witch lady

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domingo, 19 de maio de 2013

QUEBRAR-SE






Quebrar-se

Não sabia ser inteira; partia-se
Sempre que alguém partia!
E ao quebrar dos laços,
Apenas a alma doía!

Ah, a impermanência
Na qual ela vivia!
Quebrava-se sempre
Que alguém partia...

A vida emendava os pedaços,
Juntava os traços,
fazendo colchas de mil retalhos,
Amarrava as lembranças
Em um triste feixe...

E ela, sozinha,
Fragmentava-se,
Cortava-se,
Quebrava-se
Em mil saudades,
Ao final de cada dia!

Ah, se ela soubesse
Manter-se inteira,
Reconstruir-se,
Costurar-se!...

Quem sabe, até mesmo
Doesse menos
Cada partida,
Cada quebrar-se!

E as memórias
Juntavam-se todas
Aos pés da moça,
Em frente ao fogo,
Sobre o tapete,
Entre as paredes,
Sob as cortinas
E as cobertas,
Na fronha lisa
Quase sem sonhos...

De madrugada,
Alguém partia,
E ela fechava os olhos
Ainda tonta de sono,
Ainda transida de medo,
Até que um dia - bem de repente
Ela partiu.


Uma Menina




Uma menina


Ramo de flor preso na mão,
Ela estava quieta,
Estanque entre o passado
E o futuro.

Tinha medo de que
Um movimento
Desmanchasse a realidade,
Tinha medo da saudade.

Em volta, o tempo crescia,
Mudava,
Envelhecia,
Mas não a menina!

Na pele do braço,
Uma palavra tatuada,
Na menina dos olhos,
Uma imagem bordada.

Pintura da alma
Em cores suaves e calmas,
Uma menina frágil e forte
Que o vento desmancharia,
Mas jamais destruiria!

Seu pó de menina
Ficaria para sempre
Voando pelas estepes,
Ao sabor do vento,

E sua voz encantada
Seria ouvida
Pelo transeunte que tivesse
Uma alma
De olhos azuis.

*

Imagem: um presente de Lady Laura, a quem dedico esta poesia.



A BORBOLETA





A borboleta

As asas ainda úmidas,
Amarrotadas e tímidas
Que devagar, desdobrava
E secava no beijo da brisa...

As cores nacaradas
Aos poucos, reveladas,
As anteninhas esticando-se,
As patinhas esfregando...

Alçou voo num raio de sol,
E se foi, recém-nascida,
Transformada
Em alguma coisa
Bem melhor que uma lagarta


MENTIRA





Mentira


A tua estrela brilha,
Mas é tão fria,
Só de mentira!...

O teu olhar
De superfície lisa
E escorregadia,
De quem carrega apenas
Ironia!

Lágrimas copiosas
Copiadas de algum folhetim,
Desses antigos,
Reprisados nos canais Cult.

Quantas fantasias,
Todas rasgadas!...
Nem sequer serviriam
Ao final cansado
De algum carnaval!



Um Novo Dia






Texto enviado por e-mail pela Fraternidade Francisco de Assis, centro espírita Kardecista localizado em Petrópolis. O autor não é mencionado.

Um Novo Dia



Um novo dia e, com ele, novos desafios. Para alguns, vai ser como todos os
outros, a mesma rotina de sempre, mas, para outros, alguns problemas de
longa data ou que surgirão. Seja como for, precisamos tentar acertar, a
fazer a coisa que, para nós, parece ser a certa. A única coisa que não
podemos nos esquecer é que não estamos aqui para sofrer, mas, sim, para
acertarmos na nossa caminhada, fazermos o possível para que ela seja
tranquila e que todos os problemas que surgem são para ser vencidos. 


Hoje, o
dia está chuvoso e triste. O sol está encoberto, mas sabemos que ele está aí
no mesmo lugar em que sempre esteve e que, a qualquer momento, vai surgir e
iluminar e aquecer novamente. O mesmo acontece com nossa vida, temos alguns
momentos de dor, de sofrimento e de indecisão, mas sabemos que os momentos
de alegria e de felicidade são maiores, bem maiores. Vamos tentar passar por
este dia encoberto da melhor maneira que conseguirmos, tomar decisões, mesmo
que não tenhamos certeza de que são as certas, mas agir para que a
felicidade volte a nossa vida. Tentar afastar do nosso lado, tudo e qualquer
pessoa o que nos faz sofrer.


 Escolher o que fazer com a própria vida é uma
escolha, uma decisão de cada um. Precisamos tentar ser bons, amigos e
perdoar sempre, só não podemos nos deixar humilhar e ser magoados com atos
ou palavras. Somos, todos, filhos de um Deus que nos ama e que só quer o
nosso bem e, para qualquer decisão que tomarmos, precisamos sempre acreditar
que nunca estamos sós e que o caminho certo, mesmo que demore, vai chegar,
mesmo que de voltas e voltas, está aí para que o encontremos. Vamos ser
felizes e tentar caminhar em paz.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ninguém Nasceu de Óculos, Mas...


Estou na idade em que os braços vão ficando cada vez mais curtos; as letrinhas começam a embaralhar-se umas às outras, e brincam de esconder por trás das linhas - que andam estranhamente embaçadas. Como é que pode ficar assim, tão 'nublado', numa simples folha de papel?

Adiei, mas não teve jeito: assumi os óculos. Tive que assumir. Já estava ficando constrangedor, corrigir as composições dos alunos esticando o braço e segurando a folha por baixo da  lâmpada. E logo eu, que sempre enxerguei tão bem!

Mas até que nem foi tão cedo; tem gente muito mais nova que eu usando óculos há tempos! Eu já tenho 47. nada mal... é como eu disse para o meu marido: daqui para frente, não vai melhorar nada... fisicamente, é ladeira abaixo. A lei da Gravidade - esta dama impiedosa - começa a fazer mostrar sua força. Os cabelos brancos cismam em dominar os pretos, brotando a intervalos cada vez menores entre uma tintura e outra. God damn it! 

Mas tenho notado algumas coisas boas: ando um pouco - eu disse um pouco - mais paciente. E bem menos ansiosa também. Afinal, compreendi que o que não nos mata, nos deixa mais fortes. E que de nada adianta lutar contra o inevitável: a idade chega para todo mundo, e se até a Meg Ryan envelheceu, por que não eu?!


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Alma Invisível






Alma Invisível


Havia alguns lírios brancos brotando bem junto ao muro,
E sobre o mármore escuro, um retrato já apagado
Tão amarelado rosto, onde se via um sorriso
Cedo levado da vida sem piedade, sem aviso...

Havia um vaso de flores sobre a lápide, murchando,
Como se  alma e  perfume,  alguém os fosse levando
O lume da vela acesa a queimar, tal qual as dores
Fincadas dentro do peito como os caules das tais flores...

Havia alguém que rezava, dizendo palavras secas
Molhadas pela torrente de lágrimas tão profusas,
Confusas palavras ditas à sua falecida musa,

Que a ele observava, alguém que não era visto
E que de angústia penava por ser alma invisível
A vagar eternamente num limbo incompreensível.



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...