentemente. 

Lembro-me de que quando eu era mais jovem, minha maior preocupação era sobre o que os outros poderiam estar pensando de mim, e confesso que eu baseava grande parte da minha vida e das minhas atitudes nisso. 

Engraçado, mas com o tempo, esta tem sido uma das minhas menores preocupações. E como isso pode ser libertador! Não ter receio, nem vergonha de ser quem eu sou foi uma das melhores coisas que já me aconteceram. E isso só vem depois de muito chão caminhado.

O que eu coloco em minhas redes sociais, blogs e sites, é exatamente aquilo que eu penso. E se o faço, não é a fim de 'aparecer' ou 'causar.' É apenas porque eu posso, e tenho esse direito. Assim como qualquer outra pessoa. Pago meus impostos, pago pela minha conexão de rede e também pago as minhas contas do mês através do meu trabalho, e por isso, sinto-me no direito de me expressar da forma que eu quiser, quando eu quiser, nos espaços que me permitem tal expressão. Não me preocupo com o que os outros estão achando das coisas que eu posto, do que eu penso ou deixo de pensar, ou sobre as minhas posições políticas. 

Eu faço o que eu quiser da minha vida, enquanto eu quiser, enquanto eu achar que devo. Se um dia eu achar que eu cansei, eu me retiro. 




Acho muito engraçado ver pessoas bem mais jovens que eu, e que dependem de outras pessoas para se sustentarem, dizendo que eu 'extravaso' nas redes, que eu estou ficando uma velha ridícula... enquanto dizem lutar pela liberdade e pelo fim do preconceito. Tristes pessoas. 

Serei uma velha ridícula, e com muita honra! Serei daquelas que, se acharem apropriado, pintará o cabelo de azul, e usará o tal chapéu vermelho; já me vejo passando nas ruas, e sendo apontada como aquela velha maluca e sem noção pelos jovens - os mesmos jovens que se preocupam demasiadamente com a opinião dos outros a respeito deles - e eu passarei por eles, dando risadas, sendo eu mesma... na verdade, eles vão sonhar que o tempo deles de serem velhos e ridículos chegue logo, pois não aguentarão mais viver fingindo que são o que não são. 




Acho que este é o verdadeiro empoderamento da pessoa: ser quem é, sem importar-se com os achismos alheios. 

O que mais me importa: ser feliz da maneira que eu quiser, acreditar no que eu quiser e ter o direito de lutar pelas coisas em que eu acredito.

O que menos me importa - ou que não me importa de jeito nenhum: a sua opinião ao meu respeito. 




terça-feira, 9 de outubro de 2018

Por Enquanto...








A minha poesia
Está sentada sozinha, 
Debaixo de uma escadaria,
Sofre de gastura e astasia.
Pacientemente, ela aguarda,
Às vezes, olha para fora,
Pela vidraça...
Esmaga entre os dedos uma traça,
Suspira fundo, e não acha mais graça
Na paisagem amarelada.

A minha poesia
Anda sofrendo de azia,
Suspira profundamente,
Aguarda o brilho da estrela empoeirada
E entrementes,
Olha os próprios dentes, num espelho,
E quando lhe sobe o calor do tédio,
Faz estalar um artelho,
Mas não procura um remédio.

A minha poesia
Anda transformada em outra coisa,
Para que a minha alegria
Não morra enterrada, debaixo de outra coisa
Que quer enterrar aquilo que eu mais prezo:
A minha liberdade de grito.

E enquanto essa liberdade
Se sentir ameaçada e insegura,
Anda hei de sucumbir a essa loucura.
No corredor, passo por ela, a poesia,
Nos entreolhamos... ah, essa abulia!
Enquanto ela me aguarda... até um dia!
















segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Perguntas e respostas


meio-cansada disso tudo...





1- Você aí, que defende o comunismo e chama Bolsonaro de misógino, gostaria de lembrar a você que as ex-mulheres e a atual mulher dele nunca reclamaram de nada. Além disso, qual é o país comunista que defende os direitos das mulheres?

2- Você, que é a favor da diversidade e chama Bolsonaro de machista e preconceituoso, pode explicar a adesão em massa de gays e negros à campanha dele?

3- Você, que não passa férias no Nordeste ou no Rio de janeiro devido à violência, mas prefere ir para a Europa, me diz aí: onde os cubanos e venezuelanos passam as suas férias?

4- Você, que reclama do capitalismo, mas trabalha em instituição capitalista, tem celular caro, roupas da moda, adora um bom restaurante, possui carro do ano e casa própria, pode por favor me mostrar como são as casas das pessoas em Cuba? Quanto um profissional como você ganha em um país comunista, e com qual porcentagem do salário ele fica, e quanto o governo toma dele? 

