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terça-feira, 19 de junho de 2018

ECOS & LEMBRANÇAS









Bandeirinhas verdes e amarelas sendo penduradas de um lado da calçada até o outro. Nós, crianças, sentados no chão, as recortávamos e colávamos nos barbantes. Os adultos que passavam paravam para ver, e alguns vinham com ofertas: "Olhem, eu tinha em casa essa lata de tinta amarela!"  "Podem ficar com o plástico verde." "Esta bandeira é da última Copa. Podem pendurá-la."

E nós pendurávamos todas as bandeiras, pintávamos os muros de verde e amarelo e fazíamos aquela festa... às vezes, havia o concurso da Rua Mais Bonita, promovido pela estação de rádio local.

Na hora do jogo, eu me lembro que a rua ficava totalmente vazia, mas a cada grito de "Gooool!!!" as pessoas iam às janelas gritando e acenando umas para as outras, comemorando. 

E se o Brasil vencesse... ah, aquela carreata indo em direção ao centro da cidade, todo mundo feliz, buzinando, carregando bandeiras, para nos reunirmos e comemorarmos a vitória. Naquele dia, ninguém mais trabalhava, e no dia seguinte, a avenida estava coalhada de pessoas vestidas de verde e amarelo.

Mas até isso nos tiraram. 

Tiraram-nos tudo: a esperança, a fé em um futuro melhor, o sentimento de patriotismo. Esta está sendo uma Copa do Mundo amarga. Assisti até gora a apenas um jogo, e vi o mesmo desânimo nos jogadores de futebol. Parece que não existem motivos para que eles joguem com raça; afinal, quase nenhum deles vive no Brasil - foram vendidos a times estrangeiros, onde recebem verdadeiras fortunas. Não os culpo; qualquer um no lugar deles faria a mesma coisa. Cada um vai para onde se sente mais valorizado. Porque aqui, nada mais é valorizado: não damos valor aos nossos atletas, nem às nossas crianças ou aos nossos profissionais. 

Sinto uma pena enorme de tudo isso. Sinto pena porque somos um dos países mais lindos do mundo, de melhor clima, aquele, onde "Tudo o que se planta, dá." Pena que ultimamente só a corrupção tem sido plantada. 





quarta-feira, 13 de junho de 2018

Se Você Quiser










Visto do lado de fora
Por um olhar apressado,
Tudo é fácil, tudo é lindo,
E o caminho, aplainado.

-Quer chegar onde cheguei?
Vai ficar decepcionado!
Pois nem é tão longe assim,
É só o melhor de mim,
Meu pedaço conquistado!

Através do olho sonso,
De quem me olha, encostado,
Há a ânsia insatisfeita
De ter, a si, abandonado.

-Quer chegar onde eu estou?
Não será tão fácil assim...
Terá que andar, sozinho,
Por esse mesmo caminho
Por onde, sozinha, eu andei!

Vai ter que rasgar a alma,
Ferir os pés, ao andar
Sobre a brasa, sobre o gelo,
Sob o sol e sob a chuva,
Suportando a dor intrusa,
A friagem, o calor,
A dúvida, com desvelo
E com calma, sem medrar
Chorar, quando for preciso
Sem perder o chão e o siso
E sem deixar de sonhar!






SOU DO TIPO QUE NÃO DESISTE









No começo da minha vida, eu era fraca. Fugia de toda sorte de controvérsia, por medo de ser julgada ou de não ser aceita. As pessoas me colocavam aqui, empurravam para lá, puxavam para trás. “Um pouco mais à direita,” “Chega para lá,”  “à esquerda é melhor.”  A minha primeira palavra era sempre ‘sim.’ A última também. A coisa mais fácil? Me dizer o que fazer, o que era certo, o que era errado, o que eu deveria ou não deveria. 

Mas creiam ou não (para a alegria de uns e desgraça de outros) eu cresci. Hoje, eu sou do tipo que não desiste. A opinião alheia ao meu respeito não me afeta. Se eu quero uma coisa, se ela é minha, se ela me foi trazida por Deus, eu não largo mão. Ninguém mais me diz o que fazer, onde ficar, como me portar, do que desistir. 

Quem tentar me dominar ou lutar contra mim, encontrará uma adversária dura na queda. E quando eu caio, me levanto cada vez mais forte, e cada vez mais experiente. Posso estar lá no chão hoje, mas enquanto eu estiver lá, estarei olhando para cima e pensando em uma maneira nova de me firmar novamente, e de proteger aqueles a quem eu amo e que me amam. E a cada vez, que eu caio, mais eu aprendo sobre a natureza daqueles que tentam me derrubar, e decido quem fica e quem sai da minha vida. Não perco tempo com pessoas negativas, que nada acrescentam, que nada têm a me ensinar.

Já passei por poucas e boas. E tudo me ajudou a perder o medo de lutar, de me proteger e de proteger quem eu amo.  E sabem o que eu faço para me proteger de pessoas assim? Não faço nada, além de me fortalecer e de viver de forma a não merecer as coisas ruins que elas me enviam.

