witch lady

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Coerência







Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência.
É uma difícil ciência,
A arte de se dizer
E de ser o que se diz.

Guarda-chuvas contra flores,
E andanças em jardins
Coalhados de pedras duras
E de escuras sepulturas...

A água fresca cuspida
Veneno, aos goles, tomado...
As amizades traídas
Inimigos exaltados.

Há muito deixei de buscar
Neste mundo coerência...
Pois aquilo que se pensa
Nem sempre é o que é.

Um sentimento escrachado,
Por línguas de fogo e de fel,
Ouvidos atentos procuram
O som que os tire do céu...
Assassinos desalmados
De almas e de poesias
Mil poetas degolados
Sobre a lage branca e fria.

Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência...

Cliché





Clichè
*****


Talvez morrer seja a coroa da moeda,
A profecia que o religioso prega,
Fechar os olhos e abri-los n'outro mundo,
Talvez  morrer só seja um sono mais profundo...

Talvez morrer seja esquecer o que viveu,
E acordar em um geena pessoal,
Compreender que tanto faz o Bem ou o Mal,
Que é inútil repensar o que viveu.

Talvez morrer seja o clichè que Deus prepara
E que quem chega do outro lado, se depara
Com a mesma vida que viveu  nesta existência,
Talvez morrer nos traga um pouco de decência...

Talvez morrer não seja nada, e nada exista,
Um precipício todo branco, cuja vista
Nos deixe cegos, nos tragando totalmente
E ao cairmos, nada mais se sinta ou pense...

Talvez morrer seja a maior das recompensas,
Após a vida de tristeza e de carência
Que empurramos, todo dia, nesse mundo,
Talvez morrer seja o retorno ao  Oriundo...

Talvez morrer seja igualzinho à própria vida:
Uma piada que algum bebum contou,
Da qual ninguém jamais sorriu ou entendeu...
Talvez morrer seja o avesso do seu eu!

*

Confiança










CONFIANÇA

Confio mesmo, é em mim mesma
E mesmo assim, não totalmente
Pois mesmo que eu desconfiasse
Que eu não sou de confiança
Confiaria, assim mesmo
Nessa mesmice previsível,
Pois nem eu mesma sei ao certo
Até aonde sou confiável
A mim mesma, ou a você...

Confio, mesmo desconfiando
Naquilo que eu aprendi
E mesmo que eu esteja errada,
Apenas tive o que pedi...
Quanto ao te dar o que pedires,
Mesmo que implores, não garanto...
Mas mesmo assim, eu admito,
Que vou tentar, mesmo chorando,
Pois mesmo que eu não consiga,
Eu tentarei, mesmo que eu morra
E eu morrerei, mesmo, tentando!





(Um poema para não ser entendido, mesmo. Pode confiar).

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Inesperado








Ontem fomos dormir ouvindo o barulho dos baldes d'água que São Pedro derramava no mundo. Acordo hoje de manhã e, enquanto desço as escadas, deparo com uma casa inundada de sol e um céu perfeitamente azul. 

Minha mãe nos dizia, quando éramos pequenos, que quando raios e trovões percorriam o céu, seguidos de um aguaceiro, era porque São Pedro estava fazendo faxina em casa. Os trovões eram o arrastar dos móveis, e o aguaceiro, a água que ele usava para lavar o chão da cozinha. Ainda tenho esta imagem em minha mente, que é evocada todas as vezes que chove forte: um vigoroso senhor de cabelos longos e brancos, barbas longas e brancas, empunhando uma vassoura e jogando baldes d'água e detergente sobre um chão sujo. Só que toda a água da lavagem caía sobre nós, pobres mortais...


É assim, às vezes; para nos livramos de alguma 'sujeirinha escondida', podemos respingar os outros que estão em volta. Não podemos agradar a todos, o tempo todo, e esta limpeza é necessária de vez em quando. Aquele que recebeu os respingos  de água suja, que limpe, ele mesmo, o estrago... 



Ergo os olhos da telinha do computador e olho este imenso e enigmático céu azul, que parece nunca ter ouvido falar de             nuvens e tempestades. Um esquilo brinca de pular em cima do muro forrado de hera, e passarinhos cantam e voam, como sempre fazem. A vida parece definida, segura, como uma história já escrita da qual somos personagens com papéis definidos, cuja única preocupação é ler o script e desempenhar nossas partes. Mas não é assim...



