witch lady

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Serenar




Ando aprendendo a serenar,
A cobrir-me de gotículas
Úmidas e frias
Que vão nascendo, qual brilhantes,
Por cima da minha pele.

Essas gotas serenantes
Que rebrilham ao amanhecer
(Como as que acordam sobre o gramado)
Refrescam a pele da alma,
Arrefecem as tristezas
E afastam maus agouros.

E se sobrevoam-me  besouros
A procura de esterco
Vão pousar em outros cantos,
Pois aqui só há sereno.



CORES das FLORES


































Tenham todos um bom dia!






segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Gabriel Chalita






Pensamentos e um texto de Gabriel Chalita


"Ter coragem é, sobretudo, ter certeza de que a fascinante aventura da vida não perderá os seus mais atrevidos e sedutores momentos".


"Aos velhos e jovens professores,aos mestres de todos os tempos que foram agraciados pelos céus por essa missão tão digna e feliz.Ser professor é um privilégio. Ser professor é semear em terreno sempre fértil e se encantar com a colheita. Ser professor é ser condutor de almas e de sonhos, é lapidar diamantes."


"O universo da procura é mais rico que o da descoberta."



"Razão sem emoção, alma sem corpo e dever sem prazer são maniqueísmos que prejudicam o equilíbrio das coisas."


"Ora a chuva poetiza a vida, ora o sol,
as vezes brincam de chegar juntos. As vezes 
trazem o arco-íris para completar o espetáculo.
e vão embora. E ficam em nós".


"Não há poesia sem dor. A vida nasce da dor. O amor mais amado surge depois de uma dor prolongada. Amor de mãe!"





CECÍLIA,SILÊNCIO,SOLIDÃO E PERENIDADE

Tu o disseste, Cecília. "Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Tu o disseste, Cecília: "Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade."
Tu o disseste, Cecília. "Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno."
Pariu poemas. E pariu uma constelação. As três Marias, suas filhas com o pintor português Fernando Correia Dias: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda. 
Tu o disseste, Paulo Rónai. "Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo... A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."
Tu o disseste, num improviso, Manuel Bandeira: "Cecília, és tão forte e tão frágil. Como a onda ao termo da luta. Mas a onda é água que afoga: tu, não, és enxuta."
Tu o disseste, Mário Faustino, voz dissidente. "D. Cecília publica demais. O melhor que se poderia fazer em prol de sua glória seria preservar o "Romanceiro" completo, fazer uma antologia de seus cinqüenta grandes poemas ("Mar absoluto" seria o maior contribuinte) e queimar o resto. Mas não nos esqueçamos de perguntar; quantos poetas em nossa língua já assinaram cinqüenta grandes poemas? A outra pergunta que nos ocorre: por que D. Cecília publica tanto?"
Mas a academia desmentiu a dissidência. Ainda que in memoriam. Entregou a ela o Prêmio Machado de Assis de 1965, pelo conjunto da obra. Foi a primeira mulher a receber essa láurea da Academia Brasileira de Letras. E foi assim que, depois da morte, deixou de ser sozinha.
Mas outro ramo da intelectualidade lhe prestou homenagem: a principal sala de concertos do Rio de Janeiro, no Largo da Lapa, recebeu a denominação de "Sala Cecília Meireles". E foi assim que, depois da morte, deixou de ser silêncio.


Cecília Meirelles é estrela de nossa poesia, perene como esta confissão: 

Aqui está minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento.
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.







Atualmente Chalita é professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU e Membro de Conselho Editorial da Revista Profissão Mestre. É membro da União Brasileira de Escritores, da Academia Paulista de Letras e recentemente foi eleito por unanimidade na Academia Brasileira de Educação.

Apresenta, através do Sistema Canção Nova de Comunicação, o programa Papo Aberto, pelo rádio e pela televisão. (Wikipedia)








NO CHÃO DA COZINHA


Minha cozinha é o local mais fresco da casa durante o verão, pois há duas portas, uma diante da outra, que mantenho abertas (a não ser quando estou cozinhando, ou o fogão não fica aceso), causando uma contínua corrente de ar. Latifa adora deitar-se ali, nos azulejos frios, sentindo o vento, e só sai já ao finalzinho do dia, quando o calor arrefece.
Numa tarde muito quente, após chegar em casa cansada do calor da rua, deitei-me com ela. Imediatamente, ela virou-se de barriga para cima e encostando a cabeça na minha, dormiu. Fiquei desfrutando daquele momento, sabendo que daqui a alguns poucos anos, ela já não estará mais aqui.
Ao mesmo tempo, descobri minha casa de um ângulo que eu nunca tinha olhado: o teto branco, a parte inferior da mesa, as copas das árvores lá fora, o contato do azulejo gelado contra minhas costas. Senti o vento passando por cima de nós, e fiquei escutando as maritacas que passeavam pela tarde quente. Por um momento, esqueci-me de qualquer compromisso ou responsabilidade: não pensei nas aulas a preparar, no jantar a fazer ou nas teias de aranha que já recomeçavam a surgir no telhado da varanda. Deixei-me estar ali, naquele momento, na companhia daquele cão que confia totalmente em mim, a ponto de dormir em minha presença.


VESTIDOS



Eu nunca tive tantos vestidos!...
E eles me olham, em fileiras,
Querendo ser os escolhidos.

Há  brancos, verdes e vermelhos...
-Existe um bem transparente,
E outro, sagaz como um espelho!

Vestidos longos, curtos, midi,
Outros de barras tão compridas
Que se arrastam pelo chão...

Há os estampados bem alegres,
E outros, em ton sur ton,
São debruados de ilusão.

Existe um, que eu bem sei,
É como a roupa nova do rei
Que deixa à mostra o escondido...

Há um no fundo do armário
(Não o escolho; ele me escolhe)
E dele, eu tenho muito medo:

Me aperta como um espartilho,
Esmaga o peito, esse vestido!
-E ele é negro, negro, negro...




sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Simbólico








Bem simbólico o teu ato,
De escolher o mais barato.

Mas aquilo que é de graça,
Só refastela as traças.

Jamais chega ao coração
Algo morto e ressecado,
Mesmo com boa intenção

E delas, são cheia as distâncias.





Dança Comigo?...







...E se por acaso a nossa música tocar,
Eu te chamarei para dançar.

Assim, nós giraremos pelo salão do tempo,
Pó de estrelas e memórias
Caindo sobre nossos cabelos,
Enquanto abraçados,
Reviveremos a nossa história.

São tantas coisas, tantas, que vivemos!...
E o que foi bom, ressurgirá
Ao rítimo da dança,
Enquanto as dores, como longas tranças,
Prenderão os nossos passos...

Mas mesmo assim, eu te convido: dança comigo,
E olha de novo, dentro dos meus olhos:
Enxerga neles a mulher que tanto amas,
Cujos segredos desvendaste, um a um...

Ah, se a nossa música tocar,
Haverá luas e estrelas, que juntos contemplamos,
Mais uma vez, no nosso céu a brilhar!
Pois temos tanto a lembrar, tanto a viver,

Tanto a calar...




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