Quando eu olho em volta, o que eu vejo, é que estas pessoas não são felizes; tentam alcançar o sucesso da maneira mais fácil, pulando etapas, mas suas pernas curtas não impedem que elas caiam nos abismos que elas mesmas cavam quando fazem isso. Sua visão ingênua sobre a vida não as deixam ver que todas as suas maquinações são tão óbvias, que mesmo que elas possam causar algum dano, serão logo desmascaradas e devolvidas às suas condições de fracassadas. E eu vou ficando mais forte.
Porque sou do tipo que não desiste.






domingo, 10 de junho de 2018

Meu Pensamento









O meu pensamento é tão leve,
Que não dura,
Não mata nem cura,
Nem tem estrutura
Para aguentar o peso do teu.

E a pedra que tenta
Cair sobre  ele,
Passa direto
Pela rachadura,
Rola para o chão
 Através da transparência 
Da sua própria descompostura,

Pois meu pensamento é leve,
É breve, e não pretende
Descobrir se um vento que passa
O compreende,
Ou repreende.

Meu pensamento nasce, exatamente,
De um par de olhos
E de um par de ouvidos,
E de um coração, que mesmo que se engane,
Pulsa forte, e sente.

Não percas teu tempo
Tentando lutar
Ou sobrepujar
O que sequer vislumbras,
O que não podes abranger,

Porque os trilhos do que penso
E os trilhos do que pensas,
Não se encontram,
Não se entendem:

Seguem lado a lado,
E a cada um, seu fado.
Embora na mesma estrada,
Seguirão caminhos opostos
Na próxima encruzilhada.






sexta-feira, 8 de junho de 2018

Perdão







Às vezes, 
O leite talha,
A roupa rasga,
Azeda o mel,
O passo trava,
Cai a pedra do anel.

Até parece
Que a luz apaga,
E a gente traga
Uma fumaça
Que nos sufoca,
Nada nos toca
Sem machucar.

-Melhor não ser,
Ou não estar...
Deixar sair,
Deixar entrar,
Sentir a dor,
Perder o chão,
Trancar o céu,
Cortar o fel
Pela raiz.

Deixar doer,
Olhar o mar,
Olhar o mal,
Provar do sal,
E se acabar,
E mergulhar,
Se recompor...

Deixar sangrar
O vil veneno
Da vil serpente,
Até que saia,
Até que cure,
Cortar a carne,
Sugar o corte,
Tornar-se forte,
Tornar-se frio,
Tornar-se imune.





sexta-feira, 1 de junho de 2018

O Furacão - conto completo




Não, não há necessidade de explicações. Principalmente porque ninguém estaria interessado em ouvi-las. Se eu fechasse a porta nesse instante, se eu me desintegrasse, sumisse, ou então se de repente eu decidisse fazer um discurso, escrever cartas, explicar-me – não haveria ninguém que quisesse me ouvir. Porque ninguém está interessado em compreender as razões alheias, mas apenas criticar, apontar, acusar, escarnecer. 

Mas eu sinto que enquanto eles se ausentam, pairando sobre mim como se eu fosse uma carniça apodrecida num deserto, eles me olham. Me assistem. Tomam conclusões ao meu respeito. Acima de tudo, eles me julgam. Fazem questão de permanecerem distantes para que possam demonstrar, nem que seja pelo esforço dirigido, a sua indiferença. (Existe indiferença através do esforço dirigido?) Eles desejam a minha atenção à sua desatenção. Se eu falasse, virar-me iam as costas; se eu gritasse, tapariam os ouvidos – embora eles pudessem me escutar perfeitamente, fingiriam que não. Porque é mister que eles me magoem. Querem ter certeza de que seus esforços sejam recompensados, ou seja, que eu me sinta menos. 

Razões? Cansei-me de procurá-las. Explicações? Cansei-me de dá-las. Os sinos tocaram centenas de vezes, os laços foram tão repuxados, que acabaram esgarçados. E um dia, após um puxão mais forte, romperam-se. E quando eles arrebentaram, abrindo comportas de toneladas de água que formaram um rio de distâncias, só eu ouvi. Eles não ligaram. Talvez achassem que eu acabaria, como sempre, tomando o primeiro barco de volta ao porto. Se estranharam ou não, também não sei. Nunca me disseram. Nunca me perguntaram nada. Se falaram alguma coisa a respeito de mim, nunca fiquei sabendo. 

A vida sempre continua. Não importa o que aconteça, ela sempre segue em frente – com ou sem o nosso consentimento, com ou sem a nossa participação. Ou nós a conduzimos ou seremos pisoteados por ela, e eu decidi que gostaria de conduzi-la, afinal. 

Diga centenas de sins a vida toda; seja cordato, solidário, condescendente, maleável, bondoso, compreensivo. Perdoe tudo. Perdoe sempre, e esqueça sempre. Recomece milhões de vezes. Dê razão a quem não a tem. Seja sempre aquela pessoa adorável e sempre disponível. 