A vida é totalmente inesperada, pois acho que Deus, a fim de livrar-se da monotonia, deu-nos o tal livre-arbítrio, para que possamos fazer as nossas trapalhadas diárias e divertí-lo, todos os dias, de uma forma diferente, enquanto tentamos sair das enrascadas nas quais nós mesmos nos metemos. Ele apenas recosta-se em sua poltrona com encosto dourado, queixo apoiado em uma das mãos e segurando seu cetro de poder na outra, de vez em quando, coçando sua barba branca, e observa-nos... quando, já desesperados, sopramos-lhe uma prece, Ele às vezes a atende, pois é piedoso.



Mas a peça é sempre nova, todos os dias. Mesmo que achemos que nossas vidas são como aquelas peças da Broadway que ficam anos em cartaz, elas não são assim. Ou podem até sê-lo, se assim escolhermos. Mas a escolha é sempre nossa. Escolhemos os atores com quem desejamos contracenar, assim como escolhemos os cenários, a trama, os diretores. Mas em nossa cegueira voluntária, não enxergamos que somos sempre os atores principais desta nossa trama, e que noventa por cento de tudo o que nos acontece diretamente, é por causa de nossas escolhas. Os outros dez por cento, são as escolhas de outras pessoas que vem de encontro às nossas. Bem, pelo menos, fica mais fácil assim, pois podemos incluir tudo o que fazemos de errado nestes dez por cento...



Ora, mas por que comecei esta crônica falando de uma noite de chuva, uma manhã de sol, mãe, São Pedro, esquilos e pássaros, Deus, faxinas, peças de teatro, enfim, fazendo esta sopa de pedra? Confesso que não sei... acontece que sentei-me aqui em minha varanda, e o dia está tão lindo, e meus dedos estão ansiosos para tamborilar no teclado do computador, e o mundo hoje parece tão certo, tão em paz e tão maravilhoso, que simplesmente 'saiu.' Se faz sentido ou não, é o que menos me importa! 



E você, por um acaso, sabe o que está fazendo aqui?




Publicado no Recanto das Letras,  em: 07/11/2010 09:19:37

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Quando um Não Quer...

Crônica baseada no texto "Círculo Vicioso em Nossas Escolas," do blog Rei dos Reis,  de Rilvan Stutzem




Como professora de inglês, dei aulas em cursos e em uma escola particular aqui em minha cidade. Hoje, por opção, leciono em casa, dando aulas particulares.

Em sua crônica, Rilvan discorre sobre a importância da participação ativa do professor na sala de aula, incentivando seus alunos e encorajando-os a participarem, através de aulas criativas e dinâmicas. Concordo plenamente com a opinião expressada na crônica, mas a minha experiência em sala de aula deu-me também uma outra visão: às vezes, mesmo com toda a dedicação, paciência e criatividade que puder ter, um professor não consegue incentivar alguns alunos. Bem, talvez devido à velha máxima de que não podemos agradar a todos.

Mas o problema também pode ser devido à pouca atenção que as crianças e adolescentes recebem em casa. Tornam-se rebeldes e fazem tudo para chamar a atenção dos pais, que precisam trabalhar o dia todo (e alguns alunos vem de lares desfeitos, onde a dificuldade é ainda maior), e não tem tempo para dar atenção aos seus filhos. Alguns, a fim de compensar esta falha, tornam-se demasiadamente condescendentes com seus filhos. Se são chamados à escola devido ao mau comportamento dos mesmos, tentam defendê-los e culpar o professor.

Um professor do Estado, por exemplo, pode passar o dia todo e até mesmo, o turno da noite, revezando-se entre escolas e salas de aula para conseguir ganhar um salário digno, e ser dinâmico cem por cento do tempo, pode ser extremamente cansativo. Não acredito que alguém possa chegar ao último horário com o mesmo pique que tinha no primeiro. Ainda mais quando já fazemos isto há bastante tempo.

Algumas pessoas acham que é dever do professor plantar bananeiras para que as aulas sejam interessantes, e se os alunos não correspondem, a culpa é inteiramente dele - do professor. Sabemos todos da realidade do professor brasileiro. Alguns são até ameaçados de morte pelos seus alunos. A maioria lida com realidades difíceis, e até mesmo em suas casas, tem problemas sérios para resolverem. Assim, lecionar das sete da manhã às dez da noite, e ainda por cima, dedicar seu tempo livre à preparação das aulas, correção de provas e cadernos, etc, recebendo um salário que não corresponde ao seu esforço, e uma reação hostil por parte de alguns alunos, pode ser estafante e frustrante.

