witch lady

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sábado, 12 de março de 2016

Mundo Sem magia







Matamos toda a magia
Que ainda havia no mundo!
Cortamos as asas das fadas,
Banimos todos os anjos,
Enterramos gnomos e faunos...
Já não nos resta mais nada!

A meia-noite é calada,
Não existem mais portais,
Não há mais círculos mágicos
Que possam nos proteger.

O azul aveludado
Do coração das florestas,
Antes, tão misterioso,
Não conta com vagalumes
Ou mágicas criaturas.

As crianças riem das lendas
Que nossos avós nos contavam,
Não há monstros nos armários
Ou fantasmas sob as tendas,
Ninguém mais as observa
Na escuridão do quarto.

Das copas das velhas árvores,
Só as corujas nos olham,
Não há mais céu nem inferno,
Não há demônios a temer
Ou santos que nos atendam.

As princesas não mais beijam
As faces feias dos sapos,
Preferem os príncipes prontos,
Bem vestidos e engomados,
Belos e desencantados.

Não há mistérios no ar,
Os corações são tão rasos!
E a magia do viver
Transformou-se em mero acaso.






quinta-feira, 10 de março de 2016

GAIVOTAS








Ugo Miller


Nasceu em Petrópolis e pertenceu a Academia Brasileira de Poesia, com sede em Petrópolis. 



Gaivotas estonteadas
Voam por entre poeiras
Prateadas da lua
Que vem caindo devagar
Sobre a superfície ondulada do mar
Num zigue-zague de reflexo e luz.

Não é preciso mais nada.
Descomprometida a alma,
Mente vazia,
Sem pensar, nem sentir
Na só contemplação
Que se eleva o espírito,

Assim, nesse leve existir.




quarta-feira, 9 de março de 2016

BONECA




imagem encontrada no Google


Boneca com a qual alguém brincou,
E tantos disputaram,
Já foi esquecida na calçada,
Já ficou na chuva, 
Já passou a noite no frio, lá fora,
Queimou as mãos em outras luvas...

Boneca pequena, que todos amavam,
E todos queriam, e que protegiam,
Cresceu, e aos poucos, perdeu seu reinado
Deixada em um canto,
Perdeu cada encanto,
Tornou-se sucata!

Boneca tão triste, tão abandonada,
Cresceu tão sozinha, tão pobre, tão órfã,
Dos pais que viviam, do amor que morria,
Dos sonhos partidos, jogados na estrada!

Boneca, eu espero que estejas guardada
No alto do armário, Com vista pra casa
Que hás de habitar - e serás amada!

Tua dor, resgatada, teus olhos fechados
Tua alma encantada, Teu rosto molhado
Secando na brisa que vai te salvar,
-Boneca cansada de tanto esperar!



Passos de Março










O chão suntuoso
Reflete os passos macios
De março.
Chuva no telhado,
Gotas brancas e pesadas,
"São as águas de março..."

Vem uma saudade,
Uma branca vontade
De alçar voos, tocar os pássaros!
Os olhos cansados
Derramados sobre as ramagens
Molhadas de brilhos...

As gotas caem nos trilhos,
Perdem-se entre os espaços,
Molham destinos,
Marcam as rodas dos trens
Que passam como raios
E nos levam adiante, até maio.

E a chuva insistente
Parece que não vai ter fim.
Pobre de mim,
A gola ainda presa em fevereiro,
Sonhando setembros
Entre lívidos raios!






terça-feira, 8 de março de 2016

Nasci Mulher... e Daí? (HUMOR)







Texto escrito pensando em uma pergunta que o Recantista Sam Moreno me fez por e-mail, após eu responder a um e-mail seu me homenageando pelo Dia da Mulher



Em um 29 de setembro qualquer, há mais de cinquenta anos, eu nasci pelas mãos da parteira Dona Maria Carioca e dei meu primeiro grito neste mundo.  Minha mãe sofreu as dores do meu parto em casa, assim como ela já tinha sofrido antes as dores dos partos dos meus quatro irmãos mais velhos - um menino e três meninas. Foi assim que minha vida por aqui começou. Nasci mulher.

Desde cedo, me ensinaram que eu era menina; cresci e aprendi a gostar de brincar de boneca e de casinha. Na escola, minha mãe me aconselhava a brincar com outras meninas e a ficar bem longe dos meninos, e conforme eu crescia, mais ela enfatizava a importância deste gesto, pois meninos só queriam saber "daquilo."

