witch lady

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

LUZ




Raia, dia!
Inunda de luz
Este quarto,
Leva embora
para longe
(E para sempre)
Esse estado de coisas,
Esse fado!

Se é fato consumado,
Consumido está
O fato!
Raia, dia!
Raios o partam!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

AQUI - Enfermaria II






Aqui,
Feliz é quem dorme
Desfrutando o dom
Do esquecimento,
Subtraindo-se, assim,
Ao sofrimento,
À dor das fraturas!

Aqui,
A esperança,
A hora feliz,
Descansa na espera
Da xícara de café
De manhãzinha,
E na pílula do esquecimento,
Quando a noite chega.
Riso, um luxo,
Felicidade? Mal-vista...
Alegria? Mal-vinda.

DEMORA





Driblo a madrugada
Com saudades do dia
Através das palavras,
Das frases que deito
Tentando arrancar poesia
Do sofrimento.

Pela janela, lá no céu,
Há uma estranha estrela
Que, desesperadamente, 
Brilha.

Irônica beleza.

A brisa fresca
Faz dançar a copa
Da mangueira,
E me faz pensar
No quanto tudo é breve,
Mas demora...

ENFERMARIA






Em volta,
Ossos quebrados,
Sonhos quebrados
E interrompidos,
Gemidos de dor.

Uma longa  e dorida espera,
Que, todos os dias, 
Tenta virar esperança
Ou desespero,
Metamorfoseando-se
Conforme nasce e morre
Cada dia.

À noite, a dor desperta,
E eles anseiam pela resposta
Às preces não ouvidas
Dirigidas a deuses egoístas.

A senhorinha reclama,
Sente saudades de casa,
Dos cães, das panelas,
Dos canteiros de ervas
Por ela plantadas...
O filho anda longe,
Não tem tempo,
Deixou todo o tempo que tinha
Naquela cama, com ela,
E o tempo ficou, não passa...

A outra, aguarda
Há dois meses, por uma cirurgia,
Enquanto quem deveria
Providenciá-la com urgência,
Conta a maldade nas notas que desviou.
Para cada nota, um milênio
Que com certeza, tal pessoa
Há de passar no inferno.

E o inferno é aqui,
Onde jazem, imóveis,
Por dias, por meses,
Enquanto os ossos soldam-se tortos...

Paraíso? Distante!
Palavra vaga e fria,
Rolando nas pupilas 
De cada paciente
Da enfermaria.

COTIDIANO






Viver cada momento
Com a força de um furacão
E a suavidade de um ameno vento,
Guardar bem, na memória,
Cada vislumbre
Da mais fugaz alegria,
Como a mesa de um café
No começo do dia,
A despedida, no portão,
A paisagem que passa
E nos ultrapassa
Pela janela do coletivo.

Valorizar um bolo
Com velinhas espetadas
E um despretensioso
'Parabéns a você,'
Amar a rotina,
Aproveitando bem
Enquanto tudo vai bem,
E a morte anda longe,
Em algum lugar no futuro...

Assistir à novela,
E ao telejornal
Deixando a surpresa
E a curiosidade,
E a indignação
Conduzir-nos ao final
De cada história mostrada,

Com a certeza
De que o final muda sempre
Durante o percurso: 
Basta uma morte,
Ou um golpe de sorte,
Ou o bater das asas
De uma desconhecida borboleta.

Encher-se de alegria,
Da simples alegria
De estar vivo,
E ter amigos, e ter família!

Amanhã,
Tudo será diferente,
Pode haver perdas,
Pode haver dor,
E aqueles a quem amamos
Podem sumir, de repente,
Deixando um vazio
Que nada jamais preenche.

E lá no futuro,
(Se souberes ser feliz)
Estarão as palavras
Que selam a história da vida,
Cuidadosamente deitadas
Em um livro
Com uma linda capa.

São tais palavras:
Obrigada,
Foi bom,
Adeus.

*

PONTO FINAL






Não se chega a nenhum lugar
Quando não há lugar algum
Aonde se possa chegar.

Pontos de interrogação
Pontuam toda uma vida,
Vírgulas, tremas, parágrafos,
Mas nenhum final.

Pois a vida só é vida
Quando há mistério,
Quando é preciso
Pegar nos remos,
Fazer escolhas,
Cometer erros.

Uma viagem sem destino,
Mas levaremos conosco
Cada um, as suas linhas,
Vários itinerários,
Mas nenhum condutor
Além de nós mesmos.

SEREIAS







"As sereias tem algo mais mortífero que sua canção: seu silêncio." - Kafka

SEREIAS


Prefiro ouvir as sereias
A perder-me no silêncio
Que se esconde sob as ondas.

Pois mais letal que a ilusão,
É o vazio de si mesmo,
É uma alma a sossobrar.

E mesmo que, porventura,
Esse canto me inebrie
Me levando para o fundo,

Sufocarei com prazer,
Pois saberei conhecer
A verdade sobre o mundo.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dimensão





Para uma só flor,
Um pequeno vaso,
Para um cansaço,
Uma  cadeira, 
Um abraço,
Para o bom lápis,
Basta um só traço.

Uma palavra
Para ouvidos bons,
Uma candeia
Para um alpendre,
Uma só noite
Até o raiar
De um novo dia.

A cada coisa,
O seu dia,
Sua dimensão,
Um único passo
Atrás de outro passo
Para uma estrada
Longa e escura.