Alguns dirão que ensinar deve ser um trabalho feito por pura vocação, mas todo mundo precisa sobreviver: temos contas a pagar! É preciso enfrentar a realidade.

Antigamente, o professor tinha como dever ensinar, e os alunos, cumprir suas tarefas e estudar. Hoje, parece que alguns pensam que basta o esforço do professor, e que exigir retorno dos alunos, poderá deixá-los 'traumatizados,' e pode até mesmo ser compreendido como bullying.

Não é fácil ser professor nos dias de hoje, enquanto ser aluno está se tornando cada vez mais fácil, pois nem mesmo reprovados eles são! Qual a 'vantagem' em estudar, alguns pensam, quando no final do ano, eles 'passam' como os 'otários' que estudaram? Claro, esta é uma visão absurda e imatura, MAS É ASSIM QUE MUITOS ALUNOS PENSAM. Eu mesma já ouvi uma conversa deste teor. O fato, é que vivemos em um país onde a educação de boa qualidade é cada vez menos priorizada, e os ENENS e bolsas-isso-e-aquilo- da vida não melhoram a situação.

Retratos






O sol se põe sobre a roupa que seca,
Beijada pelo vento brando.
Varais de panos e cores
Nas ruas do meu pensamento.

Um aroma de café
Viajando com a brisa.
Pão fresco,
Tilintar de talheres e copos
Na mesa posta.

Outras brisas, outros cheiros,
Ecos de risos
Que soaram em outras tardes...

Mas o tempo é tão ligeiro!...


*

Música - Trilha Sonora da Vida






Quem não gosta de música?

Acho que as pessoas que não gostam de música, são como as que não gostam de animais: tem alguma coisa errada com elas... talvez não tenham ainda aprendido a desfrutar livremente do poder de  sua sensibilidade. Quem sabe?

Para mim, música é muito importante, e posso dizer que aprecio quase todos os estilos de música, desde a clássica , passando pela MPB, dando uma paradinha no estilo Disco, fazendo uma longa estadia no Rock e no Hip Hop e passando férias em vários outros estilos. Acho que música ruim é aquela que é tocada na hora errada, na ocasião errada (bem, isso não vale para o Funk, que em minha opinião, será sempre a música errada, na hora e local errados...).

Confesso que tenho um ouvido bom para música, embora eu não entenda de música nem saiba ler partituras. E dizem que tenho uma voz boa quando canto.  

Quando eu e meu marido viajamos para Visconde de Mauá, descobrimos um barzinho temático cuja música ambiente é toda tirada de discos de vinil. Há vinis espalhados pela parede, e a decoração é toda sobre este tema. O cliente pode escolher a música que deseja ouvir, e é claro, foi um excelente lugar para matarmos as saudades de algumas velhas canções!

A música tem um poder muito grande: ela pode elevar os pensamentos e criar um ambiente de paz e tranquilidade, alegrar uma casa ou uma festa, ou até mesmo, incitar a violência. Por isso, não gosto de funk. 

A música fala bem junto da alma de quem a escuta. Conta estórias, convida a partilhar pedaços de vida, faz rir e chorar. Mas a melhor música, é aquela que consegue chegar naqueles pontos escuros que todo mundo tem dentro de si, pontos escondidos, trazendo-os à luz, ressucitando -lhes a beleza. Este tipo de música pode salvar-nos. Aconselho a qualquer pessoa que esteja de mal com a vida a ouvir um pouco de música.

domingo, 4 de novembro de 2012

Amar é Viver



Não quis amar,
Sufocou dentro do peito
Todo o amor que tinha a dar,
E assim, por mais estranho,
Viu o peito esvaziar
E a vida, fenecer,
Murchar.

As estrelas se apagaram,
E o sol tornou-se gelo,
Que nunca mais quis brilhar.
O viver perdeu a graça
O sentido, a alegria,
E tornou-se o sacrifício
De chegar ao fim do dia.

No afã da economia
Fez a escolha arredia.
Ao querer selecionar...
Não notou que o amor só cresce
Quanto mais amor se dá,
Pois amar é viver,
E viver, é amar.

*

sábado, 3 de novembro de 2012

DESTINOS

...