Mas logo aprendi a definir minhas próprias preferências, e meu maior amigo durante a sexta e a sétima séries do primeiro grau foi um menino, e ele nunca quis saber "daquilo" comigo. Mais tarde, também fiz amizade com dois outros meninos - gays - e descobri que os homens, não importa qual a sua inclinação sexual, são bem mais simples, sinceros e acessíveis do que as mulheres. Não perdem tempo com fofoquinhas, disputas para saber quem tem a melhor roupa, ou o melhor cabelo, ou as botas mais caras. Se encontram no campo de futebol e passam horas divertidas juntos, brincando e rindo (se desentendendo muitas vezes, mas após a partida, as rixas acabam), ficam elameados sem reclamar por causa das roupas, e no vestiário, não discutem qual barriga estava mais flácida, quem tinha mais celulites, estava mais gordo ou tinha mais rugas. 

Anos depois, quando os homens se encontram nos caminhos da vida (posso observar isto porque é assim que acontece com meu marido e seus amigos de escola ou vizinhos), ficam horas conversando, lembrando os bons e velhos tempos, sem olhares oblíquos para o que o outro está vestindo. Parece que se viram pela última vez ainda ontem, e despedem-se com um abraço de urso e muitos tapinhas nas costas, após trocarem telefones.

Já quando duas mulheres se reencontram após muitos anos, o seguinte pode acontecer: elas medem uma à outra de cima em baixo, dão um sorriso forçado, beijinhos nas bochechas e passam a falar sobre onde estão morando, o que estão fazendo, tentando descobrir qual delas tem a vida melhor e é mais feliz. Isto, quando elas se cumprimentam! E depois, quando chegam em casa, comentam sobre o quanto a outra envelheceu / engordou / se deu mal na vida / casou com o homem errado / divorciou-se primeiro, ou  todas as alternativas anteriores (e mais algumas). 

Assim, agradeço profundamente por terem  lembrado de mim, ou pelo menos, lembrado de que eu sou uma mulher, e me enviado mensagens pelo Dia da Mulher. Obrigada! Mas é que eu não vejo nada de especial em ser uma mulher! As mulheres sofrem as dores do parto, precisam se depilar e fazer as unhas, tingir os cabelos quando eles começam a ficar brancos precocemente, manter a forma física durante a maior parte da vida (até que envelhecem e deixam a peteca e a barriga cairem), preocupam-se em se manterem bonitas, jovens e cheirosas sempre, além de serem as principais responsáveis pela educação dos filhos e a manutenção da casa. 

Gente... com toda sinceridade: qual a vantagem disso?!

.
.
.



A propósito:

Eu respondi ao Sam Moreno que, se tivesse nascido homem , eu seria gay. Porque, sendo mulher, eu conheço as mulheres, e não gostaria nada de relacionar-me intimamente ou romanticamente com uma. Ele riu. Mas eu falei sério.





segunda-feira, 7 de março de 2016

The Touch








All of the people
Who had ever touched her life,
Committed either of the two 
Unforgivable crimes:
Either they sinned for actions
Or for omission.

But when she died,
Everyone had a constrained pain
Deep inside
Which they obliviously denied








RESSUREIÇÃO








Quisera poder salvar os deuses da minha infância,
Que hoje descansam
De olhos fechados,
Semblantes cobertos de bruma,
As mãos entrelaçadas sobre o peito.


Quisera poder ouvir novamente seus sorrisos,
Abrir os olhos na escuridão
E saber que eles estão lá,
Velando por mim.

Mas depois que a inocência morre,
Nada mais nos socorre.

Quisera poder escutar suas vozes miúdas
 Em meus ouvidos
Fazendo-me crer que tudo vai ficar bem,
Não importa o que aconteça,
E que após a escuridão,
A manhã mais clara estará a minha espera...

Mas aprendi a ver além das paisagens e olhares.

Quisera poder novamente encontrá-los nos vitrais coloridos
Das igrejas e catedrais, 
No silêncio quente da chama de uma vela,
Passeando entre as palavras das preces sussurradas.

Quisera que houvesse um caminho,
Um jeito de ressuscitar meus deuses moribundos
Que tem fé em mim, e que me esperam.






domingo, 6 de março de 2016

PRÊMIO DARDOS







Fui presenteada com esse selinho "Prêmio Dardos" e sinto-me muito agradecida. Quem me indicou foi Maria Luiza, do blog Casa da Alquimia. O link: http://marialuizasaes.blogspot.com/

Desculpe, Maria Luiza, por estar usando aqui a sua ilustração!

O Prêmio Dardos é um selo virtual criado no ano de 2008 pelo escritor Alberto Zambade do blog Leyendas de “El Pequeño Dardo” El sentido de las Palabras.

