witch lady

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domingo, 15 de junho de 2014

HAIKAIS






Gotículas gris
A chuva na janela
Com cheiro de aniz.



Penas molhadas
Passarinho no muro
Sacode as asas.



Cheiro de terra
Entra pela janela
Trazendo chuva.



Poças de espelho
Passam rostos de nuvens
Pela memória.




Dia cinzento
As cores se esconderam
No pensamento.



quinta-feira, 12 de junho de 2014

De Madrugada





De madrugada a vida continua. A casa semi-escurecida e silenciosa não dorme jamais. Os fantasmas brincam de esconde-esconde entre as colunas, e riem enquanto eu passo. Esquento o chá de limão e mel, e massageio seu tórax agoniado.

Vou passando e acendendo as luzes. Chega o sol, e me salva. Vapores de neblina escapam do muro de hera, em direção ao céu. Começam os ruídos do dia - cortadores de grama, carros, pessoas, outros cães. Desperto da minha semi-insônia, agradecida pelo ar que ainda respiras.


DESPEDIDA




Tudo o que cabe no olhar
Ensaia uma despedida.

Há folhas secas demais
Na relva da minha vida,

Varridas dos seus momentos,
Nascidas pra não ficar...

...

Tua pele é tão efêmera,
Fugaz é o teu olhar!

E cada toque, é de adeus,
Cada encontro cria estradas
Por onde te perderás...

Não existem permanências,
Somos criaturas sós...
Faz parte da nossa essência
Transformar laços em nós.



terça-feira, 10 de junho de 2014

A Capa







A capa do livro era azul,
Da cor do céu invernal
Em um dia sem lembranças
De noites ou nuvens brancas.

Ranhuras de linho gris
Sob as pontas dos meus dedos;
A capa embrulha as palavras
Como balas de anis...






segunda-feira, 9 de junho de 2014

Cartas de Meu Avô - Manuel Bandeira




Cartas de Meu Avô

A tarde cai, por demais
Erma, úmida e silente…
A chuva, em gotas glaciais,
Chora monotonamente.

E enquanto anoitece, vou
Lendo, sossegado e só,
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.

Enternecido sorrio
Do fervor desses carinhos:
É que os conheci velhinhos,
Quando o fogo era já frio.

Cartas de antes do noivado…
Cartas de amor que começa,
Inquieto, maravilhado,
E sem saber o que peça.

Temendo a cada momento
Ofendê-la, desgostá-la,
Quer ler em seu pensamento
E balbucia, não fala…

A mão pálida tremia
Contando o seu grande bem.
Mas, como o dele, batia
Dela o coração também.



domingo, 8 de junho de 2014

Saudades de um Manacá-da-Serra












Minha singela homenagem ao meu Manacá, que tombou na última tempestade de verão...





Nada é Para Sempre




Às vezes,
As coisas permanecem,
Mas os olhares mudam.

Tu passas 
(E nem percebes)
Pelas mesmas praças,
Ruas e calçadas...

A mesma cor desbotada
Nas paredes da tua casa
Que tornou-se tão pequena
Para tuas cenas.

E nada mudou,
Nada!
Apenas o teu olhar
Que se demora e se perde
Para além dessas vidraças...

No quintal, a mesma árvore
Faz sombra sobre o telhado,
O tempo traça caminhos
Sob a pele que já pende
Sob o olhar amargurado,
Mas é dentro que se encontra
Aquilo que está passando,
Aquele que foi mudado...

É que às vezes, 
As coisas permanecem,
Mas os olhares mudam,
E se perdem
Nas ilusões do mundo.




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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...