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sábado, 12 de julho de 2014

A casa dos Pais

Minha bisavó Gênova, à porta da nossa casinha, sobre as escadas onde eu brincava e sonhava



Voltar à casa dos pais após muitos anos é uma experiência estranha... depois que me casei, a casa de meus pais foi alugada durante bastante tempo. Mais tarde, uma de minhas irmãs voltou a viver nela, e quando finalmente voltei lá, ela me pareceu bem menor do que eu conseguia lembrar.

Mesmo assim, foi como reencontrar uma parte importante de mim. Andar por aqueles cômodos cheios de recordações e ouvir novamente os ecos de tantas conversas, risadas e lágrimas foi como reviver um pedaço de minha vida que tinha ficado esquecido entre as brumas do tempo.

Sentei-me nas escadinhas que levam à sala de estar, e me lembrei das muitas vezes em que brinquei de casinha ali, espalhando meus brinquedos, panelinhas e bonecas, cozinhando bolinhos de terra e salada de capim. Naquelas escadas, anos mais tarde, eu me sentava para sonhar; passava horas com o queixo apoiado nas mãos, olhos perdidos em algum lugar invisível onde estava - eu pensava - meu futuro. Também era ali que eu esperava pelo ônibus que me levaria ao trabalho todas as manhãs: assim que ele aparecia na curva da rua lá em cima, eu descia as escadas da casa correndo para chegar ao ponto de ônibus a tempo. E era ali que eu esperava pela chegada do namorado, ansiosamente... 

Na cozinha, sentada a uma velha mesa de madeira, eu escutava as histórias de vida de minha mãe; ela me falava de sua infância no colégio interno, suas amigas de escola, suas primas... ali ela me mostrou as estradas da sua vida, que eu seguia, enquanto ficava conhecendo uma parte da vida de minha mãe que os filhos geralmente não conhecem.

Tudo isso se deu na pequena casinha centenária, comprada pelos meus bisavós quando chegaram da Itália no início do século passado. Casinha esta que ficou de herança para meu avô, que a doou à meus pais quando eles se casaram, e onde nascemos e crescemos todos - eu, minhas três irmãs e meu irmão - pelas mãos da parteira Dona Maria Carioca. 

Uma casa cheia de histórias e lembranças...



Ilusão





A ilusão
Tem voz tão doce,
Tez  perfumada,
Olhares lânguidos,
Suaves palavras...

A ilusão
Tem passos leves,
Brilho de estrela
Quase apagada,
Rosto de santa,
Mas dedos agudos...

E as mãos pesadas...



Saudade



Saudade,
Palavra solúvel
No acre das lágrimas.

Agudas pontas
Que descem ferindo
O céu da boca
E a garganta.

Náufraga fragata
No fundo azul
Do peito.

Rio sem leito,
Só correnteza
Que embora corra,
Não passa.





quinta-feira, 10 de julho de 2014

Via Dolorosa





Ela notou
(olhos no chão)
Que cresciam flores
Pelos cantos,
Notou as cores,
E o perfume das rosas...

E tudo isto
Ao contar os passos
Em sua Via Dolorosa.

Ela escutou
Os cantos doces
Sobre as árvores,
Sentiu os raios
Mornos do sol
Tecendo carícias
Sobre suas costas...

E tudo isto
Ao contar os passos
Em sua Via Dolorosa.

Ela encontrou
Mãos estendidas,
Sorrisos amigos,
Amizades antigas,
Ouviu conselhos,
Palavras  fortes
E consoladoras.

E tudo isto
Ao contar os passos
Em sua Via Dolorosa.

E as sombras foram
Rareando,
As cores dos dias
Voltando,
A esperança
Rebrotou
E abriu-se
Na face das flores.

As dores
Foram tornando-se
Lembranças,
Lições valorosas.

E tudo isto
Ao contar os passos
Em sua Via Dolorosa.




A CATEDRAL EBÚRNEA DOS MEUS SONHOS





















Lia Luft





Alguns pensamentos e um poema de Lia Luft


"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranqüilidade, querer com mais doçura."


"Nem todas as perdas são vida jogada fora, Algumas são necessárias."






“Receita de Casa” de Lia Luft 


Uma casa deve ter varandas para sonhar,
cantos confortáveis para chorar,
salas bonitas para os amigos bem receber,
cantos para os segredos desabafar,
para as confidências, e para o bem amar.

Uma casa precisa um ninho ser,
pois o amor precisa de espaço pra crescer,
de alguns empurrões pra saltar e voar,
muita liberdade para querer ficar,
alguns espaços para conceber e procriar,
jardins para a alegria plantar.

Uma casa precisa de muito amor,
cuidados para não ter medo de alguém partir,
um pouco de ciúmes pra proteger,
amizade para o companheirismo perdurar,
o dom de sempre surpreender,
e enfeitiçar sempre para durar.

Uma casa precisa ser um bom e doce lar,
com muita cumplicidade a esbanjar,
união e somatório pra ter sempre o que dar,
família grande pra ter a vida sempre a se doar,
um grande amor - lógico - pra nos realizar."



quarta-feira, 9 de julho de 2014

Feito Cegos em Tiroteio




Embora muitos possam considerar a minha abordagem um tanto cínica - e na verdade, é mesmo - eu acho que a derrota vergonhosa e humilhante do Brasil contra a Alemanha foi mais que merecida. Acreditam alguns que tudo o que nos acontece é merecido e enviado a nós conforme as nossas obras. Não concordo muito com tal coisa, mas quem desejar tecer-me críticas devido a minha opinião, deveria pensar nesta possibilidade.