5- Você, que defende a liberdade de imprensa e o direito à liberdade de expressão, pode me apontar um único país comunista que desfrute de tais liberdades – mesmo que nos dias de hoje haja pouquíssimos, já que o comunismo não deu certo em lugar nenhum?
6- Você, que defende bandidos e chama Bolsonaro de violento, como reage ou reagiria caso sua casa fosse invadida por ladrões? A quem você chamaria para defender você e sua família: traficantes ou a polícia?

7- Você, que reclama da violência, mas sobe o morro para comprar drogas e com isso financia toda a violência que diz combater durante suas passeatas nas quais, vestido de branco,  distribui flores e forma pombinhas brancas com as mãos, me diz aí: como são chamadas as pessoas que pregam uma coisa e vivem outra?

8- Você, que afirma que a Venezuela é uma democracia, pode me explicar as pessoas fugindo de lá por estarem morrendo de fome e passando a viver no Brasil, deixando para trás seus lares, família, e amigos? Por que os o maior sonho dos cubanos é fugir de Cuba, e por isso muitos se arriscam para sair de lá e viver como clandestinos em países capitalistas?

9- Você aí, que estudou para se formar e ter uma profissão rendosa, se você morasse em Cuba, por exemplo, poderia desfrutar do fruto do seu trabalho dignamente? Gostaria de ser considerado apenas uma peça do governo, que te manda para qualquer lugar sem que você possa levar a sua família, apenas para fazer negócio com outros países, enquanto fica com mais de oitenta por cento do seu salário? 

10- Você, que clama por justiça por Marielle, por que não clama também por justiça quando se trata do esfaqueador de Bolsonaro, ou das milhares de pessoas que morrem diariamente vítimas da violência urbana e dos maus tratos em hospitais públicos? A vida deles vale menos do que a de Marielle?

11- Você aí, que chama Bolsonaro de torturador e de violento, mesmo que nunca nada possa ter sido provado que justifique a sua acusação, por que continua defendendo assassinos como Carlos Marighella, Fidel castro, Maduro e Che Guevara? Não foram eles que torturaram gays, estupraram mulheres e crianças e assassinaram pessoas apenas por diferenças de opiniões?

12- Me diz aí, você, que também tem plano de saúde, por que acusa Bolsonaro de ter sido atendido em um bom hospital em ocasião de seu esfaqueamento, mas não acusa Lula e Dilma de terem tratado suas doenças no Sírio-Libanês?

13- Você aí, que prega a igualdade e o “socialismo,” com quantas pessoas você divide a sua casa, quantos mendigos já recolheu das ruas e quanto do seu salário você doa aos necessitados? Com quais causas você contribui? E todas aquelas roupas e sapatos enfiados há anos no seu armário, coisas que você não usa mais há anos, por que não as doa para quem precisa?

14- Você aí, feminista de esquerda, que não raspa as axilas, caga nas ruas e tem a aparência de um ser espúrio e abjeto, o que você não daria para ter uma pessoa legal que gostasse de você, uma casa legal para dividir com tal pessoa, se sentir amada e valorizada por alguém bacana? De onde vem todo esse ódio, senão da frustração por não ter tido a capacidade de administrar a sua própria vida?

Comunismo é ódio. Comunismo é medo. Comunismo é inveja. Comunismo é hipocrisia de pessoas que, por fraqueza de espírito, pregam a igualdade e combatem aquilo que eles mais desejam ter, exatamente por não se sentirem capazes de obtê-las por pura incompetência. Comunismo é frustração amorosa, preguiça, recalque. 
Mas quando o comunismo vêm de pessoas que têm tudo isso ou  a maioria dessas coisas, ou seja, vivem da forma mais capitalista possível enquanto pregam o comunismo,  eu nem sei como chama-lo. Talvez você possa ter alguma sugestão, quem sabe...



terça-feira, 2 de outubro de 2018

Relacionamentos - Pequenos e Grandes Problemas







Eu acredito muito que não devemos ficar “procurando cabelo em ovo”, como minha mãe costumava dizer. Alguns pequenos problemas podem se resolver sozinhos, e não necessitam que passemos noites em claro pensando sobre eles. Estes problemas, geralmente, são aqueles que na verdade, nem chegam a existir: nossas preocupações com o futuro, por exemplo; passamos boa parte da vida nos preocupando com problemas que nem sequer existem, e a maioria deles jamais chegará a existir.