Diga não apenas uma vez. Ou apenas diga que vai pensar – às vezes, é o suficiente para que passem a odiá-lo e desprezá-lo com todas as forças. Você será relegado ao último lugar da fila, e finalmente, você será esquecido. Você será alvo de vinganças e de maledicências. Atreva-se a dizer não, se tiver coragem.
E será nessa hora que você enxergará a verdade, aquela mesma verdade que vinha batendo à sua porta tão insistentemente quanto um vendedor de enciclopédia, mas você fingia que não estava em casa ou que não escutava, porque abrir a porta teria significado a necessidade de rompimentos, mudanças, separações. 

O problema com a verdade, é que no momento em que nos atrevemos a dar uma olhadinha para ela, nem que seja de rabo de olho, nunca mais conseguiremos cobrir tudo com o velho véu cor-de-rosa de sempre. Um pequeno vislumbre e terá sido o suficiente para que ela derrame suas cores fortes no nosso campo de visão, e eu prometo que nada nunca mais será como antes, pois quem enxergou a verdade uma vez, nunca mais conseguirá conviver com a inverdade ou remendar o pano da vida com as linhas doces da mentira. 

Não é nada fácil descobrir como os outros nos veem realmente. Não é fácil descobrir que estamos e sempre estivemos irremediavelmente sozinhos. Mas depois, fica mais fácil quando a gente se acostuma e aceita. Com o tempo, vai ficando cada vez mais fácil. Haverá muitas recaídas, nas quais você há de se perguntar se não seria possível voltar atrás e reencontrar aquele velho e conhecido caminho, por onde você já passou centenas de milhares de vezes, mas descobrirá que não; uma vez que a escolha foi feita, não há como retornar ao velho caminho. O que existe adiante é apenas... uma estrada incógnita. Uma história que você terá que aprender a escrever sozinho, sem as penas alheias, sem os direcionamentos alheios. Você sentirá medo e solidão. Depois, compreenderá que todo caminho é difícil no começo, e que a solidão é tudo o que você sempre teve. Porque ela é tudo o que todo mundo sempre teve, mesmo os que não enxergam isso. 

Como olhar no espelho e tentar reencontrar velhos rostos traçados pela linha da falsa aparência? Não há como jogar com a verdade. Ela não tem parceiros de jogo, ela só tem súditos. É ela quem comanda tudo, embora seja paciente até que a descubramos. E para que isso aconteça, será preciso que haja muitos tombos e decepções, muitas lágrimas e traições, muito medo sob os véus cor-de-rosa.

A gente espera que as pessoas mudem. A gente espera que o sofrimento seja como uma bigorna na qual todos somos moldados, assumindo novas formas mais condizentes com o que se espera dos relacionamentos e convivências. É difícil descobrir que existam pessoas a quem o sofrimento nada causa; elas não se deixam moldar. Choram, imploram e rezam enquanto estão sofrendo, fazendo promessas de que se conseguirem tal e tal coisa, tornar-se hão pessoas melhores; mas quando a nuvem de poeira finalmente baixa, elas voltam a ser como sempre foram. Porque elas não mudam. E descobrir isso é realmente frustrante. A dor deveria unir; pelo menos, é isso que dizem todos os poetas. Ou quase todos. Mas muitas vezes, a dor separa, e a perda é como a cola que unia as páginas de um livro e que se quebrou, e as páginas passam a voar por aí sem direção ao primeiro vento.

E diante disso tudo, você descobre que seu caminho será solitário. Você perdeu o respeito pelas pessoas que deveria respeitar, porque descobriu que elas nunca respeitaram você. Você percebe que passou anos desperdiçando seu amor com quem nunca o amou. Dedicou seu respeito e sua consideração a quem jamais mostrou reciprocidade. Mas se você puder ser forte, perceberá que foi melhor assim. Porque nada o deixará mais forte do que sentir-se fraco algumas vezes. Nada abrirá mais os seus olhos do que uma coleção enfileirada de desilusões de todos os tipos. Nada fará com que você reconheça melhor a verdade e as dissimulações do que cair em armadilhas de mentiras várias vezes na vida. Nada o deixará mais forte do que chorar lágrimas amargas pelo que perdeu, e perceber que no final das contas, você nunca realmente teve aquilo que pensava que tinha. 

E então, um dia você acorda e percebe que não perdeu nada. Quem perdeu foram eles. 

O que dirão de você o escandalizará, até que chegue ao ponto em que só o fará rir: você será chamado de orgulhoso, distante, frio, incompreensível, difícil, preconceituoso. Servirá como um espelho para que eles recitem seus próprios defeitos enquanto pensam que estão falando de você. 

De longe, você vai observar os mesmos velhos jogos sendo jogados, as mesmas armadilhas e trapaças sendo armadas, as mesmas velhas regras sendo recriadas e burladas, as promessas sendo quebradas, e dará graças por não estar mais no meio daquele furacão. 






SEM










Pão sem sal ou glúten,
Doce sem açúcar,
Café sem cafeína,
Manteiga sem gordura,
Leite sem lactose,

- Vida sem ternura...







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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...