Há algum tempo, vimos  pessoas nas ruas protestando contra isso, contra aquilo, sem na verdade ter uma plataforma coerente sobre a qual organizar seus protestos. A ordem era: 'Somos contra, e pronto." Cada um naquelas passeatas protestavam por alguma coisa que lhe dizia respeito em nível pessoal - professores queriam melhores salários, alunos queriam melhor educação, usuários de transportes coletivos queriam passagens grátis, homossexuais queriam mais liberdade e respeito. Como eu previa, tais passeatas não deram em nada, pois cada um pensava apenas no que seria melhor para si mesmo, e não para o país - sem mencionar aqueles que estavam ali apenas porque achavam "legal" ou "bonito" protestar. Poucos pararam para refletir no que poderia estar por trás daqueles protestos: quem os estava comandando? Todo mundo acreditou que um movimento daquele tamanho tinha simplesmente aparecido 'do nada' e que não havia líderes ou interesses por trás. 

Depois, começaram os quebra-quebras. Ônibus e carros, lojas e restaurantes, patrimônio público e até mesmo, pessoas. Como se o ódio e o caos fossem fatores organizadores. Do ódio, apenas o ódio pode brotar, e do caos, apenas o caos.

E caos foi exatamente o que vimos ontem pela televisão. Um time que corria para qualquer lado, totalmente perdido. Pelo menos, Felipão, em sua entrevista, não tentou encontrar desculpas para o desempenho da seleção: assumiu, ele mesmo, a culpa. 

Particularmente, achei a derrota do Brasil, da maneira como aconteceu, um espelho da nossa realidade caótica: parecemos cegos em tiroteio, e tivemos exatamente o que merecemos. Temo que uma vitória neste momento teria significado uma cegueira ainda mais completa no povo, que entusiasmado pela sensação de vitória, teria ido ás urnas para reeleger seus algozes. Uma prova disto, é que após o terceiro ou quarto gol, podia-se ouvir o nome de Dilma sendo "homenageado" dentro do estádio, como se ela tivesse alguma coisa a ver com o que estava acontecendo dentro do campo - incoerência total.

Felizmente, o resultado da copa não servirá como massa de manobra eleitoral. Espero que esta derrota nos dê tempo suficiente para pensar e tentar mudar alguma coisa na única ocasião na qual temos uma pequena chance de nos manifestarmos de forma civilizada e eficaz: as eleições.

Mas muitos dirão: "Mas votar em quem? Não há bons candidatos." Eu concordo; mas pelo menos, podemos dar uma chance a outro candidato. Ou quem sabe, anular o voto, o que também é uma forma de protesto. 

Perdemos o jogo da copa. Foi vergonhoso e merecido. Da maneira como temos agido em relação ao nosso país, não merecíamos a alegria da vitória.



segunda-feira, 7 de julho de 2014

Ciclos






CICLOS



As ondas batem na areia,
Trazendo espumas de mar
Que se desmancham na praia.


O galho brotando a folha,
O trem apitando ao longe...
-Som de encontros cruza o ar.


Ergue-se o sol de manhã
Cobrindo o mundo de cores:
Esperança a despertar!


Cada um que chega e parte
Tem seu tempo e sua arte,
Mas nada há de ficar!


Chega o sol ao seu ocaso
E brilha a primeira estrela
-Antes do dia acabar...

Tudo que chega e que vai
Cumpre um tempo e uma missão
Que ninguém sabe explicar..


Tudo é lindo, tudo é arte:
As partidas e as chegadas
Num constante renovar-se!


Cai a folha sobre a relva
Sem pesar e sem escolha,
Outro apito: o trem parte.





sábado, 5 de julho de 2014

Stendhal









Frases do escritor e romancista francês Stendhal - autor do romance "O Vermelho e o Negro" (23/0/1873 - 23/03/1842)



"É difícil não exagerar a felicidade que não se goza."




"Já vivi o suficiente para ver que a diferença provoca o ódio."



"Quanto mais agradamos, em geral tanto menos profundamente agradamos."





"A maior felicidade que pode acontecer a um grande homem é ele, cem anos após a sua morte, ainda ter inimigos."




"Só temos coragem para com os que amamos amando-os menos."





"O escritor precisa de quase tanta coragem como o guerreiro; um não deve preocupar-se mais com os jornalistas do que o outro com o hospital."





"Qualquer fim moral, quer dizer, de interesse por parte do artista, mata todas as obras de arte."







"As lágrimas são o supremo sorriso."





"Um romance é um espelho que se passeia numa longa via."





"Detesto o que é falso em tudo como um inimigo da ventura."




"A palavra foi dada ao homem para esconder o seu pensamento."






"A ortografia não faz o gênio."

















Novos Ângulos






Gosto de mudar as coisas de lugar de vez em quando. Parece que a casa dá uma respirada depois disso... é gostoso sentar-se em uma poltrona e ver coisas que não eram vistas antes; novos ângulos, novas percepções do espaço.

É bom andar pela mesma casa e percorrer caminhos novos. 

Faço sempre uma mudança: troco as cortinas, as almofadas, a posição dos móveis, os enfeites... A mesmice me incomoda, gosto de estar em movimento dentro do meu espaço. Acredito que tudo na vida precisa de movimento: nossos relacionamentos, concepções, escolhas...

O contrário do movimento, é a estagnação.








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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...