E eu nem sequer percebi
O quanto esse meu destino
Ao teu estava ligado!

Destinos entrelaçados
De mãos dadas caminhando
Ao futuro inesperado!

E eu nem sequer notei
Que o teu passo estava atado
A cada passo que eu dou!

Escolhi outros caminhos
Mas na bruma que me cerca
Tua presença me assombrava!

Pois da sombra, és a luz
Que a projeta sobre mim,
És a nau do meu barquinho...

O teu nome está no meu
Quando, a folha do viver,
Ao final do dia, assino!

Sempre escuto outras batidas
Às minhas intercaladas
Quando o meu coração falha...

E hei de morrer de fome
De sede e de esquecimento
Sem ter alguém que me valha,

Mas no último momento
Teu amor me envolverá
No pano de minha mortalha...

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

CORES VIVAS







C o r e s   V i v a s



Vem ver o sol,
Olha o vermelho da flor,
Desprenda-se deste lençol
Onde não existe amor...



Há um mundo tão grande
Que deseja te encontrar,
Há um sonho preparado
Pra você realizar!



Vem ver o sol,
Vem pra fora,
Vem viver,
Vem sonhar!



Ah, ponha no rosto um sorriso,
Pense nos anos de vida
Que se estendem à tua frente,
Para que tu sejas gente,
Para que faças escolhas,
Para que sejas melhor!...



Deixa pra trás a tristeza,
Vem ver o sol,
Tenha a coragem, a certeza
De que a verdade 
É um brinde à vida,
Ao caminho certo,
E que a mentira, é um trago
De cachaça ruim
Em uma viela suja...



Vem para fora,
Vem ver o sol,
Vem aprender
A ser você!



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O FIM - TAGORE





O FIM


Já vou, mãe. É chegada a minha hora... Quando, na escuridão da madrugada solitária, estenderes teus braços buscando o teu menino, em tua cama, eu te direi: "Teu menino já não está..." Mãe, eu já vou.

Me converterei no ar delicado para acariciar-te; serei as ondas da água, em que te irás banhar, e te beijarei sem descanso. Nas noites de tempestade, quando a chuva sobre as telhas rumorejar, ouvirás meu sussurro, e meu riso voltará a brilhar com o relâmpago por tua janela aberta.

Se pensando em teu filho o sono te deixar, eu, das estrelas, cantarei: "Dorme, mãe. Dorme." Virei num raio de lua e me espalharei em tua cama e me acolherei em teu peito enquanto dormes. Me farei sonho, e me acolherei no mais fundo de teu descanso, e quando despertares sobressaltada e mirares ao redor, sairei voando como mariposa na escuridão.

Na grande festa de Puja, quando vierem brincar em tua casa as crianças vizinhas, fluirei eu diluído na música de uma flauta, e latirei com o cão todo dia em teu coração. Alguém virá da feira com presentes e perguntará: "E teu menino, irmã, onde está?" Mãe, e tu dirás: "Está na menina de meus olhos, está em meu corpo, está em minha alma."


* * * *

Para meu sobrinho Ricardo - não te esqueci. Parabéns pelos 26 anos de idade que você teria completado ontem.





Reverencia a Mão da Tua Mãe







A mão da tua mãe
É a única no mundo
Que te bate
Para que não sintas dor demais.
É a única que aponta
Tuas falhas
Com sinceridade,
E depois de te bater,
E te acusar,
Te acaricia 
Com o mesmo amor
E a mesma verdade.

O Velho












Teus olhos viram coisas que eu não sei


E guardam mil estórias pra contar 


De um tempo em que eu não era ainda. 






São caminhos, as marcas das tuas rugas, 


São amores, talvez risos, talvez dores, 


Despedidas, muitas idas, muitas vindas. 




Tuas mãos, agora aduncas e cansadas, 


Outrora ágeis,foram o esteio de tua vida 


E de outras vidas que chegaram pela tua. 




Esses teus braços, que abraçaram tantos sonhos, 


E pretenderam abraçar o mundo inteiro 


Pendem vazios, desobrigados de lutar. 




E quem passar pelo caminho da tua casa 


Verá no alpendre uma figura encarquilhada 


E pensará: "Um velho, apenas..." 




Mas quem ouviu tuas estórias tão antigas 


E quem bebeu tão doce vinho em teu graal 


Afirmará: "Um homem, afinal!"


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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...