Ele selecionou e indicou o selo a quinze blogs que ele considerou merecedores do prêmio, os quais também indicaram outros quinze e assim sucessivamente. 

Este prêmio é concedido a blogueiros para reconhecer "o esforço, criatividade e dedicação 
para manter um blog" e "valores pessoais, culturais, éticos e literários". 
Este prêmio também é conhecido 
como Best Blog Darts Thinkin.





Regras do Prêmio Dardos:
- Indicar blogs que preencham os requisitos acima para receber o prêmio; 
- Exibir a imagem do selo; 
- Mencionar o blog de que recebeu a indicação e colocar o link dele; (vou burlar esta regrinha... quem desejar conhecê-los, basta pesquisar no Google os títulos dos blogs. Indico todos eles, são blogs excelentes!)
- Avisar aos blogs escolhidos. 

Blogs escolhidos por mim, já recebedores do prêmio Dardos e que devem indicar outros blogs:

1- Luiz Alberto Machado - Tataritaritatá
2- Vera Lúcia - Recanto do Sol
3- Bandys - Esconderijo da Bandys.
4- Mario Feijó - Permita-se
5- Cláudio Poeta - Vida Alta
6- Carlos Costa - Jornalismo Carlos Costa
7- Carlos A. Lopes - Gândavos
8- Ricardo Rohen - UFOS Online
9- Toninho - Mineirinho
10- Felisberto Júnior - Be Happy
11- Adilson Shiva - Rimas Truncadas
12-Chica - Coisinhas da Chica, Céus e Palavras, Fuxicando com a Chica, e tantos outros.
13-Rangel Alves da Costa - Ser Tão / Sertão
14- Paulo Bratz - Enfim, é o que Tem Pra Hoje
15- Ivone - Levitar em Brancas Nuvens

Os escolhidos, desejando participar, devem também indicar quinze blogs para receber o prêmio. Podem copiar o selo e colar no blog se desejarem.






quinta-feira, 3 de março de 2016

Absinto







Te deram uma estrela ao nascer,
E era absinto... 
Teus olhos infantis e inocentes,
Sonhavam com o amor simplificado,
Mas que mostrou-se inconsistente.

Numa tarde fria, entre lágrimas,
Tu me disseste: “Eu só queria ser feliz!”
Mas eu não pude dar-te alegria,
Não, não era eu tua fada madrinha!

As flores coloridas e formosas
Com as quais enfeitaram teus caminhos,
Eram todas elas, venenosas
E cheias de espinhos!

A felicidade que tanto desejavas,
Veio em curtos lampejos,
Fracos relâmpagos, entre raios e trovoadas,
E noites negras de puro medo!

E foram noites longas e arrastadas,
Sem sinais de qualquer amanhecer.
Os deuses para os quais rezavas
Eram todos obscenos, e não te salvaram.

-Será possível que alguém já nasça
Com esse signo, esse cálice de dor
Derramado na alma, destinada
A só penar, a só sofrer?

Finalmente, o teu amanhecer,
O ato final dessa peça sem ensaio,
A chuva benfazeja, após o raio;
Sobre tua vida, o selo da sorte,

Parece-me que o anjo cujas asas tocaste
E cujos olhos jamais viste
(Mas que também eram tristes)
Estendeu-te a mão, e te sorriu.

A tua estrela, o absinto,
Há de brilhar, e transformar-se em outra coisa,
Em giz de luz, para que escrevas em tua lousa
Entre flores e perfumes de jasmim,
A tua última palavra – aliviada: “FIM.”



Para Rosane





quarta-feira, 2 de março de 2016

Sobre Casas, Poesia e Mãos de Fada








Nunca tive mãos de fada. Sou um verdadeiro desastre para cortar, costurar, bordar ou pintar. Também não consigo produzir bolos muito bons, ou fazer com que as plantinhas cresçam bem. Infelizmente, não herdei o dedo verde de minha mãe, que pegava um galhinho meio-seco de qualquer coisa, espetava no chão, se esquecia dele e de repente, lá estava uma roseira coberta de rosas vermelhas, ou então uma pé de fruta.

Não tenho a habilidade de Tia Rosa, que fazia bolos de maçã tão fofos, que pareciam aerados. Os meus ficam "massudos" e pesados. Nem sempre dão certo. Não sou como minhas irmãs, que cortam e costuram qualquer coisa, de roupas a cortinas e almofadas maravilhosas. Cada um com suas habilidades...

