witch lady

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terça-feira, 31 de julho de 2018

FELICIDADE








A felicidade é como uma criança tímida,
Do tipo que, nas festas,
Passa correndo pela floresta de pernas dos adultos,
E, encontrando um cantinho isolado,
Senta-se sozinha.
(Às vezes, alguém se senta ao seu lado).

Ela adora brincar de esconde-esconde, 
No rosto das flores, e espiar entre as frestas
Das janelas entreabertas; ela vê
Os cantinhos gramados, os campos verdes, os rostos amados,
E somente por eles ela procura.

A Felicidade não gosta muito
De altos volumes, aplausos, fortes luzeiros,
Prefere o conforto de uma sala silenciosa
E poucas pessoas verdadeiramente amorosas,
Pois ela se encontra somente
Entre os relacionamentos verdadeiros.

A Felicidade adora o descanso
De uma cama quentinha, e o café com pão
Tomado entre família, servido humildemente
Sobre a mesa da cozinha.
Ela trocaria qualquer TV por assinatura
Pelo conforto de um filme antigo na Sessão da Tarde,
Sem qualquer pompa, circunstância ou alarde.

A Felicidade está naquele cãozinho que nos segue o dia todo,
Nos chamando para brincar com ele lá fora, matreiro,
Mas dizemos que não temos tempo,
Enquanto nos ocupamos em limpar a casa, lavar o banheiro,
Fazer o jantar e ganhar dinheiro.
Alguns a confundem com sua irmã, a Alegria,

Mas embora ambas tenham nascido do mesmo ventre,
São bem diferentes.
A alegria adora os shopping centers, o sol forte, muita gente,
As fotos sorridentes, nas quais busca
Desesperadamente, 
Sua irmã, há muito perdida.

Às vezes, quando envelhecemos,
Nós a encontramos sentada à soleira da nossa casa:
-Uma criança, morta, há tanto tempo abandonada!
E entendemos que enquanto a procurávamos mundo afora,
Ela estava ali, o tempo todo nos esperando,
Cada vez mais 
Desencantada.







Porque eu me Levanto










Na queda livre,
Enquanto te lamentas e medras,
Eu deixo os olhos à altura
Das flores e das pedras;
Vislumbro cores, sinuosidades,
E aspiro a relva.


Mergulho os dedos na lama da vida,
E me levanto aos poucos, ilesa,
Enquanto tu permaneces presa
Contando escaras doloridas.


Eu me levanto sempre, se tropeço
Ou se me empurram, quando distraída.
Se estou no chão, eu ergo o meu olhar
E admiro as aves a passar
Acima de mim; esqueço a dor.


Eu vejo o céu, as nuvens, as estrelas,
Enquanto tuas lágrimas te impedem de vê-las,
Porque teus olhos 
Não têm amor.


Eu me concentro sempre na beleza,
E tu, na tristeza.





A Águia









Voava a imensa águia,
Acima dos pensamentos,
Colecionando momentos...
Asas abertas,
Olhos atentos...

Voava acima do que paira
Sobre esse mundo de cimento,
Ia nas asas do vento,
Penas ao sol...

Voava a imensa águia,
Pássaro nobre,
Pousava sobre o gelo azul,
E a paisagem...

Vivia sua liberdade,
Depois pousava,
Sobre o braço forte
Que alguém lhe esticava!

Sempre voltava!






quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vitimização






Não gosto de quem se vitimiza. Geralmente, é como dizem: "Antes de sentir pena de quem perdeu um olho na batalha, tente saber como ficou o adversário." 

É tanta vitimização nos dias de hoje, tantas lamentações a respeito de tudo! E se formos olhar de perto, aqueles que lambem suas feridas em público, com certeza jamais mencionam os e-mails mal-educados que foram enviados, as críticas cruéis e sem razão de ser que foram feitas, as palavras duras e invejosas que foram usadas. Sem falar na fofoca, essa velha feia, alcoviteira, covarde e maldosa que muitos carregam nas costas o dia todo. Porque muito do que se passa, fica debaixo dos panos da covardia, e quem se vitimiza, quem expõe as chagas purulentas em público, não mostra o machado com o qual atacou seu inimigo.

Não perco mais tempo com pessoas assim, seja na vida real ou na vida virtual: eu me afasto. Bloqueio. Se não for possível bloquear a convivência por qualquer motivo prático, eu bloqueio a energia daquela pessoa. Deixo de procurar. Deixo de prestar atenção a ela, e respondo monossilabicamente quando estritamente necessário. Se for possível bloquear nas redes sociais, eu o faço sem a menor culpa ou receio. Felizmente, temos esta ferramenta. 

E quando tais pessoas, que me feriram no passado, voltam e começam a me tratar com uma doçura não habitual, eu rezo e peço a Deus que me proteja da falsidade. Porque eu não acredito que alguém que tenha me maltratado, de repente passe a gostar de mim e a me tratar bem, assim, do nada.

Eu acredito que quem visita outra pessoa, seja física ou virtualmente, deve a ela respeito; é uma questão até mesmo de boa educação; se discorda de suas opiniões, e se for realmente importante expressar-se, que o faça com educação e sem esquecer que está em território alheio. Achar-se íntimo de alguém que nem sequer conhece, é uma forma de arrogância. Quem o faz corre o risco de ser colocado porta afora e ter seu acesso negado.

Se isso significa ter personalidade forte, eu não sei; mas certamente, significa ter amor próprio, e não perder tempo com quem nada acrescenta. 





quarta-feira, 18 de julho de 2018

VIDA















Vida




Tão curta

Quanto a palavra...




Tão plena

Quanto a palavra...




Tão misteriosa

Quanto a palavra...




Tão bela e terrível

Em sua lavra

Quanto a palavra.





Imagem: passeio de helicóptero em Cabo Frio

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Não Sou Luz







Não sou luz; sou uma chama
Que teima em manter-se acesa
No limiar da incerteza.

Minha fé é meu apoio,
Meu legado, nesse joio,
O que me mostra a beleza.

Noite escura, ventania,
Aguardo por mais um dia
Que se ensaia, no horizonte.

A língua estendida, espero
Receber dos céus o alívio:
-Muita sede, poucas fontes!

Não sou luz; sou esperança,
A flecha que alguém lança
A um alvo desconhecido.

O meu caminho é incerto,
Mesmo assim, de peito aberto,
Tenho errado e aprendido.

Amanhece nessa selva,
Pés desnudos sobre a relva,
Redefino meu caminho.

De onde eu vim, não importa,
Diante da nova porta
À morna luz que me aquece

Eu agradeço à bigorna 
E ao escultor, que cinzela,
Essa minha vida torta.





quarta-feira, 11 de julho de 2018

Agradecimento










Benditas as mansas gotas de chuva
Que enfeitam as folhas com seus cristais espelhados.

Bendito o cheiro ativo de terra molhada
Que viaja pelo ar, e me chega
Enquanto me ponho à janela,
Olhando os pássaros que se ajuntam nos galhos do cedro.

Bendita a correnteza da vida,
Que segue até um rio misterioso
No qual todos desaguaremos.

E enquanto isso, que eu viva
Bendizendo sempre a beleza da vida que temos
E a da vida que um dia teremos.







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