A cada vez,
Um lado da lua,
Para um mistério,
Uma resposta
Que flutua,
Ao alcance
De uma só mão
(Ou não).

A cada dia,
O seu mister,
Ao prato cheio,
Uma colher
De cada vez,
Bem devagar,
Bem mastigada
E engolida
Até que a vida...

Não te Escondas!





Não te escondas
Por trás da pétala,
Atrás do frágil,
Enfrenta os tons
Que tu escolheste,
Que tu pintaste!

Não uses nunca
Uma alma frágil
Como uma arma,
Como vingança,
Intransigência!

Cabeça falha,
A alma paga,
O corpo paga,
O amor paga!...

Não percas nunca 
O que te resta
De compreensão,
De piedade,
Boa vontade!

Na tua terra 
Palavra é pedra,
E o papel
Vale bem mais
Que o amor,
Que a amizade...

É impossível
Chegar a acordos
Com gente dura
De coração,
Gente indigente,
Gente covarde!




terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Prêmio dardos II - A Missão




Fui escolhida pela Maria Cecília, do blog Jardim do Amor, para receber o prêmio dardos. Já recebi uma vez, por isso não sei se posso receber de novo... rsrsrs... mesmo assim, divulgo o blog da minha colega (que é show de bola).

http://aflorenigmatica.blogspot.com/



O PRÊMIO DARDOS, prestigiado e desejado no mundo dos blogs, reconhece o mérito diário a cada blogueiro que com amor e dedicação, faz espalhar o seu conhecimento e criatividade, tornando-o disponível a todos na web.


De acordo com as regras, devemos:

-exibir a imagem do selo no blog

-colocar o link do blog de quem se recebeu o prêmio

-escolher outros 5 blogs para receberem o SELO PRÊMIO DARDOS

-Avisar aos escolhidos. 


E se eu puder indicar mais cinco pessoas para receber este prêmio, elas seriam:


Toninho Bira      http://mineirinho-passaredo.blogspot.com/


Antônio, do 'Isso é o Fim' (inusitado, mas muito bacana)    http://issoeofim.blogspot.com/


Bluemadel, da Helena Frenzel    http://bluemaedel.blogspot.com/  


Dalva Saudo         http://dalvasaudo.blogspot.com/


Jandira, em Blog da Janda      http://jildati.blogspot.com/

Espanto







De repente,
A natureza passou
Rente
Aos meus olhos espantados...

Deixei-os abertos,
Sorvendo na alma
Eflúvios
Encantados.

A manhã nos traz
Sempre, uma luz
Que se renova
Todos os dias...

Deixo que me renove,
Deixo que ela me prove
Que vale a pena
Tudo isto,
Que haverá um final,
Uma saída.

Pois viver é surpresa,
É fé, esperança, é pranto,
Viver
É espanto!

*


Foto: um recente visitante, que entrou e foi apreciar as flores (artificiais) na janelinha do banheiro, na minha salinha de aula.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Medo de Morrer






Minha mãe, de 85 anos de idade, precisa operar a vesícula com urgência. Conversando com ela hoje de manhã ao telefone, deu-se o seguinte diálogo:

-Eu estou com medo de morrer...
-Mas por que, mãe? Você só vai operar a vesícula, é algo simples...
-É... mas eu tenho medo. Será que dói?
- Não sei, mãe. Acho que depende.
-E eu já estou muito velha mesmo... acho que vou morrer.
-Mãe, essa coisa de ser velha não quer dizer nada. O Ricardo (meu sobrinho, neto dela) só tinha 24 anos, e morreu.
-Pois é... tadinho...
-E vesícula é uma cirurgia simples, você já vai para casa no dia seguinte.
-E pensando bem, se eu morrer eu nem vou sentir! Vou estar anestesiada.
-É. Se você morrer, vai ser assim: você vai acordar e dizer: "Ih! Morri!"

Ela dá uma gargalhada.

Mas eu espero que ela viva.

domingo, 2 de dezembro de 2012

DISTRAÇÃO







É incrível a maneira como passamos por coisas maravilhosas sem nem sequer perceber ! Acho que muitas vezes, as pessoas só tem olhos para o que elas consideram 'grande'... dar uma volta a pé é um bom exercício para exercitarmos a nossa percepção das pequenas coisas. Especialmente se levarmos conosco uma câmera fotográfica. 

Quando abri o portão de casa, no sábado passado, dei com uma porção dessas flores selvagens que crescem à solta no mato, sem que ninguém as tenha plantado. Eram apenas pequenas coisinhas cor-de-laranja espalhadas por cima do mato. Mas assim mque cheguei mais perto, elas transformaram-se em criaturas únicas e perfeitas, e decidi fotografar uma delas.

 Um pouco de cor não faz mal... todas as fotos que ilustram os meus textos , foram tiradas por mim. Finalmente, tenho o que fazer com elas!

Confesso que estou me divertindo muito. O único problema é que isto tem feito com que eu ande negligenciando algumas tarefas caseiras... por exemplo, eu tenho uma pilha de roupas para passar e ainda não encostei nela... mas hoje eu prometo que vou pegar no batente!

Acho que estou ficando um pouco maníaca com esse negócio de fotografia... não posso ver uma florzinha, ou uma borboletinha, que eu quero fotografar. Será que tem cura?

Parceiros

VERDADES

Alguns falam de doçura, Desconhecem O regurgitar das abelhas, O mel que se transforma dentro delas, Dentro das casas de cera. Falam do luxo ...