Na escola, tive aulas de bordado. Ainda me lembro dos meus paninhos riscados, as linhas tortas passando sobre os riscos, cheias de pequenos nós. A professora acabou desistindo de mim, tal a minha falta de jeito. Pouco antes de minha mãe morrer, falei-lhe sobre minha vontade de aprender um trabalho manual; ela me comprou uma revista e um CD que ensinavam a bordar, passo a passo. Porém, nunca assisti ao video. Ela sabia fazer aqueles pontos complicados e maravilhosos, e quando eu era criança, também tentou me ensinar, mas foi em vão. Minha mãe ensinou minhas irmãs a costurar na nossa velha máquina Singer de pedal. Uma delas fazia pantalonas tão boas, que as amigas compravam tecidos e pediam que as costurasse para elas (era o final dos anos 70). Quando chegou a vez de me ensinar, fui uma verdeira negação como aprendiz: até hoje, não consigo nem colocar a linha na máquina. Ela se perde entre tantos furinhos e caminhos, vais-e-voltas... a coisa não acontece!

Mas acho que sei cuidar bem de uma casa, limpar, arrumar, enfeitar. Consigo fazer uma comida simples e muito boa, mas sem sofisticações. 

E sei escrever poemas. Não sei se meus poemas são bons, mas eles me servem. Para mim, a casa é um poema que a gente escreve e nem percebe, pois nós escolhemos tudo o que está dentro dela, e acho que há muita poesia nisso; mesmo que peguemos um galho de flor na beira da calçada e o coloquemos em uma garrafa de vidro sobre  a mesa de jantar, existe nesse gesto muita poesia. 

Minha cabeça é um turbilhão de coisas que chegam e me pedem para colocá-las no papel. Também escrevo contos, ou seja, esboços de contos, pois se fosse escrevê-los como é para ser, acabaria (como já aconteceu muitas vezes) perdendo a paciência, então ponho as ideias no papel como elas me chegam, sem revisões e sem pretensões. Dou-lhes voz porque elas me pedem. Às vezes, tenho uma história na minha cabeça com começo, meio e fim. Sei exatamente aonde quero chegar, mas de repente, um dos personagens me rouba a caneta e segue por outro caminho totalmente diferente. E eu deixo ele ir.

Poesia em casa acontece quando a gente olha para um canto, vê que está faltando alguma coisa, e de repente colocamos um paninho de croché ou uma almofadinha e sentimos que ficou melhor, mais bonito e aconchegante. Poesia é aquela pequena mancha no sofá, a rachadura antiga na parede, a tinta descascando no muro, a colcha velha de tricô ou de patchwork - coisas que ajudam a contar a história de uma casa. Deus me livre de uma casa impecável, dessas que a gente vê nas revistas, por onde a poesia passa bem longe. A gente pode sentir a poesia quando, em uma noite de sábado silenciosa, depois que todo mundo foi dormir, nos levantamos para beber água; vamos descalços até a cozinha na casa semiescurecida, e escutamos o relógio tiquetaqueando. Caminhamos sobre os tapetes e corredores, e nos sentimos protegidos nesse lugar que é tão nosso, que é tão a nossa cara: a casa. 







terça-feira, 1 de março de 2016

DE VIDRO





She Was Happy



Oh, she had nothing,
And was nobody
When she was happy.

Her days were lighter,
People much kinder
When she was happy.

Her smile, so tender,
Her sweet surrender
Was not for posing
When she was happy.

Long time ago,
When innocence
Was in her soul...
-And she was happy.

And then she turned
Into a doll
Before the cameras
For grown-up boys
To look and play with.

Her smile became
So artificial,
Her eyes were empty 
And all they wanted
Was to posses her,
Body and soul.

And when she died,
Sad, cold and dry,
Her last thought, was
For the old days,
(The days she missed)
When she was happy...










A ÁRVORE CAÍDA










As folhas arrastadas pelo vento
Crepitavam no asfalto quente.
Na beira da estrada, o tronco caído.
Galhos murchando de tristeza
Querendo ser novamente sombra, abrigo de aves,
Mãe de muitos frutos,
Origem, flauta de brisa, descanso...

Passei sobre seu manso morrer,
Silencioso e lento,
E o que mais me feriu, foi o seu silêncio,
Que não se queixava, e a ninguém culpava!

Doeu-me, porém, relembrar, e calar, e saber
Que cada um de nós
Ergueu o machado fatal e amputou um galho,
Dia após dia, palavra por palavra,
De olhos abertos, de olhos fechados,
Até a queda fatal, o último talho...





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VERDADES

Alguns falam de doçura, Desconhecem O regurgitar das abelhas, O mel que se transforma dentro delas, Dentro das casas de cera. Falam do luxo ...