Mas acredito também que, quando se trata de relacionamentos, para podermos conviver bem com as pessoas precisamos identificar e sanar os grandes problemas latentes. Eles podem ser representados por hostilidades sem razão de ser, exibidas em público por uma das pessoas em um grupo, ou em privado, através de comentários maldosos e fofocas, no intento de diminuir ou humilhar o outro. 

Quando a convivência é opcional, é claro que qualquer um desistiria de conviver com tais pessoas. Mas muitas vezes, a convivência não é opcional. É preciso que ela exista, seja em um ambiente de trabalho ou em uma família. Nestes casos, é necessário que se trabalhe a falta de empatia e os gostos pessoais. 

Acho que a tática de ignorar o problema da hostilidade gratuita, usada pelos demais membros do grupo achando que com o tempo tudo se resolve, em nada ajuda; pelo contrário: somente atrapalha. Ela dá ao agressor a sensação de que os demais concordam com ele e o apoiam. 

Melhor seria identificar o problema e mostrar ao agressor as dificuldades que surgirão, no presente e principalmente no futuro, através de tal comportamento. Acho necessária a confrontação do problema, a conversa franca para identificar as origens do mesmo, que na maior parte do tempo, vem da inveja e insegurança, do medo de perder sua posição ou de uma antipatia gratuita causada por má vontade ou má interpretação do que alguém disse, mas que jamais foi esclarecida. Tais coisas sempre começam cedo, logo no início do relacionamento, mas crescem a proporções assustadoras ao longo dos anos. Aquele que ‘veio de fora’ e começou a participar do grupo, pode não se sentir muito à vontade para fazer tal confrontação, e acaba, como os demais, tentando ignorar as ofensas. 

Quando tal coisa acontece, o que vemos após anos e anos de convivência mal direcionada? Ódio solidificado, ressentimentos calcificados, raiva cumulada. Sentimentos que poderiam ter sido compreendidos e canalizados de uma forma melhor através de um mediador. É claro que conviver bem, dentro dos limites do respeito e da boa educação, não significa que duas pessoas serão amigas verdadeiras ou que se amarão, mas o respeito mútuo pode ser o máximo que se consiga. Ou então, os ressentimentos podem sim, transformar-se em amizade, caso sejam postos à luz do entendimento e cada um tenha a chance de estudar e compreender os próprios sentimentos e os sentimentos do outro e pedir desculpas, se for o caso.

Mas existe um tempo limite para essas coisas; anos e anos de raiva acumulada não se desmancham do nada. Anos e anos de ofensas sofridas não são esquecidos facilmente. É muito difícil mudar as coisas quando elas tem sido como são uma vida inteira, sem que houvesse da parte de ninguém, uma tentativa de ajudar a promover uma mudança.

Adultos não são como crianças que, ao se desentenderem enquanto brincam, são colocados frente a frente e alguém manda: “Peça desculpas ao Joãozinho.”  Mas... pensando melhor, talvez este também possa ser um caminho! Se, ao menor sinal de um desentendimento ou de um ressentimento infundado, um mediador tivesse feito tal papel, quem sabe a relação não poderia ter tomado um outro caminho? Mas existe um tempo limite para essas coisas. O que não foi feito logo no início, não poderá desfazer anos e anos de agressões veladas ou explícitas, ressentimentos, raivas, ciúmes e inveja jamais contidos ou confrontados. 

O que fica, depois de tudo isso, são imagens nítidas do que poderia ter sido, e de tudo o que foi perdido. Anos que poderiam ter sido vividos de uma forma muito melhor, muito diferente, mas que foram jogados fora. 

E um dia, nota-se que é tarde demais para uma mudança. O sentimento que permanece é o de desperdício. 





segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Me Diga Você, que é Santo








Me diga você, que é santo,
Como é que eu posso fingir
Que não existe veneno
No sabor do absinto?

Fingir que não há espinhos
No caule da rosa murcha,
Que eu não sinto o que eu sinto,
Que eu não vejo a garatuja?

Me diga, você que é santo
Como é que eu saio disto:
Perdoar quem nunca disse
Que está arrependido!

Me diga, como é que eu posso
Deitar-me onde eu não caibo,
Encolher a minha alma
Em caixão cheio de saibro!

Me diga você, que é santo,
Como alguém, que há tanto tempo,
É sempre deixada ao relento
Finge não sentir o frio,
Finge não temer o vento!

Me diga você, que é santo,
Já que eu mesma, não entendo,
Me diga você, que pode,
Como eu finjo o que não sou,
Como eu me reinvento?






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